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Dia: 20 de fevereiro de 2021

Padre Zenildo Lima: Fratelli tutti denuncia “uma cultura do descarte que ignora direitos de populações fragilizadas”

  A Prelazia de Borba organizava no dia 20 de fevereiro um encontro de formação com os agentes de pastoral (confira o vídeo). O momento de reflexão faz parte do programa de formação que a prelazia tem organizado para o ano 2021, que deve acontecer uma vez por mês, por enquanto no formato virtual. Neste primeiro encontro, o tema foi a Fratelli tutti, sendo conduzida a reflexão pelo padre Zenildo Lima. Segundo ele, a última encíclica do Papa Francisco “nasce do coração do papa, fruto de uma experiência dialogal”. Estamos diante de um diálogo entre Francisco de Roma e Francisco de Assis, que recorda o diálogo com o Imã Ahmad Al-Tayyeb em Abu Dhabi. A Fratelli tutti, na linha da Laudato Si, “retoma a questão da fraternidade universal que deve ser abordada como amizade social”, afirmava o reitor do Seminário São José de Manaus, onde se formam os seminaristas do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, dentre eles aqueles que fazem parte da Prelazia de Borba.  Um fato muito marcante no último ano foi a oração pelo fim da pandemia, celebrada em 27 de março de 2020 numa Praza de São Pedro vazia, mas com a presença virtual de milhões de pessoas. Na ocasião, lembrava o padre Zenildo, “o Papa sozinho na Praça de São Pedro rezou inspirado no Evangelho da tempestade acalmada, lembrando que Jesus está na barca conosco”. Na sociedade planetária, afirmava o palestrante, “os pobres se queixam que não se sentem na mesma barca porque se veem excluídos dos meios para se salvar”. Um exemplo disso está sendo a distribuição das doses de vacina entre os países ricos e pobres.  Essa é uma realidade abordada no primeiro Capítulo da Fratelli tutti, onde o padre Zenildo lembra que “o Papa faz uma leitura dos retrocessos e fechamentos no mundo”. Esse primeiro Capítulo, que tem por título “As sombras de um mundo fechado”, nos mostra, segundo o padre, “uma regressão dos caminhos de unidade diante da força desintegradora de uma economia global”. Ele destacava que “esta força massificadora com seus “desconstrucionismos” se apresenta ahistórica, fragiliza relações, situa os homens em polos de concorrência: todos contra todos e ninguém pela casa comum”. Uma grave consequência dessa realidade, muito presente na sociedade atual, é que “emerge uma cultura do descarte que ignora direitos de populações fragilizadas”, segundo o reitor do Seminário São José. Nessa conjuntura, ele destaca como fatos relevantes “a violência contra as mulheres, os sinais de escravidão, o drama do tráfico de pessoas”. São realidades que Zenildo Lima denomina como “avanços sem rumos”, que segundo ele “tiveram sua expressão neste cenário de pandemia”, e que fez com que “emergiram os desequilíbrios na incapacidade de lidar juntos diante deste desafio”. Nesse sentido, o padre Zenildo insiste em que “uma comunicação ilusória, uma informação sem sabedoria, dá a falsa sensação que estamos próximos”. Diante dessa realidade, que pode ser considerada como desalentadora, ele afirma que “o Papa conclama a Esperança”.  Ao analisar o segundo Capítulo, que tem por título “Um estranho no caminho”, o palestrante dizia que “iluminados pela parábola do Bom Samaritano (Lc 10,25-37), somos interpelados a identificarmos nos personagens do texto as indiferenças diante do sofrimento, às vezes até com motivações religiosas”. Essa realidade, narrada na parábola e aprofundada pelo Papa Francisco, se torna, segundo o padre Zenildo, “um convite a uma profunda revisão de nossas opções pastorais que não percebem quem está ferido”. Ele dizia aos participantes do encontro virtual, onde se faziam presentes agentes de pastoral da Prelazia de Borba, dentre eles o bispo, Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, que “precisamos recomeçar, nos deixando interpelar pelo forasteiro”.  “As saídas estão na construção de um mundo aberto”, segundo o padre Zenildo, uma afirmação que tem como base o Capítulo III da última encíclica do Papa Francisco, intitulado “Pensar e gerar um mundo aberto”. O Papa Francisco nos convida “a sair de si numa disposição amorosa, expressão de uma comunhão universal inclusiva e não estratificada”, afirmava o reitor do seminário de Manaus. Ele insistia na necessidade de “um amor que promove, um amor de serviço e solidariedade”. Isso deve se concretizar, dentre outros elementos, “na destinação universal dos bens e a necessidade de uma legislação que assegure direitos além fronteiras”. A dinâmica da reciprocidade e gratuidade acolhedora se fazem presente no Capítulo IV: “Um coração aberto ao mundo inteiro”. Nessa parte da encíclica destaca-se a importância de os verbos acolher – proteger – promover – integrar. Eles “destacam o enriquecimento mútuo para além da tensão global e local, contudo partindo das riquezas locais”, insiste Zenildo Lima. Algo que tem relação com o Capítulo V, que nos leva a refletir sobre “A melhor política”. Partindo do último pleito municipal e os resultados do mesmo, o palestrante afirmava a necessidade de nos alertarmos “diante dos populismos e das defesas dos interesses liberais”. A alternativa que o Papa Francisco propõe é “a promoção do bem comum como expressão da caridade política”. Isso deve nos levar, insistia o padre Zenildo Lima a “nos questionarmos das nossas escolhas e do apoio oferecido aos cristãos leigos que estão engajados nestes processos”.  Os Capítulos VI, que fala sobre “Diálogo e amizade social”, e VII, “Caminhos de um novo encontro”, sugerem, segundo o padre Zenildo, “um itinerário que passa pelo diálogo como superação da indiferença e da negação violenta e construção coletiva a partir de consenso alicerçado na verdade”. Estamos diante de um caminho, afirmava o palestrante, que “passa também pela necessária experiência da reconciliação sem perda da memória”. Nesse sentido, se referindo a fatos concretos, presentes na memória do povo brasileiro, “não podemos esquecer o que foi a ditadura militar, não podemos esquecer da pandemia e do desmonte do sistema público de saúde em nosso Estado, não podemos esquecer da crise do oxigênio”. Junto com isso, “tampouco devemos recorrer às falsas soluções da guerra e da pena de morte, não somente a pena de morte institucionalizada, mas a pena de morte decretada contra pobres, negros, jovens…”. A alternativa “deve…
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O Senhor te conduzirá sempre e saciará tua sede na aridez da vida

  40 Dias navengando com a Laudato Si´ na Querida Amazônia  20 DE FEVEREIRO: Sábado depois das Cinzas PEDIDO DA GRAÇA No início de cada dia, busco entrar em clima de oração e rezo: Senhor, neste  tempo favorável a voltarmos o nosso coração para os teus sonhos para a humanidade e para toda as tuas criaturas, te pedimos luz para refletirmos sobre como estamos vivendo as nossas relações contigo, com as pessoas, com o mundo que é a nossa casa comum e conosco mesmo. Ajuda-nos a reencontrar o sentido da vida no louvor e na contemplação agradecida da Criação, na saída de nós mesmos em direção aos que mais sofrem e se sentem sós, especialmente nestes tempos de pandemia, e na construção do teu reino de justiça e paz, tecendo redes de solidariedade e fraternidade entre todos os povos e culturas desta imensa região pan-amazônica e pelo mundo inteiro. Em especial hoje te peço … (apresente o seu pedido particular). Amém. OUVINDO A PALAVRA QUE NOS GUIA Se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia. O Senhor te conduzirá sempre e saciará tua sede na aridez da vida, e renovará o vigor do teu corpo; serás como um jardim bem regado, como uma fonte de águas que jamais secarão. Teu povo reconstruirá as ruínas antigas; tu levantarás os fundamentos das gerações passadas: serás chamado reconstrutor de ruínas, restaurador de caminhos, nas terras a povoar. (Is 58, 10-12)   REFLETINDO COM A LAUDATO SI’ A Palavra de Deus nos fala que devemos abrir o nosso coração para acolher quem necessita da nossa solidariedade, sendo este o caminho para caminharmos na luz e não nas trevas do egoísmo e da indiferença. De fato, nos ensina o Papa Francisco que “não pode ser autêntico um sentimento de união íntima com os outros seres da natureza, se ao mesmo tempo não houver no coração ternura, compaixão e preocupação pelos seres humanos” (LS 91). O verdadeiro louvor a Deus e o verdadeiro compromisso com a ecologia integral nos levam sempre a reconhcer que “tudo está interligado. Por isso, exige-se uma preocupação pelo meio ambiente, unida ao amor sincero pelos seres humanos e a um compromisso constante com os problemas da sociedade” (LS 91). Aproveitemos, portanto, este tempo especial da Quaresma, para nos perguntarmos se o terreno da nossa vida está sendo aquele “jardim bem regado, como uma fonte de águas que jamais secarão”, de que nos fala o profeta Isaías. E agradeçamos ao Senhor por aqueles e aquelas que, com sua vida, “lutam, com vigor, por resolver as dramáticas consequências da degradação ambiental na vida dos mais pobres do mundo” (LS 13), em especial na nossa querida Amazônia. AVANÇANDO PARA ÁGUAS MAIS PROFUNDAS Após um momento de silêncio… À luz do texto bíblico e das palavras do Papa Francisco, busco aprofundar minha experiência de encontro com o Senhor, trazendo para a minha oração a realidade concreta na qual estou envolvido, a situação pela qual passa o mundo, a região pan-amazônica, a minha cidade ou comunidade, a Igreja etc. Procuro perceber os apelos de mudança que Deus me faz e peço forças para concretizá-los, a fim de que o meu louvor a Ele se manifeste em obras concretas de compromisso pela vida, na defesa da nossa Querida Amazônia, dos seus povos e dos pobres da Terra. Concluo com um Pai-Nosso e uma Ave-Maria.    FRASE PARA ME AJUDAR A CONTINUAR MEDITANDO NESTE DIA Sonho com uma Amazónia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja ouvida e sua dignidade promovida. (Querida Amazônia 7) Pe. Adelson Araújo dos Santos, SJ