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Dia: 2 de setembro de 2021

Dom Leonardo: “É muito importante nos movimentarmos em busca de um Brasil onde todos e todas possam se sentir à vontade”

No dia 7 de setembro, dia em que o Brasil comemora sua independência, acontece também o Grito dos Excluídos e Excluídas, que tem como tema “Vida em primeiro lugar”, um tema que tem acompanhado o Grito desde sua primeira edição em 1995. Em 2021, na sua 27ª edição, o Grito dos Excluídos e das Excluídas tem como lema: “Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda, já!”. Em Manaus, o Grito está sendo organizado pelas Pastorais Sociais da Arquidiocese de Manaus e a Caritas Arquidiocesana de Manaus. Nesta quinta-feira 2 de setembro, o Grito foi apresentado em coletiva de imprensa, com a presença da mídia local. “Nos últimos anos, temos visto a importância de termos dentro da nossa sociedade uma manifestação para que as pessoas excluídas tenham de novo vez”, afirmava Dom Leonardo Steiner na apresentação do Grito dos Excluídos e Excluídas. Segundo o arcebispo de Manaus ao falarmos de excluídos, estamos pensando em exclusão da educação, do emprego, lembrando que o Brasil está hoje com 14 milhões de desempregados, junto com aqueles que tem um emprego informal, algo muito presente em Manaus, onde é grande o número de pessoas vendendo água ou café na rua. Dom Leonardo também se referiu à exclusão da democracia, exclusão política, o que demanda “uma participação maior da sociedade nas decisões políticas”. Nesse ponto criticou as decisões do Congresso Nacional, que não pensam no povo, demandando a necessidade de voltarmos a discutir política. O arcebispo falou dos excluídos economicamente, algo que vai além do desemprego, denunciando que “com a venda das estatais vamos percebendo cada vez mais o quanto nós estamos sendo delapidados”, afirmando que “as estatais, elas existem para as políticas públicas”. O arcebispo colocou entre os excluídos “os nossos irmãos indígenas”, criticando o como está se acabando com sua cultura, além de suas terras, e afirmando que “estão sendo excluídos desde o início do que se chama Brasil”. Junto com os indígenas, Dom Leonardo Steiner falou de outros grupos excluídos, como os ribeirinhos, os quilombolas, as pessoas que não tem vez dentro da nossa sociedade, relatando que está crescendo o número de pessoas que vivem na rua. Ele lembrou das palavras da Madre Teresa de Calcutá, que falava deles como “aqueles que o Estado e a sociedade não querem”. Lembrando as palavras da Laudato Si´ e da Querida Amazônia, Dom Leonardo definiu a devastação da Amazônia como uma outra forma de exclusão. De fato, “a destruição da natureza faz com que tenhamos cada vez mais excluídos”, segundo o arcebispo. Outras questões que mostram a exclusão são a falta de saneamento básico, de acesso à cultura, de falta de saúde, denunciando o desmonte do SUS, da falta de acesso à educação, apontando a tentativa do governo brasileiro de excluir do sistema educativo a pessoas com deficiências. Também lembrava da exclusão que acontece em torno à moradia, uma realidade muito presente em Manaus. Tudo isso mostra necessidade de um Grito, de fazer ecoar a necessidade do cuidado com a vida na sua totalidade, segundo o arcebispo de Manaus. Lembrando os sonhos do Papa Francisco em Querida Amazônia, Dom Leonardo Steiner vê isso como “um grito para que a nossa humanidade acorde e possa viver uma vida mais digna, mais justa, mais fraterna, mais irmã”. Em representação dos povos indígenas, Marcivana Sateré denunciou “os projetos de morte que afetam os povos indígenas”, o que provoca um genocídio dos povos e um ecocídio do Planeta, segundo a liderança indígena. Ela lembrou a luta dos povos indígenas em Brasília contra o Marco Temporal, “um projeto de morte que fere a democracia e a Constituição”. Se trata de uma luta pela vida das gerações futuras, denunciando que a Amazônia não suporta mais tanto projeto predatório. Não podemos esquecer a importância do território na vida dos povos originários, o que levou a liderança indígenas a dizer que “nunca teremos vida em abundância enquanto nossos territórios forem atacados”. Ao Grito dos Excluídos e Excluídas tem se somado alguns movimentos sociais, como União Nacional dos Estudantes. Sua vice-presidente no Amazonas, Rayane Garcia, destacou a importância do Grito dos Excluídos como um dia que pertence ao povo brasileiro, a todos os que lutam por democracia. A jovem denunciou a realidade social vivida no Brasil, o aumento do desemprego e do preço da cesta básica, algo que atinge os jovens e os mais pobres. O programa do Grito dos Excluídos e Excluídas foi apresentado pelo padre Alcimar Araujo, vice-presidente da Caritas Arquidiocesana de Manaus, que vai acontecer na parte da tarde do dia 7 de setembro. O padre também apresentou a missa pela Amazônia, que será celebrada no dia 5, Dia da Amazônia, presidida pelo arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Steiner. Segundo o vice-presidente da Caritas, a Amazônia está sendo vilipendiada, sendo objeto de exploração. Diante disso, a missa do próximo domingo quer ser um momento de resistência, diante de uma realidade que provoca indignação. Segundo ele, existem poucos motivos de esperança diante da realidade social que o Brasil vive hoje, o que torna urgente uma sociedade organizada como modo de reverter a realidade atual. Não podemos esquecer, insistia o padre Alcimar, que no Brasil, todas as conquistas foram fruto da luta organizada.   Dom Leonardo Steiner insistiu em que “é muito importante nos movimentarmos em busca de um Brasil melhor, em busca de um Brasil justo, em busca de um Brasil onde todos e todas possam se sentir à vontade”. O arcebispo insistiu em “termos uma sociedade mais equânime, mais equilibrada, mais fraterna, mais justa”, denunciando a difícil situação que vive o país em relação ao emprego, aos povos indígenas, ao meio ambiente. O objetivo é ajudar a sociedade a perceber que “nós, todos juntos, podemos oferecer uma outra situação ao Brasil”, enfatizando que “sem a participação da sociedade, as coisas não mudam”. O arcebispo destacou a necessidade de “buscar um outro modo da política”, diante das manifestações do presidente Bolsonaro, que “tem incomodado a muitas pessoas”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Mês da Bíblia: tirar a Bíblia do estante e entender sua atualidade

Setembro é o Mês da Bíblia, uma oportunidade para entender o papel fundamental que ela tem na vida de todo cristão. Infelizmente, a Bíblia se tornou um enfeite na vida de muitos cristãos, ela fica no estante, inclusive é carregada em baixo do braço, mas não é uma luz que ilumina a vida cotidiana. Muitos veem a Bíblia como um texto do passado, ignorando sua atualidade, pois nela aparecem situações que fazem parte da vida da gente. Na medida em que vamos aprofundando em seu conhecimento, entendendo o contexto em que foi escrita, vamos descobrindo que ela nos fala sobre realidades atuais. Mas para isso se faz necessário estuda-la em profundidade. No Brasil, desde há 50 anos, a Igreja católica fez a proposta de cada ano estudar, refletir e conhecer um dos livros da Bíblia. Uma prática que começou em Belo Horizonte com as irmãs Paulinas, foi se espalhando pelo Brasil até alcançar todos os cantos do país, se tornando um exercício comum na vida de muitas paróquias, comunidades e grupos de fé ao longo do país. Em 2021, o livro que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil propõe para a reflexão é a Carta de São Paulo aos Gálatas. A realidade dos cristãos que moravam na Galácia, uma província romana na atual Turquia, podemos dizer que reflete situações presentes na sociedade e na Igreja católica de hoje. Seu problema, e isso se torna uma preocupação para Paulo, era seu desejo de voltar ao passado, de recuperar tradições que eles tinham vivido e superado no tempo em que eram judeus. O saudosismo é uma atitude cada vez mais presente, cada vez proliferam mais aqueles que querem retomar regimes políticos, modos de viver a fé, formas de entender a vida, que pareciam ter sido superados. Frente a isso, a defesa da liberdade, um elemento fundamental na religião cristã, é a bandeira defendida pelo apóstolo Paulo.    Junto com isso, estamos diante de um texto que promove a unidade em torno a Cristo, aglutinador de todos aqueles que foram se tornando discípulos e discípulas dele. Mais uma vez, a Bíblia, a Carta aos Gálatas, nos mostra a necessidade de crescer no respeito mútuo e no diálogo, uma atitude urgente e fundamental nos dias de hoje, em que o enfrentamento é incentivado, inclusive por aqueles que deveriam fomentar a concórdia e o entendimento. Resulta surpreendente escutar da boca de gente que se apresenta como exemplo de cristão, palavras que incentivam atitudes que não respondem à proposta que a Bíblia faz para nós. Mais uma vez, isso nos leva a refletir sobre o uso indevido do Livro Sagrado, se aproveitando do nome de Deus para satisfazer interesses pessoais. Daí o convite a aprofundar no conhecimento do Texto Sagrado e entender aquilo que Deus está nos querendo comunicar através dele: vida em plenitude para todos e todas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar