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Dia: 16 de fevereiro de 2023

O Povo Ticuna protagonista na missão entre os ticunas

O Povo Ticuna através da Paróquia São Francisco de Assis de Belém do Solimões, na Diocese de Alto Solimões assumiu a missão como elemento primordial no trabalho evangelizador. São missionários ticuna que evangelizam o Povo Ticuna. A última missão aconteceu nas comunidades Nossa Senhora de Nazaré, Santa Clara, Nossa Senhora da Prosperidade e outras comunidades da Paróquia de São Paulo Apóstolo no município de São Paulo de Olivença, onde 10 missionários e missionárias realizaram esse trabalho missionário de 5 a 14 de fevereiro de 2023. Mesmo diante das dificuldades, a seca e ao mesmo tempo as chuvas torrenciais não permitiram a entrada em algumas comunidades ticuna. Uma situação que faz parte da vida missionária na Amazônia, que faz com que os missionários não desanimem pois eles sabem que voltarão. Sempre é assim em todo lugar, mas na Amazônia é Deus que determina a realização daquilo que é planejado. Estamos diante de mais um testemunho de Evangelização indígena, de doação, protagonismo e compromisso com o Reino de Deus. As missões realizadas pelos missionários e missionária ticuna é um tempo de formação sobre a Palavra de Deus, Catequese, Dízimo, Celebração Dominical, Vocação, Ecologia e luta contra alcoolismo e drogas, dentre outros elementos abordados. Uma missão que está sendo muito bem acolhida pelas comunidades, desde as crianças até os idosos. Para isso é muito importante o fato de estar sendo feito do jeito e na língua ticuna. Isso se expressa nas orações, dinâmicas, partilhas de alimentos, algo que ajuda a superar os desafios e as longas viagens de peque-peque com fortes chuvas e sol quente. Tudo isso é feito com alegria por amor de Deus e do povo. Buscando fomentar o trabalho com a juventude indígena, a Paróquia São Francisco de Assis de Belém do Solimões tem desenvolvido uma Oficina Pedagógica de Teatro Popular, onde participaram 35 jovens do Povo Ticuna e Kokama. Ao longo do programa foram desenvolvidos processos de Laboratório nas modalidades teóricas e práticas: O homem e o meio; o que é o teatro? Resgate do teatro cristão e seu objetivo na comunidade; jogos preparatórios, expressão corporal, expressão oral, respiração, jogos dramáticos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Com informações do Blog Povo Ticuna de Belém do Solimões

Cardeal Steiner: “A fome é consequência de um sistema económico que nos atinge no Brasil, um descaso em relação aos pobres”

A Campanha da Fraternidade acompanha a vida da Igreja do Brasil durante a Campanha da Fraternidade desde há quase 60 anos. Um tempo para refletir e encontrar caminhos de conversão em torno a realidades presentes na sociedade brasileira. Em 2023, a Campanha da Fraternidade tem como tema “Fraternidade e Fome”, e como lema “Dai-lhes vós mesmos de comer”. No Brasil 33 milhões de pessoas passam fome, uma realidade que também está presente na cidade de Manaus, denunciou o Cardeal Leonardo Steiner em coletiva de imprensa. Uma campanha que tem a sua história, segundo o Arcebispo de Manaus que acontece no “tempo da conversão, o tempo da penitencia, o tempo do jejum, o tempo da esmola, essa tentativa de nos aprofundarmos no Mistério Salvífico de Deus em Jesus Cristo, na sua Paixão, Morte e Ressurreição”. Dom Leonardo insistiu em que “a Campanha da Fraternidade deseja entrar nessa dinâmica de conversão, de mudança, de transformação”. O Cardeal afirmou que “comer não é um direito, comer faz parte do humano, é mais do que direito. Sem comer o ser humano não subsiste, não vive”. Ele denunciou o que está a acontecer com o Povo Yanomami, que “por falta de comida, por uma desnutrição enorme, eles perdem o ânimo e a capacidade de viver, eles perdem o desejo de viver, perdem o desejo de ser”. A fome é uma realidade preocupante em um país que em 2022 só 41,3% dos domicílios no Brasil tinham seus moradores em segurança alimentar, o que faz com que mais de 58% dos domicílios brasileiros, 125 milhões de pessoas, vivessem em algum nível de insegurança alimentar, sendo 15,5% os que conviviam com a fome, 33 milhões, um número repetido por 3 vezes pelo cardeal. Ele disse esperar que “essa Campanha da Fraternidade nos desperte”, chamando a entender que “ninguém é excluído do amor de Deus”, algo que contrasta com o fato de que “nós estamos deixando irmão e irmãs a passar fome”. Uma realidade que “é consequência de um sistema económico que nos atinge no Brasil, um descaso em relação aos pobres”, ressaltou Dom Leonardo. Uma situação que tinha sido superada no passado, definindo a situação atual como uma amostra de que no Brasil “estamos perdendo a fraternidade, estamos perdendo a capacidade humana de nos ajudarmos, de nos auxiliarmos, de termos emprego suficiente para todos, de termos um sistema econômico que seja a favor de todas as pessoas e não apenas do sistema de mercado”. Diante disso ele chamou a refletir, mas também a realizar ações concretas em favor das pessoas que passam fome. Algo que demanda “um pacto global na sociedade, entre as instituições, Igreja, mas também os governos, as empresas” em vista da superação da fome, segundo o Padre Geraldo Bendaham. Ele insistiu em que “tem saída, tem caminhos, a gente precisa mudar”, buscando uma economia solidária onde ocorra a partilha. O Coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Manaus ligou a questão da fome com outras realidades, água, saneamento básico, educação… O Padre Geraldo chamou a refletir sobre o desperdício de alimentos, algo que quer ser expressado no fato da Arquidiocese de Manaus realizar o lançamento da Campanha, que será realizado na Quarta-feira de Cinzas, no entorno da feira, abrindo assim as atividades que irão levar às comunidades a aprofundar nesse tema ao longo da Quaresma. Junto com isso, ele denunciou que “a sociedade tem criatividade, capacidade para superar a fome”, demandando políticas públicas que ajudem a superar a fome e fazer com que as desigualdades desapareçam no Brasil, um país que tem alimentos, mas onde muitas pessoas passam fome, algo que considera vergonhoso e que deve ser levado a sério pelos governos, “porque se trata de pessoas, seres humanos, nossos semelhantes”. A Igreja de Manaus vem realizando diferentes iniciativas para ajudar a superar a fome, segundo o diácono Afonso Brito. Durante a pandemia a Arquidiocese ajudou 100 mil pessoas a superar a fome, um trabalho que continua e que está sendo coordenado pela Caritas Arquidiocesana e as Caritas Paroquiais. O objetivo é ajudar às famílias que passam fome a ter o mínimo possível, algo que é realizado com a doação de pessoas anônimas e de instituições públicas. O Cardeal Steiner colocou como algo necessário “discutirmos e refletirmos sobre o sistema económico que tem levado tantas pessoas a esse estado de fome”. Ele ressaltou outros elementos relacionados com a fome, como é a educação, a saúde, a cultura, os espaços de lazer. Manaus é um cidade onde é possível apalpar a fome, insistiu o Arcebispo, com situações muito difícil, uma realidade que se repete nas periferias das cidades brasileiras. Diante disso, ele disse esperar que a Campanha da Fraternidade possa ajudar a “abrir os olhos das pessoas, para que haja mais partilha, mas também haja uma reflexão e uma discussão sobre o próprio sistema econômico e a falta de políticas públicas que tem levado a essa situação”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Mulheres missionárias centenárias

Na evangelização da Amazônia, a coragem das mulheres sempre foi decisiva. Sua presença nos locais mais longínquos se tornou uma constante na caminhada da Igreja na região. Ao completar-se 100 anos da presença das Filhas de Maria Auxiliadora, das Salesianas, no Alto Rio Negro, ainda hoje um dos locais de mais difícil acesso na região amazônica, a gente só pode ter um sentimento de gratidão e admiração. As salesianas chegaram em São Gabriel da Cachoeira em 1923, seguindo os passos de seus irmãos de carisma, os salesianos, que lá estavam desde 1915. Uma viagem que vista hoje poderia ser considerada uma loucura, mas que na verdade respondia ao apelo do Evangelho, onde Jesus envia seus discípulos e discípulas em missão até os confins do mundo. E podemos dizer que um lugar onde a viagem demorava 39 dias desde Manaus poderia ser considerado um desses locais onde essas seguidoras de Jesus e da Madre Mazzarello, estavam sendo chamadas. Assim iniciou uma presença que foi se espalhando por todos os cantos da Cabeça do Cachorro, chegando nas fronteiras e aprendendo a conviver com realidades e culturas diferentes. Uma presença evangelizadora, especialmente no campo da educação e da saúde, mas também do trabalho pastoral, se tornando uma presença samaritana na vida dos povos indígenas. A história nos mostra a entrega de mulheres que ao longo de décadas gastaram sua vida nessa presença de cuidado, em que tantas crianças, adolescentes e jovens, mas também adultos, foram entendendo quem era esse Deus diferente que chegava com as Filhas de Maria Auxiliadora. Um testemunho de vida que foi cativando o interesse de muitas jovens que hoje são salesianas, dando um novo rosto, um rosto indígena, na congregação. Um antecipo daquilo que o Sínodo para a Amazônia chama de uma Igreja com rosto amazônico e indígena. Um trabalho que mais nunca parou e que hoje continua com uma presença numerosa nos três municípios que forma parte do Alto Rio Negro, da Diocese de São Gabriel da Cachoeira: Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira. Uma presença que foi perpassando a vida de diversas gerações de homens e mulheres de diferentes povos indígenas. O testemunho de vida destas missionárias deve nos levar a refletir como Igreja, mas também como sociedade, e assim sentir a necessidade de sair de nossos lugares de conforto para ir ao encontro daqueles que precisam de nós. As efemérides são uma boa oportunidade para isso, para olhar para atrás e agradecer, mas também para olhar para frente e não ter medo dos desafios a serem enfrentados. Que essas mulheres apaixonadas pela missão nos levem a superar os medos e assumir com coragem aquilo que Deus e a Igreja esperam de cada um e cada uma de nós. É tempo de superar os medos e entender que nesse mundo das águas podemos saciar nossa sede de Deus e de um mundo melhor para todos e todas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar