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Dia: 18 de junho de 2023

Dom Leonardo: “Hoje nós temos quase uma aberração, oferecemos o Evangelho em troca de milagres”

No 11º Domingo do Tempo Comum, Dom Leonardo Steiner iniciou sua homilia lembrando que neste 18 de junho a Igreja do Brasil inicia a Semana do Migrante. Isso numa arquidiocese que recebe muitos migrantes e faz um grande esforço “em acompanhar, documentar, receber, esses irmãos e irmãs que vem de outras terras”. Comentando o evangelho do dia, o cardeal Steiner disse que as ovelhas “caminham errando e sem direção, daí o cansaço e o abatimento. Abatidas e desnorteadas pois sem norteadores, sem sinalizadores, sem indicadores de esperança”. Uma situação que provoca a compaixão de Jesus, “e envia aos discípulos para anunciar o Reino novo, o da liberdade, da justiça, da verdade, do sentido para a vida humana”, insistindo em que “a vida humana tem sentido, também na dor”. Um Reino que ele definiu como “o Reino da plenitude, o Reino capaz de superar o abatimento e o cansaço”. Da primeira leitura, o arcebispo de Manaus destacou “a declaração do amor de Deus para com o povo de Israel. Deus compassivo cuida, enaltece, encaminha, guia”. Segundo Dom Leonardo, “Deus que se compadece de seu povo, é a compaixão que envia Moises para salvar o povo e libertá-lo da escravidão”. Ele insistiu em que “Deus é um Deus compassivo, a compaixão faz ver as realidades como são, ela é como a lente do coração que nos faz entender as realidades mais profundas, as maiores necessidades das pessoas, pois a compaixão é a fraqueza de Deus, mas também a sua força, nos diz Papa Francisco”. Um Deus que “se compadeceu de nós, se tornou compassivo e nos enviou a sua compaixão, o Filho Jesus”, segundo o cardeal. Ele destacou a continua compaixão de Jesus, que “não é um sentimentalismo, mas manifestação concreta do amor que cuida das pessoas, seja do corpo, seja do espírito”. A compaixão tomou conta da vida de Jesus, afirmou, definindo a verdadeira compaixão como “sofrer com o outro, sentir-se próximo do outro, perseverador do outro”. Essa compaixão provoca que Jesus envie seus discípulos “para proclamar o Reino da proximidade, o Reino de Deus está próximo”, destacou. O cardeal definiu que “proclamar que Deus é próximo, perto de nós”, é a primeira missão de nós discípulos, chamado a que não desconfiemos de Deus, “a proximidade, a liberdade, a frutuosidade de Deus, essa esperança que anima os passos, revigora as forças, concede olhos para ver novos horizontes, pois o Reino está próximo”. Dom Leonardo fez ver que “o anúncio do Reino acontece na gratuidade”, e “nada de negociação, de enganos, de ofertas compradas, trocadas”, denunciando que “hoje nós temos quase uma aberração, oferecemos o Evangelho em troca de milagres” e insistindo em que “o Evangelho não é negócio, é proximidade de Deus, é manifestação de Deus, não é negociação”. “O Reino novo tem sinais, oferece indicações para despertar do abatimento e do cansaço”, enfatizou. Citando o Papa Francisco, quando diz que “muitos se vem empobrecidos pelo seu dinheiro e pelas coisas que pensam possuir e vem o cansaço da vida, a indiferença para com a grandeza do Espírito”, ele fez a proposta do Evangelho do dia, que nos fala de novo horizonte, sentido, proximidade de Deus. Diante disso advertiu que “também nós às vezes estamos enfermos, enfermas, necessitamos de cura, mortos e precisamos de ressurreição, possessos e esperamos ser libertos dos demônios que impedem de viver como filhos e filhas de Deus”. Dom Leonardo chamou a reparar na necessidade de “sarar o corpo e a alma dos que se sentem destruídos pela dor e angustiados pela dureza impiedosa da vida diária, pobreza, fome, abandono, sem sentido. Libertar do que rouba a vida, o bem humor, a graciosidade do bem viver, libertar de tudo o que faz sofrer”. No ressuscitar os mortos, ele vê o chamado a “despertar os homens e mulheres para o dom da vida, do amor, da força da esperança, do morrer a conta-gotas, da morte vir a vida cotidiana como graça, como suavidade, como compaixão”. O arcebispo de Manaus fez um chamado a “deixar-se renovar pelo amor, pela vontade de lutar, pelo desejo de liberdade, uma confiança ilimitada em Deus”.     Ao explicitar o “purificai os leprosos”, Dom Leonardo chamou a “purificar, limpar o corpo social da mentira, da hipocrisia, da falsidade, da vontade do poder, do convencionalismo”. Isso para “viver na verdade, na simplicidade, na bondade, na transparência, na honradez, na justiça”. No expulsar os demônios, o cardeal refletiu sobre “quantos espíritos maus a rondar as nossas relações, as nossas ações. O demônio da violência, da corrupção, do roubo, da morte. Expulsar tantos demônios que escravizam e pervertem a nossa convivência familiar, social e também eclesial”. O cardeal disse Deus estar próximo “onde há liberdade de espírito, onde o Espírito rege e multiplica as relações dignificadas pelo amor”. Ele insistiu na compaixão como mandamento de Jesus, “um anúncio gratuito, um anúncio testemunhal, sermos pessoas que vivem do Evangelho, buscam curar-se, buscam ressuscitar, abrir olhos, dar suportes para que as pessoas vivam em plenitude, enfrentem a cotidianidade com jovialidade e graça”. Por isso, Dom Leonardo chamou a “sermos tomados pela compaixão em nossos dias”, advertindo que “podemos ser tomados às vezes pela indiferença”. Dom Leonardo refletiu sobre “como a indiferença humana faz mal aos necessitados”, citando o Papa Francisco. “As margens da sociedade há muitas mulheres e homens provados pela indigência, inclusive pela insatisfação e a frustração de viver”, afirmou, criticando o sistema econômico que “explora o homem e impõe um jugo insuportável que os poucos privilegiados não querem carregar”. A falta de amor é causa de que nos sintamos cansados e abatidos, afirmou, cansaço do espírito, advertindo que “o que nos salvara não será o conforto, as riquezas, a tecnologia, mas o amor”. “O amor compartilha, acolhe, se compadece, enobrece as relações, desperta confiança, vence os demônios da violência e da ganância”, destacou. Daí ressaltou o Reino da compaixão e do amor, afirmando que “quem se compadece, atingido em suas entranhas, o coração se emociona, lacrimeja, quando no compadecimento aprende a amar. É que amor nos…
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Seminário das Pastorais Sociais do Regional Norte1 mostra solidariedade aos profissionais da educação

O Seminário das Pastorais Sociais do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, realizado em Manaus de 15 a 18 de junho emitiu no final do seu encontro uma Carta em solidariedade aos profissionais de educação da Rede Estadual do Amazonas e da Rede Municipal de Manaus. O texto mostra “solidariedade aos anseios apresentados por aqueles e aquelas que buscam as melhorias das condições de vida por meio da valorização e da dignidade do trabalho”. Uma denúncia que é fruto da reflexão sobre a Doutrina Social da Igreja, especialmente da Fratelli tutti, onde o Papa Francisco “nos ensina a importância do escutar o outro”.  Os participantes do Seminário dizem ter se indignado ao “saber que os profissionais da educação não estão sendo escutados no seu direito por valorização salarial e melhores condições de trabalho”, relatando a situação que está sendo vivida. A carta, citando o episcopado brasileiro, diz que “ao abordar o Pacto Global pela Educação, afirma que educar exige também investimento ostensivo, diretrizes e políticas públicas claras, acompanhamento sistemático e empenho geral de toda a sociedade”, mostrando sua “profunda confiança nos profissionais da educação”. Texto da Carta SEMINÁRIO DAS PASTORAIS SOCIAIS CNBB REGIONAL NORTE-I   Manaus – AM, 18 de junho de 2023   CARTA EM SOLIDARIEDADE AOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO DA REDE ESTADUAL DO AMAZONAS E DA REDE MUNICIPAL DE MANAUS.   Nós, Pastorais Sociais da CNBB Norte 1, reunidos no Seminário “Formação de lideranças no compromisso sociopolítico da fé”, vimos manifestar solidariedade aos anseios apresentados por aqueles e aquelas que buscam as melhorias das condições de vida por meio da valorização e da dignidade do trabalho. Durante o encontro, realizado em Manaus, ao refletir sobre a Doutrina Social da Igreja católica realizamos a escuta cuidadosa dos anseios sociais que cercam nossa igreja, momento em que a realidade da educação do Amazonas foi partilhada. O Papa Francisco na encíclica Fratelli Tutti ao tratar dos riscos da informação sem sabedoria nos ensina a importância do escutar o outro, característico do encontro humano, é um paradigma de atitude receptiva, de quem supera o narcisismo e acolhe o outro, presta-lhe atenção, dá-lhe lugar no próprio círculo. Às vezes a velocidade do mundo moderno, impede-nos de escutar bem o que outro diz.   Enquanto cristãos e cristãs da Amazônia nos indignou saber que os profissionais da educação não estão sendo escutados no seu direito por valorização salarial e melhores condições de trabalho. Na rede estadual para uma prévia de diálogo com o governo os profissionais precisaram entrar em greve para apresentar suas pautas de reinvindicações. Naquele momento o governo ativou o poder judiciário e conseguiu uma liminar que declarou a ilegalidade da greve, bloqueando os recursos do SINTEAM e aplicando multa diária de R$ 30.000 reais. O que era para amedrontar, ampliou a indignação e paralisou mais de 75% da rede estadual, assim, o governo foi obrigado a abrir o diálogo. Na rede municipal de Manaus, os profissionais da educação buscam um reajuste salarial de 15% e dividiram suas pautas em dois pontos: Campanha Salarial e Pautas Permanentes. A proposta de reajuste final apresentada pelo poder municipal foi de 4,5%, desse valor 3,83% é referente a perdas inflacionarias, ou seja, o aumento real é de apenas 0,67%. A CNBB na carta ao episcopado brasileiro às famílias, educadores e gestores (2022), ao abordar o Pacto Global pela Educação, afirma que educar exige também investimento ostensivo, diretrizes e políticas públicas claras, acompanhamento sistemático e empenho geral de toda a sociedade. Reafirmamos nossa profunda confiança nos profissionais da educação da rede estadual do Amazonas e da rede municipal de Manaus. A proclamação da liberdade, da democracia e da fraternidade, torna-se contraditórias, enquanto as condições reais impedem que muitos possam efetivamente ter acesso a ela.   “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26). Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1