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Dia: 23 de junho de 2022

Bispos denunciam desmonte na educação, abuso e exploração sexual de menores e destruição ambiental na Amazônia

O diálogo é caminho de comunhão, algo que ajuda a construir juntos e fazer realidade o Reino de Deus no mundo. Os bispos dos Regionais Norte1 e Noroeste da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em visita ad limina de 20 a 24 de junho de 2022, estão visitando os diferentes dicastérios, sempre em um clima fraterno, de escuta e diálogo, algo que está sendo destacado constantemente pelos bispos ao longo da semana. Nesta quinta-feira foi a vez para visitar o Dicastério para a Cultura e a Educação, a Pontifícia Comissão para a Tutela de Menores e o Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral. O Dicastério para a Cultura e a Educação valorizou muito positivamente, segundo os bispos, a Campanha da Fraternidade realizada na Quaresma deste ano. Ela complementou e divulgou o Pacto Educativo Global, uma das bandeiras do Papa Francisco. Junto com isso, foi destacado, segundo os bispos, a Comissão que a CNBB organizou para levar adiante o Pacto Educativo Global, com propostas muito contextualizadas para a realidade brasileira. Os bispos aproveitaram o encontro com o Dicastério para criticar duramente as políticas do atual governo brasileiro, que desmontou praticamente o Ministério da Educação, colocando pessoas incompetentes, envolvidas em escândalos de corrupção, com desvio de verbas, o que provocou a recente prisão do penúltimo ministro da educação, que junto com alguns pastores evangélicos desviaram e aplicaram o dinheiro para municípios governados por prefeitos com posturas próximas ao Ministério e ao próprio governo. Brasil passa por uma situação de corte de verbas destinadas à educação, algo que principalmente na Amazônia tem se sentido, chegando a vivenciar situações em que nem sequer a merenda escolar chega para as populações pobres das periferias, nem para os povos indígenas, mais uma vez excluídos pelas políticas do governo. Na Amazônia, o abuso de menores é uma realidade presente, algo que acontece muitas vezes no seio das famílias. Também a exploração sexual de crianças e adolescentes, o turismo sexual com menores, existem na região, segundo tem relatado os bispos aos membros da Comissão presentes no encontro com os Regionais Noroeste e Norte1 da CNBB. Os bispos acentuaram o trabalho da Rede um Grito pela Vida, onde principalmente a Vida Religiosa, assumiu esta causa com muita coragem, indo a fundo nas denúncias quando descobrem esses crimes relacionados com o tráfico humano e a exploração sexual de menores. Também foi mostrado a credibilidade que a Igreja da Amazônia tem, pois quando surgem esses problemas, a própria sociedade civil recorrer à Igreja. As equipes de profissionais competentes, advogados e psicólogos, eles ficam muito felizes pela iniciativa da Igreja e de seu aporte para acompanhar as pessoas que são exploradas e as famílias. Uma panorâmica geral da situação amazônica foi apresentada aos membros do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, um encontro presidido pelo cardeal Michael Czerny, alguém muito próximo dessa realidade, pois ele foi um dos secretários do Sínodo para a Amazônia. No discurso, iluminado com estatísticas detalhadas, foi mostrado o potencial que tem a região amazônica, mas também toda a destruição que está acontecendo na Amazônia em consequência da mineração, do garimpo ilegal, o agronegócio, o desmatamento. Nesse ponto também foi denunciada a atitude do governo atual, que está favorecendo e incentivando na prática toda essa destruição na Amazônia. Encerrando as celebrações nas quatro basílicas do Papa, os participantes da visita ad limina celebraram a Eucaristia na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, presidida por Mons. Roque Paloschi, que incentivou a viver a comunhão. Uma região e uma Igreja marcadas pela presença missionária, inclusive na atualidade, também entre os bispos, pois são poucos nos regionais Norte1 e Noroeste nascidos na região amazônica, encontra na figura do grande missionário da primeira Igreja a força para continuar sendo essa Igreja que se faz presente no meio dos povos da região, para se colocar ao serviço seguindo a voz de Deus, para ir por todo o mundo, por toda essa imensa Amazônia, e pregar o Evangelho. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Visitar o Papa: revigoramento na vida dos bispos e das igrejas da Amazônia

A cada cinco anos, na verdade demora mais, os bispos de todas as arquidioceses, dioceses e prelazias do mundo são chamados a visitar o Papa, um momento que é conhecido como visita ad limina. Nesta semana, de 20 a 24 de junho de 2022, os bispos dos Regionais Norte1 e Noroeste, que compreendem os estados de Amazonas, Roraima, Rondônia e Acre, estão participando desse momento. No encontro com o Papa Francisco e com os diferentes dicastérios que fazem parte da Cúria Romana, os bispos vão dialogando em vista de fazer realidade uma Igreja sinodal, uma Igreja de comunhão, participação e missão, que tem na escuta e no diálogo elementos fundamentais para sua caminhada. Os bispos tem experimentado mais uma vez o carinho que o Papa Francisco tem pela Amazônia, pelos seus povos e territórios, pelas suas igrejas particulares. A Amazônia habita no coração de um Papa que gostaria de estar nessa periferia, nesse lugar que ilumina permanentemente o caminhar da Igreja universal. Os bispos levam a Roma a vida e a caminhada de suas igrejas, mas voltam carregando o Espírito que os impulsiona a ser uma Igreja em saída missionária, que se faz presença profética no meio aos vulneráveis, que escuta o clamor da terra e dos povos, sobretudo dos mais pobres, daqueles que a sociedade descarta, pois não sabe ou não quer reconhecer neles a grande riqueza que encerram. Um Papa que acolhe os povos indígenas, recebendo com alegria o cocar que eles lhe enviaram. Os povos originários da Amazônia reconhecem no Papa Francisco um dos seus grandes defensores, um companheiro de caminho, que os escuta e valoriza suas culturas, modos de vida e cosmovisões, “um Papa parente”, que se senta na roda com os povos e os faz ver que está com eles, ao seu lado. Mesmo na cadeira de rodas, mesmo diante do desejo que alguns têm de sua renúncia, Francisco continua firme, sendo fonte de inspiração para uma Igreja que na Amazônia vive e partilha sua fé desde a interculturalidade, querendo ser enriquecida e alimentada pelos povos que a habitam. Ele convida à Igreja da região a ser ouvido atento e voz profética que denuncia, que tem lado, o lado dos pequenos e pobres, o lado dos povos originários, dos quilombolas, dos ribeirinhos, do povo das periferias geográficas e existenciais. Os bispos, guiados pela alegria do Evangelho, querem ser, em comunhão com o sucessor de Pedro, presença amorosa do Deus da Vida na Amazônia. Ao lado do Papa Francisco, de suas palavras, mas sobretudo de seus gestos e olhares, a Igreja da Amazônia se coloca como presença de Deus. Impulsionada pela força do Espírito e animada pela comunhão com o Santo Padre, vai continuar caminhando, navegando, acompanhando a vida do povo, sendo presença cotidiana. Tem encontros que transformam a vida da gente. A visita ao Papa, com certeza tem transformado e animado a vida dos bispos dos Regionais Noroeste e Norte1, mas sobretudo a vida de uma Igreja que com seus pastores se sente profundamente unida àquele que sempre pede o que muita gente faz na Amazônia: rezar por ele. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar