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Dia: 2 de abril de 2021

Dom Ionilton lembra que “O Cristo reconhecido na Eucaristia remete ao encontro e serviço aos pobres”

O relato da Páscoa, presente na Liturgia da Palavra da Missa da Ceia do Senhor, é “memória da libertação do Povo de Israel da escravidão no Egito”, mas também “memória da libertação do pecado e da morte”. Com essas palavras começava sua homilia nesta Quinta-feira Santa Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, lembrando que com essa celebração “nós cristãos começamos hoje os três últimos dias de preparação”, fazendo um convite a vive-los intensamente. No dia em que se faz memória da instituição da Eucaristia, o bispo da Prelazia de Itacoatiara afirmava que “Eucaristia, acima de tudo, é isto: Vida de Jesus doada pela humanidade”, recordando as palavras do Evangelho de Lucas: “Isto é o meu corpo que é dado por vós… Este cálice é a nova aliança no meu sangue que é derramado por vós” (22, 19-20). Isso deve levar a quem participa de uma celebração da Eucaristia e quem comunga com Jesus na Eucaristia, a continuar fazendo o que Ele fez e mandou que a gente fizesse, memória. Dom Ionilton lembrava o recolhido no documento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, “Comunidade de Comunidades: uma nova Paróquia”, onde diz que “O Cristo reconhecido na Eucaristia remete ao encontro e serviço aos pobres”. Também fazia referência às Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja 2008-2010: “O compromisso social tem sua raiz na própria fé; deve ser manifestado por toda a comunidade cristã e não apenas por algum grupo ou pastoral social; uma comunidade insensível às necessidades dos irmãos e à luta para vencer as injustiças, celebra indignamente a liturgia”. O bispo vê nas palavras da CNBB uma referência às palavras do Apóstolo Paulo, que “qualifica como ‘indigna’ uma comunidade cristã que celebra a Ceia do Senhor em um clima de discórdia e de indiferença pelos pobres“. No mesmo sentido, seguindo o Documento 100 da CNBB, Dom Ionilton lembrava que “é necessário evitar a separação entre culto e misericórdia, liturgia e ética, celebração e serviço aos irmãos. O Cristo reconhecido na Eucaristia remete ao encontro e serviço aos pobres”. Uma ideia que também se fez presente no pensamento do Bem-Aventurado Justino Russolillo, fundador dos Vocacionistas, congregação da qual faz parte Dom Ionilton, quem dizia: “Como mudaria nossa vida se compreendêssemos a vida Eucarística de Jesus”. “A Eucaristia não é um prêmio para os bons, mas a força para os débeis e os pecadores”, lembrava o bispo de Itacoatiara, seguindo as palavras do Papa Francisco. Ele lembrava que a santidade é um caminho e destacava a importância de cada Eucaristia, que “é única, não tem uma maior ou mais importante do que outra”. Dom Ionilton, que foi padre sinodal, lembrava que o Documento Final do Sínodo para a Amazônia constata que “muitas comunidades eclesiais do território amazônico têm enormes dificuldades em ter acesso a Eucaristia. Às vezes, não apenas meses se passam, mas vários anos para um sacerdote visitar a comunidade e celebrar a Eucaristia”. Uma realidade que levou o Papa Francisco na Querida Amazônia a dizer que “é urgente fazer com que os povos amazônicos não estejam privados do alimento de vida nova e do sacramento do perdão”. Lembrando que na Quinta-feira Santa a Igreja celebra a instituição do sacerdócio, Sacramento da Ordem, ele recordava as palavras do bispo na ordenação sacerdotal, afirmando que essas palavras tentam ajudar o presbítero a “viver intensamente o que a Igreja pediu“. Nesse sentido, tendo como referência o Documento de Aparecida, pedia para rezar para que os sacerdotes “sejam sempre e cada vez melhor Presbíteros-Discípulos, Presbíteros-Missionários, Presbíteros-Servidores da Vida e Presbíteros-Cheios de Misericórdia”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Acreditar na vida, uma urgência pascal diante da morte de tantos inocentes

Acreditar na vida é fundamento da fé cristã. Os discípulos e discípulas de Jesus Cristo acreditamos que Ele está vivo, que Ele Ressuscitou e N´ele, nós vamos ressuscitar. Diante da realidade que estamos vivendo nos últimos dias no Brasil, em que a morte tomou conta do país, somos chamados a refletir sobre a importância da vida, do que ela significa. No Tríduo Pascal celebramos a Vitória sobre a morte daquele que morreu injustamente, crucificado por um sistema político e religioso que tinha virado as costas para o povo. O acontecido com Jesus é uma história que tem se repetido ao longo da história da humanidade. Hoje, de modos diferentes, muitos continuam sendo crucificados, se tornando mais uma vez vítimas inocentes. Diante dessa realidade, cuidar da vida e acreditar nela se faz cada vez mais urgente. Cada um de nós e todos juntos, como sociedade, como homens e mulheres de fé, somos desafiados constantemente a encontrar caminhos que tornem a vida e seu cuidado como uma prioridade universal. Contemplar o Crucificado tem que nos levar a enxergar aqueles e aquelas que hoje são pregados nas cruzes, que se tornaram imagem de Cristo sofrente. São muitas as vítimas que hoje contemplam desde suas cruzes a indiferença de muitos, inclusive o desprezo daqueles que ficam caçoando, rindo diante do sofrimento alheio. A falta de empatia continua presente no coração de muitos, inclusive daqueles que se rasgam as vestes ao ver a imagem do Filho de Deus pregado na Cruz, esquecendo que Ele é só um exemplo que representa situações que perpassam o tempo e o espaço. O que fazer para cuidar da vida? Como nos envolver, pessoal e comunitariamente, nesse cuidado? Quais os passos a serem dados para acreditar definitivamente na vida? Essas são perguntas diante das quais se faz necessária uma resposta urgente, que provoque uma reação que possa ajudar a acreditar definitivamente no cuidado com a vida. O nosso compromisso pessoal e comunitário se tornou uma urgência inadiável. Não assumir esse desafio faz com que centenas, milhares de pessoas continuem vendo ceifadas suas vidas a cada dia. Não podemos nos fazermos parceiros de quem mostra um claro descaso com a vida. Se nossos sentimentos humanos não fossem algo suficiente para isso, a nossa fé deve ser um imperativo a mais. Nunca podemos esquecer que acreditamos num Deus que não compactua com a morte, ainda menos com a morte do inocente. Ele é alguém que acredita decisivamente na vida e nós, se de fato queremos ser seus discípulos e discípulas, temos que trilhar o mesmo caminho, o caminho da vida. Viver e celebrar o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, não é uma lembrança do passado e sim uma memória que atualiza o acontecido quase dois mil anos atrás. As atitudes dos personagens que aparecem nos relatos evangélicos continuam presentes hoje em cada um e cada uma de nós. Qual é a minha? Qual é a sua? Realmente podemos dizer que somos parte de quem acreditou na vida? Deus continua nos questionando, nos desafiando a acreditar naquilo que realmente fundamenta a nossa vida.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar