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Dia: 12 de outubro de 2023

Sínodo visita as Catacumbas para respirar o ar dos primeiros cristãos

Uma peregrinação para respirar o ar dos primeiros cristãos, que viviam uma Igreja sinodal, pode ser considerada um dos objetivos da peregrinação que os participantes da Assembleia Sinodal fizeram ao final dos trabalhos do segundo módulo do Instrumentum Laboris. Pacto das Catacumbas Dom Pasquale Iacobone, presidente da Pontifícia Comissão para a Arqueologia Sagrada, que cuida das catacumbas, destacou a importância da visita para o caminho sinodal. Não em vão, à importância do lugar nos primeiros séculos deve ser acrescentada a profecia do lugar no Concílio Vaticano II, com o famoso Pacto das Catacumbas, um avanço da Igreja pobre e para os pobres de Francisco, e no Sínodo para a Amazônia, com o Pacto para o Cuidado da Casa Comum, outro elemento fundamental no Magistério do atual pontífice. As Catacumbas, como destacou o presidente da Pontifícia Comissão para a Arqueologia Sagrada, desempenharam um papel fundamental na Igreja primitiva, um lugar de peregrinação ao qual as pessoas vinham de toda a Itália e do norte da África para venerar Pedro e Paulo, um lugar localizado na estrada pela qual os dois apóstolos chegaram à capital do Império. De acordo com a tradição, foi nesse local que foi encontrada a primeira imagem da Concórdia de Pedro e Paulo, na qual os dois apóstolos se abraçam. Ajuda no caminho sinodal Uma imagem que assume um significado especial em uma Igreja sinodal, pois representa o caminho comum de duas tradições cristãs que se reconciliam e, superando suas diferenças, se abraçam e começam a caminhar juntas. Esses são testemunhos que hoje podem iluminar o caminho da Igreja universal, algo que não é fácil nestes tempos de polarização, tensões e divisões, e superar essa dinâmica é um dos desafios da Igreja Sinodal. Esse foi o local onde milhares de cristãos foram sepultados nos primeiros séculos, entre eles vários papas e centenas de mártires, sendo o local de sepultamento de vários santos. Entre outros, São Sebastião, Sisto II, Santa Cecília, Nereu e Aquiles. Essas vidas dedicadas são um verdadeiro testemunho para a Igreja, também para a Igreja de hoje e para uma Igreja sinodal. Tudo isso foi colocado nas mãos de Deus em uma celebração na Basílica de São Sebastião, presidida pelo Cardeal Hollerich, relator geral do Sínodo, na qual os participantes do Sínodo foram chamados a confiar no Senhor, pedindo para assumir a radicalidade de seguir o Senhor e que este momento de oração, como todos os que estão sendo vividos no Sínodo, possa ser uma força para anunciar o Evangelho hoje. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Assembleia Sinodal conclui segundo módulo conclamando à paz e ao diálogo intercultural e inter-religioso

A Assembleia Sinodal do Sínodo sobre o Sinodalidade concluiu seu segundo módulo no dia 12 de outubro, tendo a comunhão como tema principal. Entre os principais temas das últimas horas estiveram a paz e o compromisso dos católicos com a busca da paz e a promoção do diálogo. Junto com isso, foi destacado o tema do diálogo inter-religioso e intercultural e, mais especificamente, um maior diálogo com os povos indígenas, denunciando o impacto do colonialismo nas comunidades indígenas. Destacou-se a importância de escutar os jovens e suas propostas, e expressou-se preocupação com a participação cada vez menor dos jovens na formação da Igreja. Da mesma forma, foi destacada a necessidade de uma maior inclusão das mulheres e foi abordada a necessidade de promover a pastoral da escuta nas paróquias e comunidades. Coletiva de imprensa Participaram da coletiva de imprensa Margaret Karram, presidente do Movimento dos Focolares, Andrew Nkea Fuanya, arcebispo de Bamenda e presidente da Conferência Episcopal dos Camarões, e Ir. Caroline Jarjis, irmã do Sagrado Coração de Jesus, que trabalha em Bagdá, onde é médica. A presidente do Movimento dos Focolares, árabe católica nascida em Haifa, iniciou o seu discurso expressando a sua dor pela guerra na Terra Santa, dizendo que se perguntou várias vezes o que poderia fazer para promover a paz. Nesse sentido, destacou o momento de profunda oração de todos os participantes da Assembleia Sinodal pedindo pela paz, ressaltando o poder da oração, a importância de aumentar a fé, e dizendo que está vivendo uma experiência que está lhe ensinando o que significa caminhar juntos, algo que não é fácil, pois é complicado deixar-se questionar, escutar, dialogar, chamando a levar isso a todas as áreas, para construir pontes de paz. Um Sínodo de consolação para a África Um Sínodo que foi definido por Dom Andrew Nkea Fuanya como um consolo para a África diante dos muitos problemas do continente. Para o presidente do episcopado camaronês, é uma oportunidade para a voz da África ser ouvida, para lançar luz com sua voz. O prelado destacou a importância da unidade como a base do tecido da Igreja. O Sínodo também vê isso como uma oportunidade para que todos trabalhem juntos pela paz, pois a guerra nunca deve ser a solução, para embarcar em caminhos para a paz. A sinodalidade faz parte da cultura da África, insistiu ele, porque “empreendemos caminhos de forma conjunta e coral“, dizendo que acredita muito nas comunidades cristãs de base, onde todos podem se expressar, uma estrutura que ajuda a Igreja africana a ser sinodal, o que torna fácil acolher a sinodalidade na África, “faz parte da nossa cultura”, enfatizou o arcebispo. Ser cristão no Iraque A irmã Caroline Jarjis, que leu o Evangelho em árabe na oração de abertura da Assembleia Sinodal na quinta-feira, enfatizou que conhecer outras pessoas sem tê-las encontrado antes “nos ajuda a reconhecer o papel de Deus, que nos preparou para estar aqui“. Nas palavras da religiosa, “cada um tem um papel, um papel preparado por Deus, e nesta assembleia nos sentimos como irmãos e irmãs”. Ela também pediu que se unissem as vozes em favor da paz. “A experiência de uma assembleia sinodal vai além de um documento, é a experiência dos primeiros cristãos“, disse ela. A religiosa compartilhou a vida dos cristãos no Iraque, um país em guerra, um país de minorias cristãs, diante do qual disse ter uma esperança: “Espero que nossa Igreja seja uma Igreja rica, porque os mártires nos dão força para continuar a jornada”, vendo na Assembleia Sinodal “uma Igreja que me acompanha”. Sofrimento e esperança Ela também falou sobre a realidade do sofrimento e da esperança, e como a visita do Santo Padre ajudou, o que ela vê como uma porta aberta para todos. Sobre o momento atual, ela disse que é um período um tanto delicado, que exige viver com dignidade. Com relação à vida dos cristãos em Bagdá, destacou que “hoje está tranquilo, mas devemos sempre trabalhar pela dignidade, porque somos cidadãos desta terra, não somos apenas uma minoria”. Para alcançar a paz na Terra Santa, Margaret Karram pediu ajuda internacional nas negociações entre os dois lados, algo que deve ser tratado com urgência para o bem do povo e para a causa da paz. Ela também defendeu a necessidade de que os direitos humanos de todos os povos sejam respeitados e que haja reconciliação entre todos. Contou algumas das iniciativas de paz que estão sendo realizadas, inclusive as do próprio Movimento dos Focolares, fazendo um apelo à oração. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Resolver o difícil e o complexo em uma Igreja sinodal: respeito, sensibilidade, acolhimento

A Igreja é chamada a responder a questões difíceis e complexas, a situações que provocam reações diferentes. Como responder a essas realidades em uma Igreja sinodal, como saber escutar, como entrar em diálogo com aqueles que pensam de forma diferente, mesmo com aqueles que pensam de forma muito diferente? As guerras religiosas, os confrontos de todos os tipos fazem parte da história, mas na Igreja que o Papa Francisco deseja, na Igreja sinodal, de comunhão, participação e missão, as decisões devem tomar caminhos diferentes. Respeito, sensibilidade e acolhimento O método de conversação espiritual com o qual as comunidades para o discernimento comunitário, os círculos menores, as mesas redondas, buscam responder às questões colocadas no Instrumentum Laboris, para que funcione, deve ser inundado por atitudes de respeito, sensibilidade e acolhimento. Somente dessa forma, e na medida em que todos se sentirem feridos e necessitados de reconciliação, poderão ser tomadas medidas para curar internamente e encontrar caminhos de cura para a humanidade. A diversidade é algo que enriquece, sempre enriquece, nos ajuda a ter perspectivas diferentes, o que nos leva a evitar visões únicas e monocromáticas nas quais alguns insistem, e continuam a fazê-lo, apesar do esforço que o Papa Francisco e a grande maioria dos batizados e batizadas estão fazendo para tornar a Igreja mais sinodal, superando divisões e unindo forças para avançar e ser uma Igreja mais crível, especialmente para aqueles que vivem afastados. Iluminados pelo Espírito para responder ao conflito É nos momentos de tensão, nas questões difíceis, que o nosso ser pessoas, mas também o nosso ser Igreja, está em jogo. Romper a unidade na diversidade nos afasta de Deus e permite que as ideologias se imponham em realidades que deveriam ser inundadas pelo Evangelho, com sentimentos de fraternidade e amor. Os irmãos, diante de posições diferentes, se deixam conduzir por aquilo que une e ajuda a criar caminhos comuns, e para uma Igreja sinodal esse deve ser sempre o modelo a seguir. Não se trata de fugir dos conflitos ou de deixar questões complexas sem resposta; trata-se de se deixar iluminar pelo Espírito de Deus e de crescer juntos naquilo que ajuda a vislumbrar caminhos comuns, uma Igreja sinodal. Na medida em que os principais temas presentes na Assembleia Sinodal – comunhão, participação e missão – forem assumidos, a resolução das questões difíceis e complexas se tornará mais fácil. Não é um caminho simples, mas é o caminho do Evangelho, o caminho de Deus, que, a partir da unidade na diversidade, a partir de seu ser trinitário, nos ajuda a entender que é isso que vale a pena. O fato de outros insistirem em caminhos contrários não é desculpa para continuarmos acreditando na necessidade de escutar, dialogar, respeitar, ter sensibilidade e acolher a todos, inclusive aqueles que veem a realidade de forma diferente. Afinal, quem disse que ser uma Igreja sinodal é fácil? Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1