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Dia: 20 de abril de 2023

60ª Assembleia Geral da CNBB: Liturgia, Doutrina da Fé e Novas Diretrizes marcam a segunda jornada

A Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), iniciada no dia 19 de abril, prosseguiu nesta quinta-feira seus trabalhos. A oração dos Laudes, primeiro momento de cada jornada, deu passo a uma pauta que começou com uma reflexão em torno à nova edição do Missal, uma tradução da 3ª edição, que, segundo Dom Edmar Peron, bispo da diocese de Paranaguá (PR), e presidente da Comissão Episcopal de Liturgia da CNBB, responde ao dinamismo da Igreja. “Mais importante do que a aprovação do Missal é como ele será recebido em nossas comunidades”, insistiu Dom Edmar Peron, que chamou a entender a liturgia não como rubricas e sim como evento de salvação, não caindo no rubricismo, passando do rito a ser observado para o rito a ser celebrado. O bispo falou de algumas atitudes fundamentais: estupor, formação e silêncio, questionando aos presentes, seguindo a pergunta do Papa em Desiderio Desideravi sobre “como recuperar a capacidade de viver plenamente a ação litúrgica?”. O Missal, que foi promulgado no dia 25 de março deste ano, por decisão do Conselho Permanente da CNBB será de uso facultativo até o primeiro domingo do Advento e depois se tornará obrigatório. A Comissão de Doutrina da Fé da CNBB refletiu sobre o papel da Igreja na transmissão da fé e dos bispos como “pais da fé”. Dom Pedro Cipolini, bispo de Santo André (SP), e presidente da Comissão destacou o interesse pastoral da comissão, relatando as atribuições que o Estatuto da CNBB lhe confere. O bispo mostrou algumas luzes e sombras da vivência da fé na Igreja do Brasil, destacando que a Igreja do Brasil foi uma das que melhor acatou o Concilio Vaticano II, assim como a sinodalidade. Em relação ao Estatuto Canônico e o Regimento da CNBB, o primeiro deles foi aprovado em 2022 e nesta 60ª Assembleia Geral os bispos têm que aprovar o Regimento, que tem a mesma estrutura do Estatuto. Segundo Dom Moacir Silva, arcebispo de Ribeirão Preto, muita coisa mudou nos últimos 20 anos em que tem regido o atual regimento, se tornando necessário incorporar essas mudanças. Ao longo da Assembleia os bispos irão estudando o novo Regulamento com o fim dele ser aprovado. Um trabalho que já está sendo realizado nos encontros por regionais, que começaram nesta quinta-feira e nas reuniões privativas, que também começaram neste dia 20. Algumas dessas questões foram abordadas na coletiva de imprensa, que contou com a participação de Dom Edmar Peron, Dom Pedro Cipolini e Dom Leomar Brustolin, arcebispo de Santa Maria (RS), que refletiu sobre o processo das novas Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, que deveriam ser renovadas nesta assembleia, mas que em função do Sínodo 2021-2024 só serão publicadas em 2025, que estão sendo elaboradas com muita escuta, “para saber onde estamos e para onde vamos”, destacou o arcebispo de Santa Maria. Tendo como ponto de partida a fé, Dom Leomar refletiu sobre como falar às novas gerações diante da atual conjuntura e as novas tecnologias, que aproximam e distanciam, e junto com isso a preocupação exclusiva no presente por parte das novas gerações, o individualismo, a religião privatizada, a falta de comunidade, elementos que demandam uma conversão pastoral. O arcebispo vê as novas diretrizes como oportunidade para se questionar em torno a como transmitir a fé às novas gerações, e junto com isso como refletir em torno ao senso de pertença eclesial, a comunhão, a sinodalidade e a diocesaneidade. Isso numa sociedade em que mais do que acolhida, se dá uma escolha da fé. Dom Leomar Brustolin fez uma relação entre as 3 palavras chave do Sínodo e as novas diretrizes: comunhão como formar comunidades integradas na pluralidade de experiencias, fazer das paróquias casa de irmãos; participação como senso de pertença, insistindo na questão dos ministérios ordenados e ministérios leigos; missão na perspectiva de colocar a dimensão missionária como transversalidade de todas as Diretrizes. O arcebispo de Santa Maria insistiu em não pensar só em questões religiosas e sim na diversidade de realidades, em trabalhar a fraternidade e amizade social, insistindo em que na elaboração das Diretrizes, estamos ainda num processo de escuta. Tanto Dom Edmar Peron como Dom Pedro Cipolini insistiram em questões apresentadas aos bispos na plenária da 60ª Assembleia Geral da CNBB. Na questão da Liturgia o bispo de Paranaguá insistiu em que “é para a Liturgia que converge a vida da Igreja e da Liturgia a Igreja recebe uma graça para entender sua missão”, tendo como fundamento a Sacrosanctum Concilium. Na dimensão da Doutrina da Fé, Dom Pedro Cipolini destacou que “não podemos compreender a Igreja sem a fé”, considerando que a questão da fé é de primeira importância em tudo o que a Igreja faz. Resgatar a unidade diante da fragmentação é um elemento fundamental nas novas diretrizes, segundo dom Leomar Brustolin, que insistiu em que “ser católico é aceitar formas diferentes de pensar, a unidade não se faz sem um esforço de superar essa fragmentação”. Ele afirmou, seguindo Evangelii Gaudium que a Igreja existe para evangelizar, formar discípulos missionários a partir do encontro com Jesus Cristo que sempre é comunitário. Seguindo a dinâmica do Sínodo, que implementou o Sínodo Digital como um instrumento que tem ampliado a escuta, Dom Leomar afirmou que “pode ser que a gente fique escutando sempre os mesmos, os que já estão em casa, pelo que essa proposta de ampliar a escuta é indispensável”. Junto com isso, “escutar aquilo que a gente não gosta de ouvir”, vendo como fundamental para a Igreja do Brasil “escutar os que se afastaram da Igreja” e quem vem em função dos sacramentos, buscando conhecer “qual é a percepção da presença pública da Igreja, a relevância da Igreja numa sociedade como a nossa”. Uma escuta digital “para que possamos ir ao encontro daqueles que estão em outros areópagos que não são necessariamente aqueles que estamos habituados a frequentar”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Regional Norte1 elege nova Presidência: Dom Leonardo, Dom Adolfo e Dom Altevir

O Regional Norte1 da CNBB elegeu nesta quinta-feira sua Presidência para o quadriênio 2023-2027. O novo presidente é o Cardeal Leonardo Steiner, arcebispo da Arquidiocese de Manaus, a vice-presidência será assumida por Dom Adolfo Zon, bispo da Diocese de Alto Solimões, e Dom José Altevir da Silva, bispo da Prelazia de Tefé será o novo secretário. Na secretaria executiva do Regional Norte1 foi confirmada a Ir. Rose Bertoldo, que continuará desempenhando a função que assumia até agora. A religiosa disse continuar assumindo esse serviço em função de seu compromisso com a Amazônia e com a Igreja do Regional Norte1, onde tem realizado sua missão, principalmente no combate ao trafíco de pessoas e à exploração sexual de crianças e adolescentes desde há mais de 10 anos. Os bispos do Regional Norte1 agraceceram o trabalho daqueles que assumiram a Presidência no quadriênio 2019-2023, Dom Edson Damian, bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, que foi o presidente nos últimos quatro anos, Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus, que foi vice-presidente, e Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, bispo da Diocese de Borba, que assumiu a secretaria do Regional. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Ionilton: “Não é porque mudou o governo que vai mudar a postura profética de sempre da CNBB”

A 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), iniciada nesta quarta-feira 19 de abril de 2023, contou em seu primeiro dia com diversos momentos importantes. Dentre eles dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara, destaca em primeiro lugar “o relatório de atividades da Presidência, que está encerrando seu tempo, que serviu para mostrar o que a Igreja no Brasil viveu, apesar da pandemia e do anterior governo que dificultou muito as relações com a Igreja”. Dom Ionilton destaca que “a Presidência da CNBB, na pessoa de Dom Walmor principalmente, conseguiu levar adiante, dando para perceber a quantidade de notas, de manifestações que a CNBB teve nesses quatro anos, falando da realidade da Igreja, mas também da realidade do nosso povo”. Nas análises de conjuntura social e eclesial, o bispo da Prelazia de Itacoatiara destaca a apresentação de assuntos como “a polarização da sociedade civil, mas que acaba afetando a Igreja, a exploração religiosa por parte da extrema-direita, cooptando Deus, pátria e família”. Diante disso, dom Ionilton destaca a insistência da análise no “caminho da formação a partir da Palavra de Deus, da doutrina da Igreja para tentar conseguir arrumar o passo”. Na análise de conjuntura social, o bispo destacou, algo que explicitou no plenário após a apresentação, o ponto da “financeirização do capitalismo, uma questão muito forte nos últimos quatro anos com o governo que se encerrou”. Uma realidade que “nós que estamos no Amazonas percebemos isso com mais ênfase ainda com a questão das queimadas, a derrubada da floresta, a questão da poluição das águas por causa do garimpo ilegal”. Dom Ionilton insistiu em como a análise de conjuntura “destacava esse grande prejuízo que foi o avanço do capitalismo com o agronegócio, com as mineradoras”, um fato no Regional Norte1, diante do qual “nós esperamos encontrar caminhos de superação nesse novo tempo que começa agora”. O desafio no campo social, segundo o bispo, é “a gente conseguir fazer uma incidência política com esse novo governo que está começando que sinaliza alguma abertura maior para as questões sociais”. Isso leva dom Ionilton a ver a necessidade de “apostar no revigoramento dos organismos de fiscalização, IBAMA, FUNAI, ICMBio, que são organismos que ajudam a preservar o ambiente, preservar a natureza, o nosso bioma Amazônia”. Junto com isso, fazer incidência política, pois “não dá para a gente assistir de camarote o governo caminhar, a gente precisa de alguma maneira fazer também a nossa parte enquanto Igreja como sempre fizemos”. Nesse sentido, resgatando as palavras de dom Francisco Lima na apresentação da conjuntura social, “não é porque mudou o governo que vai mudar a postura da CNBB, vai ser a mesma postura profética de sempre”, algo do qual dom Ionilton diz ter certeza, se referindo ao tema do arcabouço fiscal, que “ainda é um ponto realmente enigmático, a gente precisa aprofundar mais isso, também como Igreja, mas o caminho é a incidência política, não deixar que a força do Congresso Nacional, que ainda é uma força de direita, de extrema-direita, predomine para essas votações no Congresso e que o interesse da população seja respeitado, e para isso precisa que haja movimento popular e social, e também no nosso caso como Igreja, como CNBB, fazer a incidência que a gente vinha fazendo e temos que fortalecer muito mais agora”. A realidade eclesial apresentada “é muito forte em nosso Regional Norte1”, segundo dom Ionilton. Ele afirma que “a gente teve muita dificuldade de trabalhar a formação e a conscientização a partir da cartilha da CNBB ‘Encantar a Política’ do Conselho do Laicato”. O bispo destaca a resistência existente que levava a dizer que “tratar desses assuntos acaba sendo uma politização da Igreja, pensar no pobre, pensar na defesa da natureza”, uma realidade que vai continuar, insiste dom Ionilton. O bispo da Prelazia de Itacoatiara coloca como exemplo disso o fato de ter “um grupo grande de pessoas que se dizem católicas, que usam símbolos católicos, como Nossa Senhora de Fátima, o terço, a devoção a Nossa Senhora, mas que faz um trabalho contra a Igreja. Fala mal do Papa, fala mal da CNBB, criticam qualquer pessoa da Igreja que tem uma postura na linha da opção pelos pobres, e aí fica um grupo que hoje tem a força das redes sociais”. Frente ao trabalho nas dioceses, paróquias, comunidades, “chega com muita mais força e rapidez pelas redes sociais uma onda contrária àquele ensinamento que a gente está tentando trazer do Papa Francisco, de suas encíclicas, das mensagens da CNBB, a posição da CPT, do CIMI, que é a posição também do Regional Norte1”, destaca dom Ionilton, que ressalta que “as vezes as pessoas não conhecem e fazem uma oposição cerrada, batem de frente, não aceitam aquilo que a gente está tentando fazer com que as pessoas se envolvam mais, a partir da fé, nesse compromisso de transformação da sociedade”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1