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Dia: 5 de março de 2021

Ir. Carmelita Conceição entra fazer parte da Presidência da REPAM

A Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, comunicou nesta sexta-feira, 05 de março, a ampliação da sua Presidência, que agora vai contar com mais três pessoas, Rodrigo Fadul Andrade – secretário adjunto, e duas mulheres, a Ir. Maria Carmelita de Lima Conceição, FMA – conselheira, e Yesica Patiachi Tayori, indígena do povo Harakbut – conselheira. Eles se unem ao presidente, cardeal Pedro Barreto, vice-presidente, Dom Rafael Cob, e o secretário executivo, Ir. João Gutemberg Sampaio. Trata-se de um passo a mais no caminho da sinodalidade, que como recolhe o Documento Final do Sínodo para a Amazônia, está “caracterizado pelo respeito à dignidade e igualdade de todos os batizados, pelo complemento de carismas e ministérios, pelo prazer de se reunir em assembleias para discernir juntos a voz do Espírito”. Os novos conselheiros são nascidos na Amazônia, o que deve ajudar, seguindo as propostas do Sínodo, a fazer realidade “uma Igreja de rosto amazônico” que caminha “prestando atenção especial à participação efetiva dos leigos no discernimento e na tomada de decisões, potencializando a participação das mulheres“. Escutar a voz das mulheres foi uma das insistências do último sínodo, “que elas sejam consultadas, participem da tomada de decisões”, como afirma o Documento Final, e possam “ter acesso à funções e inclusive serviços eclesiais que não requeiram a Ordem sacra e permitam expressar melhor o seu lugar próprio…”, que recolhe Querida Amazônia. Um passo a mais para fazer realidade uma Igreja encarnada, profética e atenta “para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres”, que afirma Laudato Si´, e dar respostas a estes clamores. A Ir. Maria Carmelita de Lima Conceição, que depois de tomar um pouco de susto, acolhe seu novo serviço com “um sentimento de gratidão por essa continuidade à proposta do Papa Francisco, que a Igreja seja sempre mais sinodal e todas as vozes possam ser ouvidas”. Ela reconhece que “quando se propôs a presença de mulheres nascidas na Pan-Amazônia, representantes dos grupos, da vida religiosa, das comunidades tradicionais, me deu uma grande alegria em ver que realmente as coisas vão acontecendo e que é possível essa Igreja sinodal, esse sonho que o Papa Francisco coloca na Querida Amazônia, que todos tenham seu lugar, que todos tenham seu espaço”. A superiora das salesianas na Amazônia brasileira “sonha que muitos outros grupos venham sendo representados na REPAM, nas várias instâncias, nas várias comissões de reflexão, trazendo a voz da Amazônia”. Segundo a religiosa, “como pessoa daqui da Amazônia, eu sinto uma grande alegria em poder participar e também poder trazer a voz daqueles que nem sempre tem a possibilidade de ser ouvidos”. Ela diz que os novos membros da presidência, irão participar “das reuniões, dos encontros, das instâncias de reflexão, de consulta, procurando dar a nossa contribuição, na medida das nossas possibilidades, para que a Igreja seja sempre mais sinodal, sempre mais amazônica, com rosto amazônico, que esse é o nosso desejo”. A Ir. Maria Carmelita, que insiste em seu sentimento de gratidão, afirma querer “estar ligada aos outros religiosos e religiosas da Amazônia para que nós possamos também estar inseridos nessa grande luta, nessa grande proposta sinodal de que a Amazônia caminhe unida”. A religiosa, que vê esse como “um dos tantos desafios que se apresentam no meio de nós”, reconhece que junto com a alegria que traz sua nova missão, experimenta se encontrar diante de “um grande desafio para o qual peço muita ajuda de Deus”.   

O seguimento a Jesus e a “conversão ecológica”: Tudo está interligado

  40 Dias navengando com a Laudato Si´ na Querida Amazônia  5 DE MARÇO: Sexta-feira da 2ª Semana da Quaresma PEDIDO DA GRAÇA No início de cada dia, busco entrar em clima de oração e rezo: Senhor, neste  tempo favorável a voltarmos o nosso coração para os teus sonhos para a humanidade e para toda as tuas criaturas, te pedimos luz para refletirmos sobre como estamos vivendo as nossas relações contigo, com as pessoas, com o mundo que é a nossa casa comum e conosco mesmo. Ajuda-nos a reencontrar o sentido da vida no louvor e na contemplação agradecida da Criação, na saída de nós mesmos em direção aos que mais sofrem e se sentem sós, especialmente nestes tempos de pandemia, e na construção do teu reino de justiça e paz, tecendo redes de solidariedade e fraternidade entre todos os povos e culturas desta imensa região pan-amazônica e pelo mundo inteiro. Em especial hoje te peço … (apresente o seu pedido particular). Amém. OUVINDO A PALAVRA QUE NOS GUIA Então Jesus lhes disse: “Vós nunca lestes nas Escrituras: ‘a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos’? Por isso eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos”. Os sumos sacerdotes e fariseus ouviram as parábolas de Jesus, e compreenderam que estava falando deles. Procuraram prendê-lo, mas ficaram com medo das multidões, pois elas consideravam Jesus um profeta. (Mt 21, 42-46) REFLETINDO COM A LAUDATO SI’ A Palavra de Deus nos conta que Jesus foi criticado e perseguido pelos sumos sacerdotes e fariseus por não aceitarem a sua Boa Nova. Provavelmente, hoje também alguns grupos e pessoas que se julgam muito “religiosas” e “de bem”, perseguiriam a condenariam o Filho de Deus novamente, por não aceitarem o seu ideal de harmonia, justiça, fraternidade e paz, que se situa no lado oposto a determinados modelos econômicos e políticos, que consideram “a natureza unicamente como objeto de lucro e interesse”, trazendo “graves consequências também para a sociedade”, como recorda o Papa Francisco (LS, 82).  Jesus mesmo deixou claro a sua postura diante dos poderes do seu tempo com essas palavras: “Sabeis que os chefes das nações as governam como seus senhores, e que os grandes exercem sobre elas o seu poder. Não seja assim entre vós. Pelo contrário, quem entre vós quiser fazer-se grande, seja o vosso servo” (Mt 20, 25-26). Por isso, os cristãos devem “deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus”, vivendo uma verdadeira “conversão ecológica” (LS, 217). AVANÇANDO PARA ÁGUAS MAIS PROFUNDAS Após um momento de silêncio… À luz do texto bíblico e das palavras do Papa Francisco, busco aprofundar minha experiência de encontro com o Senhor, trazendo para a minha oração a realidade concreta na qual estou envolvido, a situação pela qual passa o mundo, a região pan-amazônica, a minha cidade ou comunidade, a Igreja etc. Procuro perceber os apelos de mudança que Deus me faz e peço forças para concretizá-los, a fim de que o meu louvor a Ele se manifeste em obras concretas de compromisso pela vida, na defesa da nossa Querida Amazônia, dos seus povos e dos pobres da Terra. Concluo com um Pai-Nosso e uma Ave-Maria.  FRASE PARA ME AJUDAR A CONTINUAR MEDITANDO NESTE DIA Jesus vivia em plena harmonia com a criação. (Laudato Si’, 98) Pe. Adelson Araújo dos Santos, SJ

A Igreja de Manaus despede Dom Sérgio Castriani, que “veio para ficar, habitar”

  A Arquidiocese de Manaus despedia na tarde-noite do dia 04 de março àquele que foi seu Arcebispo por quase sete anos, Dom Sérgio Eduardo Castriani, falecido no dia 03 de março. A pandemia impossibilitou a presença física do Povo de Deus, que foi restrita ao clero, seminaristas, representantes da Vida Religiosa, o Conselho de Pastoral Arquidiocesano e algumas autoridades. Mas os milhares de pessoas que acompanharam através dos meios de comunicação e das redes sociais, se fizeram presentes ao lado daquele que seguindo seu lema episcopal, habitou entre nós, em nós, como enfatizava Dom Leonardo Steiner no início da sua homilia. Falando do Verbo Encarnado, usava palavras que bem poderiam ser aplicadas a Dom Sérgio Castriani: “experimentou nossas dores e alegrias, os dissabores e realizações, as injustiças e a misericórdia; compartilhou nossos sonhos, devolveu vida, consolou órfãos e viúvas, abriu olhos e concedeu ouvidos, transformou corpos purificando-os; trilhou os nossos caminhos, indicou a fragilidade humana como transformação, salvação, redenção”.  Dom Leonardo Steiner dizia que “hoje nos despedimos deste nosso irmão e pai. Irmão porque conosco em Cristo Jesus. Pai porque pastor, pai porque paternal, pai porque maternal. Pai porque não suportava deixar ninguém sem casa, nem guarida. Irmão porque próximo de todos, especialmente dos pequenos e desprotegidos”. O Arcebispo de Manaus lembrava que na pandemia que estamos e vivendo, e que tem atingido Manaus com tanta gravidade, “a preocupação que manifestava era especialmente com os nossos irmãos e irmãs que vivem nas nossas ruas, com imigrantes, os pobres”. Dom Sérgio Castriani, que aos poucos foi perdendo sua voz, Dom Leonardo lembrava que “com o fio de voz que lhe restava, desejava recordar-nos onde, como e com quem deveríamos estar”.  O Arcebispo de Manaus, definia seu predecessor como alguém que depois de passar pelo Acre na sua juventude, “voltou para a Amazônia”. Mas, ele “não veio passear, não veio olhar, não foi turista, missionário de um dia, de alguns anos. Aqui permaneceu, aqui habitou; fez da Amazônia o ser em casa. Veio habitar entre nós. Veio para ficar, não como alguém que toma posse, mas como aquele que vem para experimentar com seu povo a fé, para partilhar os dias e as horas, para levar esperança, para consolar, para apreender, para partilhar, compartilhar, para clamar pela justiça, para despertar para a ética”, insistia Dom Leonardo, que vê Dom Sérgio como “coração manso com gestos de profeta. Era escuta que discernia e propunha caminhos. Veio habitar entre nós”. Em suas palavras, Dom Leonardo lembrava de uma anedota vivida em Brasília que mostra que Dom Sérgio “veio para ficar, habitar”. Ainda era bispo da Prelazia de Tefé, e lhe perguntou se aceitaria uma arquidiocese no Sul. Ele respondeu “com aquele sorriso suave e cativante: aceito transferência para qualquer diocese, mas no Amazonas”. Nesse ponto, o Arcebispo de Manaus lembrava do carisma espiritano, que fez com que Dom Sérgio, “com a força do Espírito tinha preferência para estar entre os pobres, com os ribeirinhos, com os indígenas, sem deixar de alentar os que mais tem”. Seu carisma lhe fez viver “pobre, despojado, desapegado. Não teve ostentação, mas simplicidade. Às vezes parecia ingenuidade, mas era a sabedoria do Espírito, a singeleza e esperteza da pomba”. Dom Sérgio foi alguém que “nos atraiu com o seu modo, com sua espiritualidade, com sua palavra, com seu silêncio”, segundo Dom Leonardo Steiner. Ele lembrava que “a sua dor, o seu sofrer, sem queixumes, mas sempre no desejo de servir, permanece em nós e animará a vida da nossa Igreja”. O arcebispo destacava o sofrimento que purificou “um homem que no auge de sua vida sente diminuírem as forças, desaparecer a voz, cercear os passos, permanecendo o coração desejoso de sair, sair e sair…, encontrar, acalentar, animar”. Um homem que “a sua pena era ágil, sábia, contundente, perspicaz, animadora”, que “sabia ler a realidade, social, política, religiosa. Sabia discernir os caminhos do Espírito”. À imagem do Bom Pastor, “Dom Sérgio não se resguardou, se doou”, enfatizava Dom Leonardo. Ele viu a celebração como momento de gratidão a todos os que cuidaram da saúde de Dom Sérgio, aos espiritanos, “gratidão por terem dado um tão grande irmão”, aos familiares, à Prelazia de Tefé, onde deixou “um pedaço do coração”, agradecimento a Deus, “por nos ter dado um irmão, pai e pastor que veio habitar em nós”. Daí, Dom Leonardo animava a ser, “como dom Sérgio, testemunhas de que Deus veio habitar entre nós e em nós”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1