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Dia: 9 de abril de 2023

Dom Leonardo: “Somos a Igreja feita da experiência da Ressurreição”

As palavras de Maria Madalena que vai cedo ao sepulcro: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”, foram destacadas pelo Cardeal Leonardo Steiner no início de sua homilia no Domingo da Páscoa. O Arcebispo de Manaus afirmou que “ainda de madrugada deixa a casa e busca consolo junto ao túmulo do Amado. Mas o túmulo vazio estava! A pedra retirada e o corpo ali já não jazia. E no vazio do túmulo não mais o via. Não que a incomodasse a morte, mas pelo desconsolo de nem sequer o corpo do Amado ter. Visita inútil na madrugada na busca de consolo. Nem o corpo lhe deixaram”. “E enquanto corria na busca de Pedro e João, Maria Madalena passa em seu coração a razão de seu desconsolo. Eu o tinha como a um Filho amado, era do meu agrado, me agradava, me era agradável, o perdi na cruz e agora o perdi no túmulo vazio”, continuou Dom Leonardo em sua reflexão. “Ele razão de minha vida, Ele amor de minha, Ele minha vida, vida da minha vida. ‘Retiram o meu Senhor e não sei onde o colocaram!’ Eu dele ouvi, mas a Ele não via, tão ocupada estava com os homens da minha vida. Apenas ouvia falar do Homem de Nazaré. Mas um dia eu o vi, rosto suave e forte, era quase como a dos outros que me visitavam e me buscavam. Continuei com meus amores e desamores”. Aprofundando nos sentimentos de Maria Madalena, o Cardeal disse que “depois que a Ele vi sobreveio o desejo de ouvir. Me inquietava, me interrogava, e já não tinha tanto tempo para os meus desamores. A sua voz era como a dos outros homens, mas não as suas palavras. Elas penetravam as entranhas, o fundo de minha alma. Ele fala de Deus, falava e balbuciava a palavra Pai. As palavras se aninharam, se calaram, silenciaram nas minhas entranhas. E de lá não mais se desaninharam”. “E quando Ele comigo se encontrou, nada de mais forte e suave, nada de mais suave e violento, nada de mais puro e transparente! Me senti completamente nua, despida, mas não envergonhada. Não me cobiçava, não me desejava, apenas me amava. Nenhum homem havia me despido assim. Tão despida, tão desvestida, tão…, sim tão eu, eu mesma, como se estivesse só diante de Deus. Foi então que vi meu coração, tão desejoso, tão amoroso, tão sedento de liberdade, de verdade, de amor”, disse Dom Leonardo, querendo interpretar os sentimentos da apóstola dos apóstolos. O Cardeal foi relatando o caminho da Madalena com Jesus, “caminhos percorri, estradas andei, não descansei e o encontrei. Na casa do fariseu entrei. Entrei sem bater, sem me conter e aos seus pés me aninhei. A ele toquei, acariciei, lavei com as lágrimas os seus pés. E ele sem desprezo nem constrangimento se deixava tocar, se deixava lavar os pés com meu arrependimento. Ao tocá-lo, ao acariciá-lo, a mim mesma tocava, acariciava e me senti perto de Deus. E desse encontro sai renascida, filha querida. Sim, me senti amada como uma Filha e esposa. E em mim vida nova, pessoa nova, nova mulher, mulher inteira; tudo novo, novo mundo, nova terra um novo céu. Mas ainda não sabia que eu tocara e acariciara o próprio Deus”. Um caminhar onde, em palavras do Arcebispo de Manaus, “eu o ouvia, com ele convivia, o servia. E sempre mais livre, sempre mais mulher, sempre mais filha, sempre mais serva, sempre mais criança, mais forte, com tanta sorte de parecer tocar a morte”. Sentimentos de dor que inundam o coração de Maria Madalena, porque “três dias faz o perdi na dor, na cruz, na morte. Perdi o amor, perdi o Pai, perdi o esposo, perdi o filho. Destruíram o meu céu e a minha terra. Restou apenas o túmulo onde guardamos seu corpo frio e inerte. O túmulo fechado ainda guardava meu consolo. E hoje ainda não amanhecido, na madrugada, no silêncio, na dormência de tudo, vi o túmulo aberto. Rompeu-se o segredo, o lugar do consolo: “Retiram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”! Também os sinais de sua presença perdi; nem mais o corpo de meu Senhor. E ao chegar perto de Pedro e João, esbaforida, sofrida, descontida, apenas sussurrei: ‘Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram’. Sim, sem nosso Senhor”. Mas também relatou o encontro com o Ressuscitado: “E outro dia no jardim esperando, chorando, no jardim me desesperando, me consolando ouvi: Maria!… Maria? No meu nome vi o meu Senhor e Deus. Só agora vi o meu Deus e Senhor. Nem teu corpo preciso, de nada mais preciso, necessito, só agora a ti Vida nova, Vida da vida, Vida escondida, suavidade de vida, germe pronto a brotar, seiva que tudo penetra, todo o universo santifica e vivifica. Tu meu Senhor e Deus; Vida em que agora abito! Como encontrar-te num túmulo se em tudo e por tudo agora estás?” Palavras em que a Madalena, segundo o Cardeal Steiner, nos diz: “quanto tempo Senhor contigo convivi, te servi, te vi, te ouvi, mas não vi que eras meu Deus. Foi preciso perder-te, foi preciso esvaziar o túmulo das minhas seguranças, foi preciso o vazio completo de tudo, foi preciso a liberdade onde meu nome ressoava para que cresse em ti meu Senhor e Deus. Somente agora creio, quando tudo perdi e te ouvi, razão do meu viver, vida de todo ser que vive. Aleluia!”. A partir do que Dom Leonardo imagina foram os sentimentos de Maria Madalena, ele afirmou que “como Maria Madalena estamos a caminho na busca do consolo e encontramos tantos túmulos abertos, encontramo-nos tão expostos nos nosso peregrinar. Somos a Igreja feita da experiência da ressurreição. Há necessidade de retirarmos a pedra e deixar que a esperança do Ressuscitado nos encontre e nos devolva vida em meio a tantas incertezas, sofrimentos, mortes. Ele nos concede a dádiva da esperança. Assim como Igreja saímos como Maria Madalena a procura “retiraram o Senhor…
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Cardeal Steiner: “Guiados pelas mulheres do Evangelho, descobrimos a aurora da luz de Deus”

Lembrando a luz de Cristo, iniciou Dom Leonardo Steiner sua homilia na Vigília Pascal, afirmando que “Guiados pelas mulheres do Evangelho, descobrimos a aurora da luz de Deus que brilha nas trevas. Não mais trevas, mas luz! Não mais noite, mas luz de um novo dia! Não mais noite nos nossos dias, nem noite de nossa humanidade. Luz que ilumina as noites, o anoitecer dos dias, a escuridão do horizonte perdido. Mesmo quando não nos apercebemos, agora há luz: a luz de Cristo!”. Lembrado o que foi cantado no Exultet, o Arcebispo de Manaus destacou que “o céu e a terra, todo universo bendiz e louva, veio a Luz, Nova vida. Nós nesta noite, irmãos e irmãs, aqui estamos a elevar nossas vozes como participantes da claridade e da clarividência de Cristo que ressuscitou”. Se referindo à noite da Páscoa, o cardeal a definiu como “a noite da comunhão e da liberdade. Noite da esperança!”, continuando com as palavras do Exultet. Segundo o Dom Leonardo, “na comunhão com todo o universo, na liberdade de verdadeiros filhos e filhas de Deus, nos deixamos tomar pelo fogo novo, pela nova luz: Cristo Senhor! Se vida nova, se novo horizonte a nos guiar nesta noite, esperança a guiar nossos dias e noites”. O Arcebispo fez ver que “as mulheres antes que se fizesse dia, foram em busca de Jesus”, lembrando as palavras do Papa Francisco na Vigília Pascal de 2022. Ele definiu Cristo como “nossa luz!”, destacando que “com ele devagar tudo se ilumina. Ele a alumiar os vazios, as dores, as mortes, os sepulcros vazios. Ele deixa ver no vazio do túmulo, na ‘removida a pedra da porta do sepulcro e, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus’. Agora somos capazes de contemplar a vida com os olhos abertos, com o olhar de futuro. Já não mais desiludidos, acomodados, apáticos, lamentosos, imóveis diante da nossa finitude e dor”. Fazendo uma leitura da realidade atual, o Arcebispo de Manaus disse que “diante das guerras, das violências, das desesperanças, do pôr-se o a luz dos dias, da convivência: a luz de Cristo. O Círio aceso que introduzimos em nossa catedral desiluminada, foi difundindo luz, espargindo luz. Iluminados, tudo iluminado no resplandecer do Ressuscitado. Iluminados pela esperança. Graças à Páscoa de Jesus, podemos dar o salto do nada para a vida”, citando a Karl Rahner, quando diz que “a morte não poderá mais roubar-nos da nossa existência”. Por isso, o Cardeal Steiner, insistiu em que “O Senhor ressuscitou!: ‘Não tenhais medo!’ Levantemos o olhar, retiremos dos nossos olhos o véu da amargura e da tristeza, abramo-nos à esperança de Deus!”. Jesus “ressuscitou e fez-se o Vivente, a razão da vida e da morte. Tudo nele vive, tudo nele revive, tudo nele, se renova”, afirmou, citando as palavras da Carta aos Romanos, e novamente o Papa Francisco na Vigília de 2022, quando disse que “Não podemos fazer Páscoa, se continuamos a morar na morte; se permanecemos prisioneiros do passado; se na vida não temos a coragem de nos deixar perdoar por Deus – que perdoa tudo -, a coragem de mudar, de romper com as obras do mal, a coragem de nos decidirmos por Jesus e pelo seu amor; se continuamos a reduzir a fé a um amuleto, fazendo de Deus uma bela recordação de tempos passados, em vez de ir hoje ao seu encontro como o Deus vivo que deseja transformar-nos a nós e ao mundo”. Continuando com as palavras do Santo Padre, afirmou que “um cristianismo que busca o Senhor entre as ruínas do passado e O encerra no túmulo da rotina é um cristianismo sem Páscoa. Mas o Senhor ressuscitou! Não nos demoremos ao redor dos túmulos, mas vamos redescobri-lo, a Ele, o Vivente! E não tenhamos medo de O procurar também no rosto dos irmãos, na história de quem espera e de quem sonha, na dor de quem chora e sofre: Deus está lá!”. Uma reflexão que também foi iluminada com as palavras de Santo Agostinho na homilia aos recém batizados na Vigília da Páscoa, afirmando o Santo de Hipona que “Não é grande coisa crer que Jesus morreu; também os pagãos o creem, também os judeus e os condenados; todos o creem. Mas a coisa realmente grande é crer que ressuscitou. A fé dos cristãos é a ressurreição de Cristo”. Finalmente, o Cardeal Steiner convidou a “ressuscitados em Cristo, a Luz a iluminar os nossos dias, faz nascer o cântico de ação de graças na celebração desta noite”, seguindo as palavras cantadas no Salmo: “Dai graças ao senhor, porque ele é bom! Eterna é a sua misericórdia!”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1