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Dia: 6 de outubro de 2023

“Santos, não mundanos”, o último presente de Francisco aos padres e madres sinodais

Publicado pelas Edições Vaticanas em 6 de outubro, com três textos, dois do Cardeal Jorge Mario Bergoglio e um do Papa Francisco, o Santo Padre deu este presente, presumimos que na esperança de que o leiam e que os ajude no processo de discernimento, aos padres e madres sinodais que, de 4 a 29 de outubro, estão participando da primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade. O título do livro é “Santos, não mundanos. Deus nos salva da corrupção interior“. Mundanismo espiritual Uma publicação que começa dizendo que “a fé cristã é uma luta, uma batalha interior para vencer a tentação de nos fecharmos em nós mesmos e nos deixarmos habitar pelo amor de um Pai que deseja a nossa felicidade”, referindo-se ao mundanismo espiritual, que ele define como “paganismo disfarçado com vestes eclesiásticas”. O Santo Padre pede que a Igreja esteja “suficientemente próxima da cruz de seu Senhor” como fonte de fecundidade e uma forma de santidade, que envolve “o desejo incessante e inabalável de permanecer unida à cruz de Jesus”. “Corrupção e pecado. Somente diante de Deus ou de uma criança devemos nos ajoelhar” é o primeiro texto, denunciando a corrupção como “uma das realidades habituais da vida”. Para enfrentá-la, ele propõe “sacudir nossas almas com o poder profético do Evangelho, que nos coloca na verdade das coisas, removendo a folhagem da fraqueza humana, para a corrupção”. O cardeal Bergoglio convidou todos a dizerem sem medo para si mesmos: “Pecador, sim, corrupto, não! O texto analisa o significado do pecado na vida humana, bem como a corrupção. Com esse texto, ele queria ajudar a “compreender o perigo de colapso pessoal e social que a corrupção acarreta; e também nos ajudar a ser vigilantes, porque um estado diário de cumplicidade com o pecado pode nos levar à corrupção”. Análise da corrupção O texto analisa a corrupção do ponto de vista do Método, procurando evitar que a corrupção se torne um lugar comum de referência, ajudando-nos a entrar na estrutura interna do estado de corrupção, a descrever o modo de proceder de uma pessoa, de um coração corrupto (diferente do de um pecador) e a passar por algumas das formas de corrupção com as quais Jesus teve de lidar em seu tempo, analisando a corrupção entre os religiosos.  Ele insiste em não confundir pecado com corrupção, afirmando que “o pecado é perdoado; a corrupção, porém, não pode ser perdoada”. Por isso, falando sobre o fingimento, ele ressalta que “a corrupção, em vez de ser perdoada, deve ser curada”, porque é “uma daquelas doenças vergonhosas que se tenta esconder, e se esconde até que não possa mais ser escondida”. Uma realidade que leva à comparação, buscando “encobrir sua incoerência, para justificar sua própria atitude”, uma comparação distorcida. Uma comparação que leva ao julgamento, querendo parecer equilibrado, e do julgamento à falta de vergonha, que leva a se voltar contra si mesmo, a se contentar com uma mentira, que leva a uma modesta falta de vergonha. Evitando o triunfalismo O texto reflete sobre o triunfalismo, que ele define como um terreno ideal para atitudes corruptas que fazem com que as pessoas se sintam vencedoras e integrem situações estáveis de degeneração em sua personalidade, levando-as a perder a esperança. Uma corrupção que leva a “reler os mistérios eclesiais com parâmetros de redenções políticas ou mesmo de realidades político-culturais das pessoas, mesmo que sejam boas, as tornará cúmplices em sua escolha de estilo”. Enquanto na tentação do pecado a tentação cresce, se espalha e se justifica, a corrupção se consolida, convoca e estabelece a doutrina, afirma o texto. Voltando ao tempo de Jesus, aparecem histórias que são uma amostra da corrupção, analisando as atitudes de diferentes grupos e pessoas. A partir daí, ele chega à conclusão de que “a corrupção não é um ato, mas um estado, um estado pessoal e social, no qual a pessoa se acostuma a viver”. Uma corrupção presente naqueles que são religiosos, porque “a alma se acostuma com o mau cheiro da corrupção”. “Resistir ao formalismo hipócrita”. Finalmente, o livro inclui a Carta aos sacerdotes da diocese de Roma, intitulada “Resistir ao formalismo hipócrita“, escrita em 5 de agosto, onde afirma a necessidade de “trocar olhares cheios de cuidado e compaixão, aprendendo de Jesus que olhava assim para os apóstolos, sem exigir deles um roteiro ditado pelo critério da eficiência, mas oferecendo atenção e descanso”. Aos sacerdotes, Francisco diz que se sente “no caminho com vocês“, mostrando sua proximidade com eles em todas as circunstâncias, questionando-os: “neste nosso tempo, o que o Senhor pede de nós? Onde nos guia o Espírito que nos uniu e nos enviou como apóstolos do Evangelho?”, chamando-os a refletir sobre o mundanismo espiritual e mostrando seu perigo, porque “reduz a espiritualidade a uma aparência”, a um formalismo hipócrita criticado por Jesus em certas autoridades religiosas da época, a uma tentação. Ele também relaciona o mundanismo espiritual ao clericalismo, querendo se mostrar como “superior, privilegiado, colocado ‘no alto’ e, portanto, acima do resto do povo santo de Deus”. Diante disso, ele mostra a necessidade de “olhar para Jesus, para a compaixão com que ele vê nossa humanidade ferida, para a gratuidade com que ele ofereceu sua vida por nós na cruz”. Ele pede que permaneçam vigilantes em relação ao clericalismo e que rezemos uns pelos outros, para que Deus “nos ajude a não cair, tanto em nossa vida pessoal quanto em nossa ação pastoral, nessa aparência religiosa cheia de tantas coisas, mas vazia de Deus, para não sermos funcionários do sagrado, mas anunciadores apaixonados do Evangelho”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Formação nos seminários: Primeiro grande consenso do Sínodo da Sinodalidade

O Sínodo sobre a Sinodalidade realizou nesta sexta-feira, 6 de outubro, com a presença do Papa Francisco, sua primeira Congregação Geral. Bem é verdade que a abertura, na tarde da última quarta-feira, adotou essa modalidade, mas hoje foi o primeiro dia em que os membros do Sínodo partilharam as reflexões partilhadas nos círculos menores, nas comunidades para o discernimento, e o primeiro grande tema de consenso é a formação nos seminários. Um sentimento geral entre a grande maioria dos presentes na primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade, que está sendo realizada no Vaticano de 04 a 29 de outubro. Grande preocupação do Papa Francisco A formação nos seminários é uma das grandes preocupações do Papa Francisco. Em novembro de 2022, em um encontro com os participantes do Curso para Reitores e Formadores de Seminários da América Latina, insistindo em colocá-la “no centro da evangelização”, que ela “tem um caráter eminentemente comunitário”, que as casas de formação sejam “verdadeiras comunidades cristãs” e que seja “uma formação de qualidade”. O Instrumentum laboris, base dos trabalhos dos membros da Assembleia Sinodal, afirma que “a promoção de uma cultura de sinodalidade implica a renovação do atual currículo dos seminários”, ressaltando que “a formação para uma espiritualidade sinodal está no centro da renovação da Igreja”. Isso implica, afirma o texto a necessidade de “uma renovação dos programas dos seminários, para que sejam mais sinodais e estejam mais em contato com todo o Povo de Deus”. Uma questão que aparece nas perguntas recolhidas no Instrumento de Trabalho, questionando sobre as diretrizes para uma reforma dos currículos de formação, buscando colocar a formação em relação mais estreita com os processos pastorais. O Instrumentum laboris pergunta pelas linhas a serem assumidas em vista dos seminaristas “crescer num estilo de exercício da autoridade próprio de uma Igreja sinodal”. Seminaristas com vida comunitária e no meio dos pobres São elementos que apareceram no debate das comunidades para o discernimento espiritual, insistindo na participação dos seminaristas na vida comunitária e em eles terem experiências com os mais pobres. Se busca que os futuros presbíteros sejam animadores da vida eclesial desde sua vivência, vida missionária e testemunho de vida sinodal, ressaltando o necessário desenvolvimento de uma mística da sinodalidade, de uma Igreja em saída, de uma formação arraigada nas realidades das quais procedem os seminaristas. O ponto de chegada deve ser que no final do processo formativo, os novos presbíteros sejam multiplicadores de uma eclesialidade que tem como fundamento a sinodalidade e assim fomentar processos eclesiais de comunhão, participação e missão em todos os membros do povo de Deus, superando assim um dos grandes pecados da Igreja segundo Francisco: o clericalismo, algo que atrapalha a sinodalidade. Diversidade de temáticas A primeira sessão da Assembleia Sinodal, onde é considerado de grande importância os momentos de silêncio após as intervenções, está acontecendo em clima de fraternidade, em uma atmosfera alegre, segundo foi partilhado pelo Dicastério para a Comunicação do Vaticano no briefing com os jornalistas acreditados, sendo vivenciado como uma oportunidade para partilhar experiências de diferentes contextos. Os 18 círculos menores que partilharam até o momento, dos 35 em que está dividida a Assembleia, colocaram outros temas: importância da participação das mulheres na Igreja, o reconhecimento do papel dos jovens, a escuta, o silêncio e a oração como um momento de discernimento. Outros temas que apareceram na Congregação Geral foi o papel dos ministérios ordenados em uma Igreja sinodal, a importância da Liturgia Dominical, de estar com os pobres e ser uma Igreja pobre, uma Igreja acolhedora, sobretudo com os migrantes, onde o bispo tem que assumir um papel de acompanhamento. O desafio é o surgimento de uma nova Igreja, que seja família, onde o poder seja transformado em serviço, onde seja assumido que a sinodalidade faz parte do DNA da Igreja. Para isso, se faz necessário rever a estrutura da Igreja, a estrutura das cúrias, o Direito Canônico, a pregação, o que mudar para se tornar uma Igreja acolhedora. Uma Igreja que deve se purificar de certos costumes que não estão em conformidade com o Evangelho. Uma Igreja desafiada a estar presente no mundo virtual, nas redes sociais, espaço de vivência habitual de muitas pessoas. Uma Igreja Samaritana, não é dos perfeitos, que ama todos os seus filhos e especialmente aqueles que vivem à margem da sociedade. Uma Igreja extrovertida, onde os pastores são paternos e maternos ao mesmo tempo, a fim de alcançar os corações de todos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Steiner novo presidente do Cimi: “Grande testemunho de como evangelizar os nossos povos através da presença”

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) realizou recentemente sua XXV Assembleia Geral, com o tema “Direitos Originários, Territórios Livres, Justiça e Paz como fontes do Bem Viver e Conviver”, onde foi eleita a nova presidência do Cimi, que vai conduzir a entidade pelos próximos quatro anos. Nova presidência O novo presidente do Cimi é o cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Junto com ele, fazem parte da diretoria, Alcilene Bezerra da Silva, missionária do Regional Nordeste, que será a vice-presidente e Luis Ventura Fernández, novo secretário executivo. Dom Leonardo Steiner sucede a Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho, que assumiu a presidência nos últimos oito anos, que destacou o trabalho do Cimi como “um serviço de amor aos pobres, da terra”. Ele animou a nova presidência, insistindo no longo trabalho pela frente que a Igreja do Brasil tem como missão junto aos povos originários, um caminho marcado pelas conquistas, lutas e retrocessos. Um organismo para ouvir e encaminhar as questões O novo presidente do Cimi, um dos membros da primeira etapa da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizado no Vaticano de 4 a 29 de outubro de 2023, em representação do episcopado brasileiro, destacou que “o Cimi é um organismo da CNBB, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, fundado há mais de 50 anos tem prestado um grandíssimo serviço aos povos indígenas, tem ouvido suas causas, tem sido uma presença ativa através dos missionários e missionárias em muitas aldeias, tem conseguido reunir diversas comunidades indígenas, ouvi-las e encaminhar as questões, questões que dizem respeito à cultura, aos direitos, à questão da terra, a questão do Marco Temporal”. Segundo o cardeal Steiner, “o Cimi não presta só um serviço aos povos indígenas, presta um grande testemunho de como viver o Evangelho, de como evangelizar os nossos povos através da presença, uma presença de esperança, uma presença de consolo, uma presença de misericórdia”. Lideranças indígenas na XXV Assembleia Geral do Cimi. Foto: Hellen Loures/Cimi Continuarmos a servir “Conheci o Cimi, comecei a trabalhar junto do Cimi, a servir junto do Cimi quando bispo de São Félix do Araguaia. Como bispo de São Felix do Araguaia, junto com dom Pedro Casaldáliga conseguimos encaminhar diversas questões, que diziam respeito aos povos indígenas na prelazia de São Felix do Araguaia como a Terra de Marãiwatsédé, do Povo Xavante, e também a Terra do Urubu Branco, do Povo Tapirapé”, destacou o cardeal, lembrando da figura de um dos fundadores do Cimi. Em suas palavras, o novo presidente do Cimi, agradeceu “a confiança dos missionários e missionárias e dos indígenas que votaram na minha pessoa”, um agradecimento que também faz pela confiança na vice-presidente e no secretário. Dom Leonardo Steiner enfatizou que “vamos procurar continuar a servir, vamos procurar continuar a acompanhar os nossos povos indígenas, assim como foi feito pelas diversas presidências do Cimi através desses 50 anos”. Ele pediu que “Deus nos ajude a continuarmos a servir, Deus nos ajude a continuarmos a perceber onde estão as maiores dificuldades para podermos apoiar”. Presença bem faceja, misericordiosa e esperançada Finalmente, o novo presidente do Cimi ressaltou que “hoje graças a Deus os povos indígenas estão bastante organizados e nós queremos também ajudar a essas organizações a serem cada vez mais uma voz para que a voz dos povos indígenas possa ser ouvida na sociedade brasileira”. Invocando novamente a benção de Deus, o cardeal pediu “que nós possamos junto com os missionários e as missionárias ser essa presença bem faceja, misericordiosa e esperançada junto às comunidades indígenas, junto aos povos indígenas”. A assembleia do Cimi, segundo recolhe o Documento Final, definiu as prioridades para o biênio 2024 e 2025: Povos indígenas em contexto urbano e políticas de identidade; Terra, território e direito humano à água; Defesa da Constituição Federal de 1988 e da natureza como sujeito de direito. Para isso o Cimi vai incidir na formação, na promoção de encontros no campo da espiritualidade, das políticas públicas, de questões sociais, culturais e relacionadas com o mundo urbano. Igualmente a XXV Assembleia do Cimi manifestou seus esforços no apoio da demarcação das terras e lutas cotidianas em busca da consolidação dos direitos fundamentais. Um compromisso “profético, militante e missionário em defesa da vida em plenitude”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1