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Dia: 10 de abril de 2021

Dom Mário Antônio: “Assembleia virtual é a melhor atitude de responsabilidade”

Uma assembleia diferente, mas que depois de ser suspensa no ano passado, devido à pandemia, vai acontecer na próxima semana, de 12 a 16 de abril, completamente virtual. “A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil está se preparando para realizar a sua 58ª Assembleia Geral ordinária”, afirma o segundo vice-presidente da entidade. Desde 2011, a Assembleia Geral da CNBB acontece em Aparecida – SP, junto ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. Segundo Dom Mário Antônio da Silva, “verificamos que é impossível realizar a assembleia da nossa Conferência Episcopal neste ano de 2021 de maneira presencial, tendo em vista a questão da pandemia, porque de março do ano passado até este mês de abril, ainda não superamos a pandemia no Brasil, e olha que estamos numa situação de agravamento, numa situação muito crítica da pandemia em todo nosso país”, com vários dias com mais de 4.000 falecidos em 24 horas. O segundo vice-presidente afirma que “a nossa Conferência Episcopal achou por bem não adiar por mais um ano a realização da assembleia, mas que ela seja feita de maneira virtual”. Segundo o bispo de Roraima, “hoje temos instrumentos da tecnologia pela internet que nos favorece a tratar de assuntos, de maneira muito séria e mesmo prolongada, de maneira muito segura”. Nas últimas edições, a assembleia se realizava por dez dias, iniciando na segunda semana do Tempo Pascal. Desta vez, será no mesmo período que acostuma ser realizada, começando na segunda-feira, 12 de abril, tendo uma duração de cinco dias, até 16 de abril, sexta-feira. Dom Mário Antônio da Silva destaca que “iremos discutir assuntos muito importantes e necessários na nossa assembleia, inclusive sobre as Diretrizes Gerais sobre a Ação Evangelizadora na Igreja do Brasil, o aprofundamento sobre as indicações do objetivo geral, que terá como tema central a Palavra de Deus”. Junto com isso, o bispo diz que “outras discussões muito importantes surgirão no decorrer da semana e que vão nos ajudar no processo de evangelização, que traz com esse tempo da pandemia novos desafios, sejam eles pastorais e até mesmo econômicos para que a evangelização continue acontecendo”. Diante da realidade do episcopado brasileiro, formado por mais de 470 bispos, 309 titulares e 160 eméritos, tendo em conta a situação da pandemia no Brasil, “reunir mais de 400 pessoas, bispos e assessores, que vão se somar mais de 500 pessoas, num único lugar neste tempo de pandemia, não é sensato, não é atitude responsável”, insiste o segundo vice-presidente da CNBB.  Esse é o motivo para realizar a 58ª Assembleia Geral da CNBB de modo virtual, insiste Dom Mário Antônio, que ainda ressalta o fato de que “são pessoas que vem de muitos lugares do Brasil, ou seja, de todas as dioceses, de todos os nossos estados, e depois retornando para os seus lugares”. Por isso, “assembleia virtual é a melhor atitude de responsabilidade”. O Bispo de Roraima acrescenta que “ao mesmo tempo, queremos nós como Conferência Episcopal no Brasil, ser um exemplo para as nossas comunidades de que é possível levar adiante o processo de evangelização, de discussões de temas e de coisas que são necessárias hoje a través da tecnologia, via internet”. Ele pede o acompanhamento de todos “com as suas orações para que a nossa assembleia, nesta nova modalidade, seja exitosa e que consigamos como episcopado para o nosso povo brasileiro mensagens de esperança, de confiança, para que nos fortaleçamos na oração e na solidariedade para superar a pandemia e atender os mais pobres”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

A Vida Religiosa na (Pós)Pandemia: “dar testemunho da vida que clama por Ressurreição”

A Vida Religiosa Consagrada no mundo (pós)pandêmico. Presença solidária onde a Vida clama. Esse foi o tema de reflexão da live organizada pelo Instituto Humanitas Unisinos. Três religiosas, Liliana Franco, Maria Inês Vieira Ribeiro e Márian Ambrósio, ajudaram com sua reflexão a descobrir luzes diante de uma realidade que nos supera. Liliana Franco começou por fazer um apelo para “reconhecer aquela presença de solidariedade onde a vida clama”. Uma pandemia que tem muitos rostos, que está tirando as vidas e oportunidades de muitos homens e mulheres. Uma crise que tem muitas facetas, a falta de alimentos, a falta de oportunidades de emprego, a escassez de recursos de saúde e uma oferta educativa deficiente. Crise migratória, que está dando forma a um novo rosto da sociedade. Crise de corrupção, que leva ao esbanjamento para o bem privado do que deveria ser o bem público. Crise de violência, que se manifesta em femicídios, assassinatos de líderes sociais, disputas sobre território, tráfico de droga, mineração, extrativismo. Crise de saúde, sendo “encurralados por um vírus que mudou o ritmo das nossas vidas”. Uma crise que nos transborda e cujas consequências negativas estão crescendo. Como nos situarmos diante desta crise, questionou a presidenta da CLAR, que partiu da ideia de que a realidade é complexa, perante a qual os homens e mulheres de fé são chamados a situar-se a partir de um olhar de fé e esperança, a ler os fatos a partir de uma atitude crítica e profética e de um compromisso construtivo, em discernimento, reconhecendo o que Deus nos indica, alertando que a vida religiosa é chamada a ir até às fronteiras, a denunciar, a sair em missão. A religiosa perguntou-se “onde é que nós, religiosos, temos estado nesta crise“, enumerando 10 cenários. O primeiro na confortável poltrona do espectador, com pouco sentido crítico; no fogão, acendendo a vela para que a panela comunitária fosse suficiente para todos; abrindo a porta da casa para que houvesse espaço para os outros; arriscando a vida na linha da frente dos que cuidam dos doentes; penetrando no profundo da terra, tentando responder com recursos para as comunidades amazónicas; participando em redes e correntes de solidariedade; gerando alternativas de formação, através da virtualidade; desenvolvendo a criatividade para continuar a missão, com novas metodologias e recursos; rezando e convencidos de que este é tempo; no lugar das vítimas, muitos religiosos e religiosas morreram pela Covid-19. “Não podemos ficar indiferentes, nem paralisados perante esta realidade“, insistiu a irmã Liliana, que perguntou “que nova humanidade está emergindo“. A presidenta da CLAR convidou a dar pequenos passos: ter uma atitude aberta para perceber a densidade da vida que nos rodeia, que permita “saber conviver com as incertezas”, transformar as dificuldades em possibilidades, insistindo que “cabe-nos a nós dar testemunho de esperança perante a adversidade”. Para isso é necessário assumir os valores do Evangelho, como horizontes de ser e agir, apostando em caminhar com outros, abraçando a situação dos pobres e excluídos, cada vez mais numerosos, empenhados na formação de uma consciência crítica e de responsabilidade social, deixando ressoar as propostas de Fratelli tutti. É tempo de gerar utopia, de aproveitar as oportunidades para gerar redes que ajudam a cuidar da vida, da terra e das culturas. “Fazer desta crise um laboratório de aprendizagem, que nos permita desvendar novos caminhos, despertar uma sensibilidade que nos permita a todos nós envolvermo-nos e exercitar a compaixão”. Seguindo as palavras do Papa Francisco, apelou à criação de espaços em que haja lugar para a diferença e universalidade, afirmando que “como vida religiosa somos construtores desta mudança que não pode ser adiada”. Reflexão desde a dimensão pessoal, como eu me preparo para a pandemia, se questionava a irmã Maria Inês. Fazia isso a partir do sofrimento das pessoas, de pessoas próximas, conhecidas, denunciando “os desmandos intoleráveis do governo do nosso país, é triste ver que o povo está pagando com a vida as irresponsabilidades dos nossos governos”, criticando a falta de planejamento governamental e o negacionismo, uma atitude presente inclusive entre os religiosos, segundo a presidenta da CRB, “que nos machuca muito, porque vemos que há pessoas que estão surdas, cegas e mudas”. Ela definia o momento atual como “o tempo de cuidar”, de nos focarmos no essencial, lembrando que no carisma de muitos fundadores está o chamado a “ser uma resposta onde a vida mais clama”.   A religiosa citava exemplos concretos, como Frei Mariano, o jovem franciscano que trabalhava no Barco Hospital Papa Francisco, no Estado do Pará, e que faleceu vítima da Covid-19; o testemunho da vida religiosa em Roraima, onde todas as comunidades, de 25 congregações, estão envolvidas de alguma maneira com os migrantes. O confinamento tem sido “oportunidade para compreender melhor o nosso ser”, afirmava a irmã Maria Inês, percebendo a necessidade de “sermos mais coerentes, mais autênticas, mais radicais”, entendendo que estamos todos no mesmo barco, o que tem que nos levar a nos ajudarmos, refletindo sobre o que significa a vida em comunidade para a vida religiosa. A pandemia tem sido um tempo em que “estamos reaprendendo a viver a proximidade”, de valorizar o olhar, o sorriso, a escuta, de não deixarmos abater pela desesperança, pela tristeza, pelo negativismo. Um tempo para entender que o ritmo das coisas nem sempre é aquele que esperamos, com muitas coisas indo devagar, até paradas. Um tempo que a presidenta da CRB vê como “uma experiência pedagógica”, que transforme o chronos em kairós, que ajude a entender a sobriedade. Estamos ante um tempo de refletir e um tempo de agir, de se perguntar o que buscamos, de se colocar diante do Mistério.   Um chamado a profetizar e testemunhar, esse foi o chamado que fez à vida religiosa a irmã Márian Ambrósio, fazendo que “a nossa vida seja um mistério, seja um lugar onde as pessoas toquem e digam Deus existe, a esperança existe”. Ela falava de questões de fundo, que jamais podem ser esquecidas na Vida Religiosa, “a nossa identidade e o nosso significado”, neste tempo de pandemia, o que a Vida…
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