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Dia: 6 de maio de 2021

Un coração de mãe, cuidado que preserva a vida

Se tem alguém que sabe cuidar, essas são as mães. Num tempo em que o cuidado se tornou uma urgência, em que o descuido para com a vida tem provocado gravíssimas consequências, comemorar o Dia das Mães tem que nos levar a descobrir com elas como é que a gente pode cuidar melhor dos outros. O sentimento de preocupação com o bem estar dos filhos, mas também dos outros, é algo muito presente na vida de quem é mãe, mas também de quem tem sentimentos maternais, uma atitude que vai além do fato de ter gerado um filho. Uma mãe sofre quando vê que o filho passa por momentos de dificuldade e tenta encontrar o melhor caminho para que essa situação possa ser superada. As vezes carrega no colo, outras puxa a orelha, dá um conselho, ou simplesmente escuta e dá a entender que está com ele, do seu lado. A explicação de tudo isso está no amor, um sentimento que inclusive faz parte do linguajar da gente, que diante de uma expressão sublime de amor, diz que isso é amor de mãe. As mães são a melhor concreção do amor de Deus, aquele a quem a gente chama de Pai, mas que seria mais acertado chamar de Mãe, pois do mesmo modo em que ninguém ama igual uma mãe, também ninguém ama igual Deus. O que fazer para aprender a amar com um coração de mãe? Como aprofundar nas atitudes que nos levam a cuidar dos outros de um jeito único? Como fazer realidade no meio de nós a necessidade de promover o cuidado como atitude fundamental na vida da humanidade? Como sentir a necessidade de cuidar de verdade, mesmo que isso nos leve a perder o sono? O significado das comemorações não está na aparência e sim naquilo que esses momentos representam na vida da gente. Comemorar o Dia das Mães só com presentes grandiosos, nos afasta do significado fundamental de um dia importante na vida das famílias, mas sobretudo na vida da grande família humana, essa que nos leva a ter um sentimento de fraternidade que vai além dos laços de sangue, e que nos faz descobrir que há pessoas que tem sentimentos maternais, sentimentos de amor e de cuidado para com a gente. Descobrir quem é mãe para com a gente e aprender a ter esses sentimentos e atitudes de mãe, tem que ser um desafio cada vez maior, a ser enfrentando por todos, se de verdade queremos superar as crises que hoje estão colocando nossa vida em xeque. Esse cuidado que preserva a vida é uma atitude inadiável, que deveria ser assumida por todos e todas. Não entrar nessa dinâmica faz com que o mundo seja cada vez pior, com que o enfrentamento que divide se torne cada vez mais presente, com que a morte se instale como realidade cada vez mais difícil de superar. Apostemos na vida, no cuidado, aprendamos a ter um coração de mãe, também a gente, que não é mãe, mas que pode ir assumindo, mesmo em pequenas doses, o que significa fazer visível na vida dos outros um amor de mãe. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1-Editorial Rádio Rio Mar

Dom Leonardo propõe a misericórdia como caminho pastoral: “Quando nós vamos juntos ao encontro dos pobres, nossas divisões desaparecem”

Desafios e perspectivas para a pastoral no Brasil hoje, foi o tema abordado por Dom Leonardo Ulrich Steiner dentro da dinâmica do I Congresso Brasileiro de Teologia Pastoral, que acontece virtualmente de 3 a 6 de maio, com o tema Discernir a pastoral em tempos de crise: realidade, desafios, tarefas. Sabendo que os desafios são muitos e as perspectivas esperançosas, o arcebispo de Manaus começava refletindo sobre a fé, que “é a fidelidade do amor de Deus em Jesus Cristo, a fidelidade que é própria de Deus”, que se faz presente na vida da humanidade de diferentes modos, afirmando que “não é nós tenhamos a fé, é a fé que tem a nós”.   Ao falar sobre evangelização e pastoral, as vê “como duas palavras que guardam buscas e propõem dinâmicas do ser Igreja”, mas sabendo que tem suas diferenças. Se trata de “assumir a missão que Jesus nos confiou”, e seguindo o proposto pelo Papa Paulo VI em Evangelii Nuntuandi, descobrir que “a finalidade da evangelização é esta mudança interior, converter ao mesmo tempo a consciência pessoal e coletiva dos homens”. Ele destacava a importância do conteúdo e dos meios, e que a partir do Documento de Aparecida, a evangelização se abre aos conceitos de discipulado e de missionariedade. Para a compreensão do Concilio Vaticano II a pastoralidade é um elemento fundamental, segundo Dom Leonardo Steiner, que refletia sobre o conceito de pastor, “aquele que apascenta”, o que o levava a apresentar a pastoral “como dinâmica do cuidado, do cultivo do dom recebido”, tendo como referência a Jesus Bom Pastor, que veio para servir e dar a vida. Segundo o arcebispo de Manaus, “podemos falar da pastoral como a totalidade das ações da Igreja, não como uma soma de ações justapostas, mas aquela perspectiva da mediação em Cristo e da sua redenção a partir do processo encarnatório, do qual a Igreja participa”. “A Igreja no Brasil tem percorrido um rico caminho de reflexão na busca do planejamento da pastoral”, afirmava Dom Leonardo, que fazia uma análise das Diretrizes para a Ação Evangelizadora e dos documentos surgidos a partir delas, na última década, inspirados no Documento de Aparecida e no Magistério do Papa Francisco. As atuais diretrizes tentam responder à cultura urbana, presente além das cidades, e foram pensadas a partir da missionariedade, sendo sustentadas em quatro pilares. Ele destaca como fundamental nessas diretrizes o estado permanente de missão, a Palavra e a Iniciação à Vida Cristã, colocando como exemplo a iniciação do povo Xavante. Reconhecendo a existência de muitos desafios para a pastoral no Brasil, fazia uma analise sobre o modo da ciência e da técnica, determinado pelo cálculo e o resultado, que torna tudo um objeto, inclusive o homem e Deus. O tornar absoluto o empírico, “coloca em questão o modo de existir humano, a própria existência de Deus”, insistia Dom Leonardo Steiner. Ele abordava a tensão entre o pensamento calculante e o pensamento reflexivo. Junto com isso, o arcebispo abordava a questão, ao seu modo de ver importante, das figuras de Deus, “nós vivemos de figuras, não de imagens”, afirmando que se permanecemos na figura de Deus, “criamos um ídolo e nos relacionamos com um ídolo, vivemos de uma ideologia religiosa”. Dom Leonardo denunciava que “hoje temos uma figura que não corresponde ao Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, nem a Jesus Cristo, somos cheios de milagres, de promessas, de curas, de dinheiro, de compra e venda”.  Ele também abordava algo que considera uma questão fundamental para a pastoral, que é a morte de Deus, um desafio colocado por Nietzsche, que hoje se faz presente no que chamamos de pós-moderno, de mudança de época, na insistência do cuidado de se mesmo, numa vida que não transcende mais, coisificada, o existir humano sem perspectiva de Mistério. Ao falar sobre o anúncio, afirmava que “existe uma segurança relacional que faz anunciar mais o moralismo que o Reino de Deus”. Em referência aos meios de comunicação destacava a forte influência dos meios de comunicação católicos, o que leva os fieis a esquecer o Concilio Vaticano II ou defender certas opções políticas, insistindo no desafio de “ajudar esses meios preciosos para estarem ao serviço do Evangelho da libertação”. O arcebispo insistia na presença da Igreja nas periferias geográficas e existenciais, nas universidades, no mundo intelectual, no mundo da cultura, do esporte, da política, da justiça, afirmando que “estamos entregando as nossas periferias, o nosso interior às igrejas neopentecostais”, que leva a uma exploração econômica, psíquica, espiritual. A sinodalidade é atingida pela tensão entre a Igreja e as igrejas particulares. Essa sinodalidade se faz presente em diversas expressões, pedindo uma maior participação do Povo de Deus na construção das Diretrizes para a Ação Evangelizadora. Também abordava a questão das agressões à mãe Terra, cada vez mais dominada pela mentalidade calculante, que despreza o valor da natureza o dos povos indígenas que a cuidam, considerados de segunda categoria. A formação do clero, vida religiosa, dos leigos e leigas é um grande desafio, “para que possam dar as rações da própria esperança”. Entre as perspectivas, citava a Palavra de Deus, como alimento e horizonte, vendo a necessidade de aprofundar na hermenêutica, que ajude a não ver a Palavra de Deus “como um livro de normas”, um tema presente na última assembleia da CNBB. Se faz necessário refletir sobre a celebração da Palavra nas comunidades, buscando elementos de inculturação. Também falta muito por avançar na dinâmica da Iniciação à Vida Cristã e na dinâmica de autonomia das comunidades e da presença estável da Igreja nas comunidades distantes do interior, reconhecendo as culturas indígenas. Ao mesmo tempo insistia na necessidade de valorizar as expressões da religiosidade popular, que define como lugar teológico e eclesial. Os ministérios conferidos aos leigos, uma reflexão presente em Querida Amazônia, que ajudem a ter uma Igreja marcadamente laical, afirmando que “os desafios da Amazônia, exigem da Igreja um esforço para conseguir ser uma presença capilar”, algo só possível com a ajuda dos leigos, que precisam de formação. Outro desafio é…
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