Sônia Gomes de Oliveira: “Não podemos nos furtar de caminhar nesse processo da sinodalidade que o Papa tanto nos chama”

O Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB) acaba de lançar a “Agenda Formativa em Defesa da Vida do ano de 2022”. A presidenta do CNLB, Sônia Gomes de Oliveira, em entrevista, nos fala sobre os passos a serem dados pelo laicato brasileiro para caminhar em direção a uma Igreja sinodal, em saída para as periferias, a serviço da vida. A Agenda, com 131 páginas, tem sido disponibilizada em formato virtual (ver aqui), mas também pode ser impressa. Distribuída nos 12 meses do ano, apresenta textos, imagens, reflexões e testemunhos, que podem ser usados por cada grupo para seu trabalho e reflexão, segundo insiste a presidenta do CNLB. Qual a importância da formação do laicato para assumir a proposta do Papa Francisco de ser uma Igreja sinodal, uma Igreja em saída, uma Igreja que se faz presente nas periferias? Na verdade, a proposta é trazer o laicato para assumir o seu protagonismo enquanto batizados, entendendo o seu papel fora da Igreja, seu papel de testemunha nessas realidades onde ele vive, e que é isso que o Papa Francisco tem nos chamado. Por que o leigo é aquele que está nesse chão, aquele que está nessa realidade, e por isso ele tem que viver essa realidade. Por isso que nós ao elaborarmos esta Agenda Formativa, ao pensarmos esta agenda a partir do olhar, do trabalho, da visão e da espiritualidade que o Papa Francisco tem nos trazido, com esse olhar da sinodalidade, é que nós queremos trazer o laicato para entender esse chão que ele está, este processo que o Papa Francisco tem nos chamado, para que nós tenhamos um laicato maduro, um laicato que consiga entender a realidade onde ele está, o chão onde ele está, e possa testemunhar a partir desta realidade onde ele está para que ele possa viver realmente esse testemunho de onde ele vive. A Agenda Formativa é interativa e vai refletindo cada mês sobre momentos importantes na vida da Igreja e da sociedade. A partir dessas temáticas e dos testemunhos que aparecem recolhidos em cada um dos meses, como ajudar o laicato a ter esse olhar para fora do templo, para a sociedade, como se posicionar na defesa da vida fora do templo? Justamente nesse sentido que nós queremos. A Agenda é uma forma de contribuir para que o laicato tenha um subsídio. Muitas vezes se fala que não se tem como preparar uma reunião, o que refletir. A Agenda é um subsídio que nós damos para que na reunião mensal ter o que refletir, trazendo realidades de Norte a Sul do país, daquilo que o Papa Francisco tem nos convocado, realidades sociais, como a Semana Social Brasileira, Semana dos Pobres, com testemunhos de cristão leigos e leigas, de bispos, de padres que estão aí, que dão a vida pela nossa Igreja. Nós não nos furtamos de mostrar um rosto de uma Igreja que, a partir de Jesus Cristo é presente e que dá um testemunho do Evangelho, a partir de uma encarnação. Nós queremos que o laicato possa ter na sua vida diária, na sua formação, a partir do seu encontro mensal, uma sugestão que nós damos para que eles possam estar fazendo essa sintonia com o que a Igreja do Brasil está refletindo, mas o que as nossas periferias, a nossa realidade social está apontando. Este ano para nós é desafiador. É um ano que nós temos a Semana Social, é um ano que estamos discutindo a democracia do nosso país, e nós precisamos que o nosso laicato tenha clareza, que é um ano de eleição e nós precisamos ter clareza que somos chamados a testemunhar dentro da política, que é um dos campos específicos para a atuação dos cristãos leigos. A Agenda aponta muito isto para nós, e nós queremos muito pautar isto na nossa Agenda. Qual a proposta do Conselho Nacional do Laicato Brasileiro para que esse trabalho seja realizado nos grupos, nas bases, ao longo de 2022? Ao longo de 2022, além de esta Agenda que a gente quer propor para o ano todo, nós temos a nossa Assembleia anual, que é uma assembleia eletiva, e que nós vamos fazer uma recuperação da Assembleia Eclesial. Nessa Assembleia Geral Ordinária, nós vamos a estar recuperando um pouco, trazendo esse olhar. Uma das propostas centrais que nós queremos trazer para nossa Assembleia Geral Ordinária, é “Sinodalidade e missão: Cristãos leigos e leigas em saída para as periferias”. Esse é o tema central para nós cristãos leigos nesse ano, entender que somos chamados para uma Igreja em saída, e como leigos e leigas, é as periferias o campo nosso. Isso, porque nós queremos continuar nessa sinodalidade, mas também pensando que o campo específico de missão nosso são as periferias, e em sintonia com a Assembleia Eclesial e o Sínodo que o Papa tanto está nos chamando. Não podemos nos furtar de caminhar nesse processo da sinodalidade que o Papa tanto nos chama. Fala sobre a sinodalidade, uma prioridade da Igreja universal para 2022 e 2023. Como esta Agenda Formativa pode ajudar a Igreja do Brasil, especialmente o laicato, a se envolver neste Sínodo sobre a Sinodalidade? O que nós queremos agora é uma divulgação maior, nós queremos que cada presidente regional possa divulgar isto no seu Regional, na sua diocese, os parceiros que nós temos em cada diocese, e chegar no grupo mais simples que tiver, e que a gente possa conseguir estar fazendo essa reflexão. O nosso material, ele está muito em sintonia com aquilo que a Igreja do Brasil traz, com aquilo que o Papa Francisco tem apresentado, com aquilo que as nossas pastorais, os nossos movimentos, os nossos organismos da Igreja têm apresentado. O Conselho de Leigos não é um organismo que está fora daquilo que a Igreja do Brasil tem pensado. Uma forma de sinodalidade, de colegialidade, que nós também queremos contribuir com esta Igreja universal, com esta Igreja do Brasil e com esta Igreja da América Latina, para nos vivenciarmos tudo aquilo que o nosso Papa tem…
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