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Dia: 23 de setembro de 2022

Faculdade Católica do Amazonas: “Dar continuidade a esses passos tão profundos marcados na história da nossa Querida Amazônia”

A preocupação tanto com a formação inicial como com a formação permanente dos presbíteros está presente na Igreja da Amazônia. O Papa Francisco na exortação apostólica pós-sinodal “Querida Amazônia” faz um chamado a “rever a fundo a estrutura e o conteúdo, de modo que adquiram as atitudes e capacidades necessárias para dialogar com as culturas amazónicas”, insistindo em que “esta formação deve ser eminentemente pastoral e favorecer o crescimento da misericórdia sacerdotal”. Uma proposta que também aparece no Documento Final do Sínodo para a Amazônia quando fala de itinerários de formação inculturada. Um itinerário formativo espiritual que “deve ser uma escola comunitária de fraternidade, experiencial, espiritual, pastoral e doutrinal, em contato com a realidade das pessoas, em harmonia com a cultura e a religiosidade locais, próxima aos pobres”. Por isso, a Assembleia Sinodal propõe “um plano de formação que responda aos desafios das Igrejas locais e a realidade amazônica”. São elementos que se fazem presentes na Faculdade Católica do Amazonas, apresentada neste 23 de setembro com a presença dos bispos do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, e de autoridades da sociedade e da Igreja católica no Amazonas. Uma sociedade que reconhece o papel da Igreja na educação do povo do Amazonas, segundo mostrou o Dr. Aristóteles Alencar, presidente da Academia Amazonense de Letras, que fez uma resenha da educação católica no Amazonas, uma oportunidade para revisar a história da Igreja da Amazônia, definindo a nova faculdade como o coroamento de um trabalho centenário. A ideia da Faculdade Católica do Amazonas surgiu um ano atrás, no dia 23 de setembro de 2021, durante a 16ª Assembleia da Associação Amazônica para Pesquisa e Educação Cristã (AAPEC). No último ano foi realizado um amplo trabalho, que Dom Edson Damian, presidente do Regional Norte1, agradeceu em nome dos bispos. Um trabalho que teve a participação do padre Ricardo Castro, Diretor da nova faculdade, que considera um kairós, expressão de “novos tempos de mulheres e homens de corações renovados, decolonizados, para novas possibilidades na Amazônia”. Ele afirmou que “nós vislumbramos como Faculdade tempos amazônicos”, lembrando que carregam “as responsabilidades de uma longa tradição histórica, a memória da Igreja missionária nesse chão, nessa realidade, memória de nossos povos, povos indígenas, povos ribeirinhos, povos quilombolas”, mas também a memória dos mártires e sábios do campo académico e das culturas da Amazônia, buscando “o cuidado pela vida, o cuidado e realização da nossa missão”. Para isso pediu que o Cristo que aponta para a Amazônia, em palavras de Paulo VI, ele “ilumine nossas mentes, nossas ações e nossos caminhos educativos”. E junto Ele, a Mãe da Amazônia, que seja companheira e mestra de labutas para “nos tornarmos cada vez mais amazônidas”. O cardeal Steiner, que disse ter saudade do seu tempo de professor, começou afirmando que “somos seres pensantes, só o ser humano pensa”, algo que obriga “a nos responsabilizar pelo nosso existir”, fazendo com isso uma referência ao lema da Faculdade Católica do Amazonas: “Vida e Verdade”. O Arcebispo de Manaus fez ver a responsabilidade de pensar, meditar, a vida que nos é dada, algo que se faz a partir do Mistério da Encarnação. Se referindo ao pensamento do Papa Francisco em Querida Amazônia, o cardeal fez um chamado à responsabilidade de “ler a realidade em sua totalidade”, em uma hermenêutica da totalidade, uma missão que deve ser assumida pela Teologia. Tudo isso em vista de buscar a verdade do existir do humano, em meio da violência, da pobreza, de tantos conflitos, neste vale de lágrimas, ressaltando que “quando encontramos a verdade no existir, se eleva a esperança”. Uma faculdade pretenciosa, segundo Dom Leonardo, que deseja “pensar a vida e a verdade, mas a partir de um Deus Encarnado”. Uma faculdade dentro de uma trajetória eclesial, em que “a Igreja foi sempre de novo tentando evangelizar, missionar, pensar a sua ação evangelizadora, como pensar o ser humano, como pensar as comunidades, como estar presente e o fez de maneiras tão diversas, mas procurou fazer também com a academia”. Uma faculdade que o cardeal não vê como ponto de chegada e sim um “dar continuidade a esses passos tão profundos marcados na história da nossa Querida Amazônia”. Uma Faculdade que Dom Leonardo quer “nos ajude a pensar”, insistindo em que “ela está ao serviço das nossas igrejas”, mas também da sociedade, agradecendo o diálogo sempre presente entre a sociedade, o mundo académico e a Igreja no Amazonas, um diálogo necessário para que “possamos pensar como é esse Deus que parece ausente no tempo da ciência e da técnica”. A partir daí descobrir a presença do Verbo Encarnado e “como Faculdade ajudarmos a construir uma sociedade mais justa, cada vez mais fraterna, uma sociedade que sai a cuidar de se mesma, uma sociedade saudável, onde ninguém se sente descartado, violentado, desprezado”. Uma Faculdade que seja “expressão da familiaridade de nosso povo”, que se faz presente na solidariedade e receptividade do povo, que faz a quem chega se sentir em casa. Tudo isso tendo presente que pensar a educação é pensar nas futuras gerações e no futuro da humanidade, é algo profundamente arraigado na esperança e exige generosidade e coragem.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Regional Norte1 encerra 49º Assembleia com propostas sobre Ministerialidade, povos indígenas e juventude

Uma Assembleia de muita escuta, uma atitude cada vez mais presente na Igreja. A 49ª Assembleia Regional Norte1, realizada de 19 a 22 de setembro na Maromba de Manaus, tem sido momento para que os participantes possam partilhar a vida das igrejas particulares, das pastorais e movimentos, e juntos construir os elementos que possam ajudar na caminhada das igrejas locais, que não podemos esquecer são “os grandes agentes de concretização das Diretrizes regionais”, segundo enfatizou o padre Zenildo Lima. Uma Assembleia sem vaidade, atitude sobre a que refletiu Dom Giuliano Frigenni, â luz das leituras da Liturgia do último dia do encontro. Segundo o Bispo de Parintins, “a vida sem Cristo se torna uma vaidade”, chamando a ficar atento diante dos ídolos, das ideologias, das construções ideológicas. Frente a isso, ele convidou a fazer memória, a reconhecer Jesus presente em toda realidade, insistindo em que “nada é vaidade para nós, tudo é encontro com Ele”. Uma Assembleia que Dom Edson Damian, Bispo de São Gabriel da Cachoeira e Presidente do Regional Norte1 definiu no momento de clausura como “um tempo de sinodalidade, de comunhão“. Desde a realidade sociopolítica, eclesial e pastoral, os participantes da 49 Assembleia Regional Norte1 refletiram sobre o papel da Igreja diante da situação atual. Uma reflexão que não pode ser esquecido, tinha como ponto de partida o tema do encontro: “Santarém – encarnação na realidade e evangelização libertadora: caminho de Comunhão, Participação e Missão. Em relação à Dinamização da Ministerialidade, uma reflexão presente na Igreja universal, mas sobretudo na Igreja da Amazônia, foram propostas algumas ações, como é “um ministério conferido pelo bispo aos cristãos leigos e leigas, com mandato oficial e reconhecimento nas instâncias locais”, que exerceria, como de fato acontece em muitas comunidades nas igrejas locais do Regional Norte1, os serviços da Celebração da Palavra, o serviço à Eucaristia, introduzir os irmãos e irmãs na fé, administrar o Batismo, testemunha qualificada do Matrimônio, responder oficialmente pela comunidade, e ainda outras atribuições de acordo com a realidade da comunidade. Nesse sentido, foi destacado a importância da figura do Catequista nas comunidades ribeirinhas e das lideranças indígenas. Também o protagonismo exercido por mulheres, garantindo-lhes participação em instâncias de decisão. Deve ser procurar o reconhecimento dos serviços e a real diaconia do grande número de mulheres que hoje dirigem comunidades na Amazónia e procurar consolidá-los com um ministério adequado de mulheres dirigentes de comunidade, colocou a Assembleia. Junto com isso, outros ministérios, como o Ministério do Missionário e Missionária; do Cuidador da Casa Comum; a solicitação à Santa Sé a Ordenação Presbiteral daqueles que já exercem o diaconato permanente de modo frutífero, um pedido do Documento Final do Sínodo para a Amazônia; a valorização e envolvimento nas ações de evangelização dos presbíteros que deixaram o exercício do ministério e constituíram família; implementar o Ministério do Catequista instituído pelo Papa, bem como o Leitorato e Acolitato conferido às mulheres. Tudo isso valorizando os ministérios que surgem das comunidades, não ministérios que são impostos desde fora. Ver o que a comunidade necessita, o que ela está pedindo. Para fazer isso realidade, as igrejas particulares são desafiadas a estar atentas às demandas das comunidades eclesiais e assim reconhecer pessoas aptas para novos ministérios, marcando linhas para um processo de formação de ministros. O Regional também tem sido chamado a dar passos, com a realização de um Seminário Regional sobre Ministérios a partir de lideranças locais, avançar no diaconato permanente conferido às mulheres, um pedido do Documento de Santarém 2022, criando um grupo de estudos sobre a questão reunindo mulheres que pensam a partir da Amazônia. O Regional Norte1 tem entre suas prioridades a opção preferencial pelos povos indígenas, com suas culturas, identidades e histórias, apoiando o trabalho do Conselho Indigenista Missionário e das organizações indígenas da sociedade civil, o que tem levado à Assembleia a propor a ampliação da Pastoral Indigenista, apoiar as populações indígenas a partir de suas próprias indicações, com uma atitude de escuta, a fomentar e formar grupos de lideranças locais para proteção de territórios, e também incentivar a sustentabilidade dos povos a partir das perspectivas de economia solidária – Economia de Francisco e Clara. Os indígenas presentes na Assembleia partilharam a realidade dos povos originários, suas lutas, o trabalho da Igreja, dos missionários, mas também dos catequistas locais. Eles insistiram na necessidade de escutar os indígenas, de inseri-los nos processos. Também denunciaram o garimpo, as madeireiras, a pesca predatória, o álcool, as drogas, relatando situações de jovens indígenas que tomam gasolina, a falta de políticas públicas para que o povo tenha um sonho na frente. Um elemento destacado foi a necessidade de formação política nas comunidades indígenas, e junto com isso fazer alguma coisa para que o povo possa se empoderar. Áreas indígenas onde o trabalho evangelizador é muitas vezes conduzido pelos leigos, que se tornam referentes na vida das comunidades acompanhadas por eles. Isso demanda apoio para criar lideranças que assumam o trabalho de evangelização em cada uma das comunidades. Para isso, algumas dioceses criaram escolas de formação, uma ajuda na evangelização dos catequistas nas áreas mais distantes. Do mesmo modo ser presença junto aos quilombolas, ribeirinhos, pescadores artesanais, seringueiros e demais povos e comunidades tradicionais, para defenderem suas terras, territórios, águas, mediante o fortalecimento da Comissão Pastoral da Terra, do Conselho Pastoral dos Pescadores, da Pastoral dos Afro-brasileira. Trata-se de valorizar e apoiar ações comunitárias e territoriais em torno de práticas sustentáveis na agricultura familiar e do intercâmbio intercultural de saberes e conhecimentos tradicionais. Do mesmo modo, visando combater a violência cada vez mais presente nos rios, que dificulta a vida do povo e o trabalho missionário, instigar Políticas Públicas e uma Audiência Pública sobre a violência perpetrada pelos piratas nos rios. Em relação com a juventude foi colocado a necessidade de retomar um caminho de aproximação dos jovens, refazendo por eles uma opção preferencial, promovendo seu acompanhamento em todos os contextos e em suas diversas expressões: formando líderes, incentivando o protagonismo, estimulando o voluntariado, reforçando a catequese, desafiando os jovens à missionariedade,…
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