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Dia: 24 de abril de 2023

Cardeal Steiner: “Amazônia não é só água e floresta”, é povo acolhedor e religiosidade muito profunda

A Amazônia foi pauta da coletiva de imprensa da 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil desta segunda-feira 24 de abril. Os “porta-vozes” da Igreja da região foram Dom Leonardo Steiner, Arcebispo de Manaus, o “cardeal da Amazônia”, presidente da Comissão para a Amazônia, e Dom Evaristo Spengler, que nesta terça-feira completa um mês do início da sua missão como bispo da Diocese de Roraima, e é o presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica no Brasil. Uma oportunidade para mostrar a importância que a Amazônia tem para a Igreja e para o mundo, uma região que “não é só água e floresta”, enfatizou o cardeal Steiner, que destacou o fato de o povo ser extremamente acolhedor, com uma religiosidade muito profunda, com um ritmo de vida marcado pelas águas. Tudo isso numa Amazônia que passa por dificuldades, citando como exemplo o garimpo, que tem provocado a tragedia do Povo Yanomami, uma situação que se repete no Pará com o Povo Munduruku, gravemente atingido pelo mercúrio; o desmatamento, que é muito grande, com regiões onde não tem mais mata; a pesca predatória, citando a morte do jornalista inglês Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira, mortos por ajudar os indígenas a se defender da pesca predatória. O cardeal Steiner ressaltou que a agressão à questão indígena foi muito forte nos últimos anos, com um presidente da FUNAI contrário aos povos indígenas. Dom Leonardo lembrou sua visita ao Povo Yanomami, quando levou “a palavra de conforto do Papa Francisco e da presidência da CNBB”, dizendo ter ficado estarrecido com as acusações que os indígenas faziam. O cardeal enfatizou as palavras de um casal, quando disse: “estamos perdendo a nossa alma, a nossa espiritualidade”, algo que Dom Leonardo definiu como perder as motivações para existir, para estar vivo. Ele destacou a importância do Ministério dos Povos Indígenas e da FUNAI, e o fato de ser dirigidos por duas indígenas. Dom Leonardo ressaltou a união estre os bispos na Amazônia e a grande presença dos leigos e leigas na missão de evangelizar. Junto com isso destacou a grande solidariedade, “nunca vi tanta solidariedade na minha vida como em Manaus no tempo da pandemia, pessoas que souberam dar do pouco”, dizendo que na Arquidiocese de Manaus, atendemos mais de 100 mil pessoas, uma amostra do “espírito de solidariedade que existe em nosso povo”. Dom Evaristo Spengler apresentou a Igreja da Amazônia, desde sua experiência da Prelazia do Marajó e na Diocese de Roraima, uma Igreja muito viva, com grande religiosidade popular, onde a vida de fé perpassa todas as ações no dia a dia do povo. Em sua intervenção explicou como estão sendo desenvolvidas: Laudato Si´ e Amazônia sem Fome, campanhas que “transbordam do coração do Papa Francisco”. Em relação aos migrantes venezuelanos, uma realidade que aumentou neste ano, com uma média de entrada de 500 pessoas por dia, destacou a ação belíssima da Igreja de Roraima com os migrantes. A Igreja tem se colocado muito ao serviço, insistiu, mostrando números do que a Igreja local faz na alimentação e ajuda jurídica. Dom Leonardo enfatizou que “o Santo Padre sempre mostrou um carinho muito grande pela Amazônia”, como algo que está no seu coração, destacando que a criação de um cardeal da Amazônia é um modo de “ele expressar a proximidade dele com toda a Amazônia e o povo de lá está entendendo assim”. O Papa, segundo o cardeal, está preocupado pela depredação da Amazônia, “ele está pensando na humanidade, ele está pensando na Mãe Terra”, destacando igualmente a estima do Papa Francisco pelo modo de ser Igreja na Amazônia, com o protagonismo dos leigos e as pequenas comunidades. Em relação à presença da Eucaristia nas comunidades da Amazônia, disse pensar que “temos que dar passos em algumas direções”. Isso numa Igreja que é missionária, citando o exemplo da Arquidiocese de Manaus, onde depois da Assembleia Sinodal está se preparando “leigos e leigas em cada comunidade para levar a Palavra de Deus nas casas”. Ele falou de processos que gerem mudanças, de repensar a formação nos seminários com padres ao serviço das comunidades, questionando até que ponto é justo que muitas comunidades na Amazônia só tenham acesso à Eucaristia duas vezes por ano, inclusive menos, segundo acrescentou Dom Evaristo, quando a Eucaristia é centralidade na vida cristã. Em relação às igrejas irmãs destacou sua dimensão missionária e a existência de missionários e missionárias que doam sua vida na Amazônia, mas também a falta de voluntários para a missão de outras regiões do país. Junto com isso relatou a difícil situação do garimpo na Terra Yanomami e a destruição que está provocando na floresta e na vida dos indígenas, sendo muitos deles cooptados pelo garimpo. Igualmente denunciou a situação do alcoolismo, exploração e abuso sexual. Uma Igreja chamada a somar num caminho que os indígenas estão realizando. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Jaime Spengler novo Presidente da CNBB

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem um novo presidente. Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, foi eleito o 14º presidente da CNBB, depois de ter sido vice-presidente nos últimos quatro anos. A eleição, que contou com a participação de mais de 300 bispos, aconteceu no 6º dia da 60ª Assembleia Geral da CNBB, que se realiza em Aparecida de 19 a 28 de abril de 2023, no terceiro escrutínio com 210 votos, em que era necessária a maioria simples. Nascido em Gaspar (SC), em 6 de setembro de 1960, o novo presidente da CNBB, que sucede a Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte (MG), pertence à Ordem dos Frades Menores, onde ingressou no dia 20 de janeiro de 1982. Realizou a Profissão Solene no dia 8 de setembro de 1985, sendo ordenado presbítero no dia 17 de dezembro de 1990. Após fazer o doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum, nos anos de 1995 a 1998, Dom Jaime Spengler trabalhou sobretudo no campo da formação, sendo nomeado bispo auxiliar de Porto Alegre em 10 de novembro de 2010 pelo Papa Bento XVI, sendo ordenado bispo no dia 5 de fevereiro de 2011. Pouco mais de dois anos depois, aos 18 de setembro de 2013, o Papa Francisco o nomeou Arcebispo de Porto Alegre. O novo presidente, em breve encontro com os jornalistas os agradeceu pelo seu papel muito importante na evangelização. Dom Jaime Spengler disse acolher sua nomeação “com muita humildade, com tanta simplicidade, com temor e tremor, mas orientado pela fé”. Com esse espírito disse se colocar a serviço da CNBB durante os próximos quatro anos, esperando poder fazer “um trabalho à altura daquilo que é a Conferência na história do nosso Brasil”. Em relação às perspectivas, Dom Jaime Spengler, vice-presidente na atual gestão, enfatizou que deseja que “seja uma continuidade a esse processo que nós estamos vivendo”, em referência à sinodalidade, destacando a primeira iniciativa do Celam e depois do Papa Francisco. O arcebispo de Porto Alegre se referiu ao processo de escuta, como algo que precisa avançar, insistindo no espírito da sinodalidade, que o espírito de comunhão e participação possa crescer e se consolidar na Igreja. Finalmente, Dom Jaime Spengler chamou a ajudar no processo sinodal para que a obra da evangelização possa avançar, para promover o Evangelho do Crucificado – Ressuscitado, ressaltando que “se queremos ajudar a transformar nossa comunidades, o Evangelho é a referência”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Comissão para a Amazônia: Compromisso da CNBB de apoio solidário e fraterno à Igreja que está na Amazônia

A Comissão para a Amazônia apresentou nesta segunda-feira, 24 de abril, aos participantes da 60ª Assembleia Geral da CNBB que está sendo realizada em Aparecida de 19 a 28 de abril, os passos dados no último quadriênio. Um momento que começou com a lembrança e agradecimento ao cardeal Cláudio Hummes, durante uma década presidente da Comissão, e de Dom Jayme Chemello, primeiro presidente. Uma Comissão que é “expressão do compromisso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil de apoio solidário e fraterno à Igreja que está na Amazônia”, segundo enfatizou o cardeal Leonardo Steiner, presidente da Comissão para a Amazônia. Ele lembrou os princípios: Colegialidade episcopal, sinodalidade, ecologia integral, Igreja com rosto amazônico, escuta ativa e atenta, e diálogo com as outras comissões episcopais, dioceses e instituições. Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara, apresentou as ações do quadriênio, centradas no Sínodo para a Amazônia: preparação, articulação do processo de escuta, diálogo com as dioceses, produção de material, sistematização das escutas, organização das ações a presença dos bispos brasileiros em Roma, organização e lançamento da Exortação Pós-Sinodal Querida Amazônia, Acompanhamento das ações pós-sínodo e diálogo com a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). A Comissão para a Amazônia organizou de 6 a 9 de junho de 2022 o encontro Santarém 50 anos, “um encontro que foi expressão de gratidão a Deus por ter encorajado tantos irmãos leigos e leigas, religiosos, religiosas, padres, bispos, a adentrarem nas diversidades desta Amazônia para anunciar o Evangelho”, segundo lembrou Dom Roque Paloschi. “Um encontro sustentado na encarnação na realidade e uma evangelização libertadora”, elementos que fundamentaram o documento 50 anos atrás. “Um encontro que foi uma pequena assembleia sinodal, que quis atualizar um texto muito simples, mas muito prático em termos de evangelização”. O arcebispo de Porto Velho lembrou das palavras do Papa Francisco para o encontro, como “motivo de especial alento”, considerando-o “ocasião de intensa ação de graças ao Altíssimo pelos frutos da ação do Divino Espírito Santo na Igreja que está na Amazônia – durante estas últimas 5 décadas – e por quanto a mesma inspira”. Ele destacou que “as intuições daquele encontro serviram também para iluminar as reflexões dos padres sinodais, no recente Sínodo para a região Pan-Amazônica”, lembrando que o Papa pediu aos participantes que “sejam corajosos e audaciosos, abrindo-se confiadamente à ação de Deus”, e através do Espírito, “anunciar o Evangelho com novo empenho e a contemplar a beleza da criação”. A Comissão para a Amazônia em parceria com a REPAM-Brasil teve Incidência Política com diversos posicionamentos. Em 2019 foi denunciado a devastação da Amazônia, os ataques aos povos tradicionais e os ataques aos defensores de direitos humanos na Amazônia, que gerou uma audiência pública na Câmara dos Deputados e a elaboração de um relatório amplo sobre os direitos humanos na Amazônia, segundo lembrou Dom Evaristo Spengler, bispo da Diocese de Roraima e presidente da REPAM. Em 2021 uma carta aberta ao Povo Brasileiro em decorrência do encontro virtual dos Bispos da Amazônia. Junto com isso a criação em 2022 do Boletim “Amazônia no Congresso”, a Campanha “Eu Voto pela Amazônia” e a Carta “Tempo de Sonhar”. Em 2023, a criação de um núcleo multidisciplinar de direitos humanos e incidência em parceria com a REPAM. Um quadriênio em que a Comissão para a Amazônia potencializou a formação em diferentes aspectos, segundo relatou a Ir. Maria Irene Lopes, secretária da Comissão, como foi o curso de guardiões e guardiãs da casa comum, diferentes temas sobre ecologia integral, materiais sobre a Campanha da Fraternidade. O cardeal Steiner visitou o Povo Yanomami, em nome do Papa Francisco e da CNBB, num momento difícil, insistindo em que “nós víamos no semblante dos indígenas o deseje de ouvir uma palavra de proximidade”. O presidente da comissão destacou a presença significativa e profundamente encarnada da Igreja de Roraima em meio aos povos indígenas, lembrando que o Santo Padre e a CNBB enviaram ajuda para a Diocese de Roraima, uma ajuda também agradecida por Dom Evaristo Spengler, que lembrou a ajuda de algumas dioceses do Brasil. A Comissão para a Amazônia incentivou várias campanhas nos últimos anos, como foi a Campanha Laudato Si´, destacando a importância do filme “A Carta” nessa campanha. Junto com isso diversos períodos de mobilização como a Semana Laudato Si´, Junho Verde, o Tempo de Criação ou a Campanha Amazônia Sem Fome. Junto com o relatório da Comissão para a Amazônia foi apresentado pela Ir. Regina da Costa Pedro, diretora das POM, o 5º Congresso Missionário, que será realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro de 2023. O Congresso tem como Tema “Ide da Igreja local aos confins do mundo”, e como lema “Pés a Caminho”. A religiosa apresentou os eixos temáticos, que tem como ponto de partida a escuta do Espírito e a primazia da graça, abordando o despertar da consciência missionária, a universalidade da missão, a catolicidade. Junto com isso, o objetivo geral, em vista de impulsionar a missão ad gentes, os 7 objetivos específicos, e a metodologia, que busca despertar a responsabilidade da Igreja local na missão ad gentes e na cooperação missionária. Um congresso que espera reunir mais de 800 participantes. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1