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Dia: 14 de abril de 2021

“Não adianta levantar as mãos, eu rezar para Deus, mas eu não colocar as mãos a serviço”, afirma Dom Guilherme Werlang

No dia 7 de abril de 2020, seis entidades brasileiras, dentre elas a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, assinavam o “Pacto pela Vida e pelo Brasil”, visando, naquelas primeiras semanas da pandemia, amenizar os impactos da pandemia e a defesa do Sistema Único de Saúde – SUS, que garante saúde pública, universal e gratuita para todos os brasileiros. Dom Guilherme Werlang, na coletiva de imprensa da 58ª Assembleia Geral da CNBB, que acontecia nesta quarta-feira, denunciava que “nos últimos anos as políticas públicas, que foram alcançadas com tanta luta popular brasileira e devagarzinho estão sendo desmanteladas, desacreditadas, estão sendo tirados os recursos básicos, fundamentais, para que eles possam cumprir com a sua função a sua finalidade”. Segundo o presidente do Grupo de Trabalho do Pacto pela Vida e pelo Brasil, a vida deve ser entendida como algo interligado que vai além da vida humana. Desde o Pacto se defende a necessidade de garantir o auxílio emergencial, o atendimento pelo SUS e a segurança alimentar, uma questão fundamental num momento em que o Brasil está voltando ao Mapa Mundial da Fome. Trata-se de defender a vida e as políticas públicas que, segundo o bispo de Lages – SC, “estão sendo desmontadas”, denunciando que existe dinheiro para salvar bancos e a bolsa de valores, mas não para o auxílio emergencial, afirmando que não é possível chamar de auxilio emergencial a quantidade que está sendo destinada pelo governo. Ele fazia um chamado a lutar pelo Brasil, algo que não é possível sem defender os mais pobres. Em 2022, a Campanha da Fraternidade, que acompanha a vida da Igreja do Brasil no tempo da Quaresma desde a década de 60, vai ter como tema “Fraternidade e Educação”. Dom João Justino de Medeiros Silva, ao apresenta-la destacava que ela tem sido pensada em sua relação mais ampla com a sociedade, pensando em todos os atores que fazem parte da educação. O lema da Campanha está inspirado no Livro dos Provérbios: “Fala com sabedoria e ensina com amor”, tendo como objetivo “Promover um diálogo sobre a realidade educativa no Brasil”. Dom Leomar Antônio Brustolin destacava a transversalidade da Campanha da Fraternidade 2022, em torno a três aspectos: pandemia, 20 milhões de brasileiros ficaram sem escola em 2020; as pedagogias de Francisco, a pedagogia da escuta, do diálogo, da proximidade e do encontro; o Pacto Educativo Global, que parte de Laudato Si´ 215, mostrando necessidade de difundir um novo modelo relativo ao ser humano, à vida, à sociedade e à relação coma natureza. O bispo auxiliar de Porto Alegre – RS fazia um chamado a se questionar sobre “a cultura e a civilização que está sendo construída neste momento de pandemia, onde até usar a máscara se torna motivo de polémica”. Ele insistia, desde a proposta do Pacto Educativo Global, em promover “uma educação mais aberta, inclusive, capaz de escuta paciente, diálogo construtivo e mutua compreensão”. Tudo isso, segundo o bispo, precisa “coragem de colocar no centro a pessoa humana, num estilo de vida que rejeita a cultura do descarte”, seguindo a proposta do Papa Francisco. Ele denunciava que o mercado tem sido o critério principal para educar em muitos ambientes. Também fazia um chamado a “investir nos muitos talentos que temos”, denunciando que muito talento brasileiro é acolhido no exterior e ignorado no Brasil. Ao mesmo tempo destacava a necessidade de “uma educação ao serviço da comunidade, que leve a preparar não apenas para o trabalho e sim para a vida comunitária, social, com senso de comunhão e comprometimento com a realidade”. Por isso, ele espera que a Campanha da Fraternidade de 2022 seja “uma contribuição que possa ajudar a transformar a realidade”. Nas perguntas dos jornalistas, os bispos abordaram algumas questões importantes como a evasão escolar, o modo de trabalho do Pacto pela Vida, que tenta ser antenas de onde a vida está sendo ameaçada. Também foi refletido sobre questões presentes na sociedade brasileira, sobre a relação entre educação e cultura, que levava Dom Leomar a afirmar que existe um jeitinho brasileiro de ser, uma vontade de querer levar vantagem em tudo, o que “não nos levou a grandes progressos”. Ele denunciava a falta de lei no Brasil, a existência de uma sociedade polarizada, onde o contraponto se torno um inimigo a ser destruído, o uso da violência, que tem se fortalecido muito, a questão do feminicídio, insistindo em que “estamos anestesiados frente a tudo e as nossas iniquidades”, até o ponto de que “estamos nos acostumando com a violência, a corrupção, uma situação de morte”, o que demanda uma educação que defenda a vida e mude a cultura brasileira. O bispo insistia em que a cultura não está promovendo a vida, diante de tanta morte e descarte, insistindo em que a começa na família, onde se aprende o agradecimento, o respeito e a justiça social. Se faz necessário resgatar a capilaridade da Igreja, em palavras de Dom Guilherme, que fazia um chamado a recuperar o profetismo na Igreja, pois o Brasil está polarizado dentro das igrejas. O bispo de Lages denunciava que os que assumem a verdade do Evangelho, que está fundamentada na justiça, no amor aos pobres, quando assume a Palavra de Deus, são chamados de comunistas, como acontece com o Papa Francisco, que neste domingo lembrava que a defesa dos pobres, isso é puro cristianismo. Segundo o bispo somos desafiados a retomar com radicalidade o seguimento do Jesus histórico, que nasceu na periferia do mundo. Recuperar o espírito do Pacto das Catacumbas, e no Pacto pela Vida, recuperar o direito à segurança alimentar, ao auxilio emergencial. Em relação com a Campanha da Fraternidade, Dom João Justino, insistia em que “as desigualdades sociais afrontam a própria dignidade da pessoa humana”, e por isso “supera-las, para nós que somos cristãos, passa pela conversão”. O arcebispo de Montes Claros vê a Campanha da Fraternidade, celebrada na quaresma, como um “apelo a construir um mundo mais humano, de fraternidade”. O desafio está em pensar ações, propor atividades, desencadear processos para contribuir na…
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Momento de “proximidade, fraternidade, partilha e colegialidade episcopal”. Nossos bispos participam virtualmente da 58ª AG da CNBB

Uma assembleia diferente, em modo virtual, algo que está sendo uma novidade para os bispos. A Assessoria de Imprensa da CNBB tem recolhidos os testemunhos e as fotos dos bispos do Brasil, dentre eles alguns do nosso Regional Norte 1.  Recolhemos as aportações de Dom Marcos Piatek, bispo de Coari, e de Dom Edson Damian, bispo de São Gabriel da Cachoeira e presidente do Regional Norte 1 da CNBB. A matéria completa pode ser conferida aqui. O bispo da diocese de Coari (AM), do Regional Norte 1, dom Marcos Piatek, afirmou que apesar das suas limitações, a 58ª AG CNBB se tornou muito importante e em certo sentido ficou “real”. “Sentimo-nos mais perto dos irmãos bispos, dos diversos organismos da CNBB e em comunhão com o Papa Francisco. Graças aos meios de comunicação podemos renovar a nossa proximidade, fraternidade, partilha e a colegialidade episcopal. Esta nova experiência se tornou muito frutífera para animar a nossa comunhão eclesial e ação pastoral”, avaliou. O caráter inovador da experiência de participação em uma assembleia on-line foi destacado pelo bispo de São Gabriel da Cachoeira (AM) e presidente do Regional Norte 1, dom Edson Damian. Ele ressalta que esta assembleia, no formato remoto, não tem o calor humano, a conversa fraterna com os irmãos no episcopado, a partilha dos sonhos e esperanças que acontecia no formato presencial na casa da Mãe Aparecida, mas nem por isto deixará de contribuir com a caminhada da Igreja no Brasil.  Ele ressalta que graças à presidência da CNBB, aos secretários-executivos, e a todos os assessores, tudo está transcorrendo muito bem e com muito proveito e a assembleia está sendo muito bem organizada, planejada e programada.  “Sem dúvidas, a maneira presencial traz saudades, o encontro com todos os irmãos bispos, a santa missa de todas as manhãs na casa da Mãe Aparecida, a troca de experiências e a convivência fraterna, mas para este ano é esta a modalidade que temos e está sendo muito eficiente e de grande proveito. Vamos torcer e pedir a Deus que o médico dos médicos, Jesus, nos livre dessa pandemia e, em breve, possamos realizar todos os nossos encontros presencialmente e nos abraçando fraternalmente”, disse.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Adolfo Zon destaca “as temáticas preciosas da 6ª SSB” e o ambiente fraterno da 58ª AG da CNBB

  Na análise que estamos fazendo ao longo desta semana com os bispos do Regional Norte 1 da CNBB sobre o decorrer da 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, hoje partilhamos com Dom Adolfo Zon, bispo de Alto Solimões, que mostra o que tem sido o segundo dia da Assembleia. Uma Assembleia com uma pauta muito ampla, segundo Dom Adolfo Zon, está se desenvolvendo ao longo dos dois primeiros dias. Na manhã desta terça-feira foram abordadas questões referentes ao Pio Colégio Brasileiro em Roma, dois subsídios da Comissão da Doutrina da Fé, o Projeto Comunhão e Partilha que já vem sendo realizado desde há oito anos e ajuda na formação dos seminaristas das dioceses mais pobres, que atualmente beneficia mais ou menos 400 seminaristas. Também foi abordado o Ano Vocacional em 2023, comemorando os 40 e 20 anos dos Anos Vocacionais já celebrados, o Fundo de Solidariedade e a 6ª Semana Social Brasileira. O bispo, que acompanha as Pastorais Sociais no Regional Norte 1, relatava algumas das atividades desenvolvidas pela 6ª Semana Social Brasileira e os matérias que já estão postados no site. Desde uma perspectiva amazônica, tendo em conta as dificuldades de comunicação em muitas regiões do interior da Amaônia, Dom Adolfo colocava que as atividades, “todas acontecem virtualmente, o que faz com que em muitas dioceses fiquem alheios”. O motivo é que a internet não possibilita “acompanhar tanta riqueza que se está produzindo e se está realizando”. Por isso, o bispo de Alto Solimões sugere a possibilidade de “realizar uma sistematização que possa ser partilhada com as diferentes igrejas, compartilhando as coisas melhores que estão sendo realizadas nos mutirões que acontecem de forma virtual”. Segundo Dom Adolfo, “isso ajudaria a criar conteúdos e partilhar experiências”. Ele mesmo diz se ver “um pouco fora de tanta coisa que está acontecendo, por não termos uma internet que possa nos ajudar para acompanhar”. Dom Adolfo entende que diante da situação da pandemia, “a única forma de realizar as diferentes programações é virtualmente”, mas espera que a chegada de cartilhas escritas nas dioceses “ajude a socializar e que o nosso povo possa ir sensibilizando-se e refletindo um pouco sobre as temáticas preciosas desta 6ª Semana Social Brasileira”. Dom Adolfo destaca o momento de encontro com o presidente do CELAM o secretário geral adjunto e os diretores dos centros em que se divide o Conselho Episcopal Latino-americano, realizado na tarde desta terça-feira. Segundo o bispo, Dom Miguel Cabrejos destacou os grandes aportes da CNBB no caminho da sinodalidade e sua capacidade propositiva. O bispo de Alto Solimões destaca o ambiente fraterno ao longo do encontro com o CELAM e ao longo da Assembleia, mesmo em modo virtual. Ele ressalta a possibilidade de todos se manifestar e o respeito a todas as opiniões, o que facilita que todos os participantes possam se expressar com plena liberdade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1  

“Defender ditadura, isso está fora de qualquer possibilidade de quem quer ser discípulo de Jesus”, afirma Dom Mol

Nesta terça-feira, a coletiva de imprensa da 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que acontece de 12 a 16 de abril, abordou a Análise de Conjuntura e a 6ª Semana Social Brasileira. Ao longo da semana, esses momentos são mediados por Dom Joaquim Mol, bispo auxiliar de Belo Horizonte – MG e presidente da Comissão Episcopal para a comunicação da CNBB. Diante de uma pergunta em referência à democracia, num contexto social em que muitos cristãos pedem a volta da ditadura e pregam a violência como mudança para o país, Dom Joaquim Mol, afirmava que “de maneira completamente inesperada começaram aparecer pessoas no Brasil, inclusive governantes brasileiros, apoiando a ditadura em detrimento da democracia”. Segundo o presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação da CNBB, “só consegue apoiar e pedir a volta da ditadura quem nunca passou por isso”. Ele dizia que “querer a ditadura de volta, qualquer tipo de ditadura em nosso país, significa apontar uma espécie de anomalia na cabeça da pessoa, ela não pensa adequadamente, como também não sente adequadamente”. O bispo auxiliar de Belo Horizonte definia a ditadura como “a intolerância total a tudo o que é diferente, a toda e qualquer diferença, de qualquer tipo. A ditadura e a imposição de um modo de governar, de envolver a cultura, a economia, de fazer política com um máximo de intolerância a quem faz, sente e pensa diferente”. O bispo insistia em que “é por isso que a ditadura mata. Por isso a ditadura não tem nenhum escrúpulo em matar quem quer que seja, se estiver pensando diferente”. “Pedir a ditadura de volta é uma insanidade mental, uma insanidade dos sentimentos, é um total embrutecimento do ser desejar a ditadura”, enfatizava o bispo. Frente a isso, definia a democracia como a alegria, a importância, a valorização da diversidade pacífica entre nós”. Junto com isso, Dom Mol definia a democracia como “a expansão de direitos individuais e coletivos a todos, não só a um pedacinho”. Ele fazia referência à profunda desigualdade social no Brasil, uma das maiores do mundo, o que ele vê como “falta de democracia, porque democracia significa escola de qualidade para todo mundo, alimentação para todo mundo, teto para todo mundo, trabalho para todo mundo, terra para todos os que precisam de terra”. Segundo Dom Mol, não há como entender “a busca, a propaganda, a defesa de toda e qualquer ditadura”. Ele diz que não podemos permitir que a ditadura que aconteceu no Brasil durante 20 anos “seja chamado com outro nome que não ditadura militar e civil”, quando “alguém sem voto, foi e tomou o poder a passou a exercer esse poder com mão de ferro, quem pensa diferente, morre, inclusive com tortura”. Ele dizia que “um cristão, jamais pode, nem pensar em defender ditadura, isso está fora de qualquer possibilidade de quem quer ser discípulo de Jesus”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1