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Dia: 17 de setembro de 2022

Eduardo Brasileiro: Economia de Francisco y Clara, “uma resposta a partir dos territórios”

Un encontro que desperta uma grande ansiedade entre os participantes. O Encontro da Economia de Francisco que acontece em Assis de 22 a 24 de setembro, com dois anos de demora em consequência da pandemia da Covid-19, passou de ser um evento, marcado por um encontro dos jovens com o Papa Francisco, a ser um processo global, onde uma comunidade global quer se empenhar na mudança do modelo económico vigente no mundo inteiro. No Brasil, segundo relata Eduardo Brasileiro, um dos cem jovens brasileiros que participarão do encontro em Assis, a grande diferença está no fato de que junto com Francisco entrou Clara, e com ela se fez presente “a perspectiva das periferias, das mulheres, de tudo aquilo que é excluído da lógica do capitalismo”. Segundo Brasileiro, a Economia de Francisco e Clara se tornou no país um movimento social, um espaço de denúncia, um lugar onde fazer propostas de uma outra organização do Estado, onde se fazem presentes políticas públicas, dinâmicas culturais, fazendo aparecer expressões que hoje são apagadas. Um Encontro que é uma oportunidade para conhecer as experiencias de resistência em outros países, em outros continentes, em outras realidades culturais, descobrindo outros modelos alternativos de desenvolvimento, afirma Eduardo Brasileiro. Ele insiste em que “neste evento não há desejo de conversar com os grandes líderes globais, que se sentem numa mesa e negociem com os jovens”. O representante do Brasil, insiste em que “há uma maturidade política, uma habilidade política de quem está construindo a Economia de Francisco y Clara que é perceber que são os territórios, se empoderando sobre processos cada vez mais de democracia económica, de organização popular, que geram um processo de transformação”. Eduardo Brasileiro insiste em que a Economia de Francisco y Clara, “ela não deve ser uma resposta para o mundo única, mas ela tem sua resposta a partir dos territórios”. Isso o leva a afirmar a necessidade de entender a Economia de Francisco e Clara como “uma expressão a partir dos territórios e não como uma plataforma que pega um documento para debater com políticos ou empresários”, e sim como “um processo de retomada das experiências territoriais”. No caso do Brasil, se busca que o Estado se torne “o grande propulsor de uma retomada ecológica, de construção de políticas públicas, de investimento em renda e trabalho, um Estado que se volta ao território como um potencializador de políticas públicas, de desenvolvimento territorial”. Uma expressão disso é a economia solidária, “que gera renda, trabalho cooperado, superação da fome a través da agroecologia”, mas também os bancos comunitários, o orçamento participativo, que leve a “discutir para onde está indo o orçamento do povo”. O grande parceiro da Economia de Francisco e Clara é, segundo Eduardo Brasileiro, o Pacto Educativo Global, que leve a discutir dentro das escolas, dos espaços de educação global e comunitária, nas comunidades eclesiais, ajudando a “perceber o território como lugar de potencialidades, não como lugar de ausências”, e com isso a “uma retomada do comunitário”. Frente à postura de Margaret Thatcher na década de 80, quando ela dizia que “não existe sociedade”, potenciando o auge do neoliberalismo no mundo, Eduardo Brasileiro ressalta as palavras do Papa Francisco na Evangelii Gaudium, onde diz: “não deixem que os roubem a comunidade”, apontando que “o caminho de construção de um novo pacto social, ecológico, económico, educativo, ele passa por uma experiência comunitária de economia para os bens comuns, de economias para os territórios, para o desenvolvimento sustentável, para uma nova arquitetura económica”. O atual cânone económico, onde economia é ausência de dinheiro, onde tudo é construído desde a escassez, é o que provoca segundo Brasileiro, posturas que não vem futuro para a atual sociedade. Tudo isso em consequência de um modelo de extração, de corporações que expoliam os recursos dos países. A alternativa é “realmar a economia, colocá-la no centro da vida da pessoa e de todos os outros ecossistemas, olhar para os territórios com maior criatividade”. Uma Economia impulsada pelo Papa Francisco, considerado pelos jovens como “a maior autoridade política viva com preocupação pelos caminhos da humanidade. Ele é o que mais consegue vociferar, aglutinar forças denunciando esse modelo de morte, seja com a migração, seja contra as guerras, seja apontando a insensatez do mercado, do modelo climático, das políticas públicas”. A presença do Papa Francisco no encontro, “ele já nos compromete ao modelo que priorize uma economia comprometida com processos de vida”, ressaltando que ele consegue promover uma escuta favorável da parte do mundo, uma atitude assumida pela Igreja do Brasil, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, pelas pastorais, que tem aberto muitos espaços para a Economia de Francisco y Clara. Eduardo Brasileiro faz um chamado a “resgatar um catolicismo de compromisso com a profecia, com os mais pobres, a não perder de vista os pobres e a Mãe Terra”. Um Papa que compromete a continuar, pois a Economia de Francisco e Clara tem o compromisso de gerar uma geração de jovens provocada pelos apelos que estão surgindo, gerando uma juventude comprometida com a transformação global, ressalta Eduardo Brasileiro. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Michele Silva: “Muitas vezes nós até nos sentimos minoria fazendo o bem”

Um convite “a entrarmos na dinâmica da construção de uma nova sociedade, pautada na justiça e no bem comum”, é o chamado da Liturgia da Palavra neste 25º Domingo do Tempo Comum, segundo a Ir. Michele Silva. Comentando a parábola do administrador que aparece no Evangelho de Lucas, a religiosa afirma que “altera os números, que rouba em seu próprio benefício e essa atitude ainda é elogiada pelo seu senhor”. Ela reflete sobre “com quantas situações nós nos deparamos, com realidades em que as pessoas cometem fraudes, enganam e ainda são elogiadas pelos seus atos”, lembrando a frase do Evangelho que diz: “os filhos das trevas são mais espertos e inteligentes dos que os filhos da luz”. Segundo a Ir. Michele, “muitas vezes nós até nos sentimos minoria fazendo o bem, lutando pela justiça, querendo o bem comum, mas esse é o ensinamento que Jesus nos deu, quem é fiel nas pequenas coisas, também é fiel nas grandes”. Diante disso, ela enfatiza que “nós não podemos nos esquecer a profecia, a luta pela justiça!” No Salmo, a religiosa destaca que “o salmista louva o Senhor que cuida, que ama os pobres”, afirmando que “como cristãs e cristãos, essa deve ser a nossa opção de vida, lutar pela justiça, e por aqueles que são mais vulneráveis”.   Em relação com a realidade social atual, a Ir. Michele denuncia “quantas pessoas estão vivendo na miséria, passando fome, são violentadas, enquanto nós presenciamos cenas de desgoverno, que não valorizam a vida. Nós não podemos ficar indiferentes diante destas realidades, como mulheres, como homens cristãos e cristãs, temos que lutar pela justiça, pelo bem comum, e criar uma mentalidade mais crítica diante da realidade”.  Junto com isso, ela insiste em que “nós não podemos ser indiferentes ao que acontece ao nosso redor, inclusive na dimensão da política, temos que ter posicionamento, lutar pela justiça e pelo bem comum”. Algo que nasce da Palavra de Deus, pois “e Evangelho nos provoca a uma ação diferente, e esse deve ser o nosso gesto concreto neste tempo em que vivemos, nessa realidade. Nós não podemos deixar de denunciar e anunciar o Reino de Deus, o reino da justiça, da igualdade, da sororidade e do amor, onde todos e todas tenham os mesmos direitos e igualdade”, enfatiza a religiosa. A Ir. Michele ressalta que “nenhuma pessoa que faz gestos de corrupção pode achar que é melhor do que os outros, ou que pode se beneficiar por um tempo, mas a justiça sempre prevalece”. Segundo ela, “esse deve ser o nosso ideal como cristãs, como pessoas que pensam diferente e que lutam por uma nova sociedade”.  Finalmente, a religiosa convida na próxima semana, que “nós possamos nos sentir iluminadas e fortalecidas por esta palavra e também possamos transformar a vida que clama ao nosso redor”. Para isso deseja “a todas e todos que tenham uma abençoada semana e que possamos levar a Palavra de Deus para transformar os corações e as mentes, especialmente daqueles que não querem se abrir para um novo caminho da justiça”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1