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Dia: 16 de junho de 2023

Dom Adolfo Zon: Pastorais Sociais, “favorecer a dimensão sociotransformadora da fé na sociedade”

Conhecer a Doutrina Social da Igreja é um desafio para quem trabalha nas Pastorais Sociais, segundo Dom Adolfo Zon, bispo da diocese de Alto Solimões, vice-presidente do Regional Norte1 e bispo referencial das Pastorais Sociais no Regional Norte1. Ele é um dos assessores do Seminário das Pastorais Sociais do Regional Norte1 que está sendo realizado em Manaus de 15 a 18 de junho de 2023 com o tema “Formação de Lideranças no Compromisso Sociopolítico da Fé”. Tendo como base o DOCAT, compendio que recolhe os Documentos da Doutrina Social da Igreja, o bispo de Alto Solimões refletiu sobre “Doutrina Social da Igreja e a dimensão sociopolítica da Fé”. Dom Adolfo Zon destacou a necessidade de uma releitura contínua da Doutrina Social da Igreja, que tem que ser lida a partir do contexto em que foi escrito cada um dos documentos. Daí a importância do que ele chamou de “hermenêutica da Doutrina Social da Igreja”, dado que “o tempo vai revolucionando a compreensão da realidade”. Isso porque “a sociedade é dinâmica e não estática”. Segundo o bispo, “o objetivo principal das Pastorais Sociais é contribuir a favorecer a dimensão sociotransformadora da fé na sociedade. Tanto as pastorais sociais como também os leigos, através de suas diferentes profissões e modos de vida, têm que fazer presente esta dimensão que é constitutiva da nossa fé”. Dom Adolfo Zon destacou que “a Doutrina Social da Igreja, ela nos vem dar luzes para ler, para julgar, e sobretudo para encontrar caminhos ou diretrizes para a ação social dos seres humanos na sociedade”. “A Doutrina Social da Igreja é uma contribuição preciosa para que os nossos leigos e leigas, e todo batizado possa realizar a dimensão sociotransformadora da nossa fé”, destacou o bispo de Alto Solimões. Ele ressaltou o envolvimento que se dá nas dioceses e prelazias no campo das Pastorais Sociais, que “tem uma prática libertadora e que está embasada nesta Doutrina Social que a Igreja nos oferece para iluminar a realidade social e nossas atividades”. Conhecer bem a Doutrina Social da Igreja se faz necessário “para falarmos com propriedade”, fez ver o bispo referencial das Pastorais Sociais do Regional Norte1 aos participantes do Seminário, mostrando sua desconformidade com a rejeição à Doutrina Social da Igreja por pessoas que se dizem parte da Igreja católica. Um conhecimento que ajuda a melhorar a vida do povo, afirmando que “os políticos não querem que o povo conheça a política pública”, e junto com isso que “nossas comunidades ficam fora das políticas públicas porque não nos organizamos”. Dom Adolfo Zon apresentou a identidade, conteúdo, objeto, sujeito, objetivo, fontes e método da Doutrina Social da Igreja e fez uma análise de diversos documentos pontifícios que conformam a Doutrina Social da Igreja, que ele considera algo muito iluminador, convidando a fazer uma leitura de fé da realidade ajudados pelos Documentos da Doutrina Social da Igreja, “confrontar-se com eles para aprendermos em relação à nossa ação”, pois a Doutrina Social da Igreja é uma prática, ressaltou. O bispo referencial das Pastorais Sociais insistiu em interpretar o contexto da Doutrina Social da Igreja, fazendo uma apresentação de sua história desde a publicação da Rerum Novarum em 1891 até a Fratelli tutti em 2021, considerando o Concilio Vaticano II como um divisor de águas em relação à Doutrina Social da Igreja. Junto ao Magistério Pontifício apresentou alguns documentos do episcopado brasileiro sobre essa temática. O vice-presidente do Regional Norte1 fez uma análise dos Princípios da Doutrina Social da Igreja e seus princípios estratégicos, apresentando os princípios que o Papa Francisco apresenta na Evangelii Gaudium: O tempo é superior ao espaço (EG. 222); A unidade prevalece sobre o conflito (EG. 226); A realidade é mais importante que a ideia (EG. 231); O todo é superior à parte (EG. 234). Junto com isso os critérios de julgamento e as diretrizes para a ação e a dimensão prática da Doutrina Social da Igreja, mostrando a metodologia para a ação. Pastorais Sociais que chegam aonde não chega o poder público, daí sua importância decisiva na vida da Igreja e da sociedade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Steiner: “As Pastorais Sociais são a nossa tentativa de seguirmos a Jesus, de vivermos o Evangelho”

As Pastorais Sociais do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizam de 15 a 18 de junho seu Seminário, buscando avançar na Formação de Lideranças no Compromisso Sociopolítico da Fé. Pastorais Sociais que o cardeal Leonardo Steiner definiu como “as pastorais da bem-aventuranças”. Segundo o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1, “as Pastorais Sociais são a nossa tentativa de seguirmos a Jesus, de vivermos o Evangelho”. Segundo o cardeal Steiner, “compreendemos o seguimento de Jesus como ir ao encontro dos irmãos e das irmãs e as nossas pastorais na Igreja do Brasil foram aparecendo na medida em que fomos descobrindo, fomos despertando para as diversas dimensões da vida humana”. Ele insistiu em que “as diversas pastorais sociais são uma maneira tão simples de tentarmos viver o Evangelho, de tentarmos seguir Jesus, de tentarmos juntos construir um novo céu e uma nova terra, que é o Reino de Deus”, ressaltando que “as nossas pastorais são a visibilização dessa tentativa de seguir Jesus”. O presidente do Regional Norte1 da CNBB denunciou que “os meios de comunicação as vezes dissociam as Pastorais Sociais da vida do Evangelho”. Mesmo com a rejeição e as críticas daqueles que não entendem, a atuação na política, junto aos povos indígenas, junto as pessoas que buscam terra, “é apenas a nossa tentativa de vivermos o Evangelho e ajudarmos os nossos irmãos no serviço de ter uma vida digna, isto é, visibilizarmos o Reino de Deus”, afirmou. Diante da pouca participação nas Pastorais Sociais, o arcebispo vê isso como consequência de que “é o confronto com as dificuldades, é o confronto com o limite da vida humana, é o confronto muitas vezes com a morte”, algo que tem se concretizado ao longo da história em ameaças àqueles que tem se comprometido nas pastorais sociais. Dom Leonardo insistiu em “não ficar numa comunidade que reza, mas uma comunidade que leva em consideração a vida, a realidade ao seu redor e busca viver, pregar e construir o Reino de Deus”, como modo de ter pessoas que participem das Pastorais Sociais. Ele fez ver o desafio de ter lideranças novas, envolver os jovens, pois eles têm sensibilidade, um convite que ele faz nas crismas. Dentre as Pastorais Sociais, o Regional Norte1 está introduzindo a Pastoral do Meio Ambiente, “um grandíssimo desafio para nós que vivemos na Amazônia, mas é um convite insistente do Papa Francisco de termos o cuidado com o meio ambiente, especialmente nós que vivemos na Amazônia”. O cardeal disse que existem atritos e dificuldades, porque existe garimpo, pesca predatória, desmatamento, venda de madeira ilegal. Ele insistiu em que “essas questões todas nos envolvem como Igreja, mas as vezes há um receio de refletirmos sobre essas questões”. Diante disso, insistiu em que “nós estamos apenas tentando viver o Evangelho, apenas isso, e ajudar as pessoas a viver o Evangelho”. O arcebispo de Manaus disse que no encontro do presidente Lula com o Papa Francisco, previsto para a próxima semana, ele espera que o presidente tome a inciativa de falar sobre a Amazônia, sobre os povos indígenas. Refletindo sobre o trabalho que realiza a arquidiocese de Manaus, seu arcebispo insistiu em ir ao encontro dos irmãos necessitados sem perguntar se pertence a nossa Igreja, pois “Jesus não olhava o que a pessoa era”. Para isso, está sendo discutido a criação de um Vicariato da Ação Social e da Caridade na arquidiocese de Manaus abrangendo todas as Pastorais Sociais, buscando um trabalho mais em conjunto e assim “estarmos ainda mais ao serviço das pessoas necessitadas”. Em relação à política, que além da política partidária “é participarmos da construção de uma sociedade justa e fraterna”, Dom Leonardo insistiu em que “é uma realidade em que estamos muito ausentes”, com pouca presença de pessoas de Igreja, fazendo um chamado a “pensar nessa questão como uma questão vital para nossa sociedade”. Por isso, chamou a “não termos receio de participar do debate político”. O cardeal lembrou as palavras de Ana Arendt, que disse que “política é sair do familiar para o social, sair do particular para o social”, , e por isso, “essa nossa participação, essa nossa contribuição como Igreja na construção de uma sociedade mais justa”. “Não ter receio de entrar no mundo da política”, ressaltou o cardeal Steiner. Para isso, a arquidiocese de Manaus está pensando em realizar um curso de formação para levar às comunidades, “ver se nós conseguimos transformar um pouco a ideia da política”, que tem sido desnaturalizada e vista como foco de corrupção. Segundo dom Leonardo, “desconstruímos a política”, o que demanda “vermos a importância que a política tem, a participação de todo cidadão, de toda cidadã na construção de uma sociedade justa”. Como presidente do Regional Norte1, ele agradeceu a presença de cada um e cada uma. Ele disse que no Regional Norte1, “nos sentimos uma Igreja sinodal, em nossas assembleias a sinodalidade é a coisasmais normal do mundo, em nossas assembleias participam os leigos e leigas, as Pastorais Sociais, participam os padres, diáconos permanentes, Vida Religiosa, participam os bispos, e todo mundo vota, todo mundo discute”. Tudo isso graças à intuição dos bispos em 1972, a uma inspiração de bispos missionários. Uma participação, que segundo o cardeal, pode “nos ajudarmos a refletir e nos ajudarmos a dinamizar nossa Igreja, uma Igreja viva e transformadora, uma Igreja de proximidade, uma Igreja de misericórdia, uma Igreja da caridade”. Uma Igreja que se faz presente no meio do sofrimento do povo, lembrando a fome do povo yanomami, que lhe fez ficar horrorizado quando os visitou em Boa Vista no mês de fevereiro, dizendo se sentir tocado profundamente “quando um indígena me disse que eles estavam perdendo o espírito, a fome estava levando o espírito”. Diante disso disse que como Igreja, “temos a verdadeira missão de levar vida”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Abertura do Seminário das Pastorais Sociais: formar-se no Compromisso Sociopolítico da Fé

87 representantes das dioceses e prelazias do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), se reúnem de 15 a 18 de junho na Maromba de Manaus para participar do Seminário das Pastorais Sociais, buscando a Formação de Lideranças no Compromisso Sociopolítico da Fé. O Seminário, iniciado com um momento de mística e apresentação, aborda questões decisivas na vida da Igreja, destacando que as pastorais sociais não podem ser consideradas um apêndice, insistiu Dom Adolfo Zon, bispo da diocese de Alto Solimões, vice-presidente e referencial das Pastorais Sociais no Regional Norte1. A formação dos agentes de pastoral na dimensão sociopolítica da fé é uma das urgências presentes nas Diretrizes da Ação Evangelizadora Do Regional Norte 1 da CNBB 2022 a 2024, algo que está se concretizando nas escolas de fé e cidadania. O Seminário pretende aprofundar nos documentos da Doutrina Social da Igreja, proporcionando instrumentos que ajudem no engajamento e compromisso na defesa e promoção da vida. O Seminário contará com a assessoria de Dom Adolfo Zon, que irá refletir sobre a dimensão sociopolítico da Fé a partir da Doutrina Social da Igreja. Essa dimensão também será abordada desde o encantar a política, com a assessoria do padre Paulo Adolfo Simões e Odete Rigato Mioto. Durante o Seminário, os participantes conhecerão aspectos significativos de formação e o compromisso sociopolítico que as pastorais sociais realizam nas dioceses e prelazias e no Regional Norte1 da CNBB. Também serão apresentados os trabalhos da Escola de Fé e Política e haverá um momento de formação sobre o Grito dos Excluídos. Na partilha das dioceses, prelazias e pastorais, os participantes foram conhecendo como se concretiza o trabalho social da Igreja, dentro das especificidades de cada uma das igrejas particulares, buscando a participação nos conselhos e órgãos da sociedade civil onde são elaboradas e controladas as políticas públicas. Um trabalho que é realizado em parceria entre as diferentes pastorais sociais, buscando o bem-estar do povo, sobretudo daqueles que são excluídos pela sociedade. Mas também buscando criar pontes com a sociedade civil através do trabalho das Pastorais Sociais. São experiências que mostram um compromisso com a vida, com as pessoas, mostram a importância do compromisso social, da incidência política, em busca de direitos e melhoras para o povo, pequenas ações que ajudam a encarnar o Evangelho. Mas também partilhas que podem ajudar as pastorais sociais das diversas dioceses e prelazias a encontrar caminhos para impulsar esse trabalho em todos os cantos do Regional Norte1. Sem um compromisso sério com a sociedade a Doutrina Social da Igreja perde seu valor, afirmou Dom Adolfo Zon. O bispo insistiu em que a Doutrina Social é um instrumento para ajudar a organizar melhor a sociedade, onde deve acontecer um diálogo com outros organismos sociais e políticos. O vice-presidente do Regional vê um desafio conhecer muito bem a política pública para poder trabalhar nas pastorais sociais e incidir nas políticas públicas. Tem que se procurar criar clareza diante da confusão existente na atual sociedade, conhecendo a natureza dos instrumentos que ajudam a fazer política pública. Junto com isso fez um chamado a ter mais pessoas comprometidas nas pastorais sociais.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação Regional Norte1