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Dia: 23 de novembro de 2021

Cardeal Barreto: “A Assembleia Eclesial deve ser uma caixa de ressonância para todas as angustias do continente”

Uma coletiva de imprensa onde foram ouvidos os clamores da América Latina. É assim que poderíamos considerar o momento vivido nesta terça-feira em que mais uma vez, como acontece todos os dias da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, representantes de diferentes realidades relataram o que está presente em sua vida cotidiana. Estes são os gritos do povo negro, como disse a Irmã Maria Suyapa, que denunciou a marginalização das mulheres negras, que não são reconhecidas pelo que oferecem à Igreja e à sociedade. A exclusão, segundo a representante da Pastoral afro-latino-americana na Assembleia Eclesial, é algo que dói, mas ela diz não perder a esperança, que vem da conversão pastoral que a Igreja nos pede, para que “aqueles de nós que estão na periferia possam ser incluídos, especialmente os negros, as mulheres”. A religiosa diz que espera que um dia nossa Igreja Mãe conte conosco, porque temos muito a contribuir para a Igreja. Os gritos da Amazônia foram veiculados pelo Cardeal Pedro Barreto, que expressou sua alegria em participar da Assembleia. O presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), denunciou as consequências da pandemia na Amazônia, especialmente no Brasil, onde o povo Yanomami, no estado de Roraima, está sofrendo as consequências do abandono, a ponto de ser deixado a ponto de morrer. Diante disto, insistiu o Cardeal Barreto, “a Igreja não só deve levantar sua voz, mas também expressar a dor e o sofrimento que surge como um grito da Amazônia”. O cardeal recordou as palavras do Papa Francisco em Puerto Maldonado, onde ele descreveu os povos originários como os guardiães da natureza. “A vida na Amazônia continua sendo um grande desafio, o que nos obriga a todos a uma conversão ecológica, social e cultural, e especialmente a Igreja Católica e outras comunidades de fé“, disse o cardeal. Ele também nos convidou a nos sentirmos corresponsáveis por cuidar da vida e de nossa natureza, e expressou sua esperança de que a Igreja na América Latina e no Caribe seja a voz daqueles que, por várias razões, vivem em meio à dor. Os jovens, através de Maria José Bolaños López, reconheceram os momentos de graça vividos nos últimos anos, com o Sínodo da Juventude que abriu um espaço para a participação. No entanto, o membro da Equipe Latino-Americana de Pastoral Juvenil pediu mais espaços abertos para os jovens. A jovem mexicana insistiu que “queremos caminhar juntos, com sacerdotes, bispos, cardeais, religiosos, leigos, sendo esta Igreja como um todo e tendo este espírito de sinodalidade”. Recordando as palavras do Papa Francisco, ela reafirmou a riqueza e a criatividade dos jovens, que “sempre têm algo a contribuir para nossa Igreja“. O Reitor do Seminário Nacional Maior do Paraguai, Padre Cristino Bonhert Bauer, mostrou a realidade da formação dos futuros sacerdotes, destacando a necessidade de uma participação variada, também de leigos e leigas, nestes processos de formação, reconhecendo que não é uma tarefa fácil. Por esta razão, ele enfatizou que “não devemos nos fechar, mas permitir-nos ser ajudados por todos”. A Igreja tem estado historicamente presente na Amazônia, algo que foi incentivado pela criação da REPAM, que levou toda a Igreja a caminhar junto, e pela celebração do Sínodo para a Amazônia. Os povos indígenas se sentiram acompanhados e pediram à Igreja Católica para ser uma aliada, disse o Cardeal Barreto. O Sínodo para a Amazônia “mostrou a importância dos povos originários para o bioma amazônico e para a humanidade”, segundo o presidente da REPAM, que lembrou alguns passos dados posteriormente, como a criação da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). O cardeal expressou sua esperança de que a Assembleia Eclesial fosse uma caixa de ressonância para todas as angustias do continente. Ele também insistiu nas consequências da economia neoliberal na América Latina e no Caribe, referindo-se às oportunidades perdidas para mudar uma realidade que não leva a colocar a pessoa humana acima de todos os outros princípios, que é o que Jesus faz. “O povo negro sente que a Igreja não é nossa Mãe, como se fosse nossa madrasta, somos marginalizados, somos excluídos, há muita indiferença por parte dos padres, de muitos bispos, e os missionários que vêm evangelizar o fazem de dentro de si mesmos e não de Cristo”, relatou com dor a Irmã Maria Suyapa. Em seus encontros com as mulheres ela ouve suas queixas: “não somos levadas em consideração, somos excluídas na Igreja e em nossa sociedade”. A religiosa pediu ao Papa Francisco que tomasse uma posição firme em favor do povo negro do continente, como fez com o povo indígena. Ela insistiu em não ficar calada, contando situações dolorosas, como o padre que “parou a missa porque cantamos a Oração do Senhor em Garifuna”. Isto a levou a insistir na necessidade de que eles fossem evangelizados em nossas culturas. Mas ela também mostrou sinais de esperança, nascidos de um processo sinodal, no qual “estamos sendo incluídos”. Por este motivo, ela ficou grata pela possibilidade de poder participar da Assembleia. Segundo a religiosa, “na medida em que houver conversão, exclusão e discriminação em nossa Igreja, chegará ao fim“. “Queremos uma Igreja jovem que salve a dignidade humana dos jovens”, disse Maria José Bolaños, denunciando a rejeição e o preconceito que eles sofrem. Segundo ela, “na prática somos deixados de fora, nós jovens precisamos de uma Igreja que aprenda a chorar, a reconhecer a dor para seguir adiante como Igreja e levar essa mensagem e viver nossa fé e os sonhos de Jesus Cristo. Precisamos de uma Igreja que esteja descalça diante dos jovens“. Nas palavras da jovem mexicana, “nós jovens podemos aprender muito, mas também podemos ensinar”, chamando para uma Igreja que acolhe e escuta. “Não é o melhor momento para o clero”, disse Padre Cristino, apontando os desafios na formação, incluindo a necessidade de os formadores saberem como responder às expectativas dos jovens em relação à sua vocação. A necessidade de considerar diferentes dimensões nestes processos de formação, insistindo na formação a partir de um nível comunitário, a partir de uma espiritualidade realista e comprometida. O presidente…
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Agenor Brighenti: Assembleia Eclesial, “um novo passo em um rico processo sinodal”

A conversão pastoral é um conceito que nasceu em Aparecida, e é sobre isso e sua relação com os quatro sonhos proféticos do Papa Francisco na Querida Amazônia que o teólogo brasileiro Agenor Brighenti tem refletido no contexto da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe. Para ele, “esta Primeira Assembleia Eclesial não é apenas mais um evento“. É um novo passo em um rico processo sinodal na América Latina e no Caribe, que deu à nossa Igreja uma palavra e uma face própria”. Neste sentido, ele coloca sua singularidade no fato de que ela “procura reanimar Aparecida”, que ele define como “uma Conferência que se propõe a dar novo impulso à renovação do Vaticano II”, e ao mesmo tempo como “base da Evangelii Gaudium do Papa Francisco”. Estamos a caminho de uma segunda recepção da renovação do Vaticano II, de acordo com a teólogo. Esta foi uma das aspirações de Aparecida, retomando uma proposta da Conferência de Santo Domingo, que fala da conversão pastoral da Igreja, segundo o Padre Brighenti, que a define como algo que abraça a todos e a tudo. É algo que vem de Medellín, que falou de uma nova evangelização, que foi retomada pelo Papa Paulo VI na Evangelii Nuntiandi. A Igreja em contínua reforma é algo presente na Igreja desde os Santos Padres, uma ideia retomada pelo Vaticano II, que exige um retorno às fontes bíblicas e patrísticas. Agenor Brighenti citou Dom Helder Camara, para quem “a Igreja precisa mudar constantemente a fim de ser sempre a mesma Igreja de Jesus Cristo“. Indo um passo além, o Sínodo para a Amazônia, onde o teólogo brasileiro foi perito, fala de uma “conversão integral”, que se desdobra em uma conversão pastoral, cultural, ecológica e sinodal, recolhidas no Documento Final, elementos acolhidos pelo Papa Francisco no início da Querida Amazônia, onde as conversões, adquirindo uma dimensão utópica, tornam-se sonhos: social, cultural, ecológico e eclesial. Nestes quatro sonhos, o Papa Francisco “projeta o horizonte de uma evangelização que desafia particularmente esta Assembleia Eclesial“, segundo o Padre Brighenti. No sonho social, o desafio para a América Latina e o Caribe é lutar pelos direitos dos mais pobres; no sonho cultural, preservar sua riqueza cultural; no sonho ecológico, ser um continente que preserva sua beleza natural; e no sonho eclesial, fazer de uma Igreja com uma América Latina e Caribe uma realidade. Quanto à conversão pastoral da Igreja, que tem acompanhado a vida da Igreja no continente desde Santo Domingo, ela toma forma em diferentes áreas: a da consciência da comunidade eclesial, assumindo a eclesiologia do Povo de Deus do Vaticano II; a das ações pastorais e comunitárias, procurando “ser uma resposta aos desafios de hoje, especialmente ao grito dos pobres”; a das relações de igualdade e autoridade, levando à “erradicação do clericalismo” e incentivando “a corresponsabilidade de todos os batizados”; a das estruturas, incentivando “Conselhos Pastorais e Assembleias em todos os níveis”, tendo como exemplo a CEAMA ou esta Assembleia Eclesial. Por esta razão, Agenor Brighenti afirma que “como pode ser percebido, a conversão pastoral e os quatro sonhos proféticos do Papa Francisco são um grande desafio para esta Assembleia, que desafia nossa generosidade a transbordar no Espírito do Ressuscitado”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicación CNBB Norte 1

Cardeal Odilo Scherer: “Tudo na vida da Igreja deve ter a sua dimensão missionária”

Depois de cumprimentar a todos, os presentes na Cidade do México e os participantes da assembleia virtualmente, o Arcebispo de São Paulo e primeiro vice-presidente do Celam, Cardeal Odilo Scherer, começou recordando a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, realizada em Aparecida em 2007. O Cardeal Scherer afirmou que “o Papa Francisco nos pede que retomemos o Documento de Aparecida, porque ele contém uma riqueza muito grande, que talvez não tenha sido absorvida bastante, e esse documento ainda tem muito a oferecer para a Igreja em nosso continente, e continua muito atual”. Continuando com as propostas do Papa Francisco, o Arcebispo de São Paulo lembrou o chamado do Santo Padre para que “nesta Assembleia fizéssemos uma avaliação dos frutos já produzidos pela Conferência de Aparecida, de quanto as propostas, as conclusões do Documento de Aparecida já influenciaram a vida da Igreja, a vida pastoral, a evangelização em nosso continente”. Ao mesmo tempo, ele lembrou o pedido do Papa de “que avaliemos aqueles aspectos que por acaso ainda não foram assumidos bastante, que devem ser assumidos mais para produzir o seu fruto”. Estar atento às novas questões que surgiram desde 2007 é outro dos pedidos do Papa Francisco, segundo o cardeal brasileiro, “novas questões eclesiais, novas questões sociais, novas situações humanitárias, novas situações econômicas, políticas, culturais, que desafiam a missão da Igreja“. Diante disto, o Arcebispo de São Paulo afirmou, “a Igreja é chamada a dizer a sua palavra de discernimento, de anuncio da Boa Nova, de luz do Evangelho, de sal”. Neste dia, lembrou o cardeal, “retomamos um dos conceitos importantes na Conferência de Aparecida, e esse conceito é o da conversão“. Segundo ele, é um “conceito central para compreendermos as várias questões, as várias orientações do Documento”. Ele também lembrou o chamado à Igreja para não se contentar com uma pastoral de conservação e para se lançar a uma verdadeira pastoral de renovação missionária de toda a nossa Igreja, oferecendo respostas novas para as questões novas que surgem em todas as áreas. O Documento de Aparecida pede “um processo de conversão pastoral, uma conversão missionária“, segundo o Cardeal Odilo, recordando que Jesus começa o anúncio do Evangelho chamando à conversão e aceitação do Reino de Deus, o que implica mudanças, o que Jesus pede a todas as pessoas. Um processo de conversão que nunca está concluído, que precisa sempre ser proposto a todas as gerações e à Igreja, para que “se volte para o Evangelho dito, anunciado nas questões novas, que reclamam por tanto novas posições, novas posturas para que o Evangelho produza novos frutos dentro de novos contextos”. O chamado do Documento de Aparecida é a uma conversão pastoral, insistiu o primeiro vice-presidente do Celam. A Igreja como um todo é convidada a se rever, a se renovar, e, portanto, a se voltar mais e mais para Jesus Cristo e renovar a sua adesão a Jesus Cristo e ao Evangelho”, para que ilumine cada momento e cada situação da história. Isto exige de nós, segundo o cardeal, “a coragem de tomar atitudes novas e eventualmente de abandonar velhas práticas que já não produzem mais o seu fruto, que já estão superadas pastoralmente”. O Arcebispo de São Paulo salientou que “continuemos talvez apegados a velhas práticas“, que não respondem às necessidades e expectativas de nosso tempo. Ele definiu a conversão pastoral como “mudar os métodos da pastoral, o foco, as atenções da pastoral, o jeito da pastoral”. Movida por esta conversão, que deve ser missionária, “nossa Igreja não pode se entender como uma Igreja que já está pronta, já cumpriu sua missão”, insistindo que “tudo na vida da Igreja deve ter a sua dimensão missionária”. Finalmente, ele pediu um retorno à conversão diante de novas questões, situações e sonhos de Jesus para todo tipo de realidade, incluindo a casa comum. Por esta razão, ele lembrou que “a Igreja existe para participar de um mundo de acordo com o sonho de Deus“. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dispor o coração para discernir em comum, um trabalho que dá início à Assembleia Eclesial

Podemos dizer que a Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe realmente começou. É verdade que a inauguração oficial aconteceu na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, a padroeira do continente, mas foi nesta segunda-feira que a reflexão foi tomando forma. Como acontecerá todos os dias, um momento de oração, hoje com um marcado caráter afro, foi o antegosto de um dia em que foi feito um chamado para dispor o coração a discernir em comum nesta Assembleia Eclesial, tomando como referência o texto bíblico que nos convida a ouvir a Palavra de Deus e a cumpri-la. As saudações do Presidente do Celam, do Presidente da Comissão para a América Latina e do Presidente do Episcopado Mexicano deram as boas-vindas aos participantes. “Esta Assembleia deve estar junto ao povo”, disse Dom Miguel Cabrejos, recordando as palavras do Papa Francisco em 24 de janeiro deste ano, quando a Assembleia foi apresentada. O arcebispo de Trujillo (Perú), lembrou que Aparecida “nos chama a todos a sermos discípulos missionários e a passar de uma ‘pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária’”. Por esta razão, ele pediu que “deveria ser uma escola de sinodalidade”. O Cardeal Oullet pediu “que o Espírito do Senhor presente em nosso meio nos ajude a discernir juntos como reavivar o espírito missionário que o Papa Francisco nos transmite por seu exemplo e seu magistério”. Para o cardeal canadense, “a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe é uma das muitas maneiras pelas quais a Igreja se reaprende a escutar e discernir”, apelando para uma profunda comunhão eclesial a fim de viver verdadeiramente a missão. Dom Rogelio Cabrera agradeceu calorosamente que a Assembleia Eclesial esteja sendo realizada aos pés da santa padroeira do continente, definindo os membros da Assembleia como convidados que o México recebe como anjos e emissários de boas novas. O arcebispo de Monterrey insistiu que a presença de cada membro da assembleia é um sinal da união que o México tem com o Papa Francisco. A reflexão, este dia dirigida pelo Padre Fidel Oñoro, teve um caráter bíblico, abordando “A centralidade de Jesus Cristo e sua Palavra em nossa ação pastoral”. Em suas palavras, ele afirmou que a Assembleia é fruto da vontade divina, salientando que “o pastor na Bíblia é, antes de tudo, Deus”. O biblista colombiano assinalou que a Escritura “abre janelas de observação e compreensão mais profunda”, o que “nos tira do analfabetismo espiritual“. Por esta razão, ele enfatizou que “somente ouvindo a Palavra podemos perceber o que Deus nos diz e nos pede, podemos descobrir nossa missão e o que somos chamados a fazer”. Um elemento decisivo para o desenvolvimento da Assembleia serão os pequenos grupos comunitários de discernimento, onde todos os membros da Assembleia se reúnem, tanto aqueles que estão em Casa Lago, sede da Conferência Episcopal Mexicana, como aqueles que se conectam de todos os cantos do continente. Será um lugar para compartilhar experiências eclesiais que enriquecerão a Igreja no continente. A cada dia haverá também uma coletiva de imprensa, com a presença de um bispo, um padre, uma irmã religiosa e uma leiga. Nesta segunda-feira foram o Cardeal Odilo Scherer, Irmã María Dolores Palencia, Padre Leo Pérez, OMI, e a jovem Ligia Elena Matamoros. Entre as intervenções podemos destacar a expectativa de ver “onde o Espírito de Deus nos conduz”, o chamado a “retomar nosso compromisso batismal”, a necessidade de “ver os jovens nos espaços onde as coisas são planejadas, onde as decisões são tomadas”, e não ter respostas prontas, algo típico do clericalismo. Os membros da Assembleia estão experimentando grande alegria e entusiasmo neste processo sinodal, manifestado nos testemunhos compartilhados por alguns deles, algo que será repetido todos os dias. As diferentes vozes, algumas em pessoa, outras virtualmente, encorajaram a todos com um entusiasmo que vem de caminhar juntos, em comunhão. Refletindo sobre o caminho da Assembleia Eclesial, o Cardeal Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga destacou as raízes deste momento, convidando os membros da Assembleia a ouvir os gritos dos irmãos e irmãs mais pobres e esquecidos, a ensinar sobre a sinodalidade, desconhecida e temida por aqueles que preferem se afastar. Segundo a Ir. Birgit Weiler, “todo o processo mostrou a grande importância da atitude e da prática da escuta como elemento central no discernimento comunitário e na experiência de sinodalidade”. Ela enfatizou a necessidade de “reconhecer as mulheres como protagonistas em nossas sociedades e especialmente em nossa Igreja”, algo que estava presente no processo de escuta. Também a necessidade de superar o clericalismo, a auto referencialidade, que nos leva a viver este kairos. A riqueza deste processo é conhecida através de testemunhos que nos mostram como a Assembleia Eclesial chegou aos lugares mais remotos, temas que dão sentido à sinodalidade, nas palavras de Mauricio López. Trata-se de tocar o coração dos corpos eclesiais, de estar presente quando o coração está ferido, de acompanhar as vítimas da pandemia, as mulheres que sofrem a violência, os migrantes, os povos cujos territórios são confiscados, de superar a cegueira que, como Bartimeu, nos impede de seguir Jesus. A celebração eucarística foi presidida pelo Cardeal Pedro Barreto, que em sua homilia, centrada no Evangelho da viúva, disse ver esta passagem como “um programa de vida que hoje, com a graça de Deus, estamos cumprindo“. A viúva simboliza a Igreja e cada um de nós, convidando-nos a reconhecer que somos pobres, frágeis e pecadores. Diante disso, Jesus nos diz que há um caminho a seguir, que nos leva a entender que damos nossas vidas porque confiamos em Deus. O presidente da REPAM lembrou as vítimas da pandemia e refletiu sobre as políticas no continente, que “não buscam o bem comum, mas apenas interesses subalternos”. A viúva mostra o rosto feminino da Igreja, que pensa no outro, no “nós”, que nos leva a sair de nós mesmos para que nosso centro seja Jesus. Ela também refletiu sobre a Assembleia Eclesial, agradecendo por este momento de discernimento, e lembrou as palavras do Papa Bento XVI em Aparecida, onde ele definiu a…
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