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Dia: 30 de outubro de 2023

Mauricio López: conversão sinodal a partir dos 5 C’s: Composição, Configuração, Colaboração, Comunhão e Concretude

O atual itinerário do Sínodo da Sinodalidade, que acaba de concluir a primeira sessão de sua Assembleia, é considerado por Mauricio López como sem precedentes por várias razões, insistindo em “reconhecer o que tem sido um processo de construção de uma Igreja universal, mas com valiosas contribuições provenientes da Igreja latino-americana e especificamente do Sínodo da Amazônia, bem como de outras experiências continentais”. A partir de sua experiência pessoal, ele diz que pode “identificar a força do modelo de escuta que mudou a maneira de se preparar para esta Assembleia e uma ampla participação que também é válida hoje neste Sínodo”. Composição Em seu discernimento, ele identifica cinco C’s que permitem uma leitura integral do processo, tanto do que foi vivido, quanto do que está em construção e em direção a horizontes futuros. O primeiro é “Composição“, afirmando que “o processo anterior teve uma composição diferente. Por um lado, com uma participação nunca alcançada, pelo menos no caso das conferências episcopais, que chegou a quase cem por cento delas, e dos dicastérios vaticanos, que tiveram uma participação sem paralelo em qualquer processo anterior, embora reconhecendo as limitações em termos de alcançar grandes parcelas do povo de Deus que permanecem como enormes desafios”. Ele também ressalta que “o gênero dos documentos que foram criados é um novo gênero narrativo, que contribuiu com outro tipo de composição, com muito mais identidade e reconhecimento das vozes recolhidas do Povo de Deus e, portanto, um reflexo mais vivo do que é a Igreja como um todo e onde vibra sua vida”, onde ele diz que também vê uma contribuição do Sínodo da Amazônia na forma como o Instrumentum Laboris foi construído com uma alta fidelidade ao que as vozes consultadas nas fases de escuta expressaram. Mauricio López destaca as assembleias continentais como “outra nova composição diante do processo preparatório e que ajudou a ter uma visão ampliada, não só das igrejas particulares, mas em nível regional”, o que, segundo ele, fez uma grande diferença na disposição interior, na abertura e na capacidade de entender o processo daqueles que agora estão na fase de Assembleia. Da mesma forma, “a maneira como a Igreja Católica discerne”, afirmando que “embora não tenha deixado de ser um Sínodo dos Bispos, a composição estendida e ampliada, com 25% de não-bispos, com uma alta presença de mulheres em comparação com outros sínodos, mostra uma grande novidade”. Configuração Em segundo lugar, a “Configuração“, que ele define como “um novo estilo de procedimento, que reflete, mesmo fisicamente com a acomodação na sala sinodal tão valorizada, a intenção da Igreja de estar buscando outra maneira de assumir o chamado para agir e como discernimos juntos as questões mais urgentes e necessárias para toda a Igreja”. Nesse ponto, ele pergunta o que significa a sinodalidade hoje, a diversidade vivida nos grupos, nas mudanças de grupo a cada três ou quatro dias, no perfil dos facilitadores, que ele vê como “uma configuração diferenciada, inédita e que está nos ensinando muito para que, esperamos, não retrocedamos naquilo que gera maior proximidade, confiança e transparência no compartilhamento”. “A configuração dos processos ao longo deste Sínodo esteve associada ao que temos visto fisicamente, as mesas, como um banquete festivo, em pequenos grupos como as primeiras comunidades ao redor de Jesus”, segundo o coordenador dos facilitadores na Assembleia Sinodal. Ele também ressaltou que “o método da conversa no Espírito fala de outra configuração na forma de abordar os temas e na disposição em que as pessoas experimentam a escuta e a construção de um sentimento comum para pensar em formas de agir no futuro com um elemento de consenso”. Colaboração Outro C é “Colaboração“, lembrando que significa trabalhar em conjunto, algo muito importante porque “todo o processo de discernimento foi trabalhado de uma maneira particular, a partir da diversidade, de visões diferentes, de encontros improváveis, até mesmo de espaços entre pessoas que, de outra forma, teriam sido impossíveis, onde posições opostas e até mesmo conflitantes foram colocadas no centro da mesa a partir da questão de saber se podemos ser uma Igreja em comunhão, apesar de diferenças aparentemente irreconciliáveis, e trabalhar juntos em busca de uma perspectiva comum”. Como ele explica, “a maneira pela qual todo esse processo foi tecido gerou uma colaboração que está se tornando irreversível, em minha opinião, pelo menos assim espero”. Comunhão O quarto C é “Comunhão“, que, “sem ingenuidade, é algo que está em construção, e talvez sempre estará na lógica de como Deus consolida sua Igreja”, já que “é verdade que há uma comunhão real e sentida como fruto desse processo, mas é uma comunhão que terá de ser sustentada ao longo do tempo para impulsionar as fases subsequentes e não permanecer uma lembrança agradável e bonita, mas tornar-se o motor que nos leva a cuidar do que vivemos e compartilhá-lo”. Nesse sentido, ele ressalta que, em uma chave espiritual, “temos a sensação e a certeza de que o Espírito Santo esteve presente, a Ruah divina, mas é importante que isso se expresse além da gratidão e da alegria, deve se tornar um convite à frente, coerente com o que o grito da realidade está nos pedindo. Essa fraternidade exige honestidade e profunda coragem para levar os processos adiante. Concretude Finalmente, o último C é “Concreção“, uma ponte aberta que leva à questão da concretude que será alcançada como fruto desse processo. “A gravidez de onze meses de que se fala é um grande desafio. Todo esse processo vai se confirmando ao longo do tempo, mas pode se desfazer dependendo se essa concretude for alcançada ou não. Esse processo é altamente sensível, porque precisa tornar seu caminho concreto e visível”, de acordo com Mauricio López. Aqui ele afirma que “toda a Igreja tem uma grande responsabilidade, as igrejas particulares com aqueles que participaram do processo anteriormente, na recepção da síntese”, que ele considera fundamental. A isso acrescenta “o intenso pedido de fazer todo o possível para chegar àqueles que ficaram de fora do processo, há muitas pessoas que dizem que não foram…
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Cáritas Coari realiza sua Assembleia Diocesana

A Caritas Diocesana de Coari realizou de 27 a 29 de outubro sua assembleia com representantes das diversas paróquias que compõem a diocese. Durante a assembleia, cada paróquia apresentou o relatório das atividades desenvolvidas no ano de 2023, com seus avanços e desafios. Um encontro que também foi momento de formação sobre a pessoa do voluntario, onde foi lembrado as palavras do Papa Francisco: “Vocês são o motor da Igreja, sal e luz, a esperança do povo”.  Na assembleia foi realizada a acolhida aos novos agentes Caritas, e foi realizado o planejamento para 2024. Dom Marcos Piatek, bispo da diocese de Coari participou inteiramente da assembleia,  sempre motivando e valorizando os agentes que realizam o serviço da Caritas. Com informações de Marcia Maria Miranda

Caminhando juntos para uma Nação Magüta

Um povo que sabe de relação, esse é o Povo Magüta, que a exemplo do Deus Trindade, Deus comunidade, Deus de relação, desfruta dos encontros, é mestre em acolhimento e relações interpessoais. Segundo informa Verónica Rubí, missionária na Diocese do Alto Solimões, que mora na aldeia Umariaçú I junto ao Povo Magüta, e é integrante da coordenação do Projeto Igreja Sinodal com rosto Magüta, nos dias 26, 27, 28 de outubro foi realizado o Encontro Internacional do Povo Magüta na comunidade Umariaçú I, Diocese de Alto Solimões, com participação de 120 pessoas de Peru, Colômbia e Brasil. O encontro começou com a apresentação de cada uma das sete comunidades, lembrando jogos e danças tradicionais, com alegria, participação e familiaridade que os caracteriza. Uma familiaridade que se fez presente na proteção dos pajés sobre o grupo, sobre todo o Povo Magüta concebido como Uma só Nação. Este povo indígena está organizado em grupos familiares, como clãs, identificando dois grandes grupos, os clãs com penas e os sem penas, divisão importante para estabelecer os casamentos. No encontro foram constituídos grupos por clãs, para a realização de várias atividades, cada um deles fez as pinturas faciais com jenipapo próprias de seu clã. Sendo este o Encontro Internacional, depois de três nacionais, um em cada país, onde foram trabalhados os temas Origem, Cultura, Território e Espiritualidade, se apresentaram as conclusões do trabalhado em cada encontro nacional e continuaram a aprofundar aspectos importantes para reforçar a identidade de Um só Povo Indígena Magüta. Com relação à origem, tudo começou a partir da existência de uma mulher. Mowichina nasceu das penas de uma ave, ela deu origem a tudo o criado. A cultura do Povo Magüta reconhece a importância da mulher no momento da puberdade na Festa da Vida, ela representa a conexão do ser humano com a natureza e tudo o criado. Para esse povo, o território é fonte de vida, os participantes se perguntaram como fazer para que nos reconheçam em um só território, sem divisões de países. Em um dos relatos de origem diz que I’pi e yo’i percorreram tudo o território buscando uma arvore samaumeira que na derrubada deu lugar a luz e ao rio.    Com relação à espiritualidade, a Povo Magüta acredita que no início a terra estava habitada por espíritos, e os pajés têm a função de ser mediadores entre os espíritos, o Povo Magüta, a medicina tradicional e o território. Os espíritos da floresta fortalecem a vida do povo quando temos bom coração. É por isso que todos têm que conhecer a medicina tradicional para poder curar, não só os pajés têm essa capacidade, todos os que conhecem e tem bom coração são assistidos pelos espíritos da floresta. O encontro contou com a presença de Dom Adolfo Zon, bispo da Diocese de Alto Solimões, que visitou aos participantes e os encorajou a fortalecer-se desde sua identidade de Povo indígena Magüta, sendo feita a proposta de ter uma bandeira que os identifique como Uma só Nação, sendo lançado um concurso da Bandeira Magüta, que será realizado por países, Peru, Colômbia e Brasil, para depois ser escolhida a Bandeira que represente a Nação Magüta como um só Povo. O encontro também teve um momento para o trabalho de medicina tradicional dos pajés, que fizeram atenção pessoalizada e proteção a todo o território Magüta transfronteiriço. Finalmente, foi realizada a avaliação e encerramento do encontro, os participantes destacaram a boa organização do tudo: acolhimento, metodologias, alimentação e logística, sentiram-se libres para expressar-se por ser todo na língua ticuna. Destacaram que nestes encontros conhecem novos parentes, e que a partilha entre todos possibilita o maior conhecimento. A participação de jovens foi numerosa e avaliada em forma satisfatória pelos diálogos com os anciãos e para eles apropriar-se da Cultura. Foi importante o trabalho dos pajés e agradeceram as camisas como expressão visível de sua identidade “Um só Povo Magüta”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1, com informações de Verónica Rubi