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Dia: 23 de abril de 2022

50 anos do Cimi: “Novas formas de estar presentes com os povos indígenas”

No dia 23 de abril de 1972 nascia o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), uma das grandes vozes proféticas na sociedade e na Igreja em defesa dos primeiros habitantes das terras que hoje são chamadas de Brasil. 50 anos de vida e missão junto aos povos originários, marcados pelas lutas e conquistas, pela partilha de vida com os povos indígenas, secularmente marginalizados e vítimas de preconceito por parte da sociedade dominante. Para comemorar tão importante acontecimento foi realizada uma celebração online, com mais ou menos 300 participantes, junto aos povos indígenas e a todos aqueles que fizeram parte desta história de 50 anos, como amigos, aliados, companheiros de caminhada, dentre eles vários bispos. Um dia de celebrar, de festejar, a través de uma celebração dividia em dois blocos: semear e brotar. A celebração lembrou aos presentes que semear no Cimi é fazer memória dos ancestrais, buscar um novo jeito de ser Igreja que acolhe os pobres, especialmente os povos indígenas. Nessa perspectiva, celebrar o Jubileu é esperançar, uma festa que projeta para o futuro, após 50 anos de mística e espiritualidade que sustentam a caminhada, 50 anos de lutas e de convivências, desde a certeza da presença do Ressuscitado ao lado daqueles que tem caminhado com o Cimi nos seus 50 anos de caminhada. “Um dia de Graça e de celebração! Um dia de alegria e de esperança!”, segundo Dom Roque Paloschi. Uma celebração que “na verdade começou há 50 anos, quando um grupo de missionários e missionárias, leigos e leigas, bispos, religiosos e religiosas, destemidos, ousados, animados pelo Concílio Vaticano II e pela Conferência de Medellin, mas sobretudo provocados pela realidade que viviam os povos indígenas, começaram a abrir caminhos novos na Igreja, novas formas de estar presentes com os povos indígenas e de ser fiéis ao Evangelho”, afirmou o Presidente do Cimi . O bispo destacou que tem sido “uma atuação marcada pela defesa da justiça, dos direitos, da diversidade cultural, dos territórios e, de maneira particular, do protagonismo dos povos indígenas como sujeitos de sua própria história”. Uma celebração que faz reconhecer “a força e a sabedoria dos povos indígenas em sua resistência e persistência por defender a vida, por defender seus territórios e suas formas diversas de ser, suas culturas e sua profunda espiritualidade”. Dom Roque reconheceu as “tantas e tantos missionários que deram sua vida pela causa dos povos indígenas, pela Causa do Reino”, os tantos bispos que prestaram seu apoio à atuação do Cimi e a luta dos povos indígenas. Mas também fez ver que ainda há muito trabalho a ser feito, nos dias de hoje “em que os povos indígenas estão sendo permanentemente assediados em seus territórios e seus direitos sistematicamente violados e questionados”. Uma celebração no tempo pascal, que nos lembra, em palavras de Dom Roque, que “somos testemunhas de tantos crucificados em nossos dias, tantos territórios invadidos, tanta violência contra os povos indígenas, tanto preconceito e tanta política de morte”. Por isso destacou as palavras do Ressuscitado: “Não tenhais medo!”, chamando a reafirmar “nosso compromisso, pessoal e coletivo, com a vida dos povos indígenas, com a defesa de seus direitos e de seus territórios”. A defesa dos direitos, culturas e territórios dos povos indígenas é uma missão assumida pela Igreja do Brasil, lembrou Dom Walmor Oliveira de Azevedo. O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, citando Querida Amazônia destacou a importância do território para os povos indígenas. O arcebispo de Belo Horizonte enfatizou a contribuição da Igreja para mudar de rumo e mostrar à sociedade que os povos indígenas são mestres na ecologia integral. Daí chamou a entrar num caminho de conversão, insistindo em que o trabalho do Cimi precisa continuar a florescer, para com os povos indígenas aprender a viver na Casa Comum, para em união assumir a tarefa de promover a dignidade para os povos indígenas. A história do Cimi é uma história que nasceu teimosa, como nova proposta eclesial, abraçando novas realidades dos povos indígenas sem vez e sem voz. Uma caminhada de escuta, de luta por cada território e a sobrevivência de cada povo frente a um mundo hostil. Uma história de estar com, em um processo de inculturação, tendo como palavras chave: terra, cultura e direitos indígenas. Uma história construída de um processo de diálogo e de esperança dentro da Igreja católica, contra os projetos de morte contra os povos indígenas, frente às tentativas de assimilação, deles deixarem de ser indígenas, diante do fascínio pela civilização e o progresso, frente à resistência dos povos. Uma opção que trouxe perspectivas de diálogo desde o reconhecimento da diversidade presente no Brasil, frente a um modelo econômico e sócio-político, buscando uma conscientização sobre a existência e resistência dos povos indígenas, mas também a autodeterminação e protagonismo desses povos, que possibilitasse a organização e a luta, a construção de alianças e políticas públicas diferenciadas. Assim foi feita a memória dos mártires e uma lembrança dos fatos marcantes em cada uma das décadas na voz de missionários do Cimi. Tudo isso intercalado com músicas, cantos indígenas, testemunhos sobre o que é ser Cimi, palavras que emocionaram os presentes e lembraram a importância da vida encarnada ao longo de 50 anos de caminhada, algo concretizado em muitos rostos e nomes recordados ao longo da celebração, algo importante para continuar a caminhada contribuindo com a missão do Cimi, uma caminhada chamada a traspassar fronteiras territoriais e eclesiais, a seguir construindo uma pastoral indígena latino-americana, ecumênica e inter-religiosa. Uma história que tornou o Cimi uma referência para o mundo na defesa dos povos indígenas, segundo Dom Erwin Kräutler, presidente do Cimi por muitos anos. O bispo emérito do Xingu lembrou a vida entregada de tantos missionários e missionárias ao longo dos 50 anos de caminhada, daqueles que junto com os povos indígenas têm construído uma história de luta e resistência. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo ordena 8 diáconos e lhes pede: “Tornem-se homens disponíveis, serviçais”

A Arquidiocese de Manaus tem 8 novos diáconos permanentes, ordenados neste 23 de abril na Catedral Nossa Senhora da Conceição, pela imposição das mãos de Dom Leonardo Steiner, que definia a celebração como “um momento de Igreja, eles estarão ao serviço da Igreja, das comunidades”. Os novos diáconos são Agamenon de Assis Silva, Agdo Freitas Guimarães Filho, Carson Farnela Duarte, Edivaldo Pereira da Silva, Arley Oliveira Barcelar, Marcio Pedro Gomes dos Santos, Paulino Pedro da Conceição Maciel, Valtemir Livino Ribeiro. Na homilia, após acolher as esposas e comunidades às quais os novos diáconos irão servir, o Arcebispo Metropolitano de Manaus começou refletindo sobre a escolha, algo que vem do outro, já presente nos Atos dos Apóstolos, onde a primeira comunidade cristã escolhe seus diáconos. A ordenação é o último passo daqueles que foram chamados, “e hoje diante da Igreja respondem eis-me aqui”, lembrava Dom Leonardo, que vê nisso um sinal de prontidão. O Arcebispo lembrou que no Evangelho é Jesus que escolhe, reafirmando que “toda vocação é um chamado, uma escolha”, definindo a história da nossa Igreja como “uma história de chamado, sempre um chamado, uma vocação que pede uma ressonância, uma consonância”, que cada um responde na cotidianidade. Dom Leonardo insistiu em que “é o amor que escolhe, não somos nós que escolhemos”, algo que os novos diáconos já têm experimentado no Sacramento do Matrimonio. “O amor de Deus é livre, terno, cheio de misericórdia, este é o amor que chama”, destacou o Arcebispo, que insistiu em algumas atitudes necessárias: disponibilidade, abertura, prontidão, disposição, graça de servir. E junto com isso, “servidores, lavadores dos pés”. Se referindo ao Evangelho lido na celebração, Dom Leonardo disse que “o Evangelho vem a nos indicar o caminho da transformação de quem recebe o ministério diaconal”, como um serviço para estar continuamente a caminho, ir pelo mundo inteiro e a toda criatura, refletindo sobre os tantos mundos para serem percorridos para servir a Palavra, a Caridade, dentre eles “o mundo da violência, da guerra, da desfraternidade, da imoralidade, da destruição, da desavença, do desconforto, da fome, do frio”, onde o Arcebispo chamou a ser a Boa Nova, servir. Também chamou a se sentir enviados a todas as criaturas, que “hoje estão sendo destruídas, massacradas, pela ganância, pelo dinheiro que mata”, algo que se vê especialmente na nossa Amazônia. Desde a liberdade, Dom Leonardo chamou os diáconos a servir uns aos outros no amor, servindo a todos, especialmente aos pobres e descartados, a exemplo do amor de Jesus. O Arcebispo lhes pediu aos novos diáconos que “pela imposição das mãos e a invocação do Espírito Santo tornem-se homens disponíveis, serviciais, servir a todos no amor, um amor que serve, um amor serviço”. Afirmando que “somos uma Igreja constitutivamente missionária, uma Igreja constitutivamente sinodal”, o Arcebispo chamou a servir com generosidade e alegria, sem procurar as primeiras filas, a través dos diferentes serviços que fazem parte do ministério da Igreja, “tudo na fecundidade da Igreja, na fecundidade pessoal”. Daí chamou a ser humildes, a cultivar a vida familiar, a ser sinal de esperança e de conforto para as famílias em dificuldades, sentir-se felizes por estar com a família, a comunidade, a Igreja, estar próximos dos pobres e neles ver a Jesus que bate na nossa porta através deles, ser catequista, ensinador. Os novos diáconos “inserem a família na ação evangelizadora e sacramental na Igreja”, afirmou Dom Leonardo. Se dirigindo às esposas, filhos e outros familiares, o Arcebispo disse que “a família se torna força para exercer esse ministério com dignidade e alegria”, agradecendo às famílias pelo apoio à vocação dos novos diáconos, e também a todos os que os acompanharam no processo de formação, encerrando suas palavras fazendo de novo o chamado para que “disponham-se ao serviço uns dos outros através do amor”, lema escolhido pelos diáconos para sua ordenação. Lembrando esse lema, um dos diáconos, em representação de todos, definiu a ordenação como uma nova etapa em suas vidas, agradecendo a Deus que os escolheu para a missão e a todos aqueles que fizeram possível chegar neste dia, especialmente seus familiares e os párocos que os acompanham em suas áreas missionárias e paróquias.     Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1