Nota da Diocese de Roraima e de representantes da sociedade civil sobre a situação imigratória no estado
A Diocese de Roraima e os diversos representantes da sociedade civil reunidos em Boa Vista (RR), no dia 20 de março de 2018, vêm, por meio dessa carta, se posicionar em relação ao fluxo imigratório verificado na fronteira entre o Brasil e a Venezuela. Primeiramente, manifestamos o nosso agradecimento e apoio às diversas instituições e pessoas que não estão medindo esforços em colaborar no acolhimento, integração local e interiorização de imigrantes em situação de vulnerabilidade. Ficamos encantados ao acompanhar relatos de solidariedade, frutos de ações promovidas principalmente por voluntários e voluntárias que se sensibilizaram com o sofrimento de famílias inteiras e de pessoas que buscam em nosso país um sinal de esperança e de futuro para suas vidas. Também manifestamos nossa discordância quanto às manifestações xenofóbicas que, infelizmente, vêm se intensificando a cada dia nas cidades de nosso estado e na internet, por meio de aplicativos e redes sociais. É preocupante que, diante de uma situação de emergência e de fragilidade extrema, pessoas e grupos fomentem e promovam o ódio aos imigrantes e àqueles e àquelas que se dispõem a ajudá-los em sua luta diária pela sobrevivência. Desejamos que tais manifestações não venham intimidar os grupos e pessoas que, voluntariamente, estão colaborando para minimizar as dificuldades pelas quais estão passando os imigrantes que chegam ao nosso país. O tempo é favorável para que vivamos o que a Campanha da Fraternidade da CNBB deste ano nos propõe: “Vós sois todos irmãos (Mt 23, 8)”. Por último, reivindicamos, veementemente, respostas integradas e ações coordenadas das três esferas governamentais (federal, estadual e municipais) para a situação imigratória em Roraima. A omissão do Estado diante da grave situação em que milhares de pessoas se encontram, por meio do não atendimento das suas necessidades básicas como alimentação, abrigo, medicamentos e segurança, não pode mais continuar. A notável ausência de iniciativas humanitárias eficientes e coesas, por parte dos poderes públicos e a desarticulação entre si, não podem mais alimentar um ambiente de incerteza e medo na sociedade local, que, consequentemente, contribui para o surgimento de comportamentos xenofóbicos e de incitação à violência. Nos juntamos às diversas representações da sociedade civil que, em notas anteriores, já manifestaram-se diante da realidade apresentada em nosso estado. Reforçamos o desejo de que todos os imigrantes sejam tratados com dignidade e que seus direitos sejam respeitados. E que, como nos lembra o papa Francisco, “cada forasteiro que bate à nossa porta [seja uma] ocasião de encontro com Jesus Cristo, que Se identifica com o forasteiro acolhido ou rejeitado de cada época (cf. Mt 25, 35.43)”. Boa Vista, 23 de março de 2018. Dom Mário Antônio da Silva (Bispo Diocesano de Roraima) Foto: Felipe Larozza/REPAM-Brasil Entidades que assinam: Ação da Cidadania Amor Sem Fronteiras Assembleia Nacional de Estudantes Livre – ANEL Assoer Cáritas/RR CMDH – Centro de Migrações e Direitos Humanos Companhia de Jesus – Jesuítas Conectas Direitos Humanos Conselho de Psicologia 20ªRegião – CRP 20 Conselho Indigenista Missionário – CIMI CRB – Núcleo Roraima CSP CONLUTAS Fé e Alegria Fraternidade Sem Fronteiras Fundação AVINA GEIFRON/UFRR GIOMERR GOERR IMDH IMDH Solidário Instituto Missões Consolata Irmãos Maristas Irmãs Missionárias da Consolata Irmãs Ursulinas do Sagrado Coração de Jesus Missionários Combonianos Movimento Puraké Núcleo Rosa Luxemburgo Pastorais Sociais (RR) Pastoral Carcerária/RR Pastoral da Criança/RR Pastoral da Juventude (RR) Pastoral dos Migrantes Pastoral Indigenista Pastoral Universitária PCB/RR Pirilampos – Casa de los Niños PSOL/RR Rede Um Grito pela Vida REPAM-Brasil SESDUF-RR SINASEF Sessão IFRR SINTRACOMO SJMR – Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados STIU/RR UJC