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Dia: 5 de novembro de 2021

CEAMA e REPAM à COP26: “Mudanças de rumo de uma vez por todas”

Não permanecer em silêncio diante da COP26. Esse é o propósito da Carta da Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA e da Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, aos líderes participantes do evento, que está sendo realizado em Glasgow, de 31 de outubro a 12 de novembro. A carta quer expressar “nosso sentimento de desconcerto e, ao mesmo tempo, de impotência ao contemplar e experimentar o caos que vive nosso Planeta, entre outras coisas, por causa da mudança climática e suas consequências catastróficas para a humanidade e para a casa comum”. Depois de ouvir “o grito dos pobres e também o grito da Terra”, eles advertem sobre “as atuais condições em que vive nosso Planeta ameaçado e atormentado“, o que foi retomado no Documento Final do Sínodo para a Amazônia, onde se diz que a floresta “se encontra numa corrida desenfreada para a morte “. Por esta razão, eles veem a Amazônia como “um lugar estratégico para a humanidade e para nosso Planeta”, que está deteriorado. Em vista disso, advertem que “precisamos urgentemente lutar contra toda essa degradação numa região que ‘se mostra diante do mundo com todo seu esplendor, seu drama e seu mistério’”, como foi dito no início da Querida Amazônia. A carta reconta algumas dessas ameaças, lembrando que “os pobres são os primeiros a pagar a conta de toda essa problemática ecológica e climática“. Diante desta realidade, advertem os líderes reunidos na COP26 que “necessitamos cuidar de nossa casa comum e tomar medidas de extrema urgência diante da violência que os territórios e os povos amazônicos e suas culturas sofrem”. Em um mundo quebrado, onde medidas radicais são necessárias, eles dizem aos líderes que “vocês têm em suas mãos a oportunidade de tomar providências transcendentais que revertam a grande catástrofe que se avizinha“. Insistindo que “não podemos esperar mais”, eles pedem ” resultados palpáveis e que conduzam a mudanças de rumo de uma vez por todas”. Isto deve ser traduzido, declara a carta, em “honestidade, coragem e responsabilidade, sobretudo dos países mais poderosos e contaminantes“. O bem comum deve ter precedência sobre o privilégio, para o qual “não existe o direito de manter certa comodidade diante da dor e da pobreza dos outros”. Fazendo um chamado a não perder a esperança, CEAMA e REPAM dizem recorrer “ao bom Deus para que ilumine vocês, a fim de que estejam à altura das atuais circunstâncias”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Walmor: “A indiferença em relação aos pobres é um veneno que adoece a alma humana”

A V Jornada Mundial dos Pobres, que será celebrada no dia 14 de novembro, tem sido o tema de reflexão do Seminário da Jornada Mundial dos Pobres, organizado pela Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A Igreja do Brasil escolheu como tema da Jornada, “Sentes Compaixão?”, e como lema “Sempre tereis pobres entre vós”, fazendo um chamado a entender a urgência de diminuir a desigualdade. O presidente da CNBB se referiu à Jornada Mundial dos Pobres como “oportunidade para capacitar o nosso coração, reconhecendo a presença dos pobres entre nós, em cenários que nos envergonham e nos apontam um longo caminho para fazer valer a fraternidade universal”. Segundo Dom Walmor Oliveira de Azevedo, “a indiferença em relação aos pobres é um veneno que adoece a alma humana”. O arcebispo de Belo Horizonte (MG) fez um chamado a reconhecer nos pobres a presença do irmão, a contribuir com políticas públicas que favoreçam a superação com urgência de tantos e vergonhosos cenários de exclusão e desigualdade social, a buscar respostas para a construção de uma sociedade mais justa e solidária, a partilhar o sofrimento de cada pobre, com muita empatia e solidariedade, a partilhar e não se conformar com dar esmolas. Frei Luiz Carlos Susin refletiu sobre a pobreza desde a constatação da pobreza real e a resposta adequada para isso. Segundo o religioso, diante da naturalização da pobreza, se faz necessário entender a pobreza como produção de uma sociedade, como algo social, que forma parte da história da sociedade. Diante disso a sociedade é desafiada a resolver os desequilíbrios que provocam a pobreza, algo que algumas sociedades faziam, colocando como exemplo o Ano Jubilar em Israel. Segundo o frade capuchinho, “precisamos de sentimentos, precisamos acessar o sofrimento dos pobres, expondo-nos a nós mesmos a este sofrimento”. Esse sentimento, conhecido como compaixão, ele se perguntou se é um sentimento realmente universal, uma questão que surge diante da “indiferença cruel que não se sensibiliza”, presente nas pessoas. A compaixão, segundo o religioso, “a gente aprende não com a racionalidade e sim com a sensibilidade, a gente aprende não com a cabeça, a gente aprende se expondo aos outros, em exercícios que são um processo de iniciação”. De fato, “a compaixão, a hospitalidade, a generosidade, são a alma de toda religião. Uma religião que não tivesse essa alma, seria vã, e seria possivelmente uma ideologia de tipo escapatória”. O religioso refletia sobre a capacidade de fazer renúncias, de entender a compaixão como sentimento que nos une, como ato de liberdade. A Irmã Maria Inês Ribeiro viu o Seminário como oportunidade para “fazer crescer em nós essa sensibilidade e essa compaixão”. A presidenta da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), refletia sobre Evangelii Gaudium, onde aparece o esforço do Papa Francisco para “retomar o Vaticano II e dar um novo rumo à Igreja, mostrar o caminho para nós, cristãos e cristãs, do Evangelho”. A religiosa refletiu sobre a importância da economia solidária, da agroecologia, da união das pessoas, a sensibilidade e a partilha, da acolhida. Ela mostrou sua alegria diante da solidariedade e trabalho concreto em favor dos pobres, experiências que foram apresentadas ao longo do Seminário. Nessas realidades, a palavra mais forte, segundo a presidenta da CRB, é o acolhimento, destacando cinco verbos que o Papa Francisco coloca na Evangelii Gaudium: primerear, envolver-se, acompanhar, frutificar e celebrar. Finalmente, a irmã Maria Inês abençoava o Papa Francisco porque proclamou a Jornada Mundial dos Pobres, “para nos sensibilizar cada vez mais, para que cresçamos na compaixão, e possamos não só celebrarmos, mas partilharmos concretamente com os nossos irmãos, porque não é só dar, mas é solidarizar-se, escutar e envolver-se”.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1