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Dia: 10 de março de 2022

Ir. Rose Bertoldo, assume Secretaria do Regional Norte1 “com o coração livre, pois percebo a presença de Deus”

A irmã Rose Bertoldo acaba de assumir sua nova missão como secretária executiva do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A religiosa da Congregação do Imaculado Coração de Maria completou recentemente 10 anos de missão na Amazônia, da qual já se sente parte, dedicados de modo especial no enfrentamento ao abuso, exploração sexual e o tráfico de pessoas na Rede um Grito pela Vida.   A religiosa assume sua nova missão “com o coração livre, pois percebo a presença de Deus”, se colocando “numa atitude de muita abertura, escuta, como mulher que continua aprendendo”. Ela vai relatando os desafios que espera encontrar, mas ao mesmo tempo, enfrenta o futuro desde a perspectiva da sinodalidade, juntos, em comunhão, buscando “construir e solidificar processos”, desde “a capacidade de escutar, ser presença”.   Recentemente a senhora completou dez anos de missão na Amazônia. Como se sente diante deste novo serviço que o Regional Norte1 está lhe encomendando?   Celebrar os 10 anos de presença na Amazônia é reavivar a paixão, esse grande amor que tenho pela Amazônia. É também fazer memória de toda a construção coletiva feita juntos ao longo desses anos. O trabalho da Rede Um Grito pela Vida me possibilitou conhecer as nove dioceses e prelazias do Regional Norte 1 e isso me ajudou muito a conhecer os diversos territórios e muitas das realidades, todo o processo sinodal e a sinodalidade construída juntos.   Não me sinto alguém que olha a Amazônia de fora, mas alguém que já se sente parte dela.  Quando a gente é parte integrante, a gente caminha junto, constrói, sonha, aprende e reaprende no cotidiano da vida. Quando a gente mais conhece a história da Igreja da Amazônia mais a gente se apaixona por ela. As coisas não são fáceis, cada vez mais os territórios e seus povos estão sendo feridos, destruídos, a gente sente a dor dessa realidade no nosso próprio corpo, e por isso a gente se envolve cada vez mais nos processos de mudanças, pois sonha com tempos melhores.   Estar neste território sagrado é motivo de muita gratidão. Para mim, sempre foi uma opção estar na Amazônia, e depois de 10 anos também a gente vai avaliando essa presença, a gente vai percebendo o caminho realizado, e me dou conta de que neste caminho tem muita gente que trilhou comigo. Foram caminhos construídos juntos, é um caminho perpassado por muitos desafios, mas sempre cheio de esperança.   Na Congregação a gente prima muito pela itinerância de não ficar muito tempo numa comunidade, mas eu sempre tive a consciência de que para estar na Amazônia é necessário permanecer mais tempo, porque aqui o tempo tem outra dimensão. É presença, para poder adentrar, conhecer com mais profundidade essa realidade e também ser essa presença missionária junto às populações, e justo neste momento, eu recebo o convite para este novo serviço no Regional.    Posso dizer que não foi fácil decidir, porém não foi uma decisão individual. Rezei muito, conversei com minha comunidade e depois conversei com minha provincial. Por isso não assumo sozinha, assumo como uma presença Congregacional nesse território da Amazônia. E hoje também não entendemos os serviços como uma responsabilidade individual e sim tem a dimensão coletiva. Por isso conto com muita gente que contribuirá nesse caminho.   Me sinto e assumo essa missão com o coração livre, pois percebo a presença de Deus. Ele vai dando sinais na vida da gente e vai preparando a gente para a missão, basta a gente estar com o coração aberto. Me coloco numa atitude de muita abertura, escuta, como mulher que continua aprendendo e se desafia a continuar na tessitura da grande rede do cuidado da vida, da pastoral no nosso Regional.   Quais os desafios que enfrenta diante da nova missão? O Regional Norte 1 tem uma história de construção coletiva, o secretário tem a missão de articular os serviços no território do Regional. Por isso, o primeiro desafio é conhecer cada pastoral, serviço, me apropriar dos trabalhos de cada grupo, para poder contribuir no fortalecimento das pastorais que existem no Regional, bem como os organismos, redes e caminhar juntos, construindo pontes, tecendo caminhos coletivos. Também ser uma presença junto às dioceses, prelazias, acompanhando os trabalhos dos coordenadores e coordenadoras, dos bispos, dentro do possível. Se trata de dar continuidade de todo o processo sinodal, uma experiência vivenciada com profundidade no Regional, construída por muitas mãos. Contribuir para que as dioceses e prelazias deem vida ao Documento Final do Sínodo e a Querida Amazônia, e sejam base para a realização dos planos de pastoral. Como secretária executiva do Regional Norte1, quero continuar sendo presença enquanto Rede Um Grito pela Vida, ampliando a articulação nas dioceses e prelazias. Junto com isso conhecer toda dinâmica da CNBB Nacional mais de perto. E por fim neste processo de construção de novos caminhos, dinamizar a implementação das Diretrizes do Regional Norte 1, que a partir das Diretrizes Gerais da CNBB, foram construídas a muitas mãos e tem um rosto próprio no coração da Amazônia. Uma das funções do secretariado executivo do Regional é a articulação pastoral, marcada nos últimos anos pela sinodalidade. A senhora foi auditora no Sínodo para a Amazônia, como continuar avançando no caminho sinodal no Regional Norte1? As sementes de todo processo sinodal construído juntos estão vivas, estão guardadas na terra – coração, nos mais diversos cantos e recantos dessa Pan-Amazônia. No tempo certo vão germinando e aos poucos se tornando árvores, dando seus frutos e abrigando muitos sonhos que ao longo do tempo vão se tornando realidade nos diversos territórios. É preciso respeitar os tempos que são diferentes para cada realidade, para cada povo, nas diferentes culturas, mas nunca sufocar as sementes e impedir seu processo de germinação. Assumo o compromisso de cuidar para que no tempo certo possam germinar, diria, continuarei cultivando terrenos e ajudando nos processos. A sinodalidade é uma opção do Regional Norte1 e o caminho percorrido pelo mesmo. Todas as Assembleias do Regional foram marcadas…
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Reconhecer os direitos das mulheres, uma luta que não pode ser ignorada

Nesta semana em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher somos desafiados a refletir, cada um de nós, mas também como sociedade, sobre como a gente vê às mulheres. Ninguém pode esquecer que essa data surgiu a partir de um momento de luta por direitos, uma luta que, por outro lado, ainda continua. Devemos reconhecer que os direitos das mulheres em muitos países, também no Brasil, ainda não são garantidos. Nascer mulher é ser condenada desde o início da vida a viver com menos direitos, a ser marginalizada por uma sociedade que as inferioriza, que as coloca em um plano inferior. Como a gente reage diante dessa inferioridade? O que a gente faz, seja homem ou mulher, para combater essa injustiça instalada secularmente no meio de nós? Quais passos devem ser dados para que aquilo que aparece no papel, na lei, direitos iguais para homens e mulheres, seja vivenciado na prática, na vida cotidiana? As atitudes machistas estão presentes em muitos de nós, inclusive em muitas mulheres, que toleram situações machistas e inclusive apoiam, ou simplesmente se calam diante de injustiças com as que se deparam a cada momento. São situações que em muitos casos são assumidas como normais, quando de fato não deveriam ser vistas assim, pois na medida em que elas se perpetuam, a injustiça continua presente no meio de nós. Todos deveríamos colocar em nossa cabeça, mas também em nossa vida prática, que ser mulher não inferioriza ninguém, que o sexo feminino não faz ninguém menor, mais limitado. Ter capacidades diferentes entre homens e mulheres é algo que complementa, que enriquece, que nos faz ter visões que ajudam a crescer como sociedade, mas também como pessoas. Como Igreja também somos desafiados a descobrir o papel fundamental das mulheres nessa caminhada. Devemos reconhecer que a Igreja católica é uma Igreja de mulheres ainda “governada” por homens, que ocupam a grande maioria dos espaços de decisão. O Papa Francisco insiste constantemente em avançar nessa presença cada vez maior das mulheres nos espaços de decisão da Igreja. Aos poucos estão sendo dados passos, nem sempre tão grandes como deveriam ser dados, mas que são sinais de esperança para poder avançar em um caminho muitas vezes cheio de empecilhos. Como trazer isso para nossa realidade local, como garantir maior presença feminina nos espaços de decisão sociais e eclesiais? Como vivenciar em nossas comunidades esse protagonismo feminino que vai enriquecer a vida pessoal e comunitária de muita gente? Como ajudar no empoderamento das mulheres, também em nossa Igreja católica? Aproveitemos este tempo que estamos vivendo para avançar em uma reflexão que não pode ser adiada. É tempo de avançar na luta por direitos, por reconhecimento, por empoderamento feminino. Uma luta que é de todos, também de você, seja homem ou mulher. Não deixe passar mais uma oportunidade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 -Editorial Rádio Rio Mar