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Dia: 8 de outubro de 2023

Cardeal Steiner preside Eucaristia na Paróquia São Leonardo de Porto Maurizio, sua Igreja em Roma

  O cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) presidiu a celebração da Eucaristia na paróquia São Leonardo de Porto Maurizio na Acilia, sua paróquia em Roma. O Santo Padre encomenda a cada um dos cardeais eleitores, aqueles que têm menos de 80 anos, uma paróquia de Roma, sendo considerados o clero do Papa. O arcebispo de Manaus, que é cardeal presbítero, lhe foi entregue essa paróquia, que fica na periferia de Roma, em 27 de agosto de 2022, dia em que ele foi criado cardeal. O purpurado mostrou sua alegria e gratidão por poder presidir a Eucaristia e iniciou sua homilia dizendo levar uma saudação da Arquidiocese de Manaus, “uma saudação de quase mil comunidades, uma saudação de 70 mil indígenas que estão na arquidiocese, uma saudação das nossas comunidades ribeirinhas, uma saudação das nossas comunidades da cidade de Manaus, uma cidade de dois milhões e sessenta mil habitantes, uma saudação das nossas comunidades da periferia, que são comunidades novas, que agora estão iniciando suas comunidades com pessoas que vem do interior procurando um modo de viver, saúde e educação, uma saudação de todos”. Dom Leonardo lembrou a realização do Sínodo Arquidiocesano, quando as comunidades da Arquidiocese de Manaus mostraram o que pensam, o que sonham para o futuro da nossa Igreja, sendo escolhidas diversas linhas para a arquidiocese. Ele disse estar participando da primeira sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade, que definiu como “um momento belíssimo, porque estamos sentados em torno a uma mesa redonda”, lembrando que são 35 mesas onde estão irmãs, padres, leigos, bispos, cardiais, “todos pensando em uma Igreja sinodal, onde todos nós estamos em caminho, onde todos nós vamos buscando aos poucos o Reino definitivo, onde todos nós pensemos o que fazer que todos possam participar da graça do Evangelho”. Segundo o cardeal “aos poucos vamos chegar naquilo que quer o Papa Francisco, ser uma Igreja sinodal, todos participando, todos anunciando, todos vivendo o Evangelho de Jesus”. O arcebispo de Manaus destacou como “o Evangelho se encarna aos poucos em diversas culturas”, algo que se faz presente nos grupos para o discernimento, com presença de diversos países e continentes no mesmo grupo, destacando a beleza que representa os diversos modos de pensar, de viver o Evangelho, “mas todos com a força e a iluminação do Espírito que aponta o Reino de Deus”. Analisando as leituras da Liturgia da Palavra do 27º Domingo do Tempo Comum, o cardeal Steiner destacou que a primeira leitura mostrava um sonho de amore, que se transforma numa realidade e uma relação de amor. Já no Evangelho, ressaltou os frutos que não deram, falando sobre os frutos que nascem da relação de Deus conosco, o modo de Deus estar no meio de nós, em Jesus Cristo Crucificado. Um texto que mostra que Deus quer que nós demos frutos porque Ele tem dado seu amor em Jesus. Após destacar alguns elementos da segunda leitura, o cardeal pediu que o Evangelho, que é um sonho amor, possa dar frutos de perdão, de reconciliação, do amor, da justiça, da familiaridade, que esses dons e esses frutos façam disfrutar da vida e experimentar o sabor da vida, que não é para se tornar insuportável e sim para desfruta-la. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Ramazzini: “A primeira coisa que eu diria àqueles que desprezam os migrantes é que eles não deveriam se considerar cristãos”

Em setembro de 2023, o Cardeal Álvaro Ramazzini foi eleito presidente da Rede Clamor, uma organização da Igreja Católica que acompanha migrantes e refugiados na América Latina e no Caribe. O Papa Francisco pede para acolher, proteger, promover e integrar, a fim de enfrentar “uma realidade dolorosa por causa de tudo o que vimos acontecer”, nas palavras do Bispo de Huehuetenango, que já se perguntou repetidamente “como colocar em prática esses quatro verbos que o Papa nos propõe”. O desafio é promover O cardeal afirma que “alguns deles já estamos fazendo, o que continua a ser um desafio, pelo menos pessoalmente, é a questão da promoção, como conseguir inserir muitas pessoas em uma nova sociedade, onde muitas vezes os empregos exigem um alto nível de qualificação profissional”. O Cardeal fala da realidade de seu país, a Guatemala, onde muitas pessoas nem sequer têm a educação formal necessária e, portanto, vão fazer os trabalhos, no caso dos Estados Unidos, onde há uma imigração muito forte de guatemaltecos, o que os norte-americanos não fazem. Diante dessa situação, ele pergunta: “Como podemos realmente garantir que essa recepção também seja dada por sociedades nas quais o que importa é que você tenha dinheiro e produza dinheiro? O presidente da Rede Clamor responde que “os quatro verbos ainda são desafiadores e continuarão a exigir políticas migratórias abrangentes“. Ele também questiona qual país está atualmente colocando os quatro verbos em prática, mesmo que eles possam justificar que isso vem do Papa. Uma questão de sofrimento humano Na realidade, “os quatro verbos implicam ações que poderiam realmente ajudar a enfrentar e confrontar a questão da migração de uma forma humana”, insistindo que “é aqui que temos que continuar fazendo esforços para entender que não é uma questão de lei, mas uma questão que vai muito além das leis, é uma questão de sofrimento humano, de deficiências humanas, de problemas humanos, que devem ser vistos de uma perspectiva humana”. Reconhecendo que o que é legal deve existir, o cardeal guatemalteco afirma que “nos esquecemos de que, abaixo da legalidade, deve sempre haver um espírito no qual a humanidade é respeitada”. Um desprezo pelos migrantes, uma xenofobia que está presente em pessoas que se dizem cristãs, católicas. Diante disso, o presidente da Rede Clamor afirma que “a primeira coisa que eu diria àqueles que desprezam os migrantes é que eles não deveriam se considerar cristãos”. Isso porque a essência da identidade cristã é “viver o Evangelho, porque para nós não é apenas a norma que deve reger nossas vidas, mas é a palavra que nos dá vida”, lembrando que “foi isso que disseram ao Senhor Jesus, só você tem as palavras de vida eterna”, algo que o cardeal considera “uma consideração que muitas vezes esquecemos”, e que seremos julgados no final de nossas vidas “se acolhemos ou não o migrante”. Compromisso baseado na fé em Jesus Cristo Segundo o cardeal guatemalteco, “uma pessoa que não se coloca diante do Evangelho e não questiona o que o Evangelho propõe e exige para ser verdadeiramente cristão, certamente não será capaz de entrar em um processo de conversão que ajude não apenas a acolher, mas também a promover uma pessoa migrante”, o que ele considera lógico “a partir de uma lógica do mundo no sentido joanino, de uma lógica do dinheiro, de uma lógica do que importa para mim o que acontece com os outros se eu estiver bem”, o que ele considera “nada cristão”. Para o presidente do Clamor Vermelho, o desafio é que “se alguém realmente quer se comprometer com os migrantes, deve fazê-lo a partir da fé em Jesus Cristo e do desejo de ser um discípulo de Jesus Cristo“. Com relação à assembleia sinodal que iniciou sua primeira sessão em 4 de outubro, ele disse que gostaria de “poder ir juntos buscando a aplicação nos vários níveis da sociedade em geral daquilo que sempre dissemos: todo migrante é meu irmão, todo migrante é minha irmã, ninguém na Igreja deve ser estrangeiro“. Em suas palavras, ele reflete sobre a clara separação em muitos estados entre a Igreja e o Estado, afirmando que “o desafio não é tanto que, para nós cristãos, o Evangelho seja a palavra que dá vida, mas, acima de tudo, retornar verdadeiramente às raízes de quem somos”. Tratar o outro como uma pessoa O cardeal insiste que “somos seres humanos e, na medida em que eu me considero um ser humano e considero os outros seres humanos, logicamente deve haver uma reação, e a reação é que estamos no mesmo barco, estamos no mesmo planeta, por que não deveríamos ajudar uns aos outros”. Em sua reflexão, ele lembrou “O Drama do Humanismo Ateu”, de Henri de Lubac, em que aborda a questão da perda do verdadeiro humanismo, afirmando que os ateus viam nos outros um próximo para ajudar, algo que ele considera que estamos perdendo, “estamos perdendo essa valorização dos outros como pessoas, e que eles esperam que eu os trate como pessoas, que os respeite como pessoas e que os ajude como pessoas”, enfatizando que “estamos em uma fase de esquecimento de quem somos nesta terra”. Algo que ele critica nos Estados Unidos, questionando “como é possível que, em um país como os Estados Unidos, que geralmente é considerado cristão, protestante e católico, como é possível que a essência do cristianismo: ‘Eu era um estrangeiro e você me acolheu’, não seja vivida”. Nesse momento, ele reconhece a existência da separação entre Igreja e Estado, mas afirma que “temos um sistema legal que, em um país que se diz cristão, no entanto, os fundamentos dessa essência do cristianismo são deixados de lado porque estamos em uma sociedade totalmente secular, secular no sentido estrito da palavra”, algo que ele diz não entender. Cristãos que não se comportam como cristãos Nesse sentido, ele diz que denunciou em seu país “como é possível que deputados que se dizem cristãos, católicos e não católicos, atuem de tal maneira no Congresso quando se trata de elaborar leis nas quais se…
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Sala Sinodal em mesas redondas, diversidade e método marcam o início da Assembleia

O final da primeira semana da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, meia semana se não contarmos o retiro anterior de domingo a terça-feira, embora muitos concordem que foi um momento de grande importância para o que está sendo vivenciado e será vivido nesta assembleia, é um bom momento para fazer uma primeira avaliação. A participação de toda a Igreja O primeiro aspecto a ser destacado é a participação de toda a Igreja. Por se tratar de um Sínodo dos Bispos, a presença de não bispos é algo que enriquece o processo, embora alguns membros do Sínodo, desrespeitando o pedido de silêncio do Papa Francisco, tenham se manifestado contra a presença de não bispos, especialmente mulheres, com direito a voz e voto. E é preciso dizer que as mulheres, especialmente as religiosas, têm sido protagonistas positivas nesses primeiros dias. Em segundo lugar, a disposição da sala do sínodo, com 35 mesas redondas distribuídas na Aula Paulo VI. Uma maneira de estar com os outros, olhando nos olhos, que ajuda a tornar a escuta mais atenta e o diálogo mais franco, com a consequente melhoria do processo de discernimento comunitário. Essa disposição também ajuda na dinâmica dessa primeira sessão da Assembleia Sinodal. As tensões, que existem em alguns círculos menores, não prejudicam o fluxo geral da assembleia, e evita que algumas pessoas, protegidas por sua posição de autoridade eclesiástica, monopolizem a voz da assembleia, algo que aconteceu em sínodos anteriores. Conversação espiritual Com relação ao método de trabalho, o discernimento comunitário à luz da conversa espiritual é muito mais do que um formato diferente. Os participantes destacam os momentos de silêncio, tanto nos círculos menores como nas chamadas congregações gerais, quando os 35 grupos em que se divide a assembleia, que serão renovados ao final de cada um dos módulos, compartilham suas experiências, algo que em muitas dessas comunidades de discernimento comunitário nasce de uma grande diversidade de origens, culturas, formas de viver a fé e de ser Igreja. É aqui que há espaço e tempo para que todos entrem em seu próprio ritmo. É um caminho lento, mas que está ajudando a se apropriar de um modo de ser Igreja ao qual muitos não estão acostumados e que, podemos dizer, ainda provoca desconfianças, especialmente entre aqueles que defendem um modo de ser Igreja marcado pelo clericalismo. Não nos esqueçamos de que esse é um dos pecados que o Papa Francisco sempre condena e que esta Igreja sinodal, onde se caminha juntos e juntas, na qual se escuta e se dialoga com todos e todas para discernir em comum, busca superar. Um caminho indicado pelo pequeno Uma Igreja na qual o caminho e o ritmo não são mais marcados pela autoridade, mas pelas vozes que, a partir do pequeno, indicam onde continuar dando passos como Igreja. E para isso, o método da conversa espiritual é decisivo, porque Deus se faz presente na brisa suave e não no vento impetuoso. Isso é algo que tradicionalmente tem sido experimentado nas Igrejas Orientais, onde a sinodalidade, a prática de caminhar juntos, sempre foi muito mais evidente. Sua presença na Assembleia Sinodal é um instrumento de aprendizado, pois as diferentes denominações cristãs presentes ajudam a olhar de outra perspectiva, a valorizar outros elementos que ajudam a continuar dando passos. Após os primeiros dias de reflexão sobre o tema: “Por uma Igreja Sinodal. Uma experiência integral”, aprofundando os sinais característicos de uma Igreja sinodal e a maneira de assumir esse modo de ser Igreja, a conversa no Espírito, os membros do Sínodo entrarão no segundo módulo do Instrumento de Trabalho que trata dos três temas prioritários para a Igreja sinodal: comunhão, missão, participação. Daí a pergunta que é o ponto de partida e deve marcar o discernimento neste segundo momento que começa na segunda-feira: “Como podemos ser mais plenamente sinal e instrumento da união com Deus e da unidade do gênero humano?“. Uma nova reflexão sobre o amor a Deus e ao próximo, que mostra àqueles que têm medo do Sínodo que ele é mais um passo para entender e viver melhor o Evangelho. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1