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Dia: 22 de abril de 2023

Bispos brasileiros recebem apelo da Igreja da Nigeria por liberdade religiosa

Impactados diante da realidade que vivem os cristãos na Nigéria ficaram os bispos do Brasil presentes na 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acontece em Aparecida (SP) de 19 a 28 de abril de 2023. Isso depois de escutar o testemunho de dom John Bogna Bakeni, bispo da diocese de Maiduguri, que em vídeo, pois não conseguiu o visto para entrar no Brasil, relatou as consequências da violência praticada pelo Boko Haram, o Estado Islâmico e outros grupos terroristas. Um conflito que nos últimos anos foi em aumento, motivado pelo empenho em estabelecer um califado e governo islâmico na Nigéria. Segundo relato de Ana Manente, presidente do conselho da Ajuda à Igreja que Sofre no Brasil (ACN), os assassinatos, sequestros e ameaças de todo tipo se tornou algo comum, provocando o deslocamento de milhões de pessoas. Uma realidade que levou o bispo a fazer um apelo à Igreja do Brasil: “Precisamos de ajuda, de toda a maneira que vocês possam influenciar o nosso governo para que ele possa cimentar a liberdade religiosa”. Um pedido que encontrou resposta no episcopado brasileiro, que em palavras de seu presidente, Dom Walmor Oliveira de Azevedo disse: “Conte conosco e essas palavras nos abrem horizontes também com relação aos sofrimentos do mundo e também nos interpelam a refletirmos no retiro que agora vamos fazer”. Mais de 300 seminaristas do Brasil são ajudados em sua formação pelo projeto “Comunhão e Partilha”, que garante recursos para que as dioceses com menos recursos possam realizar o processo formativo dos seminaristas. Uma experiência que acompanha a vida da Igreja do país há vários anos e que segundo testemunho de vários bispos tem ajudado a que hoje tenham padres locais em suas dioceses. Aos poucos, os brasileiros vão fazendo sua inscrição para a Jornada Mundial da Juventude, que será realizada em Lisboa de 1 a 6 de agosto. Até o momento já são mais de 12 mil os brasileiros inscritos para o principal evento católico do mundo, segundo a irmã Valéria Andrade Leal, assessora da comissão para a Juventude da CNBB. Junto com o evento, a comissão está propondo a criação de espaços nas dioceses em vista do envolvimento local da juventude. Junto com isso usar os materiais que estão sendo preparados para a JMJ 2023. A Comissão também apresento o Plano de Pastoral Juvenil da Igreja do Brasil, que com o nome “Ao seu lado”, tem como fundamentado a passagem dos discípulos de Emaús, e está dividido em 4 eixos: formação; vocação e missão; estruturas de acompanhamento e assessoria; cidadania: casa comum e dignidade humana. Os participantes da 60ª Assembleia conheceram o trabalho realizado pelo Conselho Episcopal Latino-americano no quadriênio 2019-2023. O cardeal Odilo Scherer, vice-presidente primeiro do Celam lembrou que a atual Presidência, eleita em maio de 2019 e que encerra seu mandado na Assembleia que irá acontecer em Puerto Rico de 15 a 20 de maio, recebeu em Tegucigalpa o encargo expresso da assembleia para “reformular o Celam e para construir uma nova sede para o Celam”, insistindo em que “ambos esses encargos foram devidamente realizados”. Na atual estrutura, o Celam está articulado em 4 centros pastorais: Centro de Gestão do Conhecimento, Centro de Formação – Cebitepal, Centro de Programas y Redes de Ação Pastoral, Centro para a Comunicação. São centros “de articulação e intercâmbio, promovendo iniciativas úteis para o acompanhamento da Igreja nos vários países e para servir às conferências episcopais”, segundo o arcebispo de São Paulo. O Celam também está dividido em 4 regiões: CAMEX, Caribe, Países bolivarianos e Cone Sul, da qual o Brasil faz parte. Dos últimos 4 anos, o cardeal lembrou da 1ª Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, um pedido do Papa Francisco diante da solicitação de uma 6ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, “realizada com um método sinodal de grande valor, com mais de mil participantes”. Igualmente destacou o envolvimento do Celam na preparação do Sínodo 2021-2024, tendo organizado a Etapa Continental em 4 assembleias regionais, junto com outra da região amazônica, coordenada pela CEAMA. Igualmente, o cardeal informou aos bispos brasileiros que desde 2022, a Santa Sé passou a gestão dos fundos da Fundação Populorum Progressio ao Celam, para apoiar projetos voltados ao desenvolvimento humano integral dos povos indígenas e afrodescendentes. Os participantes da 60ª Assembleia Geral da CNBB iniciaram neste sábado um retiro que tem como tema “O amor de Deus”. O pregador do retiro está sendo Dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida (SP), e será encerrado com uma caminhada penitencial e a celebração eucarística no Santuário Nacional ao meio-dia deste domingo 23 de abril. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Bispos de diferentes gerações e um ponto em comum: a visão de que as Assembleias da CNBB promovem a comunhão na Igreja

“O que marca mais é a expressão de colegialidade, a gente trabalha em conjunto. E de diocesaneidade, nós somos uma Igreja ligada ao Papa, ligada à Igreja Universal. Nós não estamos construindo uma mensagem própria, nós estamos construindo uma mensagem de salvação que vem desde Jesus Cristo”. Assim resume as assembleias gerais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o bispo emérito de Coari (AM), dom Gutemberg Freire Régis. Das 60 assembleias, ele participou de quase 50. A primeira foi em 1974, antes ainda de ser ordenado bispo, como prelado da então Prelazia de Coari (AM). Dom Gutemberg conta que naquele ano foi a primeira vez que a assembleia foi realizada no Mosteiro de Itaici (SP). Com o tempo, o local foi crescendo, mas “a CNBB cresceu mais ainda” e a assembleia precisou ser transferida para um lugar maior, o Santuário Nacional de Aparecida. Religioso redentorista, dom Gutemberg se sente em casa no santuário, que é administrado pela Congregação dos Missionários Redentoristas. “Aí fiz os votos, recebi batina aqui na Basílica Velha”, relembra. “Então essa é uma das grandes razões para que mesmo aposentado eu venha. Porque a gente não vota, não participa tanto diretamente, mas eu participo também porque eu tenho outras vantagens. Me hospedo no convento, nem volto para o hotel”, conta. Primeira vez na Assembleia do Episcopado Na outra ponta, o bispo auxiliar de Belém (PA), dom Paolo Andreolli, foi ordenado no último dia 15 de abril. Italiano, há 15 anos mora no Brasil, com trabalho no Estado do Pará. Dom Paolo participa da assembleia pela primeira vez e, assim como dom Gutemberg, vê no encontro dos bispos um sinal de unidade e sinodalidade. “É interessantíssimo, tem uma variedade muito grande entre norte, centro, sul, leste, mas a gente experimenta contemporaneamente essa riqueza, a unidade, estamos procurando coisas comuns, caminhar juntos”, destaca o bispo. Como padre, dom Paolo precisava se preocupar com os problemas próximos, da paróquia. Como bispo, o horizonte é elevado. “A gente percebe que os problemas continuam, mas estão dentro de um contexto muito maior e para resolver precisamos trabalhar juntos para encontrar soluções”, ressalta. Apesar das diferentes realidades, “a gente percebe que a humanidade é a mesma, as necessidades existenciais do encontro com Cristo, os problemas sociais são mais ou menos os mesmos espalhados em vários lugares”, conta dom Paolo. Grande família Com a diversidade de realidades, o bispo auxiliar de Belém se diz encantado com o respeito e a busca por caminhos para se trabalhar junto, em comunhão com o Papa Francisco e a Igreja. “A gente se percebe como uma grande família. O sonho do Conforti, meu fundador, é fazer do mundo uma só família e a gente percebe, sente esse clima de família, com tantos filhos que trabalham juntos, tantos irmãos que trabalham juntos para o bem comum”, destaca. Para quem está chegando e para quem vem de uma caminhada de quase cinco décadas, a caminhada é sempre de aprendizagem. O próprio caminhar em unidade em meio a realidades diferentes é um processo de aprendizagem, destaca dom Gutemberg. “Porque o ser humano é pessoa que nasce e vai aprendendo: a andar, a comer, a falar. Esse processo de aprendizagem é natural. É isso a conferência, a CNBB, é o que a gente está tentando fazer juntos. Não como indivíduo, cada um querendo resolver por si, nenhuma paróquia sozinha, nenhuma diocese sozinha, mas em comunhão”, relata. Dom Paolo complementa: “a gente experimenta que está dentro de uma caminhada muito grande e está entrando num trem em movimento. Então a gente pula dentro aprendendo coisas novas e tentando entender para dar a contribuição também dentro do processo”. Nessa caminhada, a ajuda de outras pessoas é fundamental. “Através das pessoas conhecidas a gente vai conhecer mais pessoas ainda e, assim, como aquele círculo que você joga uma pedra dentro de uma lagoa, ele vai se ampliando, a gente vai conhecendo um mundo bem maior, mais amplo”, conta dom Paolo. E nesse ponto, a caminhada com os bispos mais velhos se encontra novamente. Todo mundo procura ajudar tanto um quanto outro, aponta dom Gutemberg. “Quando a gente chega como bispo novo, os outros estão muito afáveis e procuram ajudar, orientar quando precisa. E como bispo idoso, muitos procuram ajudar porque a gente já está esquecendo as coisas, já não consegue acompanhar o ritmo que às vezes é muito agitado. Eu já estou experimentando o outro lado, a ajuda do início e agora, então isso é bom”, finaliza dom Gutemberg. Missa com os bispos de recente nomeação No final do segundo dia de assembleia, na quinta-feira, 20 de abril, dom Paolo concelebrou a missa que foi dedicada especialmente aos bispos de recente nomeação, uma experiência emocionante para ele. “Primeira vez que celebro como bispo naquele presbitério [do santuário] vendo que tem jovens bispos que foram eleitos [como eu]. É como uma família, quando nasce alguém é objeto de interesse, de cuidado, faz com que a gente se doe completamente”, destaca. Na sexta-feira, 21 de abril, a missa foi dedicada aos bispos eméritos. Juliana Mastelini, assessora de comunicação da Arquidiocese de Londrina (Fonte: CNBB)

3º Domingo da Páscoa: “Corremos o risco de não reconhecer Cristo caminhando ao nosso redor”

“No terceiro domingo da Páscoa, o Evangelho nos ajuda a questionar e refletir sobre como vemos os que estão ao nosso redor”, afirma Nazaré Silva comentando o Evangelho. Citando o texto que diz “Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram”, a jovem da Diocese de Roraima afirma que “diante da agitação do nosso dia a dia, corremos o risco de não reconhecer Cristo caminhando ao nosso redor, como os discípulos. Precisamos estar atentos e atentas para reconhecê-Lo!” “Sabendo que o mês de abril é marcado por uma causa muito especial: a conscientização do autismo. É importante nos questionamos: minha comunidade aceita crianças, adolescentes, jovens ou adultos atípicos?”, lembra Nazaré. Ela questiona: “Será que nossos espaços são espaços para receber e vivenciar o diferente?  Ou esperamos que todos ao nosso redor sejam iguais? O que nos falta para reconhecer Cristo naqueles que são atípicos?”. De novo citando o texto, onde diz: “Não estava ardendo o nosso coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?”, ela pede “que possamos reconhecer Cristo em cada pessoa, que nossas comunidades sejam espaços de respeito e valorização do diferente”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Tadeu Canavarros: Os bispos “não somos donos da Igreja, mas homens que se colocam na construção do serviço”

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil está realizando de 19 a 28 de abril sua 60ª Assembleia Geral, que Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos define como “bastante empenhativa, sobretudo porque se torna exigente nesse processo e no ritmo que se estabelece”. Mas ao mesmo tempo, o bispo auxiliar de Manaus destaca que “a assembleia para mim sempre é uma grande oportunidade de encontro da Igreja no Brasil através dos pastores, que são os bispos, que representam cada parcela, cada lugar desse nosso imenso Brasil”. Um momento que é “sem dúvida satisfação de comunhão e de participação e de se sentir um todo. Isso nos alivia bastante naquilo que é realmente exigência da assembleia”, ressalta Dom Tadeu. Em relação com a sinodalidade, um tema presente na reflexão da 60ª Assembleia Geral da CNBB, essa “é uma realidade que se faz pelo caminho que cada diocese tem traçado, que é um caminho de continuidade com algumas perspectivas, sobretudo por exemplo o caminho de Iniciação à Vida Cristã, o caminho da reflexão bíblica, catequético, que cada vez mais se torna uma necessidade urgente para realmente atingir as pessoas nessa adesão e nesse verdadeiro encontro com Jesus Cristo que se dá mediante a Palavra, num caminho de fé mais progressivo, mais exigente, mais autêntico”. Nesse caminho sinodal, de ida e volta, em relação à Igreja de Manaus, que tem vivido seu próprio processo sinodal, Dom Tadeu vê como uma característica que chama bastante a atenção na Igreja onde ele é bispo auxiliar, “a participação dos cristãos leigos, e isso é muito interessante porque a proposta que vem, ela tem uma repercussão bastante positiva e ao mesmo tempo exigente de uma própria resposta singular dessa Igreja, o que nos ajuda e muito de fato a fazer esse caminho de ir ate as bases e das bases realmente construir esses itinerários de fé”. Em relação com o desafio da comunhão num episcopado tão numeroso e diversificado como o brasileiro, Dom Tadeu diz acreditar que “a primeira questão é aquilo que nós somos, não somos donos da Igreja, mas homens que se colocam na construção do serviço”. Nesse sentido, ele destaca que “a particularidade que tem é que a gente pode ser mudado de igreja para igreja nos ajuda também a gerar essa comunhão”. Junto com isso, o bispo auxiliar de Manaus afirma que outra questão importante “se dá pela fraternidade entre os bispos, a cada momento e a cada assembleia, sempre esse grande momento de encontro, de partilha, de conhecimento, de realmente travar um diálogo com aquele que pensa diferente, e como você colocar as suas ideias e ao mesmo tempo partilhar essas ideias, e ao mesmo tempo estar aberto a acolher o outro que é diferente”. Em relação com a eleição dos novos cargos, que se inicia nesta próxima segunda-feira, Dom Tadeu Canavarros pensa que “há uma consciência cada vez mais clara que os cargos, eles são meramente a serviço, a serviço da construção de uma Igreja que tem uma proporção continental como o Brasil, mas ao mesmo tempo a serviço da evangelização. Todos os cargos, e agora há essa troca, se você analisar bem o que significa isso, é estar a serviço dessa instituição para que realmente possa acontecer mais a evangelização em todos os cantos do nosso Brasil”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1