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Dia: 19 de abril de 2022

Seminário São José de Manaus: “Formar padres com consciência indígena e com rosto amazônico”

Um ano atrás, pudendo ser considerado mais um fruto do Sínodo para a Amazônia, em seu empenho em fazer realidade uma Igreja com rosto amazônico e indígena, o Seminário São José de Manaus criou o Núcleo de Reflexões Pluriétnicas “Yüü”. No “Dia dos Povos Indígenas”, como deveria ser chamado, segundo reclamam os povos originários do Brasil, aquele que pejorativamente é conhecido como “Dia do Índio”, um termo acunhado por Américo Vespucio pensando ter chegado às Índias, foi comemorado o primeiro aniversário de algo que pode ser considerado como “uma maloca espiritual”, segundo o padre Rubson Vilhena. Para o vice-reitor do Seminário São José de Manaus, o Núcleo de Reflexões Pluriétnicas é motivo de orgulho, pois ajuda a “aprofundar em nossas raízes, em nossa cultura”. É por isso que os formadores do Seminário, onde se formam os seminaristas das 9 dioceses e prelazias do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dentre eles indígenas de 8 povos, agradecem os seminaristas que participam do Núcleo, insistindo na necessidade de amazonizar a Igreja, mas não com imposições, para não cair em erros do passado no sentido contrário. Um desses seminaristas que participam do Núcleo de Reflexões Pluriétnicas é Eliomar Rezende Sarmento, do Povo Tukano, seminarista da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, na região com maior porcentagem de indígenas do Brasil.  Segundo ele, “o Núcleo de Reflexões Pluriétnicas tem o objetivo de contribuir e fortalecer a identidade indígena dentro do processo formativo e pedagógico do Seminário São José, tendo em vista essa plurietnicidade de seminaristas de várias regiões e de várias dioceses”, insistindo em que se busca “formar padres com consciência indígena e com rosto amazônico”. O Dia dos Povos Indígenas no Seminário de Manaus, impulsado pelo Núcleo de Reflexões Pluriétnicas, tem sido um momento em que puderam ser vistos alguns traços dessa Igreja com rosto indígena à qual nos chama o Papa Francisco. O uso de elementos que fazem partes dos rituais indígenas são expressões que também estão presentes no universo cristão, a fumaça como sinal de proteção, o pajé como aquele que invoca o espírito para curar as doenças, cuidar da comunidade, proteger a vida, a saúde e o trabalho. Algo que também se descobre na correlação existente entre a narração da Criação no Livro do Gênesis e a origem do mundo e da humanidade em diferentes cosmovisões indígenas. No encontro se fez presente a jovem indígena Geana Batista, mestranda em psicologia na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), que vê o 19 de abril como “momento de reflexão, de resistência, de luta”. Segundo a indígena do Povo Baniwa, “temos nossa história, nossa cultura, nossos corpos, nossos direitos violados”, relatando as dificuldades que os jovens indígenas enfrentam no contexto urbano diante da pressão, racismo e discriminação contra os povos originários no Brasil. Geana Batista é consciente que os povos indígenas “já conquistamos muitos espaços como indivíduos graças às lutas dos nossos antecessores, de lideranças indígenas”, o que a leva a reafirmar a importância das lutas para que os povos indígenas tenham respeitados os direitos garantidos pela Constituição Brasileira: educação, saúde, moradia, território. Para isso, ela destacou a necessidade da juventude indígena se tornar protagonista. No início da luta dos povos indígenas teve um papel destacado a Igreja católica, segundo Jaime Diakara, doutorando em Antropologia. O indígena do Povo Desano refletiu sobre os diferentes modos de entender a vida nas diferentes culturas, afirmando que a Universidade muitas vezes não entende o pensamento indígena. Ele insistiu na necessidade de uma luta coletiva, pois ela não pode ser individual. Nesse sentido, o movimento indígena é prejudicado pelas divisões existentes nele, colocando as dificuldades que os indígenas encontram para viver na cidade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

CEEPETH repudia a violência sexual de garimpeiros contra mulheres e crianças Yanomami

A Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou nesta segunda-feira, 18 de abril, uma nota de repúdio à violência contra o povo Yanomami. A nota, assinada pelo presidente da CEPEETH, Dom Evaristo Spengler, “vem a público expressar, veementemente, sua indignação e repúdio diante da violência sofrida pelo povo Yanomami, especialmente a invasão do garimpo ao seu território, a violência sexual contra mulheres e crianças e o completo descaso do governo”.  O relatório “Yanomami Sob Ataque: Garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo”, divulgado em 11 de abril, construído pela Hutukara Associação Yanomami, “denuncia a dramática realidade em que vivem as comunidades Yanomamis do Amazonas e de Roraima”. O garimpo “cresceu 46% nas reservas indígenas em 2021”, denuncia a nota, e também que “os números de ataques criminosos contra as comunidades Yanomamis são alarmantes e desesperadores”. A situação é tão grave, que são relatados “a violência sexual e estupros sofridos por adolescentes e mulheres yanomamis, praticados por garimpeiros invasores que desenvolvem atividades criminosas de extração de ouro”. Junto com isso as consequências da contaminação por mercúrio, “afetando a saúde dos rios e florestas e das populações que ali vivem”. Isso leva o CEPEETH a afirmar que “o povo Yanomami encontra-se ameaçado, violentado e em grande vulnerabilidade sob precárias condições de vida, fome, desnutrição e sujeitos a adquirirem doenças endêmicas, infectocontagiosas como a malária, dentre outras”. O relatório recolhe também os efeitos da Covid-19 para os povos indígenas, denunciando que “tudo isto é fruto da inoperância do Estado brasileiro, em particular do governo federal, que de forma explícita vem desenvolvendo ações para expulsar os povos e comunidades de suas terras tradicionais; concedendo sobretudo títulos de propriedade aos que se apossam de terras públicas, em especial onde se encontram os povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e áreas ambientais”. A CEPEETH, “fiel ao seu compromisso místico-profético com os clamores dos pobres e da terra”, mostra na nota sua solidariedade e compromisso às lideranças indígenas na voz de Dário Kopenawa, que exige maior compromisso do governo brasileiro para combater o garimpo diante da muita violência e vulnerabilidade que o povo Yanomami está sofrendo. Por isso, a CEPEETH “repudia e denuncia com indignação, toda forma de exploração e violência em especial, a violência sexual contra Mulheres, adolescentes e crianças”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1