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Dia: 13 de outubro de 2023

Diocese de Roraima inaugura Casa da Caridade, graças à ajuda do Papa Francisco

“O espírito do Senhor Deus me enviou a proclamar a Boa Nova aos pobres”. Nessas palavras do profeta Isaias encontramos a inauguração do ministério de Jesus e ao mesmo tempo o conteúdo do nosso ser e do nosso operar em favor dos pobres como batizados e batizadas, fazendo a verdade na caridade. (Ef 4,15). Nessas palavras a Igreja diocesana de Roraima encontrou novo alento para renovar seu compromisso profético com a opção preferencial pelos pobres através da realização do projeto pastoral da “Casa da Caridade”.  Graças à intervenção direta do Santo Padre, o Papa Francisco, foi restaurado o antigo mosteiro das Monjas beneditinas, considerado uma peça valiosa do patrimônio histórico-eclesial de Roraima, e hoje está sendo devolvido à Diocese e à cidade de Boa Vista como centro vital de toda a obra caritativa e social da Igreja católica de Roraima. O objetivo principal é o trabalho orgânico e sinodal de todas as pastorais, movimentos e serviços que trabalham na dimensão da Caridade para oferecer assistência aos mais pobres e um caminho de formação a toda a comunidade roraimense na pedagogia do amor, a partir da caridade de Cristo.  Profundamente importantes ao longo do processo foram as reflexões do Concilio Vaticano II e do São Paulo VI sobre a necessidade da criação de uma “cultura da Caridade” para a realização da civilização do amor. Assim como Cristo revelou ao mundo o rosto de Deus Pai acolhedor e misericordioso para com todos os seus filhos e filhas, a nossa inspiração e ação começa a partir dos Pobres pois a eles é destinado primeiro o anúncio da Boa Nova da salvação. Além disso, mesmo no meio da complexidade com que somos chamados a caminhar junto com eles, os pobres permanecem um “lugar teológico” no qual vislumbrar os traços típicos do rosto de Deus muitas vezes desfigurado “sem aparência e nem beleza alguma…” (Is 53,2.), seu chamado para a conversão. Essa vocação dirige-se a toda a igreja, animada pelo amor conforme São Paulo nos lembra em sua segunda carta aos cristãos de Corinto: “a caridade de Cristo nos pressiona”. Assim a missão da Igreja é tornar-se cada vez mais Casa acolhedora para todos os filhos de Deus, Ele que é pai dos órfãos e defensor das viúvas, do humilde e de quem clama a Ele. Para toda a comunidade cristã e de maneira especial para toda a igreja local a Casa da Caridade – Papa Francisco começa seu ministério a partir dos pobres. Esse não é nem uma escolha particular tampouco um compromisso de poucos, mas Fidelidade de todos ao projeto de Deus e exigência de radicalidade originada pelo batismo além de um dever de coerência entre a profissão de fé e o nosso estilo de vida… De fato quando nós rezamos a oração do Pai Nosso que sobe a Deus da Igreja que celebra e que anima seu anúncio na catequese, essa mesma invocação “pressiona” a comunidade toda a viver no amor como família de Deus assumindo sua mesma solicitude paterna e materna para com todo aquele que se sente perdido privado de todos os meios de sustentação ou simplesmente de toda a razão para viver e esperar. Viver o dom da comunhão como fruto do Espírito nos torna uma comunidade verdadeiramente Cristã, uma Igreja Sinodal.  Dessa forma é possível encarnar o Espírito das bem-aventuranças redescobrindo a essencialidade do anúncio e o radicalismo exigente do Evangelho e vivendo a comunhão fraterna contra toda a tentação de exclusão. Esse é o itinerário de conversão que a nossa igreja católica de Roraima, a partir da Casa da Caridade e a partir dos pobres, quer assumir para que os mesmos pobres nos levem a descobrir o rosto de Deus. E para que esse projeto de amor se torne realidade, caberá à mesma Casa da Caridade favorecer um verdadeiro caminho pedagógico para toda a igreja diocesana para que cada Cristão e cristã, batizado e batizada, encontre na opção preferencial pelos pobres a realização plena de seu compromisso batismal como profeta, sacerdote e Rei, uma Realeza que resplandece da natureza do nosso Senhor e Rei que não veio para ser servido, mas sim para servir. Dessa forma a Casa da Caridade se torna também uma catequese a partir do serviço direto aos pobres.  Temos Esperança que a nossa igreja diocesana, a partir da perspectiva Pastoral lançada pelo projeto da Casa da Caridade “Papa Francisco” possa se tornar cada vez mais uma igreja “família de Deus” que vive na comunhão Sinodal conforme a imagem do Mistério da Trindade que é a melhor comunidade e que dá consistência a todas as relações dentro e fora da igreja, entre pastores e fiéis e entre pastorais, grupos e movimentos. Queremos nos tornar sempre mais uma igreja povo Deus itinerante e Peregrino, que não fica cuidando da manutenção da cristandade, mas que olha para a realidade atual com paciência e terna compaixão para aprender a ouvir os apelos do mundo atual e com a confiança amorosa no espírito que a acompanha diuturnamente, sair de si mesma para encontrar novos rumos e novas respostas para a construção de um mundo mais justo fraterno e solidário.  Queremos que a Casa da Caridade encarne em si o compromisso de todo o Povo de Deus que está em Roraima assume para não deixar cair a profecia que caracteriza uma Igreja disponível a viver as bem-aventuranças e que, por isso mesmo, se faz pobre e sempre posicionada do lado dos mais pobres, como garantia de abertura e de acolhida e compromisso para a construção aqui nessa terra daquela Casa Comum que é sinal e antecipação do Reino de Deus.  Enfim queremos que essa Casa nos ajude sempre mais a sermos Igreja missionária na história e no território em que ela se encontra; uma igreja capaz de acolher, proteger, promover e integrar sempre mais o bem presente no mundo, na história e no coração de cada ser humano desprezado e marginalizado como um sinal da continuação da missão de Cristo Salvador e Libertador. Por isso será típico da Casa…
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Cardeal Hollerich: “O Batismo das mulheres não é inferior ao dos homens”

A Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está realizando sua primeira sessão na Sala Paulo VI de 4 a 29 de outubro, iniciou seus trabalhos no dia 13 de outubro sobre o terceiro Módulo, B1, que visa aprofundar a corresponsabilidade na Missão. Novo Pentecostes O trabalho começou com uma Eucaristia no Vaticano, presidida pelo Cardeal Ambongo, Arcebispo de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo. Uma celebração que teve um claro sabor africano, na qual o presidente iniciou sua homilia afirmando que esse caminho sinodal, esse “novo Pentecostes”, é motivo de ação de graças a Deus e “renovará a Igreja na comunhão de seus membros e na participação ativa de todos na vida e na missão da Igreja“. Em suas palavras, ele convidou, seguindo a profecia de Joel, “a chorar e lamentar diante deste altar, diante do túmulo de São Pedro, por nossas fraquezas como Igreja”, vendo a melhor maneira de fazer isso como “ter a coragem de empreender o caminho do arrependimento e da conversão, que abre o caminho para a reconciliação, a cura e a justiça”. Da mesma forma, seguindo o Evangelho do dia, o cardeal africano pediu para ver “até que ponto o Maligno age e influencia nosso modo de ser e agir”. Para combatê-lo, propôs “as armas da sinodalidade, que requerem unidade, caminhar juntos, discernir na oração, escutar uns aos outros e escutar o que o Espírito tem a dizer à Igreja“. Um longo caminho percorrido juntos Na sala do Sínodo, que foi presidida pela Presidenta Delegada, Ir. María Dolores Palencia, outra novidade desta Assembleia Sinodal, os trabalhos começaram com a intervenção do Cardeal Hollerich, Relator Geral do Sínodo, que reconheceu que desde o início da Assembleia “caminhamos juntos e percorremos um longo caminho“. Ele recordou a peregrinação às catacumbas, “que nos permitiu entrar em contato mais próximo com os cristãos da comunidade primitiva e especialmente com os mártires”, que estão com a Igreja, “podemos senti-los caminhando conosco”. O cardeal luxemburguês recordou o título e a pergunta deste Módulo B2: “A corresponsabilidade na missão: como compartilhar melhor os dons e as tarefas a serviço do Evangelho?”, refletindo sobre a importância da missão, centrando-se no “continente digital”, que ele vê como “um novo território de missão”, questionando como evangelizá-lo. Em seguida, fez uma análise de cada uma dos cinco pontos da Seção B2: a necessidade de aprofundar o significado e o conteúdo da missão; a ministerialidade na Igreja; o papel das mulheres na Igreja, cujo batismo “não é inferior ao dos homens”; o papel dos ministérios leigos; o ministério dos bispos. A partir daí, ele fez um apelo para que sejamos corajosos e “demos um passo atrás para escutar autenticamente os outros, para abrir espaço dentro de nós mesmos para a palavra deles e para nos perguntarmos o que o Espírito está nos sugerindo por meio deles”. Mulheres e missão Maria Grazia Angelini, O.S.B., começou sua reflexão com uma pergunta forte: “Como a Igreja de nosso tempo pode cumprir melhor sua missão por meio de um maior reconhecimento e promoção da dignidade batismal das mulheres?“. Ela insistiu que “não se trata de promoção e reconhecimento em um sentido mundano, de direitos e desejos, mas do bem-estar da Igreja”, algo inspirado no estilo, nas palavras, nos silêncios e nas escolhas de Jesus, destacando o poder simbólico e inspirador do encontro de Jesus com a mulher anônima na multidão, algo que também acontece em muitas outras passagens. Ela vê no tema da missão do Sínodo um “reconhecimento das diferentes expressões dos ministérios”. Analisando o papel das mulheres nas primeiras comunidades, ela disse que elas não são meras figurantes, “elas abrem novos espaços para o Evangelho“, com as comunidades paulinas, nas quais “elas são inseridas em uma liturgia feminina ‘não ritual’, rompendo-a com a palavra do Evangelho”. O apóstolo foi acolhido, enfatizou a monja beneditina, “pela koinonia incomum das mulheres em oração, ao ar livre”, destacando as “novas linguagens inauguradas pelas mulheres, que Paulo não desprezou, mas aproveitou como um kairos”, citando como exemplo Lídia e seu papel proeminente no nascimento da Igreja na Europa, fazendo de sua casa “um espaço feito de pontes e não de muros”. A partir daí, insistiu que “o movimento originado pelo Evangelho, e a alma de todo verdadeiro caminho sinodal, gera relações novas e generativas”, onde as mulheres alimentam constantemente o dinamismo espiritual da reforma. A partir daí, enfatizou que “as mulheres são um elemento dinâmico da missão”, e as diaconias a serem assumidas pelas mulheres, a partir do “estilo, arriscado e revelador”, criado por Jesus “em seu modo de se relacionar com as mulheres”. Corresponsabilidade sinodal na missão A partir de uma perspectiva teológica, Carlos Galli refletiu sobre a “Corresponsabilidade Sinodal na Missão Evangelizadora”, partindo da pergunta “Como podemos compartilhar dons e tarefas a serviço do Evangelho?“. O teólogo argentino, inspirado na Constituição Episcopalis Communio, afirmou que “a Igreja sinodal é missionária. A Igreja missionária é sinodal”, uma ideia presente nos documentos do Concílio Vaticano II. A partir daí, ele refletiu sobre a corresponsabilidade de todos os batizados na missão, inspirado nos textos bíblicos e no Magistério da Igreja, insistindo que “o batismo e a fé são o fundamento da vocação universal à santidade e à missão”, destacando como os ministérios leigos enriquecem as comunidades cristãs. Isso torna necessária “a troca de dons e tarefas a serviço do Evangelho“, vendo o tornar-se missionário como um fruto da graça e a comunhão de bens como um modo de vida. Para o teólogo, “o trabalhador apostólico é o evangelizador evangelizado”, exigindo o compartilhamento de dons espirituais. Isso porque “o amor de Deus é muito mais do que o pecado”, afirmando que “a lógica do muito mais gera esperança”. Por fim, ele disse esperar que “pela ação do Espírito, onde abundar a comunhão, abundará a sinodalidade e onde abundar a sinodalidade, abundará a missão”. Missão das mulheres, no mundo digital e do bispo Uma reflexão que foi completada com testemunhos. A Ir. Liliana Franco, presidente da Confederação de Religiosos e Religiosas da América…
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Missão digital: “Entrar em diálogo com uma população que é difícil de ver nas igrejas”

Dois especialistas nesse campo deram seu testemunho sobre a missão digital aos participantes da Assembleia Eclesial, que está sendo realizada na Sala Paulo VI e que, em 13 de outubro, iniciou os trabalhos do Módulo B2, o terceiro do programa, refletindo sobre a corresponsabilidade na missão. A Igreja te escuta O leigo mexicano José Manuel de Urquidi González e a religiosa nicaraguense radicada na Espanha, Xiskya Lucia Valladares Paguaga, compartilharam suas experiências do chamado Sínodo Digital, por meio do projeto “A Igreja te escuta“, que definiram como uma iniciativa realizada por uma rede de missionários e evangelizadores digitais, com o acompanhamento do Dicastério para a Comunicação e da Secretaria Geral do Sínodo, uma experiência voltada exclusivamente para a periferia. Eles destacaram três frutos: a missão digital se tornou um elemento importante na consulta global do Sínodo a partir de outubro de 2021, com 150 mil participantes, 30% não crentes e afastados, com frutos na etapa continental; a criação da própria consciência da missão digital, apesar do pouco apoio institucional, que despertou “a consciência de que fazíamos parte de algo que poderia ser chamado de missão digital”, algo que vem envolvendo os bispos, citando como exemplo o encontro durante a JMJ em Lisboa com 577 missionários de 68 países; a crescente consciência da Igreja de que a missão digital não é apenas um instrumento para realizar a evangelização, mas é “um espaço, um território… um novo mundo para a Igreja de comunhão e missão“, para citar as palavras do Cardeal Tagle. O ambiente digital é uma cultura A irmã Xiskya insistiu que “o ambiente digital é uma cultura, um ‘lugar’ onde as pessoas – todos nós – passamos grande parte de nossas vidas”, que “tem sua própria linguagem e modos de agir” e onde “para que a semente do Evangelho cresça ali, ela precisa ser inculturada“. Uma cultura na qual “encontramos irmãos e irmãs que anseiam pelo anúncio”, onde ela disse que há “muitos que precisam de esperança, que precisam curar suas feridas, que precisam de uma mão, que precisam de Deus”. A religiosa insistiu que o mundo virtual na Igreja não é apenas para “comunicar o horário da missa ou convidá-los a visitar a catedral”, mas um espaço de encontro, escuta e acompanhamento, que exige sair de nós mesmos. Lembrando que “diz-se que estamos em um momento de transformação na Igreja, que o modelo herdado não funciona mais para falar com a era digital”, ele fez a proposta de que “a Igreja deve ser construída a partir das periferias”, considerando a cultura digital como uma “nova Galileia”. Uma nova Galileia Isso em um mundo digital “no qual precisamos saber onde estão as armadilhas e os truques”, de acordo com Urquidi. Um território para o qual “o mesmo Espírito que, por meio deste sínodo, nos convida a abraçar a missão nesta nova Galileia” está nos conduzindo. Isso requer “escuta humilde, acompanhamento e diálogo, bem como um bom conhecimento do tesouro de nossa fé, o que nos permite entrar em diálogo com uma população que é difícil de ver nas igrejas”, de acordo com o mexicano. A partir daí, ele enfatizou que “eles são aqueles que deixaram a Igreja feridos por tanta discriminação, ou ficaram entediados com nossa pregação, ou não entendiam nosso idioma, ou talvez nunca tenham colocado os pés em uma igreja. Mas eles ainda estão procurando. Pessoas que, no anonimato da virtualidade, podem “superar o constrangimento e a distância, ou simplesmente ser capazes de fazer perguntas”, ressaltando que “entrar em diálogo com elas requer tempo, paciência e muito amor”. E isso porque, em um evangelizador digital, “o que importa é sua capacidade de ouvir e dialogar”. Urquidi vê o ambiente digital como “um território ideal para uma igreja sinodal missionária na qual todos os batizados assumem a corresponsabilidade pela evangelização“. Isso em redes onde “tudo é provisório, fluido, incompleto”, onde “é oferecido o rosto misericordioso, que tenta entender a linguagem para transmitir uma Vida”. A partir daí, ele chamou a sonhar que um dia todas as dioceses terão suas equipes de “missionários digitais” enviadas por seus bispos; e que o ministério da escuta digital para encontrar o irmão que sofre será uma parte normal da vida da Igreja. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Liliana Franco: “O caminho das mulheres na Igreja é cheio de cicatrizes”

Alguns não entendem a importância da missão das mulheres na Igreja, mas para isso é preciso aprender com Jesus, sua disposição de “ver e sentir as mulheres, elevá-las, dignificá-las, enviá-las”, como ressaltou Liliana Franco na abertura dos trabalhos do terceiro Módulo, que fala sobre ser corresponsáveis na Missão, algo que as mulheres sabem muito, apesar das muitas rejeições e desprezos recebidas, porque são elas que sustentam a fé em muitas comunidades ao redor do mundo. Aprendendo com as atitudes, os critérios e o estilo de Jesus Não podemos nos esquecer de que “a verdadeira reforma vem do encontro com Jesus, no eco de sua Palavra, no aprendizado de suas atitudes e critérios, na assimilação de seu estilo“. Isso é algo que se concretiza em mulheres comuns, como Dona Rosa, que, aos 70 anos de idade, sai todos os dias para visitar os doentes da vizinhança, certificando-se de que eles tenham comida e uma vida digna. Alguém que, por muitos anos, também lhes levava a comunhão, não o faz mais porque o novo pároco lhe disse que a comunhão será levada pelos ministros da Eucaristia, homens que foram equipados com um uniforme colorido.  Apesar de tudo, ela continua a andar pelas ruas de seu bairro, visitando os doentes, sendo um verdadeiro conforto para os mais frágeis. Martha, que terminou seu doutorado em teologia com notas melhores do que as de seus colegas homens, mas a Pontifícia Universidade na qual se formou decidiu que não poderia lhe dar um diploma canônico por ser mulher, e que o seu seria um diploma civil. Mas é uma conquista, pois até poucos anos atrás, as mulheres em seu país não podiam estudar teologia, apenas ciências religiosas. Essas são cenas recorrentes, pois muitas mulheres não têm lugar no conselho paroquial ou diocesano, apesar de seu trabalho pastoral diversificado e valioso. A razão é que “a missão das mulheres é muito maternal, básica e pastoral, e os objetivos dos Conselhos são, para elas, mais administrativos e estratégicos“. Situações de dor e redenção A partir daí, a presidenta da Confederação de Religiosos e Religiosas da América Latina e do Caribe fez uma forte denúncia: “o caminho das mulheres na Igreja está cheio de cicatrizes, de situações que envolveram dor e redenção, um enredo pascal, no qual o que é evidente e definitivo foi o amor de Deus; amor que permanece além dos esforços de alguns para tornar invisível a presença e a contribuição das mulheres na construção da Igreja”. Isso levou a religiosa a afirmar que “a Igreja tem o rosto de mulher“, citando muitos exemplos disso. De fato, “a Igreja, que é mãe e mestra, é também irmã e discípula, é feminina, e isso não exclui os homens, porque em todos, homens e mulheres, habita a força do feminino, da sabedoria, da bondade, da ternura, da força, da criatividade, da parresia e da capacidade de dar vida e de enfrentar as situações com ousadia”. Uma Igreja feminina tem a força da fecundidade Daí seu apelo para que “todos nós, mulheres e homens, sejamos chamados a ser ventre, lar, carinho, abraço, palavra… Uma Igreja feminina tem a força da fecundidade.  Aquilo que lhe é dado pela Ruah”. A religiosa, que participou da equipe que preparou o relatório da Etapa Continental na América Latina e no Caribe, mostrou cinco perspectivas do rosto de “uma Igreja missionária, que bate ao ritmo do feminino” é uma Igreja com essas perspectivas: A Pessoa de Jesus e o Evangelho são os que chamam; pelo Batismo todos são portadores da mesma dignidade; a opção pelo cuidado de todas as formas de vida é a opção pelo Reino; uma nova forma de estabelecer relações torna possível uma identidade renovada: mais circular, fraterna e irmã; acredita-se no valor dos processos, prioriza-se a escuta e reconhece-se que a fecundidade é fruto da graça, da ação do Espírito. A religiosa deixou claro que “no coração do desejo e do imperativo de uma maior presença e participação das mulheres na Igreja, não há ambição de poder ou sentimento de inferioridade, nem uma busca egocêntrica de reconhecimento, há um clamor para viver em fidelidade ao plano de Deus, que quer que no povo, com o qual fez uma aliança, todos sejam reconhecidos como irmãos”, pedindo participação e corresponsabilidade igualitária no discernimento e na tomada de decisões, com base na dignidade comum que o batismo dá a todos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1