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Dia: 25 de abril de 2021

Alex Mota da Costa é ordenado padre na Prelazia de Itacoatiara

A Prelazia de Itacoatiara conta desde este sábado, 24 de abril, com mais um padre. Dom Ionilton Lisboa de Oliveira ordenava na Catedral de Nossa Senhora do Rosário o díacono Alex Mota da Costa. Na sua homilia, o bispo destacava que a vocação presbiteral é um chamado, na liberdade, para servir como pastor, insistindo em que “toda vocação começa no chamado de Deus. É Deus que chama”. Ele chama para uma missão, disse Dom Ionilton: “Não existe vocação sem missão. Deus chama e nos confia um serviço na construção de seu Reino”. A missão, toda missão é serviço, seguindo assim o exemplo de Jesus. O presbítero é chamado a se configurar com Jesus, a ser do mesmo jeito, lembrando o lema que o novo padre escolheu para sua ordenação presbiteral: “Haja entre vós o mesmo sentir e pensar que no Cristo Jesus”. Ao longo da sua homilia, o bispo da prelazia foi refletindo sobre aquilo que deve estar presente na vida do presbítero, chamado a agir na pessoa de Cristo; a ser homem de misericórdia e compaixão; a ser presbítero – discípulo, que tenha profunda experiência de Deus, que se nutram da Palavra de Deus, da Eucaristia e da oração; a ser presbítero – missionário,  com caridade pastoral que o leve a cuidar do rebanho a ele confiado e a procurar os mais distantes; presbítero – servidor da vida, atento às necessidades dos mais pobres, comprometido na defesa dos direitos dos mais fracos e promotor da cultura da solidariedade; presbítero cheio de misericórdia, disponível para administrar o sacramento da reconciliação. A unção do presbítero, que ele recebe na ordenação, não deve ser para a autocontemplação, insistia Dom Ionilton, e sim para ser enviado. Por isso, ele fazia um chamado ao novo padre: “Não fixe seu olhar no que é exterior em sua vocação: a vestimenta, o título, as funções, os bens, o poder, mas fixe sempre o seu olhar em Cristo, Bom Pastor”, lembrando as palavras que aparecem no prefácio da Oração Eucarísitca VI D, se referindo a Jesus, que “sempre se mostrou cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres, pelos doentes e pecadores, colocando-se ao lado dos perseguidos e marginalizados”. Finalmente, Dom Ionilton lembrava a tríplice missão do presbítero: ensinar, transmitir a todos a Palavra de Deus, lembrando as palavras do ritual da ordenação que diz: “procura crer no que leres, ensinar o que creres, praticar o que ensinares”; santificar, procurando viver uma vida nova: “toma consciência do que fazes e põe em prática o que celebras”; e servir, a exemplo do Bom Pastor, que não veio para ser servido, mas para servir. No final da celebração o novo padre agradecia à sua família, especialmente seus pais, à Igreja da Prelazia de Itacoatiara e do Seminário São José de Manaus, onde se formou ao longo de sete anos. Ele agradecia por ter podido viver “este grande momento que é tempo de Deus”, lembrando de todos “por continuarem a sinalizar na minha vida”, pedindo que “rezem por mim, para que eu sempre seja mais e mais, e busque cada vez mais e mais, sinalizar e poder ter os mesmos sentimentos de Cristo Jesus, o Bom Pastor”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

As boas pastoras amazônicas, mulheres que mantiveram a Igreja de pé ao longo de séculos

  No dia em que celebramos o Domingo do Bom Pastor, nossa reflexão nos leva a dizer que bom pastor é aquele que cuida das ovelhas, a imagem de Jesus Bom Pastor. Ao longo do tempo o Magistério da Igreja identificou essa imagem com os varões ordenados, mas aos poucos essa visão está ficando mais ampla. Não se trata de excluir e sim de abrir horizontes, de reconhecer que as mulheres também são boas pastoras, boas cuidadoras do rebanho. Querida Amazônia dedica os números 99 a 103 a refletir sobre “A força e o dom das mulheres”. Nesses parágrafos, o Papa Francisco reconhece abertamente que “Na Amazónia, há comunidades que se mantiveram e transmitiram a fé durante longo tempo, mesmo decénios, sem que algum sacerdote passasse por lá. Isto foi possível graças à presença de mulheres fortes e generosas, que batizaram, catequizaram, ensinaram a rezar, foram missionárias, certamente chamadas e impelidas pelo Espírito Santo. Durante séculos, as mulheres mantiveram a Igreja de pé nesses lugares com admirável dedicação e fé ardente. No Sínodo, elas mesmas nos comoveram a todos com o seu testemunho”. A missão de pastorear, de cuidar das comunidades, tem sido assumida, como bem reconhece a exortação pós-sinodal do Sínodo para a Amazônia, por “mulheres fortes e generosas”. São muitas as mulheres que em todos os cantos da Amazônia podem ser reconhecidas entre aquelas de quem o Papa Francisco destaca sua “admirável dedicação”. Percorrendo algumas regiões da Amazônia, me adentrando pelos rios e igarapés, muitas vezes até as comunidades mais distantes, a gente tem descoberto a presença dessas mulheres imagem de Jesus Cristo que cuida, e por tanto boas pastoras. De fato, o texto de Querida Amazônia, nesse modo de se expressar do Papa Francisco, direto, sem arrodeio, ao falar da Igreja, ele diz abertamente que “sem as mulheres, ela se desmorona, como teriam caído aos pedaços muitas comunidades da Amazónia se não estivessem lá as mulheres, sustentando-as, conservando-as e cuidando delas”. Isso é algo que também acontece em muitas comunidades das cidades amazônicas, especialmente nas periferias, onde a presença feminina se torna decisiva na maioria dos casos. Muitas comunidades das cidades teriam se desmoronado se as mulheres não estivessem entregando sua vida no dia a dia. Neste tempo de pandemia, as mulheres têm sido uma forte expressão da Igreja samaritana, exemplo de cuidado numa região onde as consequências da Covid-19 têm provocado, estão provocando e irão provocar muita dor e sofrimento. Elas são prolongação da “força e a ternura de Maria”, como nos lembra Querida Amazônia. Mulheres que escutam, curam as feridas, distribuem o pão, semeiam esperança, carregam no colo a ovelha ferida e faminta. Tudo isso acontece numa Igreja sinodal, onde o Papa Francisco reclama protagonismo feminino, pudendo “expressar melhor o seu lugar próprio”. O Documento Final do Sínodo, que o Papa assumiu, pede a criação do ministério de “mulher dirigente da comunidade“, e junto com isso “o Motu Propio de São Paulo VI, Ministeria quaedam, para que também mulheres adequadamente formadas e preparadas possam receber os ministérios do Leitorado e do Acolitado“, algo que já foi assumido no Motu Proprio “Spiritus Domini”, promulgado na última Festa do Batismo do Senhor, onde se reconhece o acesso das mulheres ao ministério instituído do leitorado e acolitado. O Santo Padre já tinha advertido essa possibilidade em Querida Amazônia, onde disse que “convém recordar que tais serviços implicam uma estabilidade, um reconhecimento público e um envio por parte do bispo. Daqui resulta também que as mulheres tenham uma incidência real e efetiva na organização, nas decisões mais importantes e na guia das comunidades”. Reconhecer essa Igreja pastoreada por mulheres, bem pastoreada, é fazer justiça com a história e abrir novos caminhos de futuro para a Igreja na Amazônia, que foi um dos objetivos do Sínodo para a Amazônia. Não alimentemos polêmicas que dividem e enfrentar e sim tenhamos uma atitude de acolhida e reconhecimento para com tantas experiencias positivas, protagonizadas por mulheres, que tem ajudado a Igreja a perseverar e ser luz na vida dos povos amazônicos. Que as boas pastoras que deram a vida pelos povos continuem nos inspirando e conduzindo nos caminhos de Deus. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O 58º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

«São José: o sonho da vocação»   Queridos irmãos e irmãs! No dia 8 de dezembro passado, teve início o Ano especial dedicado a São José, por ocasião do 150º aniversário da declaração dele como Padroeiro da Igreja universal (cf. Decreto da Penitenciaria Apostólica, 8 de dezembro de 2020). Da parte minha, escrevi a carta apostólica Patris corde, com o objetivo de «aumentar o amor por este grande Santo» (concl.). Trata-se realmente duma figura extraordinária e, ao mesmo tempo, «tão próxima da condição humana de cada um de nós» (introd.). São José não sobressaía, não estava dotado de particulares carismas, não se apresentava especial aos olhos de quem se cruzava com ele. Não era famoso, nem se fazia notar: dele, os Evangelhos não transcrevem uma palavra sequer. Contudo, através da sua vida normal, realizou algo de extraordinário aos olhos de Deus. Deus vê o coração (cf. 1 Sam 16, 7) e, em São José, reconheceu um coração de pai, capaz de dar e gerar vida no dia a dia. É isto mesmo que as vocações tendem a fazer: gerar e regenerar vidas todos os dias. O Senhor deseja moldar corações de pais, corações de mães: corações abertos, capazes de grandes ímpetos, generosos na doação, compassivos para consolar as angústias e firmes para fortalecer as esperanças. Disto mesmo têm necessidade o sacerdócio e a vida consagrada, particularmente nos dias de hoje, nestes tempos marcados por fragilidades e tribulações devidas também à pandemia que tem suscitado incertezas e medos sobre o futuro e o próprio sentido da vida. São José vem em nossa ajuda com a sua mansidão, como Santo ao pé da porta; simultaneamente pode, com o seu forte testemunho, guiar-nos no caminho. A vida de São José sugere-nos três palavras-chave para a vocação de cada um. A primeira é sonho. Todos sonham realizar-se na vida. E é justo nutrir aspirações grandes, expectativas altas, que objetivos efémeros como o sucesso, a riqueza e a diversão não conseguem satisfazer. Realmente, se pedíssemos às pessoas para traduzirem numa só palavra o sonho da sua vida, não seria difícil imaginar a resposta: «amor». É o amor que dá sentido à vida, porque revela o seu mistério. Pois só se tem a vida que se dá, só se possui de verdade a vida que se doa plenamente. A este propósito, muito nos tem a dizer São José, pois, através dos sonhos que Deus lhe inspirou, fez da sua existência um dom. Os Evangelhos falam de quatro sonhos (cf. Mt 1, 20; 2, 13.19.22). Apesar de serem chamadas divinas, não eram fáceis de acolher. Depois de cada um dos sonhos, José teve de alterar os seus planos e entrar em jogo para executar os misteriosos projetos de Deus, sacrificando os próprios. Confiou plenamente. Podemos perguntar-nos: «Que era um sonho noturno, para o seguir com tanta confiança?» Por mais atenção que se lhe pudesse prestar na antiguidade, valia sempre muito pouco quando comparado com a realidade concreta da vida. Todavia São José deixou-se guiar decididamente pelos sonhos. Porquê? Porque o seu coração estava orientado para Deus, estava já predisposto para Ele. Para o seu vigilante «ouvido interior» era suficiente um pequeno sinal para reconhecer a voz divina. O mesmo se passa com a nossa vocação: Deus não gosta de Se revelar de forma espetacular, forçando a nossa liberdade. Transmite-nos os seus projetos com mansidão; não nos ofusca com visões esplendorosas, mas dirige-Se delicadamente à nossa interioridade, entrando no nosso íntimo e falando-nos através dos nossos pensamentos e sentimentos. E assim nos propõe, como fez com São José, metas elevadas e surpreendentes. Na realidade, os sonhos introduziram José em aventuras que nunca teria imaginado. O primeiro perturbou o seu noivado, mas tornou-o pai do Messias; o segundo fê-lo fugir para o Egito, mas salvou a vida da sua família. Depois do terceiro, que ordenava o regresso à pátria, vem o quarto que o levou a mudar os planos, fazendo-o seguir para Nazaré, onde precisamente Jesus havia de começar o anúncio do Reino de Deus. Por conseguinte, em todos estes transtornos, revelou-se vitoriosa a coragem de seguir a vontade de Deus. Assim acontece na vocação: a chamada divina impele sempre a sair, a dar-se, a ir mais além. Não há fé sem risco. Só abandonando-se confiadamente à graça, deixando de lado os próprios programas e comodidades, é que se diz verdadeiramente «sim» a Deus. E cada «sim» produz fruto, porque adere a um desígnio maior, do qual entrevemos apenas alguns detalhes, mas que o Artista divino conhece e desenvolve para fazer de cada vida uma obra-prima. Neste sentido, São José constitui um ícone exemplar do acolhimento dos projetos de Deus. Trata-se, porém, de um acolhimento ativo, nunca de abdicação nem capitulação; ele «não é um homem resignado passivamente. O seu protagonismo é corajoso e forte» (Carta ap. Patris corde, 4). Que ele ajude a todos, sobretudo aos jovens em discernimento, a realizar os sonhos que Deus tem para cada um; inspire a corajosa intrepidez de dizer «sim» ao Senhor, que sempre surpreende e nunca desilude! Uma segunda palavra marca o itinerário de São José e da vocação: serviço. Dos Evangelhos, resulta como ele viveu em tudo para os outros e nunca para si mesmo. O Povo santo de Deus chama-lhe castíssimo esposo, desvendando assim a sua capacidade de amar sem nada reservar para si próprio. Libertando o amor de qualquer posse, abriu-se realmente a um serviço ainda mais fecundo: o seu cuidado amoroso atravessou as gerações, a sua custódia solícita tornou-o patrono da Igreja. Ele que soube encarnar o sentido oblativo da vida, é também patrono da boa-morte. Contudo o seu serviço e os seus sacrifícios só foram possíveis, porque sustentados por um amor maior: «Toda a verdadeira vocação nasce do dom de si mesmo, que é a maturação do simples sacrifício. Mesmo no sacerdócio e na vida consagrada, requer-se este género de maturidade. Quando uma vocação matrimonial, celibatária ou virginal não chega à maturação do dom de si mesmo, detendo-se apenas na lógica do sacrifício, então, em vez de significar a beleza e a alegria do amor, corre o risco de exprimir infelicidade,…
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