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Dia: 13 de janeiro de 2022

Em encontro com o Papa Francisco, Dom Mário Antônio agradece sua colaboração para a Igreja na Amazônia

Na manhã desta quinta-feira, 13 de janeiro, aconteceu o encontro do Papa Francisco com a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O episcopado brasileiro foi representado pelos dois vice-presidentes da entidade, Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS) e Dom Mário Antônio da Silva, bispo de Roraima (RR). O presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, que ficou no Brasil acompanhando as vítimas das enchentes, e que deve chegar em no próximo domingo, 16 de janeiro, e o secretário geral, Dom Joel Portella Amado, que na semana passada testou positivo para a Covid-19 e não viajou, não participaram do encontro com o Santo Padre. Após o encontro no Vaticano os dois vice-presidentes da CNBB foram entrevistados pelo diretor da edição portuguesa de Rádio Vaticano – Vatican News, Silvonei José. Na conversa com o jornalista, os prelados partilharam o encontro que poucos minutos atrás tinha acontecido com o Papa Francisco. Dom Jaime Spengler definiu o encontro como “muito fraterno, muito simples”, afirmando que o motivo do encontro é a visita que usualmente a presidência da Conferência faz ao Santo Padre todos os anos. Já Dom Mário Antônio, salientou que “o Papa Francisco, primeiramente nos deixou muito a vontade, e até que pediu que a gente falasse com espontaneidade”. Segundo o bispo de Roraima, “comentamos com ele a realidade do nosso Brasil, da nossa Conferência, o momento que vive o Brasil nessa questão da pandemia nesses dois últimos anos, e esperanças que nos motivam a ir adiante”. Dom Mário Antônio destacou que “ele sempre nos dizia, vai em frente”. Também foi oportunidade para o bispo falar ao Papa Francisco “da nossa Amazônia, sobretudo agradecer a exortação pós sinodal Querida Amazônia, e outros desdobramentos que o Papa Francisco tem colaborado para a Igreja na Amazônia e também no Brasil e no mundo”. O segundo vice-presidente da CNBB destacou como algo que ficou bastante forte para eles, foi que “ele nos olhava a sempre nos fez entender a necessidade de ternura e proximidade, neste tempo de retomada e também de superação da pandemia”. O bispo de Roraima insistiu na “proximidade com o nosso povo, nas comunidades, proximidade com as pessoas e famílias que sofrem como luto ou com a doença”. Para Dom Mário Antônio, “como Igreja devemos passar a ternura e o carinho que sentiram no Papa Francisco a todas as pessoas”. O Papa está muito consciente “daquilo que vivemos, daquilo que fazemos no Brasil”, segundo Dom Jaime Spengler. No encontro foi partilhado o vivido na 58ª Assembleia Geral da CNBB e o que se espera da próxima, que será feita em duas modalidades online e presencial, se o vírus o permitir, em duas etapas, comentando a agenda mais importante, que seria “a aprovação do documento sobre a Palavra de Deus na vida das comunidades e a votação sobre a tradução do Missal que virá”, afirmou o primeiro vice-presidente da CNBB. Também foi partilhado sobre os desafios do Colégio Pio Brasileiro, em Roma, principalmente o baixo número de estudantes, que segundo Dom Jaime Spengler “precisamos incrementar este número”, os 15 anos da Assembleia de Aparecida, cujas comemorações terão início em maio. Nesse momento, o Papa insistiu em que “ainda precisamos avançar respeito daquilo que o documento indicou”. Um momento muito intenso e fraterno, segundo o arcebispo, em que o Papa Francisco tentou sempre “nos impulsionar”. Dom Jaime destacou do Papa as seguintes palavras: “avancem, coragem, vamos em frente, oração, juntos, comunhão, fraternidade”. Dom Mário Antônio da Silva insistiu em que “o Papa Francisco é um homem que tem esperança, e na medida em que ele confia nas pessoas, confia na Igreja, ele é um homem que abre caminhos pela sua criatividade. Ora pela palavra e ora pelo gesto e pelo silêncio”. Para o segundo vice-presidente da CNBB, o encontro “nos dá esperança de poder contar com a presença do Papa Francisco até mesmo na Amazônia”. O Papa, como é costume, pediu à Igreja do Brasil que reze por ele, segundo Dom Mário Antônio, que afirmou que “a gente sabe que ele reza muito pela nossa Igreja, no Brasil, na Amazônia, e é um homem que fala ao coração”, algo que o bispo de Roraima pede ao Espírito Santo, “que tenhamos essa capacidade de falar ao coração das pessoas neste ano de 2022”. Ao comentar sobre o momento económico, político, social do Brasil, Dom Jaime Spengler afirmou que o Papa Francisco “aponta para aquilo que Fratelli tutti propõe para as nossas comunidades”. Diante de um momento desafiador, “que exigirá de nós prudência, discernimento, oração, capacidade de diálogo“, o arcebispo de Porto Alegre chamou a “construir pontes”. Dom Mário Antônio também destacou dentro da conversa com o Papa Francisco “a questão ecológica, olhando para a Amazônia e também para todo o mundo”. Essa questão ecológica é, segundo o bispo de Roraima, um desdobramento de Aparecida, “que depois o Papa Francisco retrata de maneira contundente, clara, na Laudato Si, na chamada para a conversão ecológica, e que todos, mulheres e homens abracemos de maneira corajosa a ecologia integral”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Desastres ambientais: consequência da falta de consciência e cuidado

As últimas semanas tem nos trazido as tantas notícias das enchentes, secas, destruição, sofrimento, morte, situações cada vez mais presentes no Brasil e no mundo, realidades que devem nos levar a refletir e descobrir o que a gente está fazendo de errado. O cuidado da Casa Comum se tornou algo para ontem, algo que deve ser assumido pela humanidade como uma prioridade inadiável. Aos poucos, as pessoas vão se tornando conscientes disso, mas o caminho a percorrer ainda é longo. Fazer com que o cuidado do ambiente se torne algo assumido por todos é um desafio para o qual as pessoas precisam ser educadas. Querida Amazônia fala sobre “Educação e hábitos ecológicos”, insistindo em que “a grande ecologia sempre inclui um aspeto educativo, que provoca o desenvolvimento de novos hábitos nas pessoas e nos grupos humanos”. Por isso, seguindo a proposta do Papa Francisco na exortação pós sinodal do Sínodo para a Amazônia temos que tomar consciência de que “não haverá uma ecologia sã e sustentável, capaz de transformar seja o que for, se não mudarem as pessoas, se não forem incentivadas a adotar outro estilo de vida, menos voraz, mais sereno, mais respeitador, menos ansioso, mais fraterno”, algo que é constituído a partir de processos educativos. Estamos diante de uma disjuntiva entre cuidado e lucro, caminhos opostos que conduzem à vida e à morte. A falta de cuidado da Casa Comum é um claro exemplo daquilo que o Papa Francisco chama de economia que mata. São muitos os exemplos disso, especialmente nas últimas semanas, em que as manchetes dos jornais nos mostram as consequências da falta de cuidado com um Planeta que a cada dia sofre mais. A tomada de consciência de cada pessoa é importante, mas também somos desafiados a exigir políticas públicas que coloquem o foco no cuidado da Casa Comum, e não no interesse de pequenos grupos de poder, que colocam o lucro acima da vida, especialmente dos mais pobres, que são os primeiros em sofrer as consequências das mudanças climáticas. Diante de um poder público que olha para o outro lado, que favorece os poderosos, que promove a destruição daquilo que é de todos, somos desafiados a dar um chega e dizer que não aceitamos seguir num caminho que nos leva à destruição e a morte. É tempo de se organizar e procurar alternativas que visem a sustentabilidade do Planeta e de todas as espécies que o habitam. Os sinais são cada vez mais claros, mas também é certo que não tem pior cego do que aquele que não quer enxergar. O que fazer para ajudar a sociedade a tomar consciência da situação que o Planeta e a humanidade vivem? Como ajudar os negacionistas a enxergar os sinais que provocam sofrimento, dor e morte? Como aprender a fazer realidade um Planeta sustentável, que não seja ameaçado? Não podemos esquecer que tomar consciência e aprender a cuidar é o caminho. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar