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Dia: 23 de junho de 2021

Solidariedade da Diocese de Roraima pela morte da Ir. Telma, que fez de cada migrante “seu irmão mais próximo”

A diocese de Roraima emitiu uma nota de solidariedade pela morte da Ir. Telma Lage, que começa com uma frase da religiosa falecida: “Estar em missão é o melhor caminho de conversão”. A nota, assinada pelo bispo diocesano, Dom Mário Antônio da Silva, lembra a vida da Ir. Telma, nascida em Itabira, Minas Gerais, em 23 de fevereiro de 1972, relatando sua caminhada vocacional e missionária na Congregação das Religiosas Missionárias de Nossa Senhora das Dores. Depois de trabalhar na Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás, “em 2013, Ir. Telma Lage foi enviada em missão para a comunidade Nossa Senhora da Amazônia de Roraima”, relata a nota, que lembra que isso aconteceu em resposta a um pedido de Dom Roque Paloschi feito à Conferência dos Religiosos do Brasil. Segundo Dom Mário Antônio, “Irmã Telma era conhecida por sua firmeza, mas sobretudo por sua sensibilidade, de modo particular com os mais Pobres”. O bispo lembra que recentemente tinha sido eleita assessora da Pastoral da Juventude do Regional Norte 1, fazendo memória da sua sabedoria e dedicação na coordenação do Centro de Migrações e Direitos Humanos da Diocese de Roraima, “acolhendo os migrantes e provendo suas necessidades iniciais” e fazendo de cada migrante “seu irmão mais próximo, ao qual dedicou seu amor, sua ternura, seu tempo e sua vida”. “Sua vida destemida, simples e engajada é um sinal de profecia e esperança em uma sociedade individualista e desigual”, segundo o bispo de Roraima. Dom Mário Antônio pede que “seu testemunho brilhe para nós como um sinal eloquente do amor a Deus e aos irmãos”. Finalmente, em nome da diocese “agradece sua audácia, sua coragem, sua resistência, sua fidelidade, sua dedicação e sua perseverança”, pedindo a Deus que lhe dê o eterno descanso. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Irmã Telma Lage, a Covid-19 leva a defensora dos migrantes em Roraima

Faleceu na noite desta terça-feira, 22 de junho, no Hospital Geral de Roraima (HGR), a Ir. Telma Lage. A religiosa da Congregação das Missionárias de Nossa Senhora das Dores tinha 49 anos e trabalhava na diocese de Roraima desde o início de 2013. Atualmente, a Ir. Telma era Coordenadora do Centro de Migrações e Direitos Humanos da Diocese de Roraima, se tornando uma das grandes defensoras dos migrantes no Estado de Roraima, onde a chegada de venezuelanos tem sido constante nos últimos anos. Muitos consideram a religiosa falecida como a cara visível do grande trabalho que a diocese de Roraima faz com os migrantes, uma das grandes prioridades da Igreja local. Internada no HGR desde o dia 19 de junho, tinha sido intubada no segunda-feira, 21 de junho. Na noite da terça-feira, após duas paradas cardíacas não resistiu e veio a óbito. Pessoa muito conhecida no Estado de Roraima, tem sido muitas as homenagens recebidas nas últimas horas. Dentre elas, podemos citar aquela que dizem que “a Ir. Telma tinha um coração tão grande que podia acolher a muitas pessoas. Uma mulher sensível, lutadora pelos direitos dos outros e apaixonada pela missão”. Em mensagem postado nas redes sociais, o irmão Danilo Correia, coordenador das Pastorais Sociais da diocese de Roraima, expressava os sentimentos de muitos dos que trabalharam com a religiosa: “Irmã Telma, o teu grito é o nosso grito; a tua resistência é a nossa resistência; a tua luta é a nossa luta!”. O religioso Marista, continuo dizendo: “Amiga, irmã e companheira de vida religiosa consagrada, de equipe missionária, de área missionária, de missão, de Vida, que foi se tecendo a cada segundo, minuto… Num bate papo, numa mística, nos momentos de lazer, no curso de políticas públicas, na simbologia dos gritos dos excluídos e das excluídas, até desenhos animados, planejamos juntos e juntas”. O irmão Danilo ainda disse: “Aqui, continuamos a nossa caminhada na certeza de que você, aí do céu, nos braços do Pai, olha por nós, com aquela mesma sintonia e comunhão que construímos aqui. Fica aqui, o meu muito obrigado e a gratidão da comunidade marista, das pastorais sociais e da REPAM-RR. Um dia nos encontraremos…”. A Defensoria Pública do Estado de Roraima, em nota de solidariedade, mostrou as condolências diante da morte de alguem “empenhada pela resistência em favor dos empobrecidos e humilhados”. Segundo a nota, a Ir. Telma “contribuiu para que o racismo fosse combatido em todo lugar”, definindo-a como “pessoa alegre, dinâmica, sorridente, articulada, conselheira, missionária que ela foi”, uma pessoa “de um senso de justiça incomparável”. O sepultamento da Ir. Telma está previsto para 10:30 desta quarta-feira no Cemitério Nossa Sra. da Conceição, em Boa Vista (RR), com uma breve oração exequial presidida por Dom Mário Antônio da Silva, bispo de Roraima. Segundo informou a diocese de Roraima, “com motivo das disposições médico-sanitárias, não será possível celebrar a missa de corpo presente da nossa irmã Telma”. O cortejo vai percorrer diferentes comunidades da Área Missionária São Raimundo Nonato, de Boa Vista, onde a ir. Telma estava presente juntamente com a ir. Pedrina. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 Fotos: Reprodução Facebook

Prelazia de Tefé envia Dom Fernando, que “se manteve no meio de todos com a presença simples e misericordiosa”

A Prelazia de Tefé enviou na noite desta terça-feira, 22 de junho, Dom Fernando Barbosa para sua nova missão na diocese de Palmares (PE), onde foi nomeado como novo bispo pelo Papa Francisco no dia 9 de junho. Uma missa na Catedral de Santa Teresa, onde participou o clero da prelazia, junto com representantes das paróquias, comunidades, pastorais e movimentos, tem servido como momento de agradecimento pelos 7 anos de ministério episcopal na região amazônica. Também estavam presentes o vice-presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional, Dom Tadeu Canavarros, bispo auxiliar de Manaus, o secretário, Dom Zenildo Pereira da Silva, bispo da prelazia de Borba, e o secretário executivo, o diácono Francisco Lima. Na homilia, Dom Fernando disse estar “com o coração partido”, mas sabendo que “os pensamentos de Deus conduzem a missão”. O bispo eleito de Palmares afirmava que “foi aqui na Amazônia, junto com o nosso clero, que aprendi a ser um pastor”. Por isso, se disse agradecido pelo apoio, insistindo em que “aprendi com cada um, pastoral, grupo, movimento”. Em nome do Regional Norte 1, Dom Tadeu agradeceu a Dom Fernando pelo tempo de missão no Amazonas, “por estar em comunhão com as nossas nove Igrejas do nosso Regional Norte 1”, afirmando que “é índole da vocação sacerdotal ser missionário”. Segundo o vice-presidente do Regional, “para nós Igreja, evangelizar é missão, e isso significa tornar presente o Reino de Deus onde quer que estejamos”. Segundo o bispo auxiliar de Manaus, a colaboração de Dom Fernando foi muito importante, especialmente a partir do Sínodo para a Amazônia. Dom Tadeu assegurou a oração e amizade dos bispos do Regional, fruto da comunhão e sinodalidade, pedido a intercessão de Santa Teresa e São Vicente de Paulo. O clero, a través de seu coordenador, afirmava que “a pessoa do pastor é a segurança para nós, clero local”. Após entregar uma lembrança, foi destacada como uma das grandes qualidades de Dom Fernando, o fato dele “ser o parceiro, o companheiro, a pessoa amiga que sempre nos ouviu de igual para igual, sempre nos deu essa liberdade de conversar”. Desde a coordenação de pastoral, o episcopado de Dom Fernando Barbosa em Tefé foi definido como “tempo de partilha, de esperança, que motivou e segue motivando o Povo de Deus na vivência da fé”. Foram relatados alguns dos passos dados ao longo dos últimos 7 anos, “que fez alimentássemos o desejo de um Evangelho que liberta, incentiva e fortalece uma Igreja local missionária em saída, a favor de todos os povos”. Foi destacado que “o apoio no fortalecimento das pastorais, movimentos e organismos foi expressivo”, citando diferentes passos dados ao longo do episcopado de Dom Fernando, que mostrou “seu jeito de dar voz, vez e lugar aos leigos e leigas, fortalecendo uma Igreja de vários rostos”. Finalmente, desde a coordenação de pastoral foi enfatizado que “Dom Fernando se manteve no meio de todos com a presença simples e misericordiosa”. Após outras homenagens, no final da celebração, Dom Fernando Barbosa definia a celebração vivida como momento de gratidão à prelazia de Tefé, às autoridades, insistindo em que “nossa celebração de envio por este tempo de convivência com todos é o sinal da nossa união”, afirmando que “a Igreja, ela é missionária”. Dom Fernando se referiu à Prelazia de Tefé como “uma Igreja amazônica, missionária, cada vez mais fortalecida, de modo especial depois do Sínodo de 2019, Igreja de comunidades de base, movimentos, ministérios, uma Igreja de pastoral, uma Igreja fortalecida pelos nossos leigos e leigas”. Junto com isso destacava que “nosso empenho missionário é um empenho que possibilita a Prelazia caminhar com os seus pés”. Finalmente pedia ao povo da Prelazia que continuem a missão e acolham o novo bispo, para quem pedia orações desde já. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Economia de Francisco e Clara Regional Norte 1: necessária releitura histórica dos impactos coloniais nos territórios

O Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil se reunia neste último sábado para refletir sobre a Economia de Francisco e Clara. Trata-se de uma proposta do Papa Francisco, que surgiu para provocar a reflexão de jovens até 35 Anos que sonham, desejam dar alma a economia.  Estamos diante da possibilidade de uma “economia encarnada nas mais diversas sociedades, que inclui e não descarta, que integra e possibilita vivências de comunhão fraterna entre os povos”, segundo a irmã Elis Alberta Santos, uma das assessoras do encontro. “Essa economia trata de horizontalizar as lutas pelo direito da natureza e dos empobrecidos, articulando essas lutas num só grito, por novas economias”, segundo a religiosa.  A base da proposta está na Laudato Si, e ao longo de mais de dois anos se vem refletindo nesse caminho. Na Amazônia, a Economia de Francisco e Clara nos remete, segundo a Ir. Elis, para uma leitura crítica da realidade. Segundo a religiosa, nascida em Manaus, “é importante decolonizar mentes e corpos, a partir de uma releitura histórica de como os impactos coloniais afetaram e ainda afetam cruelmente nossos territórios, desde pequenos lugares, aldeias para a construção das grandes cidades”. Segundo a religiosa da Divina Providência, “o capitalismo embasa todo o processo colonial e continua hoje invadindo e saqueando os territórios indígenas”.  Tudo isso provocou fortes consequências, levando muita gente da Amazônia a negar “a nossa própria identidade”, consequência de “políticas assimilacionistas do estado nacional brasileio que criou estratégias legais para que deixássemos de existir”, segundo a Ir. Elis. Manaus é um claro exemplo disso, algo que tem provocado a reflexão da Articulação Brasileira da Economia de Francisco e Clara. Daí surgem questionamentos no campo ambiental, vítima de uma economia que mata. A religiosa interligava a experiência mística de São Francisco de Assis com “a nossa experiência enquanto povo amazônico, do cuidado com a Mãe Terra, com o cosmo, com tudo que nos compõe e com o que propõe o Papa Francsico a partir desse chamado de ‘realmar a economia’ e no documento da Laudato Si que se entrelaça com Fratelli tutti”. Segundo a assessora do encontro, se faz necessário, recolhendo as palavras do Papa Francisco, “dar voz aos pobres e vulneráveis na criação de novas políticas econômicas para que se tornem protagonistas de suas vidas e de todo contexto social”. A reflexão vai se concretizando nas vilas temáticas, nas casas de Francisco e Clara, como espaços de comunhão fraterna, de vivência e imersão, que ajudem a reconstruir novas interações ecológicas e econômicas, a partir de outras lógicas, dialógicas e inclusivas, afirma a Ir. Elis. Também foi destacada a Aliança Mulher Mãe Terra, relatando diferentes experiências em que isso vai se concretizando na Amazônia e no Brasil. As Vilas Temáticas foram apresentadas pela Ir. Michele da Silva, quem mostrava que são subdivisões em grupos temáticos, que podem ser considerados como “laboratórios de diálogo, escuta e partilha de vida, com o propósito de encontrar soluções conjuntas e caminhos alternativos para uma nova economia”. Trata-se de uma construção conjunta entre os jovens e economistas experientes, “para pensar de forma crítica e sustentável, soluções para os problemas do mundo contemporâneo”, segundo a religiosa do Imaculado Coração de Maria. Em cada realidade local estão sendo construídas cada uma das vilas temáticas. A religiosa foi apresentando-as, mostrando os elementos mais importantes de cada uma das vilas. São 12 as vilas que fazem parte da Economia de Francisco e Clara: Finanças e humanidade, buscando o bem-estar das pessoas, investimentos que trabalhem pelo bem comum; Agricultura e Justiça, atenta às mudanças climáticas, direitos trabalhistas e direito à água, o papel das mulheres; Energia e pobreza, transitando para uma economia de baixo carbono; Lucro e vocação, um trabalho que ajude a desenvolver os dons que cada pessoa tem.   Entre as vilas temáticas também está Negócios em transição, buscando respostas diante da crise ambiental, e provocando transições que não excluam os mais pobres e vulneráveis; Gestão e dom, promovendo a gratuidade nos negócios e uma gestão sustentável; Trabalho e cuidado, com novas perspectivas culturais da atividade do trabalho, sustentadas na “ecologia humana integral”; Políticas e felicidade, com novas dinâmicas, não sustentadas no individualismo; CO2 das desigualdades, buscando semear uma nova economia, construir uma cultura de paz e bem, fomentar o trabalho como atividade humana digna. As vilas temáticas também abordam as questões de Vida e estilo de vida, que não seja distante da vida, que promova o não desperdiço e a equidade; Negócios e paz, um objetivo a ser ativamente promovido; Mulheres pela economia, mais inclusiva, equitativa e centrada nas pessoas, reconhecendo as capacidades das mulheres e criando novos modelos organizacionais, novas ferramentas de inclusão e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Na Amazônia, a Ir. Michele da Silva, buscando uma terminologia mais inculturada, falava de construir “Malocas”. Para isso se faz necessário identificar as iniciativas existentes, escuta das pessoas que dinamizam essa economia, subsidiar essas iniciativas e ampliar o trabalho, para que Economias alternativas, tenham espaço e fomentem um consumo consciente. Junto com isso, construir as Malocas ou Aldeias com as temáticas (grupos de estudo) ligadas a nossa realidade local. Também criar uma Casa ou mais Casas de Francisco, como referencial da ECOFRAN Norte 1.  Do encontro participaram representantes das pastorais, do conselho de leigos, da vida religiosa, mas também representantes do mundo político e académico. Nas reflexões oferecidas pelos presentes foi enfatizado a necessidade de abrir os encontros e reflexões sobre a Economia de Francisco e Clara a espaços extra eclesiais, o que deve ajudar a espalhar suas propostas e se enriquecer com ideias de outros coletivos que não participam ativamente da vida da Igreja. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1