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Dia: 12 de janeiro de 2023

A barbárie nunca pode ser o caminho a seguir

Escolher a barbárie como caminho para construir o futuro de uma nação nunca pode ser a alternativa certa. O acontecido em Brasília no último domingo, é fruto de tudo o que foi plantado durante os últimos anos, especialmente durante os últimos meses, ao longo da campanha eleitoral e no tempo depois da eleição encerrada no dia 30 de outubro de 2022, de uma polarização que tem se transformado em violência extrema. A invasão da sede dos três poderes da República só pode provocar um sentimento de tristeza e indignação, quem apoia e incentiva esse tipo de atos, ainda mais com as gravíssimas consequências que isso teve para o patrimônio nacional, só pode ser visto como alguém que precisa de acompanhamento psiquiátrico. Não é possível aceitar esse tipo de atos vandálicos sob nenhum tipo de hipótese, pois isso mostra a incivilidade dessas pessoas que de jeito nenhum podem ser vistos como cidadãos e cidadãs, mesmo que muitos deles se apresentem como gente de bem. A sociedade brasileira precisa reagir com firmeza diante desses fatos, é algo que vai além do poder público, são os brasileiros e brasileiras que devem se posicionar e desde a união escolher o país que querem construir, mostrando assim o que significam as instituições democráticas. A maior força numa sociedade é o diálogo, daí a necessidade de procurar instrumentos que garantam a convivência pacífica e o respeito por aqueles que pensam diferente, que nunca podem ser vistos como inimigos só pelo fato de ter posturas divergentes. O acontecido em Brasília no último domingo é algo que se repete em menor escala nos diferentes níveis da sociedade brasileira, e isso é inaceitável. O Brasil não pode renunciar a um sistema democrático que ajudou a superar uma ditadura onde as imposições se tornaram comuns, algo que hoje a grande maioria do povo brasileiro não está disposto aceitar. Independentemente de ideologias, a democracia deve ser algo inegociável, um princípio intocável para o povo brasileiro. Deixar crescer o clima de ódio consequência de polarizações, só pode conduzir a consequências nefastas para o conjunto da sociedade brasileira. Se faz necessário uma educação para a fraternidade e o diálogo e aí as igrejas deveriam desempenhar um papel fundamental. Infelizmente, pessoas que se dizem “cristãs” e coloco cristãs entre aspas, apoiam e justificam o acontecido em Brasília no último domingo. Ser cristão implica ser cidadão, se comprometer com a paz, olhar para o outro desde um sentimento fraterno que nos leva a poder caminhar juntos, mesmo com as divergências presentes em cada pessoa humana. Não nos deixemos conduzir por aqueles que usam o nome de Deus em vão, que se servem da religião cristã para favorecer projetos de morte e destruição. Não escutemos aqueles que desde a distância agem com covardia e não aceitam a vontade da maioria. É tempo de desmascarar os violentos e apostar num futuro de paz e fraternidade a exemplo daquele que chamamos o Príncipe da Paz. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio RioMar

Missão vocacional na Amazônia: “Adquirir um outro olhar sobre a Igreja”

Missão é experiência de encontro, momento de ensinamento e aprendizado, de partilhar a vida e a fé, de encontrar Deus naquele com quem a gente se depara. A I Experiência Vocacional Missionária que reúne na Arquidiocese de Manaus, na Diocese de Coari e na Prelazia de Itacoatiara 280 missionários e missionárias, em sua grande maioria seminaristas, está sendo muito enriquecedora para quem chega e para quem recebe. Daniel Barreto está no 4° ano de Teologia na Diocese de Quixadá (CE) e faz parte do grupo itinerante que está conhecendo diferentes realidades da Arquidiocese de Manaus. Ele diz estar vivendo a experiência como momento de conversão. Deus fez com que ele tenha superado sua expectativa, que era “de apenas conhecer a realidade da Igreja na Amazônia, que já e de grande importância”, mas ele está vivendo “uma experiência de conversão na minha vida e vocação”. Daniel destaca o encontro com diversas pessoas, escutando seus testemunhos como algo que “é de imenso valor para a minha vocação”. Uma experiência que está ajudando os missionários a “adquirir um outro olhar sobre a Igreja”, destaca o seminarista da Diocese de Quixadá, que está compreendendo que “serei ordenado não somente para a minha Diocese, mas serei sacerdote para a Igreja, e com isso um amor inflamado por Deus, pela Igreja e consequentemente pelo povo”. Uma Igreja que vive as mesmas dificuldades que são vividas no sertão cearense, mas numa cultura diferente. Uma experiência missionária que está ajudando a aprofundar na missão, dado que o sacerdote “é chamado a continuar com a missão evangelizadora que Cristo deixou para cada batizado”. Do mesmo grupo participa Reginaldo Fernandes, da Diocese de Caratinga-MG, que será ordenado diácono no dia 5 de março, que considera muito rica a experiência, destacando a diferente realidade e a importância de “testemunharmos a presença da Igreja que é muito viva aqui também nesta região”. Ele está sendo marcado pelo “testemunho de fé das pessoas, que mesmo diante de tantas dificuldades, tantos desafios, tantas limitações, permanecem firmes na fé e acreditando na presença de Deus, presença da Igreja católica também aqui nesta porção do nosso país”. Uma experiência que diz vai contribuir muito para ele, “fortalecendo ainda mais este meu desejo de estar ao serviço da Igreja como futuro sacerdote, de estar ao serviço do povo de Deus”. Dona Inira acompanha os 5 missionários que participam dessa experiência na Paróquia Nossa Senhora do Rosário da Prelazia de Itacoatiara (AM). Ela diz estar “tendo a oportunidade de sentir a realidade do povo da nossa comunidade, está sendo uma grande experiência. Eu pude perceber o quanto o nosso povo precisa da Palavra de Deus, precisa ser ouvido, acolhido, e que a missão está servindo para dar esse alento”. Dois desses seminaristas são Taylor Ferrari da Diocese de Cachoeiro do Itapemirim (ES) y Bruno Maia da Arquidiocese de Manaus (AM). Para o seminarista capixaba, “participar desta experiência me faz conhecer o rosto da Igreja na Amazônia”. Ele relata as inúmeras realidades que desafiam não somente o missionário, mas a população em geral, vendo o tempo passado em Itacoatiara como “dias enriquecedores na nossa caminhada enquanto seminaristas, entrar em contato com a realidade particular de um povo é de estrema importância para a formação dos futuros padres”. Ele relata a realidade das enchentes do Rio Amazonas e o sofrimento que isso provoca, algo que também destaca Bruno Maia, para quem é importante o fato de conviver com “seminaristas chegados de todo Brasil para conhecer nossa realidade”. Mesmo diante das dificuldades que o povo vive, ele ressalta a sede de Deus que o povo tem em suas vidas. Na comunidade São Sebastião, da Área Missionária São José do Rio Negro, na Arquidiocese de Manaus, Aleisson Amaral, da Diocese de Araçuaí (MG), diz estar aprendendo com a comunidade. Segundo o seminarista, “eles são indígenas do Povo Baré que vieram do município de São Gabriel da Cachoeira. Eles se organizam na Associação e na Aldeia, e vivem a religiosidade, são devotos de São Sebastião, fazem também os festejos do Divino Espírito Santo, festejam Santo Alberto e São Pedro”. Uma comunidade que se reúne aos domingos para celebrar a Palavra e a celebração da Santa Missa uma vez por mês, destaca Aleisson. “Estamos visitando as famílias, conhecendo a realidade, aprendendo deles, também experimentando a culinária, o modo como eles fazem as coisas. Estão nos ensinando, tem sido muito bom vivenciar e experimentar coisas novas, saber que também aqui na Amazônia o povo tem fé, o povo é batalhador e que procuram do seu jeito viver em comunidade, viver seguindo Jesus Cristo”, segundo o seminarista da Diocese de Araçuaí. Uma experiência missionária que está lhe ajudando a “me aproximar cada vez mais de Jesus Cristo a través do testemunho de fé de muitas pessoas que estão espalhadas no mundo”. Nessa comunidade moram Dona Rosa e Dona Ana, que fazem ver a grande importância de receber os missionários. Eles “nos trazem a paz, o ânimo, o incentivo para podermos caminhar juntos no dia a dia junto com os comunitários. A gente precisa muito disso, eles nos ensinam, visitam à gente, transmitem coisas boas e a gente acaba aprendendo com eles também”, afirma Dona Rosa. Dona Ana, falando em língua nheengatu diz ter sido “muito bom que os missionários vieram nos visitar, ensinar à gente, há muito tempo que a gente esperava por isso, o nosso coração está alegre, estamos felizes de receber vocês, a gente só tem a agradecer a todos vocês”. Uma alegria que também está vivendo Dona Rose, da Comunidade Nossa Senhora de Fátima, na Paróquia Cristo Libertador de Manacapuru, Diocese de Coari. “Queremos agradecer a Deus por esse momento, por essa oportunidade que Ele está dando à Paróquia Cristo Libertador com os missionários. Esta missão está sendo muito importante, ela nos ajuda como líderes”, agradecendo aos missionários pela sua presença. Testemunhos de quem está vivendo a experiência missionária desde diferentes perspectivas, mas que mostram a riqueza de um momento importante na vida dos missionários, dos seminaristas, que dentro de seu processo…
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