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Dia: 29 de julho de 2021

Roda de Conversa da REPAM-Brasil: o desafio de amazonizar o Brasil e o mundo

Refletir sobre um desafio que pode ser considerado de grande importância para os povos e a Igreja da Amazônia: amazonizar-se. Ajudar a assumir essa atitude tem sido o propósito de diferentes organizações eclesiais e sociais ao longo do último ano. Querendo “sensibilizar a opinião pública brasileira e internacional sobre os perigos a que está sendo exposta a Vida na Amazônia, seu território e as populações”, a REPAM-Brasil preparou uma roda de conversa (pode baixar aqui) para ajudar a refletir sobre essa realidade, mostrando “a gravidade da situação enfrentada pelos Povos na Amazônia, agravada pela pandemia da Covid-19”. Amazonizar é uma palavra usada pela primeira vez em 1986, quando o bispo de Rio Branco, no Acre, Dom Moacyr Grechi, usou esse termo em uma carta pastoral. Ele “convocava o povo a assumir a causa da Amazônia e a defesa de seus povos”. O Sínodo para a Amazônia popularizou a palavra, sendo assumida como foco da campanha, fazendo “um chamado para todas as pessoas a se amazonizarem”, algo que continua. O material elaborado pela REPAM-Brasil começa acolhendo as pessoas, convidando para a oração e fazendo a recordação da vida. Lembra o texto que “a Amazônia e seus povos são continuamente alvo de práticas de exploração sem limites que colocam em risco toda a vida daquele território”, algo que a pandemia acrescentou. Daí insiste na urgência de “ações de solidariedade para garantir a existência dos povos originários e das comunidades tradicionais”, relatando ações que estão sendo “desenvolvidas pela Igreja, organizações populares e movimentos sociais”. “Amazonizar” deve levar a “reconhecer as lutas e resistências dos Povos da Amazônia que enfrentam mais de 500 anos de colonização e de projetos desenvolvimentistas pautados na exploração desmedida”, relata o texto. Mas também é “o despertar de todo o povo em defesa da Amazônia, seu bioma e seus povos ameaçados em seus territórios”. “Amazonizar também significa portar o mundo de sentido, sensibilidade, contemplação e comprometimento para com a obra da criação”. Comprometer para reconhecer as violações de direitos dos povos e do meio ambiente é amazonizar, diante de diferentes situações:  Queimadas e desmatamento, um número que só aumenta a cada ano, como mostram os testemunhos que aparecem no texto; Garimpo e mineração em terras indígenas, que aumenta as doenças, levando à morte, como acontece com os Yanomami em Roraima, com os Munduruku no Pará; Conflitos por terra, que em 2020 teve o maior número desde 1985; Criminalização e ameaças de lideranças; Indígenas na cidade, a quem são negados direitos fundamentais. O roteiro aporta uma palavra de vida e luz diante da realidade e “aponta horizontes para vivermos de forma plena e compromissada com a nossa casa comum”. Para isso lembra os sonhos do Papa Francisco em Querida Amazônia, mas também as reflexões que surgem dos povos e culturas da Amazônia, fazendo um apela a se amazonizar e se questionar. Como diz a oração final, “É hora de colocarmos toda essa bagagem em nossa canoa e navegarmos pelas águas desse nosso imenso Brasil. É hora de contribuirmos para que todas e todos tenham consciência da importância da Amazônia e de seus povos. É hora de Amazonizarmos o mundo!” Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Quanto Vale a Vida?: Infelizmente, nem todas as vidas valem a mesma coisa

Quanto Vale a Vida? A partir dessa pergunta, a Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), junto com outras organizações querem que a gente pare e reflita sobre um dos crimes mais macabros que fazem parte da condição humana: o Tráfico de Pessoas. Pessoas vistas como mercadoria, que podem ser compradas e vendidas, que podem ser descartadas quando o lucro já não responde às expectativas. O tráfico de pessoas, algo presente na história da humanidade desde seus primórdios, nos mostra a crueldade que faz parte da condição humana, que se aproveita do outro em benefício próprio, deixando de lado uma atitude que sempre deveria estar presente no meio de nós: a fraternidade. Diante dessa realidade, o 30 de julho, data declarada pela ONU como Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, não pode passar batido. É momento de se mobilizar, de defender a vida, de denunciar. Não podemos esquecer que mais de 2 milhões de pessoas são vítimas do tráfico humano no mundo. São várias as modalidades de tráfico de pessoas, mas a maioria são mulheres, crianças e adolescentes aliciadas para a exploração sexual ou mão de obra escrava. Ser livre é um direito de todas as pessoas, mas que nem todas têm diante do fenómeno do tráfico humano. Quando a gente sabe dessas situações e não denuncia se torna cúmplice, partícipe de algo que pode ser considerado uma ofensa aos direitos humanos, de uma realidade que oprime e escraviza, que fere a dignidade das pessoas, que viola os direitos fundamentais. Na sociedade contemporânea não podemos tolerar que as pessoas sejam traficadas, se tornando vítimas de uma das piores violências. O tráfico humano está próximo da gente e continua estando porque a nossa omissão possibilita que pessoas sem escrúpulos possam praticar esse crime, com impunidade, provocando dor e sofrimento nos mais fracos. O Dia 30 de julho tem que ser uma oportunidade para declarar abertamente e assumir com coragem que a vida não tem preço, que ela não pode ser comprada nem vendida, que ela não pode ser explorada. Esse deve ser um sentimento presente na vida da gente, de cada pessoa, sabendo que a falta dessa atitude nos desumaniza, pois perdemos o respeito por aquilo que é sagrado: a vida em plenitude de toda pessoa. O que fazer para que algo assim seja realmente assumido? Como implicar os governantes para que sejam investidos os recursos que ajudem a fiscalizar essas situações de trafico humano e punir àqueles que se acham donos da vida dos outros? Como visibilizar esse crime e provocar mudanças radicais que acabem com o tráfico de pessoas? São muitos os questionamentos que surgem diante dessa realidade, especialmente naqueles momentos em que o calendário nos lembra que ela existe e deve ser enfrentada e combatida. Muita gente se esforça cada dia no combate do tráfico humano, salvando vidas e se tornando um incentivo para não deixar passar mais uma oportunidade. A resposta depende de cada um e cada uma, mas não esqueça que a Vida vale mais do que aquilo que alguém poderia chegar a pagar, ela é sagrada. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1