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Dia: 6 de setembro de 2022

Rede de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas na Tríplice Fronteira procura estratégias comuns para combater

As regiões de fronteira representam sempre um risco mais elevado para as vítimas de tráfico humano. O combate a este crime é um desafio para a Rede de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas na Tríplice Fronteira – RETP do Brasil, Peru e Colômbia. A fim de avançar neste caminho, desenvolveu um seminário, com o apoio da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e a Caritas da Diocese de Alto Solimões, com o objetivo de contextualizar e gerar estratégias para enfrentar este problema que afeta os mais vulneráveis. Realizado em Tabatinga (AM), de 2 a 4 de setembro, reuniu 65 pessoas dos três países, com 16 localidades representadas no total. Um encontro que teve como primeiro passo a partilha de conhecimentos anteriores relacionados com o tráfico, permitindo aos participantes reconhecer o problema como uma questão que afeta milhões de pessoas no mundo. Dalila Figueiredo e Graziella Rocha, membros da Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Criança e da Juventude (ASBRAD), estiveram presentes para assessorar os participantes. Após partilharem sobre a realidade do tráfico na região da Tríplice Fronteira e no mundo, os participantes tiveram a oportunidade de aprender conceitos básicos sobre esta realidade. Na apresentação destes conceitos, foi dada ênfase ao objetivo deste crime como a intenção de exploração e lucro; a intenção do traficante de deslocar a vítima entre países ou cidades com o objetivo de a destacar da sua zona de proteção, a exploração dos sonhos das vítimas, bem como o risco provocado nas pessoas pela vulnerabilidade local, como a ausência de emprego ou vulnerabilidades pessoais, como ser vítima de violência. Isto deu lugar ao trabalho em grupo, seguindo os critérios de origem geográfica, buscando reunir os casos de tráfico que ocorrem com mais frequência nas suas localidades. Com base nesta informação, cada um dos grupos dramatizou tudo isto em plenário, procurando colocar em perspectiva os casos e as formas como estes crimes ocorrem. Estas apresentações foram complementadas pela análise das assessoras do encontro, a fim de ajudar a identificar as diferentes formas de trabalho dos traficantes. Quando se tratou de abordar estratégias, foram apresentadas as diferentes legislações em cada um dos três países. Os participantes procuraram chegar a acordos, sublinhando a importância da cautela e da utilização de canais formais para a apresentação de queixas, bem como cuidar da vítima e respeitar as suas decisões e desejos. No final do seminário, cada grupo apresentou ações que se comprometeram a realizar em cada local. Um seminário que foi uma fonte de alegria, nascido do fato de ter conhecido diferentes culturas, mas também de encontrar compromissos para levar a cabo ações de prevenção e enfrentamento do tráfico humano. Foi um momento de enriquecimento pessoal, como os participantes reconheceram, mas sobretudo um momento de reforço para continuar o trabalho que a RETP iniciou.    Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Com informações de Hugo Vasquez Nazareno

Grito dos Excluídos: “Deus nos ouve, o problema é os governos nos ouvirem”

Brasil comemora neste 7 de setembro o Bicentenário da sua Independência, uma data que desde 1995 está unida ao Grito dos Excluídos, que sempre tem como tema “Vida em Primeiro Lugar”. Em 2022 o lema do 28º Grito dos Excluídos é: “Brasil: 200 anos de (In)Dependência. Para quem?”. Uma pergunta importante em um país que nunca se tornou independente, ao dizer de muitos. Ao longo desta Semana da Pátria, o Grito dos Excluídos está sendo realizado de diferentes modos. Em Manaus aconteceu no dia 5 de setembro, Dia da Amazônia, com a celebração de uma missa, presidida pelo Cardeal Leonardo Steiner, os bispos auxiliares e dezenas de padres, contando com uma boa representação do povo de Deus da Arquidiocese de Manaus, e uma passeata na rua, pedindo os direitos que lhe são negados ao povo. Um grito necessário, segundo o Cardeal Steiner, “o grito da recordação, o grito da mostração, o grito da visibilização de tantos irmãos e irmãs que são excluídos da nossa vida social. São excluídos da habitação, da casa, são excluídos da terra, são excluídos do emprego, são excluídos na justiça. São excluídos da própria sociedade em termos de religião, de fé, de educação. Quantas exclusões na saúde, na segurança”, lamentou Dom Leonardo. Uma manifestação extremamente importante segundo o padre Alcimar Araujo, em que a Igreja católica sai às ruas há 28 anos, independentemente dos governos. Um grito que neste ano é extremamente importante diante da “PEC da devastação”, que quer liberar a exploração do garimpo nas terras indígenas sem nenhum critério, segundo o vice-presidente da Caritas Arquidiocesana de Manaus.   Depois do tempo da pandemia, em que morreu tanta gente, o padre Alcimar afirmou que poder reunir as pastorais sociais e os movimentos sociais “quer dizer que nós não aceitamos essa situação”, insistindo em que é necessário que a gente deixe de ser espectador para a gente ser protagonista da nossa vida, da vida do povo”. Ele denuncia que “o custo de vida aumentou, o desemprego aumentou, a pandemia matou muita gente, e a gente percebe que se a gente ficar calado com tudo isso, é concordar com aquilo que está acontecendo”. O vice-presidente da Caritas Arquidiocesana de Manaus, afirmou que “vir aqui é muito importante para reacender a esperança dos cidadãos e cidadãs para que sempre lutem, não se calem, se organizem, façam resistência para ser ouvidos”. O padre Alcimar afirmou saber que “Deus nos ouve, o problema é os governos nos ouvirem”. Mesmo assim, ele disse que “nós queremos gritar, queremos dizer que não estamos contentes, o nosso povo está morrendo fome, nosso povo está sem direitos, nosso povo sem emprego”. Diante disso, ele finalizou afirmando que “é necessário a gente estar junto, reivindicando, gritando e lutando”. Diante de tanta exclusão, consequência da doença, da má fé, “Jesus vai convidar para que venham para o meio”, segundo Dom Leonardo. Seguindo as leituras da Missa Amazônica, o cardeal mostrou que “ele não quis deixar este homem da mão seca do lado, excluído, ele o leva para o meio, pede para estender a mão e salva a convivência”, ressaltando que “existe agora a possibilidade de uma relação nova porque veio para o meio, ele foi novamente inserido na vida da comunidade”. Refletindo sobre a sociedade atual, ele fez ver “quantas pessoas de mão seca na nossa sociedade, quanta agressão, quanta exclusão também das criaturas”. Segundo o Cardeal da Amazônia, “Jesus quer todos no meio, todos participando, todos ativos, ninguém excluído”, mostrando que é necessário salvar. Dom Leonardo disse que “o nosso grito deve ser o grito de todos aqueles que se sentem excluídos”, insistindo na necessidade de convidar para todos vir para o meio, também “os excluídos na saúde, na segurança, na educação, os excluídos de uma convivência familiar, da paz”, que tem que ter direito a participar, direito a estar no meio. Um grito que deve ser salvífico, “um grito que realmente salva, ergue, transforma”, um grito para que todas as criaturas se sintam inseridas. O Arcebispo de Manaus chamou a não cair na imoralidade da exclusão, de afastarmos as pessoas do nosso meio, de excluir as pessoas por causa da raça, da cor, da cultura, de alguém não seguir a mesma fé que nós. Finalmente, ele convidou a que o Grito dos Excluídos seja um grito redentor.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1