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Dia: 9 de outubro de 2023

Inicia o Segundo Módulo da Assembleia Sinodal: “Todos são convidados a fazer parte da Igreja”

A primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre Sinodalidade entrou em seu segundo módulo. E o fez com uma missa no rito ortodoxo, na qual “pudemos saborear a riqueza de um dos ritos de nossa Igreja única e multifacetada”, nas palavras do Cardeal Hollerich, Relator Geral do Sínodo, que enfatizou que “no primeiro módulo, nos reconectamos com a experiência do ‘caminhar juntos’ do Povo de Deus nos últimos dois anos. Trabalhamos para focar melhor a Igreja sinodal como uma visão global”. Passando do “eu” para o “nós Lembrando que até agora os membros da assembleia ganharam experiência no uso da metodologia da Conversação no Espírito, começaram a tecer relacionamentos e a criar vínculos, passando do “eu” para o “nós”. Ele lembrou que nesse Módulo a composição dos Círculos Menores está mudando, insistindo na questão prioritária: “Como ser mais plenamente sinal e instrumento da união com Deus e da unidade de toda a humanidade?“. O cardeal partiu da premissa de que “a Santíssima Trindade é a base de todas as comunhões”, refletindo sobre as dificuldades de viver a comunhão em um sentido prático, ao que insistiu que “todos são convidados a fazer parte da Igreja“, algo que o Papa Francisco insistiu na JMJ de Lisboa e em sua homilia na missa de abertura. A partir daí, ele fez várias perguntas aos participantes, mostrando a necessidade de partir de experiências concretas, em nível pessoal e como Povo de Deus. Para isso, ele explicou como trabalhar nos próximos dias e, assim, mostrar que em diferentes contextos a pergunta feita neste módulo tem ressonâncias diferentes, valorizando a importância da pluralidade. Um Deus que tem sede de nós “Como podemos nos formar todos para uma comunhão que transborde em missão?” foi a pergunta a partir da qual o Pe. Timothy Radcliffe OP iniciou sua reflexão sobre o texto que narra o encontro de Jesus com a samaritana junto ao poço, que passou de figura solitária a primeira pregadora do Evangelho. Algo que parte das palavras de Jesus: “Dá-me de beber”, insistindo que “todo o Evangelho de João se articula em torno da sede de Jesus”, e que “Deus aparece entre nós como alguém que tem sede, especialmente por cada um de nós”. Nas palavras do frade dominicano, “nossos pecados, nossos fracassos, muitas vezes são tentativas equivocadas de encontrar o que mais desejamos. Mas o Senhor espera pacientemente em nossos poços, convidando-nos a ter ainda mais sede”. É por isso que a formação para “uma comunhão que irradia”, o tema deste módulo, “consiste em aprender a ter sede e fome cada vez mais profunda“. Isso porque “o que nos isola é ficarmos presos a pequenos desejos, a pequenas satisfações, como vencer nossos adversários ou ter status”. Sinodalidade: aprendendo a ser pessoas apaixonadas A partir daí, ele definiu a formação para a sinodalidade como “aprender a ser pessoas apaixonadas, cheias de profundo desejo”, perguntando, especialmente aos seminaristas: “como se tornar pessoas apaixonadas – apaixonadas pelo Evangelho, cheias de amor mútuo – sem desastres?” É por isso que “uma Igreja sinodal será aquela em que somos formados para um amor sem posses: um amor que não foge nem se apodera da outra pessoa; um amor que não é abusivo nem frio”. “Devemos nos treinar para encontros profundamente pessoais uns com os outros, nos quais transcendemos os rótulos fáceis. O amor é pessoal e o ódio é abstrato”, enfatizou Radcliffe. O dominicano ressaltou que “muitas pessoas se sentem excluídas ou marginalizadas em nossa Igreja porque lhes demos rótulos abstratos”, concluindo que “nosso papel como sacerdotes é, muitas vezes, apoiar aqueles que já começaram a colher a safra antes mesmo de acordarmos”.  Comunhão: vivendo juntos em Cristo A reflexão continuou com a professora Anna Rowlands, que começou lembrando a pergunta do padre Radcliffe: “Podemos ter a coragem de encarar a realidade como ela é?”, refletindo assim sobre a comunhão a partir da passagem das Bodas do Cordeiro. A professora de Pensamento e Prática Social Católica destacou que o módulo, que está sendo lançado, “nos leva ao coração desse paradoxo cristão básico: esperança e dificuldade, a beleza e a liberdade do chamado de Deus e os desafios de crescer em santidade“. Um texto que recupera a linguagem da Lumen Gentium e nos leva a descobrir que “a vida de comunhão nos é oferecida como a maneira abençoada de vivermos juntos em Cristo, aprendendo a ‘suportar’ a realidade, com doçura, generosidade, amor e coragem, para a paz e a salvação do mundo inteiro”, compreender que a comunhão é “o fundamento da realidade e a fonte do ser da Igreja”, e que “participar da vida de comunhão é a honra e a dignidade de nossas vidas”, chamando a pensar “na comunhão como a primeira e a última palavra de um processo sinodal”. Comunhão: a beleza da diversidade na unidade Uma comunhão que é “a beleza da diversidade na unidade“, superando a homogeneidade do mundo moderno. Uma comunhão que, citando São Boaventura, nos leva a refletir sobre “como a pluralidade da criação permite que todas as diferentes cores da luz divina brilhem”. Diante da competitividade do mundo, “Deus nos atrai para uma comunhão de humildade e serviço”, destacou a professora do Departamento de Teologia e Religião do Centro de Estudos Católicos da Universidade de Durham (Reino Unido). Portanto, essa seção B1 “nos convida a crescer em comunhão, refletindo com humildade com aqueles que são vulneráveis, sofredores ou fracos e sobre as vulnerabilidades e fraquezas da Igreja”, disse ela. Uma seção que nos leva a nos perguntar corajosamente “como podemos estar mais próximos dos mais pobres, mais capazes de acompanhar todos os batizados nas várias situações humanas, despojados de falsos poderes, mais próximos de nossos irmãos e irmãs cristãos e mais comprometidos com nossas culturas particulares”. Isso porque “a Igreja nasceu inseparável do drama humano”, uma comunhão que “existe em realidades concretas e tangíveis”, e que encontra na Eucaristia “as diferentes dimensões da comunhão”. Uma comunhão que se traduz no acompanhamento de vítimas de abuso por parte do clero, de migrantes e refugiados,…
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Sônia Gomes de Oliveira: “Igreja sinodal é a que não deve ter medo de caminhar juntos

O segundo módulo da primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que busca responder à pergunta sobre “Como podemos ser mais plenamente sinal e instrumento da união com Deus e da unidade do gênero humano?”, iniciou com uma Missa no Altar da Cátedra em rito greco-bizantino, presidida por Sua Beatitude Rev. Youssef ABSI, Patriarca de Antioquia dos Greco-Melquitas, Presidente do Sínodo da Igreja Católica Greco-Melquita, com a homilia de Sua Beatitude Eminência Card. Béchara Boutros RAÏ, O.M.M., Patriarca de Antioquia dos Maronitas, Chefe do Sínodo da Igreja Maronita, que pode ser considerado um passo a mais no caminho da unidade. O processo sinodal na Igreja do Brasil Na Congregação Geral os participantes da Assembleia Sinodal escutaram diversos depoimentos, dentre eles o partilhado por Sônia Gomes de Oliveira, presidente do Conselho Nacional do Laicato Brasileiro e uma das mulheres membros da Assembleia. A leiga brasileira iniciou suas palavras lembrando que “viver o processo sinodal na Igreja do Brasil foi uma continuidade do caminho iniciado na Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe”, destacando o processo de escuta realizado, mesmo com a pandemia. Ela destacou a importância da Equipe Nacional no trabalho de animação do processo sinodal chegando nas bases, onde foi importante a participação do laicato, uma prática que ajudou a conhecer a realidade em diferentes níveis e dos leigos e leigas se descobrir como corresponsável na missão. Também uma oportunidade para iniciar processos de formação, lembrando as palavras do relatório realizado no Brasil para a fase continental: “o Sínodo caiu, no mundo dos leigos e leigas, como um oceano a ser explorado e valorizado e, por isto a partir de agora não deve ser só um momento, mais uma prática da Igreja”. Uma Igreja sinodal na prática Sônia Gomes de Oliveira insistiu na necessidade de uma Igreja sinodal na prática “onde todos os batizados são chamados a participar, não só como colaboradores, mas reconhecido e conscientes da responsabilidade pela missão”, mas também afirmando que “nem todos compreenderam o processo”. Ela disse ter compreendido que “Igreja sinodal é a que não deve ter medo de caminhar juntos com aqueles que querem viver a unidade, respeitando os diversos carismas e vocações”, destacando a necessidade de “colocar os chinelos e os pés no caminho, ouvir o povo que grita e a Igreja precisava ouvir”. Segundo a presidenta do laicato brasileiro é necessário “exercer o meu papel de batizada no meu ambiente de Trabalho com um jeito e forma de ser Igreja”, que a leve a “unir a minha profissão com o meu ser cristã”. Ela destacou a importância das escutas, de fazê-las do jeito de Jesus, relatando duas experiências marcantes, uma com uma prostituta, que disse: “agora entendi, a Igreja e o Papa Francisco querem saber como estou”, afirmando carregar um fio de esperança, e agradecendo ter chegado até ela, o que fez com que ela se sentisse aliviada, mas dizendo, “pena que o povo da Igreja não faz isto sempre!”. Uma segunda experiência foi num presidio, onde experimentou o consolo levado até os detentos, e como “somos chamados a consolar”. Experiências de escuta Em suas palavras, Sônia Gomes de Oliveira foi partilhando diversas experiências vividas nas escutas, querendo assim ressaltar que “falar de uma experiencia sinodal é falar de uma Igreja que tem que ser aberta para acolher, aberta para escutar”, pois, “existem muitos lugares de dor, sofrimento, é importante a presença da Igreja”, chamado a todos e todas a estar ali, “ainda temos muitos lugares que não conseguimos chegar”. É por isso que temos que “ser Igreja no coração do mundo”, uma Igreja que acolhe a todos, e ter um coração fraterno que acolhe os crucificados de hoje, refletindo sobre o sofrimento das mulheres e a necessidade de entender que “fazer o caminho sinodal é ser pobre com os pobres e não para os pobres”. Diante de tantas coisas bonitas que existem na Igreja, a presidenta do laicato no Brasil fez um chamado a ser cireneus, a “criar ou fortalecer uma rede da sinodalidade que acolhe, que reza, que ajuda”. Uma Igreja que respeita a cultura dos povos indígenas e comunidades tradicionais, com uma liturgia mais próxima de sua realidade, com uma presença mais acolhedora para com aqueles que são descartados. Finalmente, mostrou a necessidade de “uma Igreja que precisa que cativemos mais pessoas, Igreja do encantamento que leva a entender que eles também são testemunhas do Ressuscitado, Igreja da Esperança, Igreja profética que entra nos porões onde a vida está ameaçada, Igreja da partilha da Eucaristia, Igreja da Pertença. “A Igreja que o Espírito nos impele a mostrar Jesus”, destacou. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1