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Dia: 17 de junho de 2019

Instrumentum Laboris do Sínodo para a Amazônia, um novo passo de “um ‘kairós’ para a Igreja e o mundo”

Um fruto de um longo percurso, isso poderia definir o Instrumentum Laboris do Sínodo para a Amazônia que esta segunda-feira, 17 de junho, foi apresentado no Vaticano. Nele, como indicado na conclusão do documento, “tem se escutado a voz da Amazôniaà luz da fé (Parte I) e tem se tentado responder ao clamor do povo e do território amazônico por uma ecologia integral (Parte II) e pelos novos caminhos para uma Igreja profética na Amazônia (III Parte)”. A reportagem é de Luis Miguel Modino. A partir deste momento, a Igreja, especialmente os Padres Sinodais, são desafiados “a dar uma nova resposta às diferentes situações e a buscar novos caminhos que possibilitem um kairós para a Igreja e para o mundo”. Temos um pouco menos de quatro meses para o início da assembleia sinodal, que se reunirá no Vaticano de 6 a 27 de outubro. Neste momento, cabe aos Padres sinodais, especialmente os bispos das jurisdições eclesiásticas da Pan Amazônia, sempre chamados a conhecer a realidade local e a vida das pessoas que lhes são confiadas, a sentir o cheiro das ovelhas, para ver até onde o documento recolhe as necessidades de sua Igreja local. Não podemos esquecer que este documento, que segue o método da Igreja latino-americana, ver/escutar, julgar, agir, ainda é um instrumento a serviço de um processo mais amplo, que dará passos sucessivos nos próximos meses. Nesta perspectiva, devemos entender que, no Instrumentum Laboris, não encontraremos todos e cada um dos anseios pessoais. Como disse algumas semanas atrás Dom Mário Antônio da Silva, Bispo de Roraima e vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, “que o Sínodo possa vir ao encontro, não de expectativas, mas de necessidades das comunidades da Amazônia”, algo que também pode ser dito sobre o Instrumento de Trabalho. Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho – RO, e membro do Conselho Presinodal, afirma que o Instrumentum Laboris, “vai nos dando algumas possibilidades para também nos prepararmos com nossos grupos de sacerdotes, religiosos, religiosas, catequistas, ministros, e o Povo de Deus em geral, para algumas perspectivas”. Ele reconhece que “evidentemente que o documento, ele vai nos provocar para passos possíveis de concretiza-los logo com a conclusão do Sínodo, outros passos que vamos fazer processos e coisas que serão um horizonte para onde nós queremos caminhar como Igreja, Povo de Deus, como Igreja Pan-Amazônica”. Segundo o arcebispo de Porto Velho, “evidentemente que o Sínodo não vai atrás de curiosidades, mas tenta responder coisas concretas que nós precisamos enfrentar aqui na nossa região”. Desde sua condição de presidente do Conselho Indigenista Missionário – CIMI, ele diz que “o Sínodo, desde a sua convocação, o Papa nos interpela por uma relação diferenciada com os povos indígenas, com os povos originários”. É por isso que “nós temos que nos perguntar que passos nós estamos dando em nossas Igrejas para que verdadeiramente, os primeiros habitantes destas terras, sejam ouvidos, respeitados e acompanhados na sua luta por dignidade, por justiça e, sobretudo, respeito a suas culturas, a suas espiritualidades, a seus ritos, a suas línguas. Há o direito deles ser indígenas em sua integridade”, afirma Dom Roque. Dom Rafael Cob, também membro do Conselho Presinodal, e bispo do Vicariato Apostólico de Puyo, Equador, destaca no documento quatro eixos estruturais: escuta, diálogo, inculturação e profecia, em torno do eixo central, que é o rosto amazônico e mergulhado na ecologia integral. O bispo de Puyo destaca no Instrumentum Laboris o pano de fundo da Evangelii Gaudium, que nos chama a uma conversão pastoral, da Laudato Sí, que nos convida a uma conversão ecológica, e da Episcopalis Conmunio, fazendo uma Igreja samaritana com seus desafios e esperanças. Cada uma das partes é dividida em capítulos, quatro na primeira, que apresenta “a realidade do território e de seus povos”, nove na segunda, que inclui “a problemática ecológica e pastoral”, e oito na terceira parte, que aborda “a problemática eclesiológica e pastoral”. Na segunda e terceira partes, ao final de cada um dos capítulos, são oferecidas sugestões, todas colhidas da escuta do território e do povo de Deus, chamadas a influenciar não só a vida da Igreja, mas também a própria sociedade amazônica, tendo sempre como atitude fundamental a defesa profética da Amazônia e de seus povos. O Instrumentum Laboris tem como ponto de partida a necessidade da Igreja ser ouvinte, que escute, algo que “não é fácil”, mas que deve gerar “uma resposta concreta e reconciliadora”, que a Amazônia implora. Não nos esqueçamos de que esta é uma “realidade contrastante” que é “cheia de vida e sabedoria”, mas que sofre as consequências do “desmatamento e destruição extrativa que exige uma conversão ecológica integral”. Tudo isto deve levar a um “encontro com as culturas que inspiram os novos caminhos, desafios e esperanças de uma Igreja que quer ser samaritana e profética através de uma conversão pastoral”. A vida é a base do Sínodo para a Amazônia, que nesta região é identificada com a água. Uma vida em abundância, expressa no “bem viver”, mas que “está ameaçada pela destruição e exploração ambiental, pela violação sistemática dos direitos humanos”, que exige uma defesa e um cuidado, que “se opõe à cultura do descarte, da mentira, da exploração e da opressão”. Não se pode esquecer que “na Amazônia, a vida está inserida, ligada e integrada ao território”, onde tudo está interligado e se descobre “a obra-prima da criação do Deus da Vida”. O Sínodo é um tempo de graça, de inculturação e interculturalidade, de desafios sérios e urgentes, mas também de esperança. Ao mesmo tempo, esse evento eclesial quer gerar espaços de diálogo “que nos ajudem a sair do caminho da autodestruição da atual crise socioambiental”. Um diálogo que seja um ponto de partida para a missão e que tenha como interlocutores os povos amazônicos, que provoque uma dinâmica de aprendizado e resistência. O clamor da Terra é o clamor dos pobres, que são os que sofrem as consequências da destruição extrativista. Um clamor que vem dos povos da Amazônia, que não são reconhecidos seus…
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Pré-Congresso é realizado em preparação para evento nacional sobre vocação e discernimento

A Pastoral Vocacional do Regional Norte 1 – Amazonas e Roraima reuniu representantes das nove dioceses e prelazias em um pré-congresso vocacional realizado em Manaus, nas dependências da Casa de Retiro Maromba, entre os dias 14 e 16 de junho, para refletir e compartilhar as experiências vivenciadas pela Animação Vocacional na realidade de cada Igreja local, em preparação para o 4º Congresso Vocacional do Brasil que acontecerá em Aparecida – São Paulo, de 5 a 8 de setembro de 2019, com o tema “Vocação e Discernimento” e o lema “Mostra-me Senhor, os teus Caminhos”.  Estiveram presente Dom José Albuquerque, que é bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus e bispo referencial para o Serviço de Animação Vocacional no Regional Norte 1; Dom José Ionilton, bispo da Prelazia de Itacoatiara; e representantes de diversos setores que trabalham com a juventude no regional, como a Rede de Assessores e Cuidantes da Juventude (RACJ), Pastoral Vocacional, Seminário São José, Congregações Religiosas, Pastoral Catequética, dentre outros. Na ocasião, houve reflexões a partir das motivações do Papa para a animação vocacional em nossa Igreja, estudo do texto-base do congresso nacional, elencados pontos do Sínodo para a juventude que fez um caminho de escuta da juventude na tentativa de propor estratégias para uma pastoral vocacional, apresentação da caminhada percorrida pelo Regional Norte 1. Também foram elencados desafios como a ausência da cultura vocacional, criar a cultura de trabalhar a vocação também na perspectiva do leigo no matrimônio e em seus diversos ministérios, além de pensar a animação vocacional a partir da perspectiva do Sínodo para a Amazônia. Para Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara, o assunto é importante e por isso enviou cinco representantes da equipe da Pastoral Vocacional. Ele também contribuiu com os participantes do pré-congresso através de uma reflexão sobre o que o Papa Francisco tem falado em suas mensagens que motivam o trabalho de animação das vocações. “Fizemos uma reflexão sobre as inspirações que vem do Papa Francisco para o trabalho vocacional e ele tem sempre procurado animar na certeza de que é Deus que chama, de que o trabalho da Pastoral Vocacional é um trabalho importante de colaboração para que esse chamado de Deus chegue até as pessoas e elas respondam, e assim a gente possa ter as pessoas atuando na missão da igreja com a consciência clara de sua missão, sempre partindo da origem que é Deus. O grande desafio que é a organização do serviço a fim de alcançar mais pessoas e trabalhar especialmente com a juventude pois essa é a grande fase de discernimento vocacional”, destacou Dom José Ionilton. “Tenho a certeza de que o pré-congresso ajudou os participantes na compreensão da outra dimensão importante da animação vocacional que é a universalidade da vocação, onde não apenas suscita para ministérios ordenados ou para a vida consagrada, mas também para ajudar os leigos a terem consciência de seu lugar dentro da grande missão da igreja. Creio que este trabalho vai fortalecer isso e também dentro da perspectiva do Sínodo para a Amazônia de encontrar novos caminhos, como nos pede o Papa Francisco. E eu creio que este é o tempo oportuno para a gente fortalecer o trabalho vocacional porque com o resultado do sínodo, a partir de outubro, nós vamos estar com pistas novas para o trabalho mais intenso, especialmente no que diz respeito aos ministérios”, explicou Dom José Ionilton.        Segundo a leiga Márcia Dozano, da Arquidiocese de Manaus, pertencente ao Movimento Serra São José cuja atuação é rezar e dar apoio às vocações presbiterais, esta foi uma oportunidade de conhecer mais sobre a animação vocacional e que ela se estende ao leigo, ajudando a dar um direcionamento para bem exercer seu papel na família, na comunidade, junto aos jovens. “Foi muito interessante por pensar e refletir mais sobre a vocação, pois pensamos logo em vocações para padre e para freira e aqui estamos vendo que não há somente essas dimensões, mas também há as outras vocações, como a matrimonial e mistérios leigos para atuarem em nossas comunidades que estão tão carentes de pessoas que realmente queiram atuar nos ministérios, nas pastorais, movimentos, especialmente no direcionamento dos jovens na Pastoral da Juventude e outras atividades”, afirmou Márcia. Para a missionária, Irmã Maria Letícia Pontini, da Congregação das Irmãs Discípulas do Divino Mestre, que representou a Diocese de Coari, o semear é o trabalho que deve ser feito sempre, sem desanimar, especialmente junto à juventude “Estamos todos presentes, das nove prelazias e dioceses do Regional Norte 1, e todos nós trabalhamos, de uma forma ou de outra em comunhão com a Igreja, com  o Papa e tendo o cuidado de conhecer as juventudes, hoje tão diversificadas. Discernimento é uma palavra que sempre se utilizou para qualquer chamado que Deus vai nos fazendo como mulheres e como homens, como cristãos batizados. A vocação, o chamado, parte de Deus. Deus é o autor e nós somos aqueles semeadores, descobrindo as nossas sementes, aprendendo como e onde lançar, como cultivar, acompanhar e discernir. Uma coisa que destacamos no despertar vocacional é o ato de semear, onde a semente vai caindo e nós não devemos nos cansar de semear, pois é a continuidade do despertar vocacional”, destacou Ir. Letícia. Ao final, os participantes do encontro produziram uma carta direcionada ao povo de Deus das comunidades eclesiais do Regional Norte 1 da CNBB elencando as riquezas do encontro e os compromissos firmados, dentre eles o de “amazonizar” as reflexões e ações da Animação Vocacional, empenhados a conhecer, reconhecer, conviver e defender a causa dos povos Amazônicos. Clique aqui e confira a carta na íntegra   Por Ana Paula Lourenço – Pascom Regional Norte 1 – AM/RR