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Dia: 23 de outubro de 2022

Em Assembleia Sinodal, a Igreja de Manaus toma decisões “que vão ao encontro dos principais desafios da evangelização”

Agora é tempo de ser Igreja, caminhar juntos, participar. A letra dessa música tão presente na liturgia da Igreja no Brasil mostra que agora é tempo da Arquidiocese de Manaus continuar uma caminhada que vem de longe, com muitos momentos em que a comunhão já se fez presente. Uma caminhada enriquecida na Assembleia Sinodal Arquidiocesana, que ninguém pode esquecer começou em março de 2021 e foi recolhendo a vida do povo de Deus que vivencia sua fé na Igreja local de Manaus. Uma Assembleia que é motivo de satisfação e gratidão para o Cardeal Leonardo Steiner, grato àqueles que se reuniram de 21 a 23 de outubro de 2022, mas também à comissão que ajudou e trabalhou bastante, “tudo por amor à nossa Igreja”, para fazer realidade todo o processo sinodal vivenciado. Seu Arcebispo é consciente de que “a Arquidiocese de Manaus sempre teve uma vivência missionária, mas era necessário que todas as comunidades intentáramos ter algumas diretrizes ou linhas de ação”. Segundo Dom Leonardo o realizado na Assembleia Sinodal Arquidiocesana “não se trata de um Plano de Pastoral, que discutiremos na próxima Assembleia de Pastoral Arquidiocesana”, onde espera que “nós consigamos dar continuidade a esse mesmo modo de ser Igreja”. Uma Assembleia que refletiu sobre temas fundamentais na vivência da fé na Arquidiocese de Manaus, na Amazônia e na Igreja Universal: Missionariedade, Ministerialidade, Formação, Serviço à Vida, Ecologia Integral e Cuidado da Casa Comum, Solidariedade e Autossustentação, Comunicação, que tem ajudado na busca de caminhos e pistas de ação para tornar tudo isso uma realidade e que será concretizado nos próximos dias. No processo sinodal vivenciado na Arquidiocese de Manaus houve, segundo o Arcebispo, “um espírito que devagar foi perpassando e tem ajudado a nossa Igreja a ser cada vez mais uma presença consoladora, uma Igreja com presença samaritana, uma Igreja que deseja anunciar e ser a presença do Reino de Deus”. Um processo que faz com que a Igreja de Manaus possa dizer que tem “algo que nos ajuda a ver que as comunidades estão precisando disso”.  Mesmo consciente do muito trabalho pela frente, Dom Leonardo ressalta que “também existe muita disposição e muita disponibilidade por parte de todos”. Dando passos lentos, que com o tempo fara com que possa “se levar a efeito o que acabamos de acordar”. Uma Assembleia Sinodal que o Padre Geraldo Bendaham vê como “concretização do pedido do Papa Francisco, que pede que a Igreja faça realmente esse grande exercício de sinodalidade, de escuta”. Segundo o Coordenador de Pastoral Arquidiocesano, “com a participação de todos chegamos a algumas deliberações, que foram iluminadas pelo Espírito Santo. Discernimos e depois tomamos as decisões, que vão ao encontro dos principais desafios da evangelização da Igreja de Manaus”. Na linha de pensamento do Arcebispo, o Padre Bendaham enfatiza que “são passos que nós estamos dando, nada acontece de uma vez, porque não é uma decisão monocrática, não é uma decisão de uma organização, mas é a Igreja que é Mistério, Corpo de Cristo, Luz que vai marcando com a sua presença no meio da sociedade, sendo Reino de Deus. Passo a passo, pouco a pouco, com a graça de Deus e com a colaboração de tantos membros da Igreja, com o apoio dos bispos, vai se concretizando a sinodalidade na Igreja”. Um exemplo que ele espera “que sirva também para toda a Igreja universal e muitos possam se animar a acreditar que é possível caminhar juntos”. Um sentimento presente nos participantes da Assembleia, que segundo a Ir. Maria Irene Tondin, esperam “que nós como agentes das pastorais, a Vida Religiosa, sacerdotes, todo o pessoal participante da Assembleia, levamos para nossa reflexão, vivência e partilha nos nossos locais de atuação e trabalho”. Tudo isso, “com muita eficácia, com muito respeito, com muito cuidado, naquilo que juntos e juntas, a gente pode refletir, estudar e levar para a vida o que nós aprendemos, o que nos estudamos, o que nós escutamos, o que nós vivenciamos aqui nesta Assembleia Sinodal”. Uma Assembleia Sinodal que “é uma esperança muito grande de nós vivenciarmos e caminhar junto com o povo em todas as nossas territorialidades de missão aqui em Manaus”, afirmou Maria Rosália Consentine Gaspar. A membro da Comissão organizadora, diz ter “a esperança de que nós vamos a dar um grande passo na questão da evangelização e da missão da Igreja de Manaus junto com todo o povo cristão, reunido num só esperança”. Uma Igreja que tem uma caminhada, segundo o Padre Wolney Mourão. O Pároco da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora no Alvorada I, afirma que “as Assembleias de Pastoral Arquidiocesanas, já era uma caminhada sinodal, mas hoje nós percebemos que nossa Igreja, ela tem uma visão muito clara de uma Igreja que é enraizada no Evangelho encarnado na realidade amazônica, um Evangelho que nos leva a proteger a vida, a casa comum”. Uma Igreja que olhando para o futuro, “caminhará cada vez mais num processo profético de construção de vida, humanizando e trazendo cada vez mais Jesus próximo a toda a população amazônica com vida digna para todos”, enfatizou o Padre Wolney. Uma Assembleia que no campo da comunicação, “o principal é que a gente aprenda a caminhar tendo como base o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil”, segundo Adriana Ribeiro. Como membro das Pastoral da Comunicação Arquidiocesana, ela destaca que “se nós conseguirmos fazer isso, não só a Arquidiocese de Manaus vai fazer um bom trabalho, como isso tem repercussão em todo o Regional Norte1 da CNBB”. Uma Igreja próxima das questões indígenas, que já deu importantes passos com a Querida Amazônia, segundo o seminarista Michel Carlos da Silva. Ele, que é membro da Pastoral Indigenista Arquidiocesana, vê que “a Assembleia Sinodal da Arquidiocese de Manaus é de fato trazer esses sonhos que estão na Querida Amazônia para a realidade, a encarnação desses sonhos”. O seminarista reconhece que “dentro da pauta indígena nós demos passos importantes dentro da Arquidiocese de Manaus e a perspectiva é cada vez mais dar passos na encarnação dos sonhos do Papa Francisco…
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Dom Leonardo: “Nesse tempo de eleições percebemos quanto falta de humildade, de respeito, de mansidão, de escuta”

Dois homens sobem ao Templo para rezar: “um o bom, o correto, o certo; o outro o pecador, o cobrador, o coletador de impostos. Duas vidas, dois modos de vida, dois modos de prece. Dois modos de apresentar-se diante de Deus”, afirma Dom Leonardo Steiner comentando as leituras do 30º Domingo do Tempo Comum. O Arcebispo de Manaus afirma que “um o homem da lei-norma, aquele o certo, que vive corretamente; aquele que faz o que a Lei pede e prevê. O fariseu, o bom, o cumpridor da Lei de Moisés. Aquele que está quase acima do bem e do mal”. O cardeal lembra as palavras desse homem bom: “Eu não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos. Eu jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de toda a minha renda”. Segundo Dom Leonardo Steiner, “a reza é autossuficiente, o elogio de si mesmo para si mesmo. Não apenas sobe para o templo, ele sobe e se põe acima dos outros homens: dos ladrões, dos desonestos, dos adúlteros. Ele sobe e olha de cima para baixo e vê e julga os outros: são ladrões, desonestos, adúlteros. Ele sobe tanto e se põe acima e despreza o outro; o outro não passa de cobrador de impostos, desprezível”. Alguém que sobe nas próprias virtudes: “Eu jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de toda a minha renda”. Em palavras do Cardeal da Amazônia, “Ele é um homem íntegro, fiel, cumpridor da Lei, um exemplo a ser seguido. Ele basta a si mesmo, ele se tem a si mesmo. Ele chega subir no próprio conceito de si mesmo. Ele está acima do bem e do mal. Ele é o templo, a casa para onde ele sobe para render graças por tudo aquilo que ele é e faz. A sua prece é um autoelogio, uma auto incensação. Mas, a sua prece não sobe, rasteja pela terra, como fumaça em dia de chuva. A sua prece perdeu a suavidade: é sem brisa, sem leveza, sem asas. Ela não sobe, não toca a Misericórdia!”. “Os pecadores e necessitados de misericórdia são como o outro que era um cobrador de impostos”, destaca Dom Leonardo. Ele volta o olhar para “aquele que está a serviço do estrangeiro. O cobrador de impostos, aquele que se preocupa pouco com a Lei. Ele não é o justo nem o ajustado. Ele não tem nada para apresentar a seu Senhor e Deus a não ser a sua fraqueza e miséria”. “Quase tímido e temeroso permanece à entrada do templo. Não se atreve a erguer os olhos, apenas bate no peito e murmura: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador’”, afirma o Arcebispo de Manaus em relação com alguém de quem diz: “Pobre o homem que nem sequer eleva seu olhar; pobre o homem que não entra na casa de seu Senhor e Deus”. “No entanto, contemplando o cobrador de impostos ali parado, olhos por terra, batendo no seu peito, balbuciando, não percebemos nele timidez, nem altivez; nem mesmo vergonha, muito menos medo”, segundo o purpurado. Falando do publicano, ele o vê como aquele que “a sua condição é sem soberba, sem orgulho. Ele ali parado, sem movimento, num recolhimento, parece necessitado; é isso: tão contrito. Ele parece ali tão inteiro, tão verdadeiro, tão… sim, tão livre à entrada do templo. Ele é como os outros homens: ‘ladrões, desonestos, adúlteros, ele é o cobrador de impostos’. Ele não jejua ‘duas vezes por semana e não dá o dízimo de toda a minha renda’. Ele é o outro, não é aquele que a Escritura ensina que deveria ser. Ele é apenas ‘o cobrador de impostos’”. No cobrador de impostos “nada é aparência, tudo é transparência, pura transcendência”. Segundo Dom Leonardo, “esse homem ali tão reverente, tão penitente, é apenas pedinte. E, assim, pedinte e penitente, no recôndito de sua alma eleva a súplica: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!’ Uma contrição sem aflição, humilde, sem ser humilhado”.   O Arcebispo de Manaus insiste em que “não veio justificar, não veio barganhar, apenas suplicar. Não veio comparar, não veio demonstrar, apenas se apiedar. Sem aparência, na pura transparência contrita, reverente, livre prostrada, cuidada, recolhida na terra deserta de sua fraqueza, implora compaixão”. Daí que o cardeal ressalta que “quando se busca a misericórdia no amor, o suplicante na prece não se aproxima, permanece contrito na distância, à soleira. O necessitado de misericórdia, o tocado pela misericórdia, o atraído pela misericórdia ao suplicar recolhe os olhos, bate no peito, deixa entrever a nudez e a fragilidade”. Nessas pessoas estamos diante de alguém em quem “tudo é transparência de uma existência que se vê e se assume como traidora, como pecadora, como devedora. Devedora, pecadora, traidora quando tomado pela desmedida da misericórdia de Deus”, segundo o Arcebispo de Manaus. Um Deus que é a Misericórdia, “jamais despreza a súplica do órfão, nem da viúva, quando desabafa suas mágoas”. Dom Leonardo afirma que “da desmedida amorosa e misericordiosa do Senhor que vela e cuida do órfão e da viúva, a desmedida que habita e é o templo, deixam vir à luz o recato e o pudor. O recato e o pudor, que despertam a reverência da distância e o recolher os olhos que não atrevem a tocar o céu. O recato e pudor de uma vida percebida na quase inutilidade a bater no peito e clamar: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!’”. Recordando as palavras do Livro do Eclesiástico que fazem parte da primeira leitura do dia: “Ele não é parcial em prejuízo do pobre, mas escuta, sim, as súplicas dos oprimidos; jamais despreza a súplica do órfão, nem da viúva, quando desabafa suas mágoas. A prece do humilde atravessa as nuvens”, Dom Leonardo insiste em que “o publicano não é o cumpridor da Lei, é o pecador! Como pecador que se humilha, se apresenta diante de Deus. Sim, a prece humilde atravessa a nuvens chega ao coração…
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Assembleia Sinodal Arquidiocesana vai encontrando caminhos para definir as linhas da caminhada eclesial

Tudo aquilo que a Igreja faz deve levá-la a se tornar visibilização do Deus descido, uma reflexão que Dom Leonardo Steiner fazia na Assembleia Sinodal Arquidiocesana, que acontece de 21 a 23 de outubro, fruto de um processo iniciado em março de 2021. O Arcebispo insistiu em que o que mobiliza a Igreja é o Mistério, afirmando que “nossas estruturas não nos asseguram o Mistério de Deus”. Uma Assembleia que quer ajudar a descobrir a necessidade de não ficar em eventos e sim buscar linhas. Linhas que nascem do processo de escuta, que tem levado a descobrir a necessidade de “recuperar elementos da sinodalidade que não somente considerem o caminhar, mas também o Caminho”, segundo enfatizou o Padre Zenildo Lima. Isso para tratar de descobrir “as dimensões nas quais e às quais nossa presença de Igreja deve se intensificar, sinalizando o Reino de Deus mediante processos de ousadia missionária que se constroem em dinâmicas de solidariedade”. Elementos presentes na reflexão da Assembleia Sinodal Arquidiocesana de Manaus, onde os representantes foram avançando nos diferentes caminhos que querem ser trilhados. Isso na Missionariedade, no caminho da Animação Missionária e com a Juventude; nas Comunidades Eclesiais, no caminho para o fortalecimento das comunidades e a dinâmica ministerial; na Formação, no caminho para a dinâmica ministerial e a vida litúrgica; no Serviço à Vida, no caminho para a articulação das iniciativas; na Ecologia Integral, Cuidado da Casa Comum, no caminho para integrá-las em toda ação evangelizadora; na Articulação da Solidariedade e Autossustentação, no caminho da partilha. Caminhos que para serem trilhado precisam de pistas de ação, que a Assembleia Sinodal foi sugerindo de diferentes modos e que devem marcar a vida e a ação evangelizadora da Igreja de Manaus no futuro. Pistas de ação que ajudem a aprofundar ou descobrir elementos presentes ou novos, mas que sem dúvida devem ajudar na vivência da fé do povo de Deus que peregrina na Arquidiocese de Manaus. Um processo sinodal que Andrey Marcelo Braga Santos considera muito bom, destacando o fato de que “já começou lá atrás, nas comunidades, nas pastorais, em toda a Igreja, e agora culmina aqui nestes três dias de reflexão”. O representante da Pastoral da Juventude destacou que “aqui nós estamos entendendo que o caminho sinodal não é marcar atividades ou eventos, é um processo contínuo de caminhada”. Segundo Andrey, “isso interfere em nossa vida pastoral, que vamos traçar mecanismos para dar continuidade ao processo de evangelização de nossa Igreja, na missionariedade, com os povos indígenas e com a juventude”. Ele demandou a necessidade de que “nesta Assembleia Sinodal tem que sair como prioridade a evangelização da juventude como processo de escuta e acompanhamento dos jovens na Arquidiocese de Manaus”. Uma alegria e esperança também presente em Maria de Guadalupe de Souza Peres, que lembrou o processo sinodal vivido desde a convocatória da Assembleia, sua riqueza, destacando a perspectiva indígena, tão importante na região amazônica, “povos que entendem melhor do que ninguém este momento e sabe cuidar dessa nossa casa comum que a gente precisa tanto”. Junto com isso o trabalho das mulheres, maioria nas paróquias e áreas missionárias, nas pastorais, no grande trabalho que é feito, “são mulheres guerreiras que deixam sua família e vem se doar porque querem uma Igreja em saída, aberta, misericordiosa”. Uma Assembleia que “está plantando uma semente, sabendo que não é da noite para o dia que isso vai acontecer”, insistiu a representante das Pastorais Sociais. “Todo o caminho percorrido foi um caminho realmente de escuta, um caminho onde agregou muitas ideias, e hoje nesse desenrolar de nossa Assembleia Sinodal”, afirmou a Ir. Vera Luzia Altoé, que se sente feliz e agradecida pela primeira vez estar participando de uma assembleia sinodal. A religiosa, que faz parte da equipe de coordenação da Assembleia Sinodal Arquidiocesana, diz perceber “que existem muitas vidas e isso está sendo concretizado a través das escutas”. Ela destacou que “as pessoas estão realmente se conscientizando cada dia mais do valor da vida, do valor da comunicação, das nossas pastorais, dos nossos ministérios, e assim por diante”. Um grito que nasce dessa ecologia integral, insistindo em que “integrar toda essa ecologia já é uma missão evangelizadora muito grande”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1