Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Dia: 19 de agosto de 2021

Vacina não é escolha, é ato de amor, dever ético e moral

As vezes a gente se pergunta se nosso grau de humanidade está crescendo o diminuindo. Dentro da teoria da evolução, um dos primeiros sinais da aparição da espécie humana foi a preocupação pelos outros. Estudos arqueológicos e antropológicos falam que houve um momento em que diante da doença de um dos indivíduos do grupo, os outros se preocuparam em cuida-lo. As atitudes que a gente encontra no dia a dia, na família, no trabalho, na vizinhança, nos meios de comunicação…, em referência à vacina contra a Covid-19 nos levam a pensar se essa preocupação pelos outros ainda está presente na mente das pessoas, no mínimo de uma parte da população que diz não estar nem aí diante de tanto sofrimento que está provocando uma doença que deve ser combatida entre todos. Na semana passada, nosso arcebispo metropolitano, Dom Leonardo Ulrich Steiner, emitia umas orientações pastorais falando da vacina. Ele disse que “ela é necessária para criar uma imunidade que possa eliminar a transmissão do vírus”, insistindo em que “quanto mais tempo demorar a imunização da população, mais facilmente o vírus passa por mutações, dificultando o controle do mesmo”. Por isso, deixou claro que “é um dever ético e moral ser vacinado. É nossa contribuição que oferecemos às nossas famílias e à sociedade”. Nesta quarta-feira, o Papa Francisco, junto com vários cardeais e bispos latino-americanos disse que “graças a Deus e ao trabalho de muitos, hoje temos vacinas para nos proteger da Covid-19. Elas trazem esperança para acabar com a pandemia, mas somente se elas estiverem disponíveis para todos e se colaborarmos uns com os outros”. Um dos pontos chave é a colaboração mutua, tomarmos consciência de que o futuro da humanidade depende da colaboração de todos. Os bispos deixam claro que se vacinar é um ato de “amor por si mesmo, amor pela família e amigos, amor por todas as pessoas“. No final das contas o amor cristão não é uma ideia e sim algo que se faz presente em “pequenos gestos de caridade pessoal capazes de transformar e melhorar as sociedades“, afirma o Papa Francisco. Ele insiste em que “a vacinação é uma forma simples, mas profunda de promover o bem comum e de cuidar uns dos outros, especialmente dos mais vulneráveis”. Não podemos esquecer que “nossa decisão de vacinar afeta os outros” e que “vacinas licenciadas funcionam e salvam vidas, elas são a chave para a cura pessoal e universal”, segundo é relatado no vídeo. Não estamos diante de experimentos, ninguém é cobaia, a ciência conta com reputados especialistas que tem se esforçado para conseguir salvar a humanidade. A Igreja católica, mais uma vez deixa claro que sua aposta é pela vida, é a voz dos nossos pastores e do próprio Papa Francisco, sempre empenhado na defesa dos mais vulneráveis. Vamos escutar sua voz ou vamos continuar nos guiando pelos “doutores do WhatsApp”? Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Encontro de Jovens na Tríplice Fronteira: “Diversidades como motivação para se conhecer e trabalhar juntos”

Organizado pelo Eixo Igreja em Fronteiras, da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), aconteceu no último sábado 14 de agosto o Encontro de Lideranças Jovens da Tríplice Fronteira: Brasil, Peru e Colômbia. 49 jovens e 14 adultos dos vicariatos de San José del Amazonas (Peru), Letícia (Colômbia), e a diocese do Alto Solimões (Brasil), representando 12 comunidades, se encontraram na cidade de Letícia em busca de projetos comuns, descobrindo que é possível superar as fronteiras físicas, imaginárias e culturais. Mesmo diante das dificuldades para chegar, numa Amazônia onde as distâncias fazem com que nem sempre seja fácil realizar esse tipo de encontros, os jovens responderam ao convite dos missionários e missionárias que trabalham nas três igrejas particulares que o Rio Amazonas une nesse ponto da Amazônia. Jesuítas, Maristas, Lassalistas, lideranças locais indígenas e não indígenas, diáconos, missionários leigos e leigas, fizeram um trabalho de preparação conjunta para fazer possível esta novidade na caminhada da Igreja que navega nos rios amazônicos. De fato, segundo reconhece Verônica Rubi, missionária leiga na diocese do Alto Solimões e que faz parte da coordenação do Eixo Igreja em Fronteiras da REPAM, a experiência, que estava sendo realizada pela primeira vez, foi muito positiva, sendo superados facilmente os desafios de falar diferentes línguas (espanhol, português, ticuna), fazer parte de diversas nacionalidades e culturas e estar presentes jovens indígenas (ticuna, yaguas e cocama) e não indígenas. Segundo a missionária, foi um “encontro de comunhão, as diversidades foram motivação para se conhecer e trabalhar juntos”. Iniciado com uma mística, conduzida pela comunidade ticuna de Nazaret (Colômbia), onde a imagem de Maria com rasgos indígenas, realizada em madeira na própria comunidade, mostrou a importância de uma Igreja inculturada, o encontro foi momento para proporcionar um espaço para a juventude para conhecer os sonhos que eles têm, refletindo juntos sobre os sonhos profissionais, sociais e religiosos, trabalhar as ameaças sobre esses sonhos e descobrir quem são os “ladrões de sonhos”, que muitas vezes atentam contra os desejos da juventude, segundo Verônica Rubi. Ao longo do encontro, os jovens foram trabalhando os sonhos da Igreja, apresentados pelo Papa Francisco na Querida Amazônia. Os participantes foram expressando de diferentes modos aquilo que é significativo para eles desses sonhos que aparecem na exortação pós-sinodal do Sínodo para a Amazônia. Mas também foi pensado como concretizar esses sonhos nas diversas realidades locais que fazem parte da vida dos participantes do encontro e das comunidades onde eles vivenciam sua fé. Tudo isso conduziu a assumir compromissos que foram apresentados num momento de mística. Mais um passo para concretizar as decisões do Sínodo para a Amazônia, que colocou entre suas propostas esse trabalho que supera as fronteiras amazônicas, que muitas vezes não respondem ao imaginário dos povos que nela habitam e são fruto de decisões históricas daqueles que chegaram de fora e de diferentes formas invadiram não só o território, mas também a vida dos povos que nele habitam. O importante é que os jovens, na avaliação final, mostraram seu desejo de continuar esse caminho iniciado no encontro, mais uma esperança de que os sonhos, quando se sonham juntos, podem se tornar realidade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1