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Dia: 23 de abril de 2023

Dom Zenildo: “Precisamos escolher irmãos que estejam em comunhão com o Papa Francisco”

A 60ª Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é vista por Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, bispo da Diocese de Borba como um encontro “muito fraterno, esperançoso, de irmãos, de pastores, de servidores do Reino, encontro que gera, que fortalece a comunhão, a unidade, a sinodalidade”.  O bispo o avalia como “positivo, porque a partilha, a convivência acaba nos animando para a missão de cuidar, de zelar, de formar, de evangelizar o nosso povo”. Dom Zenildo insiste em que “frente a tantos desafios, devemos lembrar que somos agentes da esperança, devemos tomar iniciativas em prol da evangelização do nosso povo”. Nesse sentido, sublinha que “essa assembleia motiva e anima cada bispo a responder o chamado de Deus para servir a Igreja obedecendo sempre o mandato de Jesus: ide e anunciai que o Reino está próximo”. O bispo da Diocese de Borba faz parte da equipe de redação da carta que será enviada ao Papa Francisco, que para o episcopado brasileiro “é o nosso referencial, o animador, o nosso querido Papa”. Segundo Dom Zenildo, “na mensagem a ele, nós estamos ressaltando justamente essa unidade entre nós, essa comunhão que existe em relação às decisões e a nossa obediência para com o Primado dele. Ele para nós é uma referência de unidade, de amor à Igreja, zelo pela casa comum”. No contexto da sinodalidade e como ela se concretiza entre os bispos e na Igreja do Brasil, o bispo afirma que “a sinodalidade, ela se concretiza entre nós, em primeiro lugar na escuta, quando temos capacidade de ouvir e tomarmos decisões em comum, em conjunto, e ao mesmo tempo praticar isso. As nossas decisões são decisões que devem ser assumidas por todos”. Refletindo sobre o que é vivido nas bases, nas dioceses, Dom Zenildo afirma que “a sinodalidade, ela nos leva a ter humildade em escutar, e gera proximidade em relação aos leigos, à Vida Religiosa e assim por diante”. Em relação aos bispos, o bispo da Diocese de Borba insiste em que “isso nos motiva à colegialidade”. Uma sinodalidade que apresenta desafios, que vem determinados “pelas grandes diferenças de nosso país, as diferenças culturais”. Diante disso, ele insiste em que “precisamos ter habilidade em relação à escuta e à prática”. Nesse sentido, Dom Zenildo disse pensar que “em muitos momentos há uma dificuldade de misturar evangelização com ideologia, e isso até o Papa Francisco nos orienta que devemos evitar, porque a evangelização, ela é muito mais concreta, ela humaniza, ela parte do Cristo, ela parte da Igreja, da comunhão, da unidade”. Frente a isso, o bispo da Diocese de Borba ressalta que “a ideologia ela acaba estragando o processo e a sinodalidade, ela nos leva a viver o processo”. Sobre as eleições, Dom Zenildo afirma que “sempre é um dilema, muito embora precisamos escolher irmãos que estejam em comunhão com o Santo Padre, em comunhão com o Papa Francisco no sentido das orientações, no sentido das pistas para a evangelização”. Ele insiste em que “a gente não pode cair nessa dinâmica de direita, esquerda, mas nós devemos priorizar o bem da Igreja, o bem das dioceses, o bem da CNBB. Tem que valer entre nós a comunhão, isso seria uma resposta para a escolha da Presidência”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “Sermos uma Igreja capaz de inserir-se na conversa daqueles que caminham”

Lembrando que Páscoa significa “passagem”, iniciou Dom Leonardo Steiner seu comentário às leituras do III Domingo da Páscoa. Páscoa que é “a passagem de Jesus e nossa pelo deserto da solidão e da morte. Não pertencemos mais à morte. Foi-nos oferecida a vida. Esperamos participar definitivamente da vitória sobre a morte; triunfo manifestado, visibilizado na ressurreição de Jesus”, insistiu o arcebispo de Manaus citando Santo Agostinho. O cardeal Steiner mostra que neste domingo “o evangelho de hoje nos apresenta os discípulos de Emaús”, recordando que “no domingo passado meditávamos a ausência de Jesus pela sua morte conduz os discípulos a refugiarem-se no medo; eles deixam-se tomar pela escuridão da perda, da morte. Jesus se releva, se manifesta e deseja a paz”. Comentando o relato evangélico, Dom Leonardo disse que “hoje, São Lucas nos faz ver dois discípulos caminhando desanimados e desiludidos para a cidade de Emaús. Saem do medo, da prisão domiciliar, do esconderijo e põem-se a caminhar. No caminhar dos discípulos pode-se perceber a dispersão dos discípulos”. Uma situação que provoca perguntas: “e agora? para onde?”, o que já tem uma resposta: “para outro lugar. Abandonam Jerusalém e tomam a estrada para Emaús. Os discípulos abandonam a Jerusalém, a cidade do temor de Deus, a cidade da perfeição; outros a chamam de cidade da paz. Abandonam, desiludidos a cidade que era a fonte da salvação e caminham para outra fonte: Emaús. Emaús quer dizer ‘águas quentes, riacho quente’. No desconforto da perda, no “des-vislumbre” de um horizonte destruído, voltam-se para as águas quentes”. Dom Leonardo faz ver que “os dois discípulos escapam de Jerusalém. Eles se afastam da ‘nudez’ de Deus. Estão escandalizados com o fracasso de Jesus que consideravam o Messias. Nele haviam esperado, acreditado e que agora aparece irremediavelmente derrotado, humilhado, morto. Passados os três dias, no recontar de alguns, Ele teria ressuscitado. Mas eles abandonam Jerusalém que Papa Francisco chama lugar das nossas fontes”. Frente ao pedido de Jesus de permanecer na cidade, o cardeal Steiner afirma que “eles decidem partir revolvendo no coração os sonhos, as desilusões, a esperança desfeita”. Uma atitude que ele vê presente em nós: “são as nossas desilusões, nossos fracassos, as nossas mortes que não suficientemente confrontadas ou iluminadas com a morte e a ressurreição de Jesus. Até aprendemos na catequese que Jesus nos salvou, nos redimiu e que ressuscitando dos mortos nos alcançou a eternidade; mas diante da dureza do acontecer dos nossos dias, no desfazer as figuras que temos de Deus, na fé não amadurecida, também nós deixamos o lugar das nossas fontes e buscamos outras fontes, outros lugares distantes de Jesus. Cedemos ao desencanto, ao desânimo, às lamentações; trabalhamos duro e, às vezes, nos parece acabar derrotados. Então apodera-se de nós o sentimento de derrota, a sensação de uma estação perdida”, afirma, citando o Papa Francisco na JMJ-2013. Ele faz ver que “até procuramos outras igrejas onde são anunciados milagres e curas. Não conseguimos permanecer na espera da fé. Saímos de Jerusalém e buscamos outros lugares, outros caminhos, pois pensamos que a nossa igreja, a nossa comunidade nada mais tem a oferecer. Preferimos caminhar sozinhos sem o incômodo de termos que esperar o tempo da manifestação de Jesus”. Continuando com a análise do relato, Dom Leonardo mostra que “no conversar e discutir, o próprio Jesus se aproxima e começa a caminhar com eles”, insistindo em que “os discípulos, porém, ‘estavam como que cegos, e não o reconheceram’. Na inquietação, a desesperança, no não saber, na cegueira do caminhar Jesus se faz caminho; reflexão, revelação”. O cardeal repara na pergunta de Jesus: “O que ides conversando pelo caminho? O caminho que vocês estão fazendo qual é? Não o caminho de Emaús, mas o caminho da dor, do horizonte perdido; qual é?”. Fazendo ver que esse é “o caminho de compreender a perda do Reino”, Dom Leonardo insiste em que “eles começam a abrir o coração e manifestar tudo o que haviam sonhado e perdido: ‘Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que aconteceu nestes últimos dias?”, uma pergunta que encontra outra pergunta em Jesus: “O que foi?”, diante da qual os discípulos responderam: “o que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante todo o povo. Os nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu”. Com as palavras dos discípulos nas que eles dizem que “a Ele ninguém viu”, Dom Leonardo disse que “não era pouco o motivo de terem abandonado Jerusalém e buscarem outro lugar para viver. Haviam perdido a casa, o lugar que o Nazareno lhes havia oferecido. Eles o perderam”. Segundo o cardeal Steiner, “na discussão, na tentativa de compreender, na busca que fazem Jesus está presente. Jesus caminha com eles. Pergunta, ouve a angústia e a decepção. Somente depois inicia, enquanto caminha, a desvendar os segredos da decepção e do desconforto da perda. Jesus entra no entardecer, na noite dos discípulos. Porque caminha com eles, os escuta, e inicia o processo de uma verdadeira iniciação à Boa Nova, de como as profecias foram realizadas, eles chegam à revelação, isto é, eles abrem os olhos. Percebem que os diálogos, as palavras, os silêncios repercutiam a presença do Messias”. Dom Leonardo questiona se “talvez, nos falte a ousadia de entrarmos na noite e na solidão das pessoas de hoje. Fazer um caminho com eles. Precisamos ser capazes de encontrar esses homens e essas mulheres que caminham e fazer caminho com eles. Sermos…
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