Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Dia: 18 de outubro de 2023

Cardeal Steiner: “Na Amazônia, as mulheres insistem em mais formação para exercer melhor o seu ministério”

A Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade iniciou em 18 de outubro os trabalhos do quarto Módulo, que trata da “Participação, responsabilidade e autoridade“. Pouco a pouco, alguns detalhes estão sendo conhecidos, entre eles o fato de que o Documento de Síntese, como informou Paolo Ruffini, “será breve e estará a serviço de um processo que continuará, será um texto de transição que conterá os pontos de consenso e aqueles em que não houve acordo”, bem como as questões abertas a serem respondidas. Um documento de síntese e uma carta ao povo de Deus O prefeito do Dicastério para a Comunicação insistiu que “a Síntese não é um Documento Final e tampouco é o Instrumentum Laboris da próxima assembleia” e terá uma redação simples. Também foi decidido redigir uma carta-mensagem para contar a todo o Povo de Deus a experiência dos participantes da Assembleia Sinodal. A coletiva de imprensa diária contou com a presença do Cardeal Leonardo Ulrich Steiner, Arcebispo de Manaus, do Arcebispo Zbigņev Stankevičs, Arcebispo de Riga (Letônia), de Dom Pablo Virgilio S. David, Bispo de Kalookan (Filipinas), e de Wyatt Olivas, que, aos 19 anos, é o mais jovem participante do Sínodo. Uma Igreja com uma longa experiência de sinodalidade O cardeal Leonardo Steiner partilhou a experiencia da Amazônia, “uma Igreja que tem uma larga experiencia de sinodalidade, sem usar a palavra sinodalidade. Uma Igreja que procurou envolver todos os ministérios e todas as vocações na evangelização, nas discussões”. O arcebispo de Manaus destacou e presença nas assembleias dos indígenas, da Vida Religiosa, presbíteros, diáconos permanentes e bispos. Ele relatou a experiência sinodal na Arquidiocese de Manaus, com uma ampla participação no processo de escuta, o que serviu no para enviar para o atual Sínodo. Ele mostrou sua alegria em ver que “o sínodo está sendo um processo, não estamos buscando logo soluções, mas estamos nos exercitando na sinodalidade”, afirmando que é claro que deverá se chegar em conclusões e decisões. Um processo sinodal onde todos estão procurando entrar, “onde todos têm oportunidade de falar, se expressar, colocar suas ideias sempre para o bem da Igreja, sempre levando em consideração a missão da Igreja, que é anunciar o evangelho, anunciar o Reino de Deus. Todos nós nesse processo”. O cardeal agradeceu ao Santo Padre por “ter convocado um Sínodo e podermos assim refletir e nos exercitar na sinodalidade”. E para a Igreja da Amazônia “um incentivo a mais para continuarmos nesse caminho de buscar ouvir a todos e envolver a todos no processo evangelizador”. O arcebispo de Manaus ressaltou o desejo da Amazônia de “ouvir as culturas da região, que são as culturas indígenas para podermos a partir da cultura apresentar o Evangelho, mas também a partir da cultura podermos fazer as nossas celebrações”. Um Espírito que quer renovar a Igreja Um Sínodo que é algo que empolga o jovem norte-americano, especialmente quando ele descobre o desejo do Papa de escutar a todos. Um processo que, no caso de Mons. Zbigņev Stankevičs, bispo em um país com dois milhões de habitantes, com 20% de católicos, apesar da relutância de alguns, o vê como “um sopro do Espírito Santo que quer renovar a Igreja”, insistindo que a principal tarefa do Sínodo é ouvir a todos, não apenas os católicos, e “tentar reconhecer o que o Espírito Santo quer dizer à Igreja hoje“, sendo a chave os ensinamentos do Concílio Vaticano II e o chamado para despertar um senso de corresponsabilidade. Descobrir os dons e carismas de todos e ver como eles podem ser aplicados ao serviço da Igreja. Algo que ele também aplicou às mulheres e a seus dons específicos. Por sua vez, o bispo filipino se referiu aos muitos migrantes filipinos em todo o mundo e como sua presença é apreciada. Isso leva os bispos a se perguntarem se eles formaram essas pessoas em corresponsabilidade na missão, o objetivo deste Sínodo, chamando os leigos a perceberem sua corresponsabilidade na missão como o tema mais importante do Sínodo. Da mesma forma, como outros já fizeram, a disposição da Sala Sinodal em mesas redondas, ao contrário do outro Sínodo do qual ele participou, pois isso mostra “nossa igualdade, somos todos discípulos no Batismo, estamos destacando nossa igualdade como batizados“. Escutar o que as comunidades são e as necessidades Para o cardeal Steiner, “ouvir as comunidades nos dá noção do que as comunidades pensam, o que elas são, o que desejariam ser, e as necessidades que as comunidades têm”. Ele mostrou que “as nossas comunidades do interior, quase todas são dirigidas por mulheres, e as mulheres insistem em ter mais formação para poder exercer melhor o seu ministério, a sua liderança, e pedem ministérios próprios”, citando como exemplo o Ministério do Batismo, que faria possível a celebração do Batismo sem a presença do padre, destacando a cada vez maior consciências das comunidades de que “elas possam celebrar um sacramento como comunidade”. Em relação às comunidades indígenas, em Manaus há mais de 70 mil indígenas, com culturas e línguas diferentes, defendeu a necessidade de “ouvir para podermos perceber quais são as necessidades, quais são as sugestões, como fazer a celebração da Eucaristia, como estar ao lado deles, como cuidar do meio ambiente”. O cardeal denunciou a situação deplorável em que se encontra a Amazônia com a seca, onde “os grandes e famosos rios da Amazônia estão quase secos”, e junto com isso a fumaça e as queimadas. Uma Igreja ativa, samaritana, presente, misericordiosa, mas também consoladora O presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil enfatizou que “os indígenas nos ajudam a compreender essa realidade, essa relação própria com o meio ambiente. Eles nos alertam e nos ajudam a compreender a necessidade de fazer realidade o cuidado com o que o Papa Francisco chama de casa comum”. É por isso, que “ouvir as nossas comunidades desse modo sinodal nos ajuda muito a sermos uma Igreja ativa, samaritana, presente, misericordiosa, mas também consoladora”. Uma sinodalidade que “ajuda muito, porque as comunidades dizem como sermos uma Igreja, não…
Leia mais

Participação, responsabilidade e autoridade: “Apresentando propostas concretas para avançar”

No dia 18 de outubro, a primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade entrou em seu quarto Módulo, que aborda o tema “Participação, responsabilidade e autoridade“, refletindo sobre os processos, as estruturas e as instituições necessárias em uma Igreja sinodal missionária. Como na abertura de cada Módulo, a Basílica de São Pedro foi palco de uma celebração, uma missa presidida por Dom Gintaras Grušas, Arcebispo de Vilnius (Lituânia) e Presidente do Conselho das Conferências Episcopais Europeias. O Espírito Santo é o protagonista do crescimento da Igreja Em sua homilia, ele começou destacando a mentalidade sinodal da vida e obra de Lucas, a quem definiu como fiel, algo que desafia “a permanecermos fiéis em nosso compromisso de caminhar juntos na vida da Igreja”. Da mesma forma, o evangelista mariano por excelência, “frequentemente enfatiza o importante papel das mulheres na vida da Igreja e na proclamação da Boa Nova“, e “as características do coração de Jesus, que nos revela a imensidão da misericórdia divina de Deus”, de acordo com Dom Grusas. Para o arcebispo lituano, nos escritos de Lucas “o Espírito Santo é o protagonista na vida e no crescimento da Igreja, como deve ser na direção de nosso processo sinodal“. Analisando o texto do Evangelho do dia, destacou que “na proclamação do Reino, a igualdade de todos os batizados vem à tona”, refletindo sobre as instruções de Jesus aos discípulos. Finalmente, ele insistiu que “a sinodalidade, incluindo suas estruturas e reuniões, deve estar a serviço da missão evangelizadora da Igreja e não se tornar um fim em si mesma”. Devolvendo os frutos da Assembleia Sinodal à Igreja O Cardeal Hollerich, relator geral do Sínodo, já na Sala do Sínodo, pediu para devolver às Igrejas locais os frutos do trabalho, reunidos no Relatório de Síntese, e para reunir os elementos para concluir o discernimento no próximo ano, carregado de uma consciência mais clara do Povo de Deus sobre o que significa ser uma Igreja sinodal e os passos a serem dados para sê-lo. Isso se deve ao fato de que nossa Igreja “não é muito sinodal” e muitos “sentem que sua opinião não conta e que alguns ou uma única pessoa decide tudo”. O Arcebispo de Luxemburgo analisou as cinco planilhas do Módulo, insistindo que “essas são questões delicadas, que exigem um discernimento cuidadoso“, “porque tocam a vida concreta da Igreja e o dinamismo do crescimento da tradição”. Para dar continuidade, ele fez um apelo à participação, alertando que “a concretude também implica o risco de dispersão em detalhes, anedotas, casos particulares”. Tudo isso para “chegar a expressar convergências, divergências, questões a serem exploradas e propostas concretas para avançar”. O Concílio de Jerusalém e o Sínodo A passagem que narra o Concílio de Jerusalém foi fonte de inspiração para o padre Timothy Radcliffe em sua reflexão espiritual, “chamado a enfrentar a primeira grande crise da Igreja depois de Pentecostes“. Uma Igreja profundamente dividida, em uma crise de identidade. Comparando o que experimentou lá com o Sínodo, ele mostrou que o Espírito nos reúne “para descobrir a paz entre nós e para sermos enviados a proclamá-la ao nosso pobre mundo, crucificado por uma violência cada vez maior”. De acordo com o frade dominicano, “se nos reunirmos no nome forte da Trindade, a Igreja será renovada, embora talvez de maneiras que não sejam imediatamente óbvias”. A partir daí, ele falou de uma Igreja “na qual as mulheres já estão assumindo responsabilidades e renovando nossa teologia e nossa espiritualidade”, onde “os jovens de todo o mundo, como vimos em Lisboa, estão nos levando em novas direções, em direção ao Continente Digital”. Isso porque “a história da Igreja é uma história de criatividade institucional sem fim”, questionando: “O que está acontecendo com a voz profética das mulheres, que muitas vezes ainda são consideradas ‘hóspedes em sua própria casa’?“. Dignidade dos batizados antes das funções A introdução do campo da teologia foi feita por Dario Vitali, que começou com a afirmação da Lumen Gentium, que define a Igreja como “sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade do gênero humano”, enfatizando que “a primeira participação enfatizada pelo Concílio Vaticano II não é, de fato, a dos indivíduos, mas a de toda a Igreja, o Povo de Deus a caminho da realização do Reino“, refletindo sobre a importância de uma Igreja “sinal e instrumento da paz entre os povos”. Uma Igreja que quer ser um sacramento universal de salvação, de unidade salvífica. Analisando a eclesiologia do Vaticano II, lembrou que “antes das funções está a dignidade dos batizados; antes das diferenças, que estabelecem hierarquias, está a igualdade dos filhos de Deus”. Uma reflexão que leva ao entendimento de que “colocar o sacerdócio comum antes do sacerdócio ministerial significa romper uma relação assimétrica de autoridade-obediência que estruturou a Igreja piramidal“, defendendo a complementaridade e os ministros ordenados “a serviço do povo santo de Deus, que finalmente volta a ser o sujeito ativo da vida eclesial”. A partir daí, ele definiu a sinodalidade como “a própria communio da Igreja como o povo santo de Deus“. Daí a importância deste Módulo B3, “que mostra o caminho para iniciar a renovação de processos, estruturas e instituições em uma Igreja sinodal missionária”, em uma unidade dinâmica. Um processo que Vitali define como de saída e de entrada, afirmando que “não há contradição entre a dimensão sinodal e a dimensão hierárquica da Igreja: uma garante a outra e vice-versa”. Portanto, enfatizou o teólogo italiano, “o Sínodo é o ‘lugar’ e o ‘espaço’ privilegiados para o exercício da sinodalidade”. Por essa razão, ele pediu uma reforma teológica, para repensar a Igreja em chave sinodal, e uma reforma institucional, para garantir o exercício da sinodalidade, pensando – com paciência e prudência – nas reformas institucionais e decisórias necessárias. Experiências de sinodalidade Por fim, a Assembleia ouviu três testemunhos. Dom Alexandre Joly, bispo de Troyes (França), que começou contando as dificuldades financeiras que enfrentou quando foi nomeado bispo, o que exigiu uma decisão sobre os bens imobiliários da diocese, algo…
Leia mais

Padre Radcliffe: “O que está acontecendo com voz profética das mulheres, consideradas hóspedes em sua própria casa?”

O Concílio de Jerusalém tem sido a fonte de inspiração para o Pe. Timothy Radcliffe em sua reflexão espiritual em preparação para o quarto Módulo da Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade, que refletirá sobre “Participação, Responsabilidade e Autoridade“, abordando a questão dos processos, estruturas e instituições necessárias em uma Igreja sinodal missionária. Enfrentando a primeira grande crise da Igreja O dominicano refletiu sobre um Concílio “chamado a enfrentar a primeira grande crise da Igreja depois de Pentecostes”. Uma Igreja profundamente dividida, em uma crise de identidade. A partir daí, ele lembrou as palavras de Francisco em Lisboa, onde ele disse que “amadurecemos através das crises”, na medida em que as abraçamos com esperança. Igreja significa reunião, enfatizou Radcliffe, que questionou a necessidade de nos reunirmos “não apenas fisicamente, mas também em nossos corações e mentes”, se “estamos dispostos a ser atraídos para além de mal-entendidos e suspeitas mútuas“, se somos como o irmão mais velho “que fica do lado de fora, recusando-se a se reunir na alegria do retorno de seu irmão”. Trazendo paz a um mundo crucificado pela violência Em sua opinião, o Espírito Santo “nos reúne e nos envia, oxigenando a força vital da Igreja“, afirmando que “estamos reunidos para descobrir a paz entre nós e somos enviados para proclamá-la ao nosso pobre mundo, crucificado pela violência cada vez maior, na Ucrânia, na Terra Santa, em Mianmar, no Sudão e em tantos outros lugares”. A partir daí, ele refletiu sobre como ser um sinal de paz se estivermos divididos entre nós. Fazendo uma comparação entre o Concílio de Jerusalém e o Sínodo, reunidos em nome do Senhor, ele disse que isso “significa ter confiança de que a graça de Deus está atuando poderosamente em nós“. Para aqueles que lhe disseram que “este Sínodo não mudará nada”, ele disse que “isso é falta de fé no nome do Senhor”, pois “se nos reunirmos no forte nome da Trindade, a Igreja será renovada, embora talvez de maneiras que não sejam imediatamente óbvias”, vendo isso não como otimismo, mas como “nossa fé apostólica”. Uma identidade que reúne toda a Igreja dividida A partir do pensamento de Cornelius Ernst, ele observou que “a Igreja é sempre nova, como Deus, o ancião e a criança recém-nascida”. Analisando o Concílio de Jerusalém, o padre Radcliffe afirmou que “os discípulos se reuniram porque viram que Deus já estava fazendo algo novo. Deus os havia precedido. Eles precisavam alcançar o Espírito Santo. Ali ele destacou a atitude de Tiago, que baseou sua identidade “em um relacionamento de sangue com o Senhor”, por isso considerou maravilhoso “que seja ele quem proclama essa nova identidade”, considerando de grande valor e fé dizer “nós, uma identidade que reúne toda a Igreja dividida”, uma Igreja de judeus e gentios, o que, de acordo com o dominicano, “levou tempo para ele, assim como levou para nós”. Um novo sentido de “nós”, que ele disse ter experimentado durante a guerra civil em Burundi, celebrando a Eucaristia quando viajou pelo país com dois de seus irmãos, um hutu e um tutsi. Nesse sentido, “nosso Deus já está dando vida a uma Igreja que não é mais primordialmente ocidental: uma Igreja que é católica oriental, asiática, africana e latino-americana”. Uma Igreja, insistiu ele, “na qual as mulheres já estão assumindo responsabilidades e renovando nossa teologia e nossa espiritualidade“. Uma Igreja na qual “os jovens de todo o mundo, como vimos em Lisboa, estão nos levando em novas direções, em direção ao Continente Digital”. Abraçando a graciosa novidade de Deus Radcliffe insistiu que, em vez de perguntar o que fazer, precisamos questionar o que Deus está fazendo, se aceitarmos sua graciosa novidade. A partir daí, observando a atitude de Tiago, ele afirmou que “o novo é sempre uma renovação inesperada do antigo”, de modo que “qualquer oposição entre tradição e progresso é totalmente estranha ao catolicismo“. “A história da Igreja é uma história de criatividade institucional sem fim”, enfatizou, citando exemplos ao longo da história. A partir daí, ele perguntou sobre as instituições necessárias “para expressar quem somos como homens e mulheres de paz em uma era de violência, habitantes do Continente Digital”. A partir do fato de que toda pessoa batizada é um profeta, ele perguntou como reconhecer e abraçar o papel da profecia na Igreja hoje, e mais concretamente: “O que está acontecendo com a voz profética das mulheres, que muitas vezes ainda são consideradas como ‘hóspedes em sua própria casa’?“. Por fim, ele lembrou que o Concílio de Jerusalém libertou os gentios de fardos desnecessários, de uma identidade dada pela antiga Lei. A partir daí, ele questionou “como tiraremos os fardos dos ombros cansados de nossos irmãos e irmãs de hoje, que muitas vezes se sentem desconfortáveis na Igreja”. Por exemplo, “aquela jovem que cometeu suicídio porque era bissexual e não se sentia bem-vinda”, dizendo esperar que “isso tenha nos mudado” e nos identifique com a Igreja na qual “todos são bem-vindos: todos, todos, todos“, lembrando as palavras de Francisco. Um caminho de volta à Igreja, à casa do Reino que cada pessoa começa onde quer que esteja. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Hollerich: “Onde reina o clericalismo há uma Igreja que não se move, uma Igreja sem missão”

A Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade iniciou nesta quarta-feira o Módulo B3, no qual refletirá sobre “Participação, responsabilidade e autoridade“. Isso vem depois de um trabalho que o Cardeal Hollerich, relator geral do Sínodo, descreveu como belo, emocionante e exigente. O Arcebispo de Luxemburgo alertou para duas tarefas a serem realizadas após o término da atual sessão da Assembleia: devolver às Igrejas locais os frutos do trabalho, reunidos no Relatório Síntese, e reunir os elementos para concluir o discernimento no próximo ano, carregado de uma consciência mais clara do Povo de Deus sobre o que significa ser uma Igreja sinodal e os passos a serem dados para sê-lo. Processos, estruturas e intuições em uma Igreja sinodal missionária A pergunta inicial do quarto módulo leva a uma reflexão sobre os processos, as estruturas e as instituições necessárias em uma Igreja sinodal missionária. Esse módulo tratará de questões de mudanças na vida do discipulado missionário e da corresponsabilidade. Tudo isso em uma Igreja que, nas palavras de Hollerich, “não é muito sinodal”, onde muitos “sentem que sua opinião não conta e que alguns ou apenas uma pessoa decide tudo”. A partir daí, ele analisou as cinco planilhas do Módulo que serão trabalhadas pelos Círculos Menores: a renovação do serviço da autoridade, afirmando que “onde reina o clericalismo há uma Igreja que não se move, uma Igreja sem missão“, algo que também pode afetar os leigos; a prática do discernimento em comum, perguntando como introduzi-lo nos processos de tomada de decisão da Igreja, em diferentes níveis, buscando um consenso que supere a polarização; a criação de estruturas e instituições que favoreçam a participação e o crescimento; a promoção de estruturas continentais, Assembleias Eclesiais, redes entre Igrejas locais, garantindo a unidade com Roma; a relação dinâmica entre sinodalidade, colegialidade episcopal e primazia petrina.   Questões delicadas Hollerich reconheceu que “essas são questões delicadas, que exigem um discernimento cuidadoso“, às quais serão dedicados os trabalhos deste Módulo e o ano que antecede a segunda sessão da Assembleia Sinodal. Questões delicadas “porque tocam a vida concreta da Igreja e o dinamismo do crescimento da tradição”, afirmando que “um discernimento errado poderia cortá-la ou congelá-la. Em ambos os casos, ele a mataria”. Nas palavras do Relator Geral do Sínodo, “é através da participação que podemos trazer a visão inspiradora para a terra e dar continuidade no tempo ao impulso da missão“, alertando que “a concretude também implica o risco de dispersão em detalhes, anedotas, casos particulares”. A partir daí, ele pediu para “fazer um esforço especial para manter o foco no objetivo que estamos buscando”, algo que está incluído nas perguntas para discernimento de cada parte, pedindo para evitar sair pela tangente. Convergências e divergências Sobre o trabalho dos grupos de discernimento comunitário, o cardeal pediu “para expressar convergências, divergências, questões a serem exploradas e propostas concretas para avançar“, solicitando aos facilitadores, a quem agradeceu por seu trabalho, “que não tenham medo de nos pressionar, mesmo que de forma um pouco decisiva, quando precisarmos deles para nos ajudar a não perder o foco”. Por fim, desejando “um trabalho frutífero neste Módulo, que beneficiará toda a Igreja“, ele enfatizou que “o discipulado missionário ou a corresponsabilidade não são apenas frases feitas, mas um chamado que só podemos realizar juntos, com o apoio de processos, estruturas e instituições concretas que realmente funcionem no espírito da sinodalidade”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1