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Dia: 23 de fevereiro de 2023

“Remando juntos pela vida na Amazônia”: o caminho quaresmal da REPAM

A conversão é uma dimensão da Quaresma, que tem de ser realizada de diferentes formas. Em Laudato Si´, o Papa Francisco chama-nos a uma conversão ecológica, uma dimensão presente no trabalho da Rede Eclesial Pan-Amazônica. Aproveitando o itinerário quaresmal, em aliança com a Rede Latino-americana de Cartunistas, foi lançado um material de oração e reflexão, que nos convida todas as semanas a “remar nesta travessia rumo à conversão”. O material, elaborado pelo Centro de Formação e Métodos Pastorais da Rede Eclesial Pan-Amazónica – REPAM, é composto por seis folders semanais que serão publicados todas as quintas-feiras da Quaresma. Este material tem ilustrações concebidas pela Rede Latino-americana de Cartunistas, uma comunidade de 49 jovens cartunistas que evangelizam através da arte e estão ao serviço e cuidado da nossa Casa Comum. Seguindo o que faz parte da vida de muitos habitantes da Amazônia, os folders pretendem ser um convite a “remar”, procurando avançar no caminho da conversão, levando a uma mudança de vida pessoal, eclesial e social, mais comprometida com o que Deus quer para o Planeta e para a Amazônia. Seguindo a proposta do Papa Francisco, trata-se de um material que leva a ser uma Igreja em saída, tomando como referência a realidade dos territórios e dos povos que os habitam, levando a questionar sobre o que “nos preocupa, nos deixa indignados, nos provoca…”, como aponta a própria REPAM. Tudo isto se baseia no conhecimento da espiritualidade e da educação ecológica, em diálogo com os compromissos do Pacto Educativo Global, realidades abordadas pela Igreja Católica e assumidas por aqueles que vivem a sua fé no território amazónico. A Rede Eclesial Pan-Amazónica convida todos a “remar juntos” desta forma, procurando reconstruir o Pacto, neste caso, a partir da Casa Comum da Amazónia. A REPAM lembra aos que entram neste barco e iniciam este caminho de conversão que colocar o “remo na água” significa ligar-se à realidade, a “conversão” precisa de ser concreta na realidade social, ecológica, cultural e eclesial quotidiana. A REPAM oferece este material que pode ser acedido através deste link. É tempo de remarmos juntos durante esta Quaresma na querida Amazónia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Com informações de REPAM Comunicações

Estou com fome! Você se importa com isso?

A fome é uma realidade presente no Brasil, os números não mentem, 33 milhões de brasileiros e brasileiras passam fome e 125 milhões sofrem algum tipo de insegurança alimentar. São números que deveriam nos importar, mas que nós sabemos que muita gente, inclusive muitos cristãos, muitos católicos, é indiferente diante dessa realidade. A Igreja do Brasil faz um chamado a refletir diante disso. A Campanha da Fraternidade 2023 tem como tema “Fraternidade e Fome”, e como lema “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Jesus questiona aos seus discípulos e a cada um de nós, discípulos e discipulas d´Ele, diante da tentação de fazer de conta que a fome do outro é algo que não tem nada a ver conosco, que a gente não tem por que se importar com isso. A compaixão é algo intrínseco ao ser humano, mais ainda àqueles que dizem crer no Deus de Jesus Cristo. Somos humanos quando nos compadecemos com a necessidade de outro, somos de Deus quando temos misericórdia para com aqueles que sofrem por qualquer motivo. Quando alguém não tem compaixão é porque a animalidade domina à racionalidade. Olhando a fome e tantas fomes que existem no Brasil, na Amazônia, em cada uma das nossas cidades e comunidades, somos chamados a reagir diante de uma sociedade e um sistema econômico que privilegia alguns e descarta outras pessoas. Para isso temos que sentirmos a necessidade de sermos mais fraternos, sermos mais solidários, sermos pessoas que sabem dividir. Quem se diz católico tem que entender que a Quaresma é algo que lhe transfigura, e isso acontece na relação com o outro. Uma transfiguração que nos torna presença de Deus na vida das pessoas, que vivem numa realidade social que precisa ser transformada como um todo, mas também precisa transformar a vida das pessoas que são descartadas. Quero lembrar as palavras de Dom Tadeu Canavarros ontem na Abertura da Campanha da Fraternidade na Feira da Manaus Moderna. Ele disse claramente que “a fome não é um dado natural. Não é fruto do acaso ou do destino. Não é mera consequência de preguiça ou comodismo pessoal. Nem muito menos é vontade ou castigo de Deus”. O Bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus denunciou que a fome “é resultado de tremendas injustiças e desigualdades que caracterizam nossa sociedade e fazem com que uns tenham tanto e outros tenham tão pouco ou quase nada”. Ver a fome do Povo Yanomami e de tantos brasileiros e brasileiras tem que nos levar a refletir sobre o tipo de sociedade que foi constituído no Brasil e que perdura por mais de 500 anos. Uma sociedade desigual, que privilegia pequenos grupos e condena grandes camadas da sociedade. Por isso, voltando às palavras de Dom Tadeu, não podemos ignorar que a fome é uma situação “escandalosa e criminosa se considerarmos que não falta alimento no Brasil”, Segundo ele, “a fome no Brasil é fruto da injustiça e da desigualdade social. É um pecado mortal que clama ao céu! E pode ser eliminada com a solidariedade de todos e com vontade e decisões políticas”. Superar a fome depende de você e de mim, é só se importar com o sofrimento alheio. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Cardeal Steiner: “A fome está a nos dizer que não vivemos em fraternidade”

“O Evangelho nos aponta a esmola, a oração e o jejum como caminho para o encontro com Deus, com a vida do Evangelho”, lembrou o Cardeal Leonardo Steiner no início da sua homilia nesta Quarta-feira de Cinzas. Segundo o Arcebispo de Manaus, “os exercícios quaresmais que nos possibilitam uma vida autenticamente cristã, uma vida que visibiliza o Reino de Deus, uma vida de conversão e transformação”. Dom Leonardo disse reconhecer no Evangelho do dia que “os sinais da verdadeira conversão e transformação são apontados por Jesus no Evangelho que acabamos de ouvir. Aquele modo de entrar na dinamicidade da liberdade e da libertação, na dinâmica de Deus”. Segundo ele, “a esmola, a oração e o jejum são os exercícios de conversão e penitência que o tempo da quaresma nos possibilitam”. Isso o levou a questionar: “Mas como nos exercitamos?”, lembrando que “Jesus a nos dizer que a respeito da esmola, que ela necessita ser gratuita, livre, amorosa”. Em relação à oração, Dom Leonardo destacou que em seu exercício, “acontece no recolhimento, na atenção de uma relação gratuita, no encontro tu-a-tu, uma escuta, uma palavra”. Em relação com o exercício do jejum, o Cardeal disse que “está na animação de quem está na alegria da espera, do encontro, da manifestação de Deus. Jejum como se não jejuasse, pois à espera da plenificação que o Evangelho possibilita. Uma manifestação amorosa de Deus”. Segundo o Arcebispo de Manaus, “jejum é abrir-se, esvaziar-se e, mesmo, abster-se. No vazio de nós mesmos, somos fecundados pela suavidade da gratuidade do amor que nos atraiu e encantou. Jesus crucificado, vazio de si, é entrega suave-sofrida ao Pai: “em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). No jejum, acontece uma integração e percepção de nós mesmos!” Refletindo sobre a oração, Dom Leonardo destacou que ela “é aproximação, exposição, relação. Busca de deixar-se atingir pela amorosidade de Pai. Como a súplica de afeto e de amor de Jesus: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?” (Mt 27,46). Quanta intimidade!, a busca de coração pelo Pai com a força do Espírito”. Já a esmola é vista pelo Cardeal como “a liberdade de entrega, partilha de vida, cuidado amoroso, serviço generoso!”, como “um envio para o próximo, como “encontro com aqueles que são desprezados, esquecidos da sociedade”. Por isso a insistência na “esmola, exercício de crescimento e de fidelidade: sermos bons e generosos como Deus o é”. Seguindo as palavras do Evangelho do dia, Dom Leonardo chamou a assumir “nada de ostentação, nada de mostração, nada exibição, nada de aparência, mas tudo na graça e gratuidade de quem deseja experimentar a presença de Deus e continuar o processo da conversão, da transformação”. Ele fez ver que “a quaresma nos lembra a necessidade da conversão pessoal, uma identificação sempre maior e mais nítida com Jesus. Uma conversão comunitária, pois nossas comunidades devem ser o espaço do encontro, da acolhida, do perdão, da reconciliação, da fraternidade”. Junto com isso, “uma conversão ecológica!”, lembrando o pedido do Papa Francisco na Laudato Sì a uma conversão para com o meio ambiente, que chama a “sermos cuidadores, cuidadoras da nossa casa, da casa de todos os seres”. Na primeira leitura, o Arcebispo destacou que “nos incentiva a trilhar o caminho indicado por Jesus”, e junto com isso a “centrar a vida na conversão na volta, para a fonte”, movidos pela compaixão e paciência, misericórdia e perdão de Deus, que nos impele “à conversão, á mudança de vida”. Seguindo as palavras de São Paulo, o Cardeal destacou que “a quaresma que nos envia ao encontro do doador de todas as graças, o reconciliador e o salvador de toda a humanidade”, o que leva se questionar: “Como não buscarmos a reconciliação, a salvação? Como não nos colocarmos a caminho nesses 40 dias que nos são oferecidos como possibilidade de recebermos a plenitude da vida pela cruz e ressurreição?” Dom Leonardo relatou diferentes citas bíblicas que fazem referência ao número 40, pedindo que nos 40 dias da quaresma, “Deus nos conceda a graça da vida nova, da renovação, da experimentação de sua presença amorosa e salvífica”. Um tempo que inicia com as Cinzas, “o tempo de rasgar o coração e não as vestes e voltar ao Senhor. Tempo de retomar o caminho, de abrir-se à graça do Senhor, que nos ama e nos socorre”. Em relação à Campanha da Fraternidade, que o Cardeal Steiner definiu como “itinerário de libertação e reconciliação”, lembrou o tema deste ano: Fraternidade e fome, e o lema “Dai-lhes vós mesmo de comer”. Também o objetivo que chama a “sensibilizar a sociedade e a Igreja para enfrentarem o flagelo da fome, sofrido por uma multidão de irmãos, por meio de compromissos que transformem esta realidade a partir do Evangelho de Jesus Cristo”. Dom Leonardo citou as palavras do Papa Francisco à FAO, onde definiu a fome como uma tragédia e uma vergonha, provocada por uma distribuição desigual dos frutos da terra, pelas consequências das mudanças climáticas e o aumento dos conflitos, o descarte de alimentos. Uma realidade diante da qual, “não podemos permanecer insensíveis ou paralisados. Somos todos responsáveis”. O Cardeal questionou “como viver a fraternidade se temos irmãos e irmãs passando fome?”. Ele respondeu que “a fome está a nos dizer que não vivemos em fraternidade. Nós seguidores e seguidoras de Jesus estamos a dever para nossos irmãos e irmãs. A fome existe não por falta de alimentos. São descartados todos os dias toneladas de alimentos. Se desejamos ser como Jesus ensinou, não podemos ficar paralisados”. Ele destacou os tantos sinais de fraternidade para que as pessoas não passem fome presentes na Arquidiocese, fazendo um chamado a “crescer na fraternidade, na acolhida”. Fome que constitui um verdadeiro escândalo, citando as palavras do Papa Francisco, que mostrando a existência de alimentos para toda a humanidade chama “extirpar esta injustiça através de ações concretas e boas práticas, e através de políticas locais e internacionais ousadas”. Algo que Jesus nos lembra em Mateus 25. Finalmente, Dom Leonardo fez um chamado a que “o tempo da…
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