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Dia: 11 de junho de 2021

Ter um coração semelhante a Jesus e Maria para superar a violência

“Jesus manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso”. Essa é uma das jaculatórias que o povo reza ao Sagrado Coração de Jesus, festa que é comemorada nesta sexta-feira. A pergunta que deveria surgir em nosso interior, no coração de cada um e cada uma dos batizados e batizadas, é aquela que nos leva e a encontrar no coração de Jesus os caminhos que ajudam a superar a violência. Diante da violência cada vez mais presente no meio de nós, de uma sociedade que perdeu o controle social, onde alguns querem impor a própria lei, somos chamados a refletir. No final das contas a nossa oração, quando não e traduzida em atitudes concretas, pode se tornar alienada. Reconhecer nossas virtudes e defeitos, ter os pés no chão, sermos humildes, é caminho para assumir a mansidão como estilo de vida. Ser manso é uma atitude que ajuda aqueles que temos em volta a entender a vida desde uma perspectiva diferente. Os sentimentos coletivos é algo a ser construído entre todos. Como cristãos não podemos deixar que a violência se imponha como algo assumido como normal e que não pode ser evitado. Para um cristão, dizer não a todas as manifestações de violência é uma consequência prática de sua fé. A Solenidade do Coração de Jesus está unida na liturgia católica à festa do Imaculado Coração de Maria. São dois corações que batem ao uníssono, o que deve ser um chamado a bater em harmonia com eles, a espalhar sentimentos que deixem para trás um clima de enfrentamento, de ódio, muitas vezes impulsado por aqueles que deveriam promover a paz e a fraternidade entre as pessoas e os povos. Enquanto o Coração de Jesus e de Maria provocam sentimentos de alegria, de ternura, aqueles que promovem a violência, geram sentimentos de medo. Quando a gente tem medo procura ficar distante e vê os outros como inimigos dos quais temos que nos defender, a qualquer preço, inclusive utilizando e justificando métodos violentos, que acabam gerando uma violência ainda maior. Como é o nosso discurso? Como a gente se relaciona com outros, também com aqueles que encontra por acaso? Qual é a nossa reação diante daqueles que são violentos, que promovem a violência? Quais são os passos que a gente dá para superar essas situações de violência com as que a gente se depara? As perguntas sempre nos levam a procurar respostas, a encontrar caminhos que ajudam, a nós e aos outros, a superar situações que nos desagradam. De cada um e cada uma de nós depende fazer realidade um mundo melhor para todos e todas, onde os sentimentos do Coração de Jesus e Maria não seja algo que fica só na oração, só no plano do pensamento, e possa se transformar em novos jeitos de nos relacionarmos com os outros. Nunca esqueçamos que o nosso Deus, é um Deus encarnado, um Deus que não fica distante e sim que acompanha o cotidiano do seu povo. Os sentimentos sempre serão melhores quando a gente conseguir transforma-los em atitudes, em formas de entender a vida que superam toda situação de violência. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

A Igreja no mundo urbano: “fermento de fraternidade na cidade”

Como acontece toda primeira-quinta feira de cada mês, desta vez na segunda pela festa de Corpus Christi, celebrada quinta-feira passada, o webinar “Igreja no Brasil Painel” tem refletido neste 10 de junho sobre “A Igreja no mundo urbano e os desafios pastorais”. Conduzido por Dom Joaquim Mol, o encontro virtual contou com a presença do padre Francisco de Aquino Júnior, autor do livro “Pastoral Urbana: novos caminhos da Igreja no Brasil”, e o assessor das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) na Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da CNBB, o teólogo Celso Pinto Carias. Em maio de 2019 a 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), refletiu sobre a evangelização do mundo urbano, uma reflexão que faz parte das atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, para o quadriênio 2019-2023.  A temática também foi trabalhada no 14º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), realizado em 2018, em Londrina (PR). Segundo o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB o objetivo destes encontros virtuais mensais é “refletir e compartilhar assuntos e realidades importantes para a vida dos cristãos e cristãs, e para todos que de boa vontade, desejam ver e vivenciar a Igreja em saída para as periferias e também desejam ver e vivenciar um Brasil melhor, um outro Brasil possível”, insistindo em que “aqui nós trabalhamos à luz do Magistério do Papa Francisco e da CNBB. Assim vamos conectando, formando redes, de partilha de conhecimento, de fé, de boas práticas evangelizadoras, de boas práticas sociotransformadoras”. O mundo urbano é uma realidade muito presente no Brasil, pois 85% dos brasileiros vivem nas cidades. As cidades brasileiras sofrem cada vez mais as consequências do baixo crescimento econômico, do alto desemprego, segundo Dom Mol. Ele define o atual como “um tempo em que se recuou muito as políticas públicas e sociais determinadas pela receita do neoliberalismo e assumida pelo Governo Federal e por vários governos estaduais”. Tudo isso provoca, segundo o bispo auxiliar de Belo Horizonte que as cidades brasileiras sofram com a violência, a dificuldade na mobilidade, a especulação imobiliária, que tira os mais pobres dos lugares principais das cidades. O bispo se perguntava como ser Igreja nas periferias das cidades brasileiras, com seus impactos sociais, econômicos, ambientais, que gera exclusão social e degradação do meio ambiente. Dom Mol apresentava o padre Francisco Aquino Junior, como um dos maiores teólogos pastoralistas da Igreja do Brasil, e Celso Pinto Carias, teólogo leigo, assessor nacional das CEBs, homem experimentado na caminhada eclesial, cheio de esperança e confiante que devemos avançar no processo de comunitarização eclesial, porque não há Igreja sem comunidade, insistia o bispo. A revolução industrial marcou o crescimento das cidades, segundo Francisco Aquino Junior, tendo a desigualdade e a segregação como elementos que as definem. O modo de vida na cidade, vai se gestando baseada nos bens, nas relações entre as pessoas e a realização das pessoas nessas relações e na satisfação de suas necessidades. “Essa forma segregacionista de organização da cidade, ela repercute nas relações que as pessoas vão estabelecendo umas com as outras. Ela repercute nos valores e nas práticas que vão se tornando cotidianas na vida das pessoas, e ela repercute na realização ou frustração da vida humana”, insiste o teólogo. Ele se perguntava como entender a Igreja em meio disso, lembrando o número 41 das atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, onde diz que “é tarefa da Igreja fazer com que o Evangelho de Jesus Cristo chegue ao coração das pessoas, às estruturas sociais e às diversas culturas”. Aquino Junior lembra o princípio da fraternidade, uma ideia impulsada pelo Papa Francisco, que leve a “se relacionar de uma forma harmoniosa, saudável”, o que deve repercutir na cultua, algo “relevante no contexto que a gente está vivendo, de tanta tensão, de tanta polarização, de tanto ódio, de tanta aversão aos direitos humanos, de tanta guerra nas redes sociais, às vezes verdadeiras milicias digitais que vão tomando conta de nossas comunidades”. O papel da Igreja na cidade e fazer com que “o Evangelho chegue no coração das pessoas e interfira na sociedade, configure por dentro a cultura”, segundo o pastoralista, que citando Paulo VI insistia em que a evangelização não pode ser verniz. O caminho privilegiado para isso, segundo as Diretrizes, é a comunidade como lugar de vida fraterna, onde a gente sabe que não está sozinho, a comunidade como lugar de acolhida e de consolo, daqueles que vivem momentos de angustia e de desespero, a como fermento de fraternidade na cidade, colaborando no processo de democratização e as lutas por direitos. No coração da cidade a Igreja se constitui como lugar onde se aprende a viver como irmão e como fermento de fraternidade, resgatando e afirmando os valores fundamentais do Evangelho, a dignidade e a democratização da cidade, algo que vai fazer com que a Igreja se constitua como hospital de campanha, como casa de portas abertas, como fermento de transformação, segundo Aquino Junior.   Pensar a Igreja na cidade implica considerar as cidades concretas onde a gente está, com uma desigualdade profunda, que nega a grande parte da população as condições necessárias para uma vida digna, decente, o que gera tensão, violência e frustrações. Aquino Junior lembrava a insistência do Papa Francisco de que “no centro da fé cristã está a fraternidade”, a forma cristã de viver a filiação divina. Ele resumia o papel da Igreja na cidade em ser “comunidade em torno da Palavra, do Pão e da Caridade, com a missão de ser fermento de fraternidade, renovando a cidade a partir de dentro com a força do Evangelho”. Celso Pinto Carias também insistia em que não há uma preocupação do direito à cidade. Ele refletia a partir de exemplos concretos, lembrando uma conversa com Dom Sérgio Castriani, recentemente falecido, em que o então arcebispo de Manaus dizia saber muito bem como trabalhar nas comunidades ribeirinhas, mas que o grande desafio era Manaus, se questionando sobre o desafio de articular as…
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