Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Dia: 16 de maio de 2021

Duas religiosas no combate ao coronavírus no Amazonas: “Deus vindo ao encontro de suas ovelhas cansadas e doentes”

A Igreja do Brasil tem sido instrumento de solidariedade durante a pandemia da Covid-19. São muitos os sinais que deixaram transparecer uma Igreja samaritana, disposta a cuidar as feridas daqueles que estão jogados na beira do caminho. Essa solidariedade tem se manifestado também na Amazônia, onde além da ajuda material, vários missionários e missionárias tem dedicado seu tempo a ajudar o povo, tradicionalmente sofrido, ainda mais neste tempo de pandemia. Enviadas pela Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB, com o apoio de suas congregações, as irmãs Marilde Inês Guarnieri e Lucisnei Rojas Dorado, tem ajudado durante três meses na cidade de São Paulo de Olivença, diocese de Alto Solimões. Elas mesmas definem este tempo como “uma experiência missionária como voluntárias para a vida”. Segundo o seu próprio relato, “há três meses ouvimos o chamado repentino vindo através dos superiores de nossa Congregação e da CRB. Chamado este que ecoou em nosso coração como um grito de socorro para estender nossa mão solidária aos nossos irmãos e irmãs de uma certa região no Amazonas, que estavam sofrendo consequências graves da pandemia da Covid-19”. Quando chegaram em São Paulo de Olivença, o Estado do Amazonas passava por uma situação muito grave, com um número alto e crescente de pessoas infectadas e um alto índice de internações hospitalares, mortes e sequelados. As religiosas contam que naquele tempo, tinha “famílias inteiras comprometidas com este mal”. Elas dizem que “nos sentimos na obrigação em responder, e mesmo sem saber ao certo para onde, e o que deveríamos fazer e sem muito tempo para nos organizar, num ‘Seja o que Deus quiser‘ nos colocamos a disposição e a caminho rumo ao encontro desta realidade”. As irmãs contam que “no dia 13 de fevereiro chegamos em Tabatinga-AM, no aeroporto fomos recebidas por Dom Adolfo que de longe nos acenava e com alegria veio ao nosso encontro, nos abençoando com o sinal da Cruz da cabeça aos pés, não com água benta, mas, com um frasco de álcool em gel em suas mãos, demonstrando a necessidade do cuidado e alegria: exigências fundamentais para o ser missionária neste tempo”. De Tabatinga, sede da diocese de Alto Solimões, as religiosas se deslocaram, no dia 14 de fevereiro, para São Paulo de Olivença, onde foram acolhidas, debaixo de chuva, como elas dizem, pelo padre Marcelo, sendo conduzidas até a casa das irmãs Cordimarianas, “que nos acolheram com carinho”. Segundo as religiosas, “tudo estava organizado, e convivemos fraternalmente durante esse período”. Aos poucos, junto com o padre Marcelo, foram conhecendo a cidade e a realidade do município, onde vivem os povos indígenas Tikuna, Cambeba e Kokama, além de manauaras, peruanos e colombianos. Também conheceram as comunidades da Paróquia. Tudo isso fez com que “aos poucos fossemos conhecendo e nos inserindo nesta realidade de dor e sofrimento que o mundo inteiro está enfrentando”, afirmam as irmãs. Este tempo coincidiu com o tempo litúrgico da Quaresma, Semana Santa, Paixão, Morte e Ressureição de Jesus, contam as religiosas, “onde vivenciamos mais forte o sofrimento de Cristo encarnado neste chão, evidenciado ao contexto de pandemia e o descaso político social bem conhecido por todos”. Em seu relato, elas destacam que “o silêncio imposto pelo isolamento social fazia notável em qualquer espaço desta cidade, um grito abafado de dor e medo diante das perdas de pessoas próximas e queridas, e o medo do desconhecido que poderia chegar a qualquer momento, para qualquer pessoa”. As religiosas dizem que “atuamos diretamente na linha de frente no combate do coronavírus, na assistência hospitalar e na equipe de monitoramento domiciliar do município, auxiliando as equipes que vinham desgastadas pela sobrecarga no cumprimento de horários e funções. Muitos deles foram contaminados pelo vírus da Covid-19, foram internados, uma colega enfermeira que estava na luta contra a Covid-19 veio a óbito, e muitos deles perderam seus familiares”. Mesmo assim, elas destacam que se trata de “uma equipe incansável no combate deste mal, junto a eles compartilhamos momentos de dor e morte, mas também a alegria pelas vidas estabilizadas e recuperadas”. Neste tempo de missão, as irmãs insistem em que “sentimos forte a presença de Deus vindo ao encontro de suas ovelhas cansadas e doentes, Deus que na sua misericórdia e graça se manifestou e nos acompanhou todos estes dias”. Tem sido um tempo para agradecer por tantos gestos bonito de solidariedade, “de pessoas e instituições sensíveis e que tomaram a iniciativa e decisão de ajudar fazendo campanha para adquirir materiais e equipamentos de proteção individual para tornar viável as ações necessárias”.  A experiência vivida pelas religiosas, tem as mostrado que “juntos podemos contribuir concretamente para o Reino no cuidado com a vida”. Elas relatam que “as vacinas foram chegando e graças ao empenho de todos, hoje estamos com números bem reduzidos de infectados”. Isso tem feito com que aos poucos, as atividades no município de São Paulo de Olivença estão sendo recomeçadas. Finalmente, a irmã Marilde e a irmã Lucisnei dizer ser “gratas a Deus por sermos escolhidas e poder contribuir com este projeto”. Por isso ela agradecem, “nosso muito obrigada as nossas Congregações: Irmãzinhas da Imaculada Conceição e Irmãs Franciscanas de Cristo Rei, CRB, REPAM, Dom Adolfo, Padre Marcelo e irmãs Cordimarianas. Gratidão. Paz e Bem”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Mol: “Na Igreja do Brasil, a comunicação, ela não deve ser neutra”

Com motivo do 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, entrevistamos Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB. O bispo auxiliar de Belo Horizonte – MG, analisa a mensagem do Papa Francisco para este dia, afirmando que “não dá para fazer comunicação, e ainda mais comunicação da Igreja, do gabinete, do escritório, porque a comunicação não é ajuntamento de informações pura e simplesmente”. A comunicação “não deve ser neutra”, segundo Dom Mol, destacando a coragem de muitos jornalistas “para fazer uma reportagem que vai gerar consciência nova”. O bispo, colocando como exemplo o Papa Francisco, insiste na necessidade de ser “destemidos naquilo que falamos, nos valores que pregamos, que nascem do Evangelho, da pessoa de Jesus”. Ele defende a necessidade de a Igreja investir mais em comunicação e adverte “que não podem ser chamados de católicos aqueles que praticam” as insidias na comunicação, inclusive contra o Papa Francisco. Se faz necessário na comunicação da Igreja, segundo Dom Mol, cuidar das linguagens, estar em comunhão com a Igreja, estar comprometida, libertar e não ser passiva. Diante do 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa Francisco faz um chamado a comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são. O que isso significa para a comunicação da Igreja? Eu acho uma intuição do Papa Francisco muito interessante e muito contemporânea, ou seja, é uma exigência do tempo de hoje. Não dá para fazer comunicação, e ainda mais comunicação da Igreja, do gabinete, do escritório, porque a comunicação não é ajuntamento de informações pura e simplesmente. A comunicação, ela tem a exigência do estabelecimento de uma relação com o outro. Por isso que o Papa Francisco, acho que de uma maneira muito perspicaz, ele diz que a gente precisa ir. Vem e verás, tem que ir, e ir ao encontro das pessoas. Neste encontro é que a gente retira a informação, os dados. Precisamos entender que é uma intuição muito bonita, de um encontro que acontece quando a gente vai para ver, encontro de pessoa com pessoa, é que a gente então faz comunicação, e a partir da comunicação a gente também informa a toda a sociedade. Na mensagem do Papa Francisco, ele agradece a coragem de muitos jornalistas que assumindo essa coragem de ir ao encontro, eles ajudam a dar a conhecer os abusos e injustiças contra os pobres e contra a criação. Como isso deveria ser plasmado, se é que ainda não está sendo, na comunicação da Igreja, sobretudo no Brasil? Isso deve ser plasmado na Igreja do Brasil, principalmente, por um esforço que precisa ser feito, um esforço de compreensão de que a comunicação, ela não deve ser, e isso pode provocar estranhamento, não deve ser neutra. A comunicação neutra, que muitas pessoas buscam fazer, é uma comunicação que, pretensiosamente sem lado algum, acaba se posicionando em favor do lado de quem tem mais poder, poder político, poder econômico e tudo e qualquer tipo de poder, inclusive religioso. Para plasmar isso dentro da prática eclesial brasileira, é preciso entender que a comunicação tem que ser comprometida, um compromisso com a outra pessoa, um compromisso com a possibilidade, que precisa inclusive ser alimentada pela própria comunicação, de uma nova sociedade, não uma sociedade com remendos, em que fica tudo mais ou menos como está, mas é uma outra sociedade possível. Eu gosto muito de um pensador dos Camarões, negro, historiador, filósofo, Achille Mbembe. Ele diz que a era do humanismo acabou, e por que que acabou, porque nada indica que o poder, por exemplo, dos Estados Unidos sobre outros muitos países, vai arrefecer, que em muitos países, a perseguição e a morte dos negros vão cessar. O humanismo acabou porque a faixa de Gaza é a maior prisão a céu aberto que existe no mundo. O humanismo acabou porque a fome aumenta, porque a desigualdade vai se tornando cada vez pior, ou seja, mais gente pobre, sem recursos para poder se defender e viver dignamente, enquanto uma minoria, cada vez menor no mundo, cada vez tem mais. Aí vai uma indicação muito interessante do Thomas Piketty, que escreveu “O Capital do Século XXI”, onde fez uma análise do imposto de renda em vários países, onde diz que a desigualdade alcançou um patamar que dificilmente se consegue agora resolver. A comunicação, ela não pode existir de forma neutra, a comunicação precisa ser comprometida com a possibilidade de uma nova sociedade. Por isso, o Papa elegia muitos jornalistas, a mensagem do Papa usa a palavra muitos jornalistas, não são todos, pois tem jornalistas que estão aí para manter o status quo, e são famosos, ganham muito dinheiro com o jornalismo, mas não estão ao serviço disso que o Papa diz. Acho interessante que ele cita outros profissionais da comunicação, operadores de câmera, editores, cineastas, que trabalham, sofrem grandes riscos inclusive, e que estão ali para melhorar a sociedade, defender a condição humana, mostrar as desigualdades, defender o direito dos pobres, os direitos humanos, e assim por diante. Há muitos jornalistas que fazem isso, e fazem com competência, e fazem com muito amor, porque inclusive, de fato, se arriscam muitas vezes, para fazer uma reportagem que vai gerar consciência nova. Também nós precisamos, junto com o Papa, agradecer a coragem de muitos jornalistas.  O senhor fala que não dá para fazer uma comunicação sem compromisso. Poderíamos dizer que o Papa Francisco é alguém que nas suas palavras sempre mostra o caminho a seguir, e geralmente não deixa ninguém indiferente, recebendo elogios e ataques, muitas vezes despiedados. Como o exemplo do Papa Francisco deveria se fazer presente na vida dos jornalistas, dos comunicadores, mas também na vida de todos os batizados, da hierarquia, dos bispos, que muitas vezes são os mais escutados dentro da Igreja? A gente precisa rever nossa maneira de seguir a Jesus. A questão de sermos, a exemplo do Papa Francisco, destemidos naquilo que falamos, nos valores que pregamos, que nascem do Evangelho, da pessoa de…
Leia mais

Numa sociedade dividida, agressiva, cheia de mentiras, Dom Leonardo incentiva os comunicadores a ser palavra de esperança, comunhão e amor

Foto: reprodução Facebook Catedral Nossa Senhora da Conceição A Arquidiocese de Manaus comemorava neste domingo, 16 de maio, o Dia Mundial das Comunicações Sociais. A Eucaristia celebrada na Catedral Metropolitana, onde se fez presente uma representatividade dos agentes da Pastoral da Comunicação da Arquidiocese, das paroquias, áreas missionárias e comunidades, foi momento para que Dom Leonardo Steiner agradecesse o trabalho por eles realizado, especialmente neste tempo de pandemia, em que tanto tem ajudado a fazer presente a caminhada da Igreja na vida do povo. Em sua homilia, o arcebispo de Manaus lembrava a “mensagem significativa” enviada pelo Papa Francisco com motivo do 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, onde nos lembra o texto do Evangelho de João, “Vem e verás”, assim como o tema deste ano: “Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”. Dom Leonardo recordava que o Papa Francisco, “ele insiste na necessidade de a comunicação, mas a comunicação que busca a verdade encontrando as pessoas, histórias, situações concretas”. Não podemos esquecer que a comunicação é chamada a “buscar situações sociais de desgoverno, mas também as belezas transformativas da sociedade”. Segundo Dom Leonardo Steiner, “para tal, faz-se necessário encontrar pessoas, histórias, verificar com os próprios olhos as situações das pessoas, das comunidades”. Nesse sentido, o arcebispo enfatizava que “não são notícias criadas, inverdades, mas são realidade experimentadas, comunicadas, para que todos nós possamos participar da verdade, da harmonia, da injustiça, da verdade”. O modelo de comunicador, segundo Dom Leonardo, está no próprio Jesus, incentivando “a todas as pessoas que servem nos meios de comunicação a serem sempre um sinal de esperança, uma palavra de esperança, uma palavra de comunhão, uma palavra de amor”. O arcebispo afirmava que “a nossa sociedade está tão dividida, está tão agressiva, está tão cheia de mentiras, há necessidade de nós comunicarmos belezas, buscarmos comunicar tudo aquilo que Jesus nos ensinou, mas é claro, não podemos deixar de denunciar aquilo que não está conforme à dignidade da nossa humanidade”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Pequenas ações que tem impacto significativo nas comunidades

Com recursos recebidos do Fundo de Solidariedade, o Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, com a parceria de diferentes instituições, distribuiu cestas básicas e kits de higiene entre a população vulnerável. Neste sábado, 15 de maio, dentro das atividades da Rede um Grito pela Vida, as Irmãs do Imaculado de Maria, de Manaus, distribuíram 72 cestas básicas e 72 kits de higiene na comunidade Ribeirinha do Abelha, no Tarumã. O transporte das doações contou com a contribuição de lideranças da comunidade, que se deslocaram em pequenas lanchas até o porto da Marina do Davi, em Manaus, ajudando no transporte até a comunidade. Trata-se de uma comunidade onde a Rede Um Grito Pela Vida, já realizou um trabalho de prevenção às violências, abuso, exploração sexual e tráfico de pessoas, algo que tem sido feito nas diversas comunidades daquela região, devido a realidade de vulnerabilidade das crianças, adolescentes e juventudes. Por ser uma área de turismo, é necessário fazer um trabalho permanente de prevenção. Neste sábado, antes da entrega das doações foram realizadas duas rodas de conversa nos dois portos da comunidade. Em cada roda de conversa foi falado sobre a partilha que a CNBB através do Fundo de Solidariedade tem realizado neste tempo de pandemia da Covid-19, em parceria com a Rede Um Grito Pela Vida e as Irmãs do Imaculado Coração de Maria. Também foi dialogado sobre os cuidados permanente que a comunidade deve ter em relação ao contágio pelo coronavírus. Logo em seguida foi abordado o tema do 18 de maio, sobre o cuidado e proteção de crianças e adolescentes com relação ao abuso e exploração sexual, informando a comunidade sobre os cuidados e como procurar ajuda quando sabem que alguém está sendo violado em sua dignidade. Muitas famílias perderam o emprego por conta da Covid-19 e se encontram adoecidas pelo contagio do vírus, sem condições de buscar trabalho. São mais de 200 famílias na comunidade do Abelha, muitas vivem do bolsa família. São catraieiros, e os que conseguem emprego trabalham em Manaus. Com a cheia do rio, dificulta a pesca, que para muitos é o modo de sobrevivência. É gratificante ver como as famílias recebem agradecidas as cestas básicas, partilham a realidade de dor e sofrimento causado pela fome, falta de saúde básica e condições dignas de sobrevivência, pelo desemprego e falta de oportunidade para as juventudes. São comunidades onde muitos jovens são envolvidos na droga e alcoolismo. Junto com isso, é visível a desnutrição das crianças. Um dos moradores da comunidade, o senhor Raimundo Gomes, agradecia “pela grande ajuda que nos deram trazendo aqui, na nossa mesa, esse alimento”. Ele diz ter ficado “muito feliz por ter algo para comer e por saber que vai ter alguma coisa a mais na mesa de cada um da comunidade”. São pequenas ações, mas tem um impacto significativo nas comunidades. Irmãs do Imaculado Coração de Maria, Manaus