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Dia: 13 de abril de 2021

“A catequese nossa é muito para os sacramentos, e acaba abandonando a dimensão social da fé”, afirma Dom Ionilton

Dentro das coletivas de imprensa que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil organiza cada dia, nesta terça-feira se fez presente Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara. O tema da coletiva era análise de conjuntura e 6ª Semana Social Brasileira. Segundo Dom Joaquim Mol, presidente da Comissão de Comunicação da CNBB e mediador das coletivas de imprensa ao longo da semana, “só é frutuosa uma assembleia quando ela se deixa iluminar pela realidade”. Na coletiva participaram, além de Dom José Ionilton, Dom Francisco Lima Soares, Bispo de Carolina – MA e Dom José Valdeci Santos Mendes, bispo de Brejo – MA. Eles fizeram um resumo da Análise de Conjuntura apresentada na segunda-feira e da 6ª Semana Social Brasileira, apresentada na terça-feira de manhã. A Analise de Conjuntura foi realizada, segundo o presidente da Comissão de Análise de Conjuntura por oito professores e professoras de universidades católicas, que se reúnem a cada 15 dias e partem de informações científicas em suas análises. Dom Francisco relatava os desdobramentos da crise atual no Brasil e no mundo. Trata-se de uma realidade muito complexa, diante da qual a Igreja tem o papel de “apontar ações que sejam inspiradas no Evangelho e pela necessidade da nossa fraternidade”, afirmava Dom Joaquim Mol. A 6ª Semana Social Brasileira que tem por título “Mutirão pela Vida, por Terra, Teto e Trabalho”, está inspirada no encontro do Papa Francisco com os movimentos populares em 2014, segundo Dom Valdeci. Ele destacava democracia, soberania e economia como pontos fundamentais de discussão da 6ª SSB, apresentando os objetivos, enfatizando a necessidade de alargar o debate a toda a sociedade. Estamos diante de um processo, onde é destacada a importância das lutas populares, daqueles que lutam por uma sociedade mais justa e mais fraterna, denunciando as violações dos direitos humanos e da natureza. Já foram realizados mais de 90 mutirões desde 2019, no último ano em modo virtual, na tentativa de apontar rumos e caminhos que ajudem o povo a conquistar direitos e dignidade. Nesse ponto Dom Mol, seguindo EG 176, afirmava que “evangelizar é tornar o Reino de Deus presente no mundo”, o que mostra a importância da Análise de Conjuntura e da 6ª SSB. Dom Francisco, Bispo de Carolina Dom José Ionilton, seguindo as palavras do Papa Francisco, afirmava que “a humanidade é pisoteada por esse vírus e por tantos outros vírus que nós ajudamos a crescer”, relatando elementos que mostram a situação que o Brasil vive em consequência da pandemia: maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil, papel da Igreja no campo da solidariedade. Segundo o bispo de Itacoatiara agora é momento de solidariedade, mas depois deve ser tempo de manifestação de indignação, lembrando que o Papa Francisco nos chama a não nos deixar anestesiar nossa consciência social. Nas perguntas dos jornalistas os bispos foram abordando diferentes questões, fazendo um chamado a refletir sobre a realidade atual, a agir com prudência, unidade e serenidade. Também foi abordado o posicionamento que um cristão deve ter diante da ditadura, a necessidade de tomar consciência diante do desmatamento, da pressão aos povos indígenas, que estão vendo seus territórios invadidos durante a pandemia, a falta de política de preservação do meio ambiente do governo, o que incentivou os ataques. Diante disso era feito um pedido aos meios de comunicação de inspiração católica para divulgar essas situações. Dom Ionilton refletia sobre “o desafio que é a gente conseguir ajudar as pessoas a compreender a dimensão social, política e profética da fé”. O bispo afirmava que na Bíblia esses assuntos estão presentes, nos profetas, onde se faz um chamado a defender o pobre e o insjustiçado, as ações de Jesus em defesa dos pobres, dos pequenos, insistindo que “não tem outro caminho”. O bispo de Itacoatiara também lembrava o relatado no Concilio de Jerusalém, onde se faz um chamado a não esquecer os pobres. Ele lembrava da figura de Dom Helder, muitas vezes chamado de comunista, o que continua acontecendo com o Papa Francisco, com muitos bispos e lideranças da nossa igreja. “Basta falar em direitos humanos, defesa do bem comum, defesa da natureza, aí se titula logo de comunista”, dizia Dom Ionilton. Diante disso, “o nosso papel é fazer a Doutrina Social da Igreja cada vez mais conhecida, assimilada e vivida por nós”, algo que era colocado pelo bispo como grande desafio. Segundo Dom Ionilton, “nós trabalhamos muito o para dentro da Igreja, a catequese nossa é muito para os sacramentos, e acaba abandonando a dimensão social da fé”. Ela chamava a assumir o pedido do Papa Francisco na Querida Amazônia: “que a Doutrina Social da Igreja seja estudada, conhecida e praticada”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Os Bispos do Brasil agradecem ao Papa Francisco sua “proximidade paterna e misericordiosa ao povo brasileiro, na pandemia”

Uma carta onde expressam e renovam sua fidelidade e sua comunhão com o Papa Francisco, será enviada ao Santo Padre pelo Bispos do Brasil reunidos em virtualmente na 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, de 12 a 16 de abril. O escrito destaca o esforço pela unidade entre as igrejas cristãs e o diálogo com outras religiões e culturas, algo que se fez presente na viagem ao Iraque. Também agradecem pela encíclica Fratelli tutti e pelo ano dedicado ao Patriarca São José e às famílias. Ao mesmo tempo, os bispos externam seus “sentimentos de gratidão pela proximidade paterna e misericordiosa de Vossa Santidade, expressa nas muitas formas de concreta solidariedade manifestadas ao povo brasileiro, neste tempo em que a pandemia fez aflorar misérias, sofrimentos e precariedades em muitas regiões e dioceses brasileiras”. O texto relata as consequências da pandemia: “a fragilidade de nossas políticas públicas, a inabilidade de nossos governantes no trato da pandemia, o negacionismo de uma parcela de brasileiros, a politização e ideologização da pandemia, a impossibilidade dos ritos e orações por ocasião do sepultamento dos mortos por COVID-19, causando dor ainda maior às famílias”. Junto com isso destacam a solidariedade e caridade e que “Não estamos silenciados! Não estamos omissos!” Os bispos falam ao Papa Francisco sobre o tema da 58ª Assembleia Geral da CNBB, que aborda o tema da Palavra, e dizem se unir “a Vossa Santidade nos esforços pela purificação, conversão e justiça frente aos casos de abusos cometidos por membros da Igreja”. Para isso estão sendo estruturados os mecanismos de enfrentamento. O texto faz referência ao Sínodo para a Amazônia e a Querida Amazônia, que “repercutem em nova sensibilidade, gestos de solidariedade e novas atenções pastorais”. Ao mesmo tempo destaca a importância da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que visa “celebrar, rever e retomar as luzes, perspectivas e esperanças da Conferência de Aparecida”. Eis a Carta:  CARTA AO PAPA DA 58ª AG CNBB Amado Papa Francisco, Nós, os Bispos do Brasil, reunidos neste ano, de 12 a 16 de abril, por plataforma virtual, a partir de nossas Igrejas Particulares, vivenciamos nossa 58ª Assembleia Geral Ordinária. Neste tempo difícil e desafiador, quisemos viver, neste formato possível, nosso encontro anual, que não nos foi possível realizar no ano passado, devido à insegurança e aos riscos causados pelo início da pandemia da COVID-19. Expressamos e renovamos nossa fidelidade e nossa comunhão com Vossa Santidade, Bispo de Roma e Sucessor de Pedro. Reconhecemos seus inúmeros esforços para construir a unidade na Igreja e com os demais cristãos e favorecer o diálogo com outras religiões não cristãs e com a pluralidade das culturas. Pudemos, de modo exemplar, perceber isto na sua recente viagem ao Iraque, pelos caminhos da fé de Abraão, e nos fecundos diálogos empreendidos ali pela paz e pela concórdia entre os povos, buscando levar também bálsamo espiritual às muitas feridas causadas pelos históricos conflitos naquela região.  Agradecemos pelos frutos e boas repercussões eclesiais e sociais entre nós gerados pela Encíclica Fratelli tutti e pelo ano dedicado ao Patriarca São José e às famílias. Com o auxílio deste “homem justo”, iluminados e impulsionados pelas indicações pastorais da Exortação Amoris Laetitia, haveremos de relançar o olhar pastoral sobre a realidade das famílias. O ano da “Família Amoris Laetitia”, iniciado em 19 de março e a ser concluído com o X Encontro Mundial de Famílias, em junho de 2022, certamente será um norte seguro para nossa ação evangelizadora das famílias. Sem descuidar igualmente dos esforços da nossa comunidade cristã na construção da grande família humana, chamada a construir-se como casa de irmãos e irmãs, no respeito, na amizade e no diálogo amoroso.  Também não podemos deixar de externar nossos sentimentos de gratidão pela proximidade paterna e misericordiosa de Vossa Santidade, expressa nas muitas formas de concreta solidariedade manifestadas ao povo brasileiro, neste tempo em que a pandemia fez aflorar misérias, sofrimentos e precariedades em muitas regiões e dioceses brasileiras. Os apelos mundiais de Vossa Santidade em relação ao Pacto Global pela Educação e Economia de Francisco estão sendo divulgados e acolhidos pelos respectivos segmentos, com adesões importantes e criativas da sociedade e da Igreja no Brasil.  Nesta pandemia estamos experimentando e assistindo a situações de grande dor e de belas iniciativas, a saber, de um lado, a fragilidade de nossas políticas públicas, a inabilidade de nossos governantes no trato da pandemia, o negacionismo de uma parcela de brasileiros, a politização e ideologização da pandemia, a impossibilidade dos ritos e orações por ocasião do sepultamento dos mortos por COVID-19, causando dor ainda maior às famílias; por outro lado, a solidariedade entre as pessoas, famílias e comunidades, as muitas e criativas formas de presença junto aos que sofrem com a solidão e o abandono, sobretudo os idosos. A pandemia nos tem educado para muitas ações de evangélica caridade, de socorro aos mais vulneráveis, num belo e criativo pacto pela vida e pelo nosso sofrido Brasil. Contudo, não faltam iniciativas pastorais e vozes proféticas para apontar o Reino e a primazia da vida. Não estamos silenciados! Não estamos omissos! Mesmo reconhecendo o poder das forças de destruição e de morte a que estamos sujeitos. Não perdemos de vista o Evangelho e a presença invisível e vitoriosa do Senhor Jesus, o Vivente, que nos acompanha e nos ajuda a interpretar a história em chave pascal, como fez com os discípulos de Emaús.  Nossa Assembleia Geral dedica-se neste ano, em consonância com as atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, ao tema da Igreja como Casa da Palavra de Deus. “Casa da Palavra: animação bíblica da vida e da pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias”. A partir da imagem bíblica da semente (Mt 13,1-9) queremos mergulhar no mistério do Cristo-Palavra, nos desafios da semeadura neste nosso tempo, nos terrenos prioritários, nos meios para semear. Conhecer a Escritura é conhecer Cristo. Ele é nossa Páscoa e nossa Paz! “Do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14a). É preciso recomeçar sempre…
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Faleceu Dom Jaime Mota de Farias, bispo emérito de Alagoinhas – BA

Faleceu na noite desta segunda-feira, 12 de abril, aos 95 anos, dom Jaime Mota de Farias, bispo emérito da diocese de Alagoinhas – BA. A morte foi consequência da doença de Alzheimer, que nos últimos dias tinha se agravado. Nascido em São Bento do Una, interior de Pernambuco, no dia 12 de novembro de 1925, era sacerdote desde 25 de agosto de 1957, sendo nomeado bispo auxiliar da diocese de Nazaré da Mata – PE, no dia 21 de julho de 1982. Após três anos como bispo auxiliar, foi nomeado o segundo bispo da diocese de Alagoinhas, onde exerceu essa missão até apresentar sua renuncia em 24 de abril de 2002. Sendo emérito continuou residindo na diocese, onde ajudou no trabalho pastoral sempre que foi preciso. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunida na 58ª Assembleia Geral, em nota assinada pela presidência, manifestou pesar pelo falecimento de Dom Jaime Mota de Farias. O episcopado brasileiro, diz se unir “em solidariedade aos familiares, amigos e ao povo de Deus presente na diocese de Alagoinhas”, agradecendo a Deus pelos seus 40 anos de dedicação à Igreja particular da diocese de Alagoinhas. Cientes de que a vida sempre vence a morte, a CNBB, lembrando a liturgia da segunda-feira da segunda semana da Páscoa, reafirma “a certeza de que, mesmo diante da morte, somos sempre convidados a nascer de novo”.

Palavra e Análise de Conjuntura. Dom Tadeu e Dom Ionilton destacam os pontos mais relevantes do 1º dia da 58ª AG da CNBB

Nesta segunda-feira, 12 de abril, iniciou a 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional – CNBB, que em consequência da pandemia está acontecendo 100% virtual. No final do dia trazemos as impressões de dois dos nossos bispos do Regional Norte 1 da CNBB, seu vice-presidente, Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, bispo auxiliar de Manaus, e Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara. Dom Tadeu destacava a novidade que representa o modo virtual da Assembleia, “por causa da pandemia que vivemos não é possível ainda fazer uma Assembleia presencial”. O bispo auxiliar de Manaus afirma que “a participação está sendo bastante intensa”. A abertura da Assembleia “foi feita invocando ao Espírito Santo, logo em seguida o relatório da presidência e um relatório sobre a questão econômica”, que fez referência aos anos 2019 e 2020. O bispo destaca dois elementos importantes nesse relatório, a reestruturação do setor contável na CNBB e o Centro Cultural Missionário – CCM, como filial da CNBB. Ao falar sobre o Tema Central deste ano, que é a Palavra, Dom Tadeu afirma que “esse tema está de acordo com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil de 2019 a 2023”. Ele lembra que “na 57ª Assembleia Geral, nós assumimos que a Caridade, Pão, Palavra e Ação Missionária são os quatro pilares que devem sustentar a vida das comunidades eclesiais missionárias e a ideia da Igreja nas casas”. O Tema Central, Pilar da Palavra de Deus, ele traz para nós, segundo o bispo auxiliar de Manaus, “o que significa para nós essa animação bíblica da pastoral”. O documento está dividido em sete capítulos, que segundo Dom Tadeu podem ser vistos como “sete caminhos que nos ajudam na vivência da Palavra e que esta Palavra permeia toda a dimensão da animação da vida das comunidades em que nós nos encontramos”. Do texto, o bispo destaca que “em nossos dias torna-se indispensável estabelecer e fortalecer nas pessoas e nas comunidades o vínculo entre a Palavra de Deus e a vida, tornando nossa ação pastoral cada vez mais alicerçada do contato fecundo com a Escritura Sagrada”. “Nós podemos afirmar que é no encontro com o Senhor Ressuscitado, que na força do Espírito conduz a Igreja, nossa comunidade de discípulos e discípulas, e torna essa comunidade sempre mais missionária na vivência, no anúncio da Palavra de Deus”, enfatiza Dom Tadeu. Ele destaca que “isso está em sintonia com aquilo que já refletíamos na Conferência de Aparecida sobre a reflexão bíblica da pastoral”. É por isso, que “somos convidados, sem dúvida, a partir dessa Assembleia a reassumir, como discípulos, como discípulas, servidores da Palavra de Deus na missão da Igreja e na construção do Reino de Deus”. Falando sobre a Análise de Conjuntura Sócio-política e Eclesial, Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, afirmava que “na verdade, a Análise de Conjuntura Eclesial se tornou um estudo sobre a sinodalidade”. Segundo o bispo da Prelazia de Itacoatiara, “faltou entrar em aspectos importantes da vida e da ação da Igreja no Brasil”. Falando sobre a Análise da Conjuntura Sócio-política, ele afirma que “foi muito mais desenvolvida, destacando que o povo de Deus sofre com a doença e com a fome”, lembrando as palavras do Papa neste domingo, “que não é um tempo para a indiferença”. A Analise relatou, lembrava Dom José Ionilton, que “estamos vivendo graves problemas desde que a pandemia explodiu, mas que esses graves problemas já existiam antes mesmo da pandemia”. O bispo destacou que a análise “ressaltou o colapso sanitário e hospitalar, o maior da história do Brasil, o crescimento do desemprego, a volta do Brasil ao mapa da fome, e a política, se assim podemos chamar, do governo Bolsonaro e dos bolsonaristas, dos seguidores de Bolsonaro”. Outro elemento destacado na análise, foi “a militarização do governo, hoje tem mais militares no governo do que o próprio governo militar, a hostilidade à ciência, e por causa disso, o negacionismo”. No final da Análise de Conjuntura, relatava o bispo de Itacoatiara, aparece que “o presidente minimizou a doença, desrespeitou as vítimas, descumpriu o isolamento social, combateu quem quis fazer isso, criou desavenças com governadores, prefeitos e instituições da sociedade civil, que apontaram o caminho do isolamento social como necessário para o combate da pandemia”. Dom José Ionilton também colocava em destaque, em referência ao Análise de Conjuntura, que “ele [o presidente] realizou uma má gestão da área da saúde, trocou quatro vezes o ministro da saúde nesse tempo da pandemia, dificultou a gestão da saúde pública, divulgou dados errados, omitiu informações, e não atuou para criar uma unidade nacional de combate à pandemia”. Segundo o bispo, “foi uma análise de conjuntura muito bem feita e que muito vai ajudar a toda nossa caminhada como Igreja do Brasil”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1