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Dia: 7 de dezembro de 2021

Comissão de Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB: incidência e formação prioridades para 2022

Retomar o processo das ações realizadas nos últimos dois anos de missão da Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a partir da conjuntura social e econômica. Esse foi o propósito da reunião realizada em São Paulo nos dias 6 y 7 de dezembro, onde participaram os bispos, padres, religiosas e leigos e leigas que fazem parte da comissão. Segundo Alessandra Miranda, articuladora da Comissão, estamos diante de uma realidade que “tem gerado ainda mais vulnerabilidade social e empobrecimento da população, tornando as práticas do tráfico de pessoas ainda mais evidentes entre as crianças, adolescentes e jovens, assim como mulheres e pessoas exploradas pelo trabalho escravo”. Segundo ela, “as tecnologias virtuais têm sido um elemento extremamente perigoso no recrutamento de pessoas para a exploração sexual e do trabalho”. Para os anos 2022 e 2023, a Comissão, que conta com a presença de Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara, e da Ir. Rose Bertoldo, articuladora do Núcleo da Rede um Grito pela Vida em Manaus, priorizará o eixo de formação, através de atividades e oficinas nacionais e territoriais para capacitar multiplicadores e multiplicadoras para atuação nessas realidades. Junto com isso serão elaboradas estratégias de comunicação para incidência social e formação, assim como momentos nacionais de diálogos com o poder público e canais de denúncias e processos de formação com adolescentes e jovens. Enquanto às ações, elas estão baseadas na compreensão da dignidade humana e das potencialidades dos territórios, com foco na violência e exploração sexual, trabalho escravo, violação contra meninas e mulheres e migração. Desde a Comissão insistem em que para um melhor desenvolvimento dos trabalhos, serão de grande importância as articulações com redes eclesiais e da sociedade civil de enfrentamento ao tráfico de pessoas. Junto com isso, para a Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB, também é uma prioridade da comissão, seu fortalecimento organizacional e incidência para prevenção e enfrentamento das violações dos direitos, especialmente do tráfico de pessoas. Segundo Dom Evaristo Spengler, “a luta pelo direito à vida é a liberdade de todos os seres humanos não é tarefa de alguns escolhidos, mas uma exigência do Evangelho para todos os que creem em Cristo”. Para o bispo da Prelazia do Marajó e presidente da Comissão, “essa comissão junta-se ao sonho do Papa Francisco de que toda a Igreja, desde os cardeais, passando pelos bispos, padres, religiosos e religiosas, leigos e leigas, até o mais anônimo entre os fiéis, assuma a luta contra esse pecado que brada aos céus – a transformação de corpos em mercadoria para produzir lucro – que é o tráfico humano”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Ir. Laura Vicuña Pereira Manso: Diante do sofrimento dos yanomami, “necessidade de a Igreja fazer ecoar essa voz”

Mais de 20 mil garimpeiros ilegais têm invadido a Terra Indígena Yanomami, no estado de Roraima, no extremo norte do Brasil. A consequência é um sofrimento que vai aumentando cada dia, com um perigo real de se tornar um genocídio. A Igreja católica tem se tornado uma das grandes aliadas dos povos indígenas, assumindo a necessidade de ecoar sua voz, segundo a Ir. Laura Vicuña Pereira Manso, agente pastoral do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), e representante dos povos originários na Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). A religiosa denuncia nesta entrevista o que está atrás da situação que atinge ao povo Yanomami, mas também aos povos indígenas em geral, mostrando a importância que eles têm no futuro da Amazônia e do Planeta. Não podemos esquecer que eles são os grandes defensores da casa comum. Nos últimos meses, a situação do povo yanomami, em consequência da atuação dos garimpeiros, tem piorado cada vez mais, sendo relatadas situações que poderiam ser consideradas como um genocídio. Para alguém que conhece a realidade, como agente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), qual é realmente a situação do povo yanomami neste momento? A situação do povo yanomami é um continuo de violências e de violações de direitos. Se a gente for olhar historicamente, no ano de 1993, houve a chacina de Haximu, onde uma aldeia inteira foi exterminada, por conta de conflitos e invasão de garimpeiros na Terra Yanomami. Trago esse fato para exemplificar o contínuo de invasões que ocorrem na Terra Yanomami. Na verdade, as invasões, elas permaneceram de décadas passadas, e continuam até hoje, com o agravamento de violências, com o agravamento também dessa pandemia que ocorre em escala mundial, e ainda deixando em extrema vulnerabilidade esse povo. Isso ocorre nos últimos anos, sobretudo nos últimos três anos do atual governo, em que houve um recrudescimento da violência contra os povos indígenas. Houve uma legitimação da invasão dos territórios, e os invasores se sentiram muito mais fortalecidos e muito mais legitimados pelas falas e pelas posições do atual presidente, que abriu os territórios indígenas para que seja um espaço de exploração económica em todo o território brasileiro. Recentemente, Dom Erwin Kräutler, numa entrevista, analisando os resultados da COP26, disse que um dos grandes perigos do Brasil é considerar a Amazônia como algo exclusivo do país, sem a obrigação de dar satisfação do que acontece na Amazônia. Diferentes organizações, dentre elas a Igreja católica, através do CIMI, da CEAMA, da REPAM, está pressionando organismos internacionais. Por que é importante essa pressão e qual o papel que os organismos internacionais deveriam ter na defesa dos povos originários da Amazônia brasileira? A Amazônia, ela sempre foi tema de debate através das décadas, porque a Amazônia sempre foi também um território promissor e de avanço das fronteiras económicas. O Sudeste, o Centro-Oeste, são totalmente explorados e totalmente sendo espaço de grandes fazendeiros. Fica a Amazônia, que já em épocas passadas, no século passado, com as primeiras colonizações, sempre foi vista como uma terra onde se podia fazer dinheiro. Com essa ideologia, no decorrer dos tempos, se foi firmando essa postura de que a Amazônia é um espaço só do Brasil, e não como um espaço que é de toda a humanidade, por ser um dos biomas que inclusive controla toda a parte do clima em escala mundial. Todos os biomas se interconectam, mas a Amazônia, por ser essa grande floresta húmida, tropical, existente, nessa região do continente americano, e também por ser uma floresta que ela equilibra o clima em nível mundial, isso contraria os grupos econômicos que estão querendo avançar contra a Amazônia. É importante a pressão de organismos internacionais porque quem mantem a floresta em pé são os povos indígenas, são as comunidades tradicionais. E justamente, essas comunidades e os povos originários são muito violentados por terem um estilo de vida que mantem a floresta e o equilíbrio do Planeta, essa ecologia e integralidade que os povos têm no cuidado da casa comum. E isso contraria os grupos econômicos que veem a natureza, a floresta, a vida, só como mercadorias que podem ser compradas e vendidas. Essa relação dos povos originários, das comunidades tradicionais com o meio em que vivem, a terra como mãe, a água como vida, isso é um empecilho para esse tipo de desenvolvimento tecnocrata que mata tudo e que mata a vida. É justamente a pressão de organismos internacionais que vai chamar a atenção e que vai de fato ser essa voz que defende os povos que vivem na Amazônia. E a Igreja, com certeza, é uma grande aliada dos povos originários e dos povos amazônicos, sobretudo a partir do Sínodo da Amazônia, onde a Igreja reafirma o seu compromisso de ser aliada das lutas dos povos, na defesa da vida, da terra e dos direitos. Fala sobre um elemento importante, que é a Igreja como aliada dos povos originários, sobretudo a partir do Sínodo para a Amazônia. Realmente os povos originários experimentam e se sentem mais protegidos em consequência dessa aliança com a Igreja? Com certeza é uma aliança que defende a vida, que defende os sistemas próprios de vida de cada povo, porque nós temos no Brasil 305 povos, com sistemas próprios de vida, com culturas, com espiritualidades. Que um organismo, como é a Igreja católica, que valoriza, que respeita essa diversidade, e visibiliza para o mundo a grande riqueza e potencial dos povos originários e amazônicos, com certeza é um ganho muito grande. A gente gostaria de lembrar quando o Papa Francisco esteve em Puerto Maldonado, na abertura do Sínodo para a Amazônia, diante dos povos que lá estávamos, de vários países da Pan-Amazônia, o Papa Francisco pedia que a Igreja fosse essa voz que fizesse ecoar a voz dos povos indígenas e todo o sofrimento que os povos indígenas padecem na Amazônia, todas as violações e violências. O Papa Francisco afirmou que nunca os povos indígenas estiveram tão ameaçados, por conta dessas frentes econômicas. A partir dali a Igreja assume dar eco aos povos indígenas. Não falar pelos…
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Projeto Ajuri pela Vida na Amazônia, da Cáritas Brasileira, é homenageado na Prelazia de Itacoatiara

O projeto Ajuri pela Vida na Amazônia recebeu, em Setembro, uma homenagem durante desfile cívico da comunidade ribeirinha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, pertencente à Prelazia de Itacoatiara, em reconhecimento das ações em combate à Covid-19 no interior do Amazonas, realizadas em 2020 durante a primeira edição do projeto, que é desenvolvido pela Cáritas Brasileira – Articulação Norte 1, com financiamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), e recebe apoio da Catholic Relief Services (CRS). Para Shirlene da Silva Sousa, primeira secretária da comunidade e integrante da igreja Assembleia de Deus tradicional local, foi uma honra fazer parceria e participar do desfile cívico da Escola Municipal Vereador Luiz de Oliveira Onety, onde houve espaço para prestar as devidas homenagens ao projeto. “Diante do acontecimento mundial da pandemia enfrentado pela humanidade, a Covid-19 lamentavelmente levou uma quantidade significativa de vítimas, colocando pavor entre todos os povos”. Shirlene complementa: “As igrejas do Senhor, sem placa de denominação, sem distinção de raça, cor, etnia, se uniram nessa batalha para clamar a Deus que enviasse socorro de recursos e apoio, tanto espiritual quanto material. Assim, Ele enviou à nossa comunidade o Ajuri, que muito ajudou no combate à Covid-19, doando kits de higiene para as famílias que esperavam na providência de Deus. Por isso, a igreja vem agradecer a todos que, direta ou indiretamente, ajudaram na luta contra a Covid, em especial ao Ajuri que muito ajudou as famílias deste lugar”. A consultora técnica da CRS para resposta de emergência, Anna Hrybyk, considera que essa homenagem é de suma importância para o fortalecimento das ações do projeto. “Esse reconhecimento do projeto Ajuri nesta comunidade ribeirinha nos impulsiona a empenharmos cada vez mais esforços para promover a continuidade das ações de higiene e saúde para famílias nos lugares mais longínquos da Amazônia, tanto no combate à Covid-19 quanto para prevenir o risco de contaminação de outras infecções”, ressaltou Anna. União e esperança Atualmente, durante a segunda edição do projeto, as famílias cadastradas na comunidade continuarão sendo beneficiadas com kits de prevenção à covid-19 Além da entrega dos kits, os/as educadores/as sociais também irão fazer demonstração do uso correto da máscara, orientações de higiene e lavagem correta das mãos, baseadas nos cinco momentos críticos para lavar as mãos, assim como sobre o distanciamento social e a sensibilização quanto à necessidade de se tomar as duas doses da vacina contra a Covid-19. Na primeira edição do projeto, mais de 150 famílias, correspondendo um total de mais de 600 pessoas, foram atendidas diretamente na comunidade ribeirinha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, localizada no lago do Batista, no rio Arari, as quais receberam os kits de higiene e prevenção à Covid-19, entregues durante cinco meses consecutivos. Ajuri Pela Vida na Amazônia  A segunda fase do projeto Ajuri Pela Vida na Amazônia tem como objetivo permitir o acesso de famílias em situação de vulnerabilidade e alto risco de transmissão de COVID-19 a insumos relacionados a WASH (água, saneamento e higiene), para que possam manter comportamentos de prevenção, bem como seja possível melhorar a retenção de conhecimento dessas famílias. Essas práticas serão desenvolvidas em comunidades de 9 municípios amazônidas (Coari, Tefé, Maraã, Alvarães, Fonte Boa, Juruá, Uarini, Itacoatiara e Parintins), através da orientação popular para promoção de higiene, distribuição de kits de higiene e prevenção, conscientização sobre a importância de adesão à vacina, bem como a sensibilização para a adoção à lavagem adequada das mãos como principal fator de prevenção eficaz contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da Covid-19, assim como pode evitar outras doenças infecciosas, transmitidas por vírus ou bactérias. Isto é, uma ação que pode parecer simples, mas que pode salvar vidas.  Ao total, além das 4 mil famílias cadastradas na primeira edição do projeto, nesta segunda edição 1400 novos núcleos familiares serão beneficiados, correspondendo um quantitativo de 22.500 pessoas atendidas diretamente pelas ações aplicadas por uma equipe multidisciplinar, como educadores/as, assistentes sociais, psicóloga e comunicadores/as. Assessoria de Comunicação do Projeto Ajuri