Dom Leonardo: “É na família que somos encarnados no mundo, que vamos construindo mundos”
Relatando o acontecido na Apresentação de Jesus no Templo iniciou o cardeal Leonardo Steiner sua homilia da Festa da Sagrada Familia. Ele disse que “Maria e José levam Jesus menino ao templo, a fim de apresentá-lo ao Senhor. Colocam-se a caminho de Jerusalém para consagrar e resgatá-lo oferenda dos pobres: um par de rolas ou dois pombinhos. Ao oferecerem os dons no Primogênito, recebem a admiração e gratidão de dois anciãos que fazem memória das promessas e, ao mesmo tempo, rendem graças por Deus ter cumprido o que prometera”. Relatando a cena, o arcebispo de Manaus disse que “Maria e José entram no templo com o Menino e encontram Simeão e Ana. A família do Menino que se apresenta para consagração e resgate; é o Menino que nos braços de Maria vai ao templo, e encontra o piedoso e justo Simeão e a profetisa Ana. São encontrados pelo Menino Deus que visibiliza a realização das promessas feita aos patriarcas e anunciado pelos profetas. Ele lhes vai ao encontro e eles são tomados de admiração e exultação, de ação de graças”. Dom Leonardo reparou na atitude dos anciãos, dizendo que “Simeão e Ana estão maravilhados diante da manifestação de Deus no Menino que vem carregado nos braços: Deus enviou o seu Filho nascido de uma mulher, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. (Gl 4,1-7). Eles são testemunhas do cumprimento do amor e da fidelidade de Deus. São verificadores e cantadores da graça de no Filho serem agora filho e filha”. Citando o texto do Evangelho, o cardeal lembrou que Simeão quer dizer: “ele ouviu”, “ouvinte”. Segundo Dom Leonardo, “Ele ao ser conduzido pelo Espírito ao templo, mais que viu, ouviu. Ao ver, escutou o cuidado de Deus para com seu povo, pois nova presença, finalmente realização das promessas. Os passos do Escutante são movidos pelo Espírito que leva ao encontro da salvação esperada e ansiada. Encontrado pelo Menino, o toma nos braços, louva e bendiz com gratidão: ‘Agora, Senhor, podes deixar teu servo partir em paz: porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos’. No admirado e encantado Simeão, vemos todos os homens e todas as mulheres que se alegram com a presença de Deus que se move em nossa carne e fragilidade”. “Cumpridas foram as promessas, chegou a libertação e salvação para o povo. A admiração e louvor, pois chegou a Luz para iluminar a humanidade, chegou a glória verdadeira de Israel. Na admiração e louvor de Simeão estão todas as gerações abraâmicas, todos os povos que esperaram a salvação. Na admiração do homem do Espírito vai também nossa admiração, nosso louvor, nossa gratidão”, enfatizou o presidente do Regional Norte1 da CNBB. O arcebispo de Manaus também lembro de Ana, relatando o texto que faz referência a ela, definindo-a como “a graciosa atingida por uma vida de tribulação, de pobreza e desamparo, mas tomada de esperança. Jovem viúva, perdedora do amor, se aconchega em Deus, a quem entregava o nada do não ter. Nele toda a confiança e segurança! Permaneceu na sua viuvez e desamparo nas cercanias da casa do Senhor oferecendo o esvaziamento de si mesma com os jejuns e a elevação dos sacrifícios pelas preces”. Segundo Dom Leonardo, “Dia e noite, com todos os tempos e espaços que lhe eram oferecidos, estava ela na exposição de Deus, como estar à espera do Amor; como se estivesse à espera do seu Amado. Ana, cheia de graça, que havia apreendido a olhar com o olhar de Deus, a esperar com o tempo de Deus, a plenitude do tempo. Ela a íntegra, a perseverante, a inteira, a disponível, a desejosa, a obediente, a audiente; disponível e inteira diante de Deus, justamente na sua pobreza de nada ter, e tudo ser em Deus. “Não saia do templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações”; magnifica: mais de Deus que dela mesma, toda inteira diante da face de Deus-menino, a libertação de Israel”. Continuando com o texto, ele destacou que Ana, “nem o tomou nos braços, não necessitou olhá-lo, sentiu o cheiro, o odor de Deus, na corporeidade do semblante sereno e translúcido de Deus-criança e irrompe em louvor e ação de graças: finalmente, Deus meu! Nasceste, Libertador! E a todos anunciava, a todos dizia, a todos proclamava: chegou a libertação, chegou a libertação. E nela vemos as gerações e gerações de mulheres à espera de gerarem o Filho de Deus. E a velha profetisa perdeu a viuvez, tomada pela riqueza de Deus ter sido gerado. Ela por inteira, tomada de admiração e gratidão!”. “Admiração e gratidão pela presença da Salvação. Presença salvadora que desperta a gratidão. Gratidão é próprio de quem se apercebe agraciado, cuidado, acolhido. Gratidão nasce em quem foi e é amado gratuitamente. Um amor sem porque, sem para quê, sem justificativas, sem saber por que amado, amada. Gratidão como expressão da correspondência de amor. No Pequenino apresentado no templo, Simeão e Ana rejubilam, agradecem. Gratidão, nascida da grandeza e da singeleza do encontro templário. Esses sábios da espera e da esperança, tomados, invadidos pela admiração e a gratidão”, enfatizou o cardeal. Segundo ele, “é a gratidão que move os grandes homens e as grandes mulheres. Eles encantaram-se com o amor Deus manifestado, apresentado no templo carregada nos braços da nossa humanidade. Diante de tanto amor, do nada e do pouco de Deus, diante de tamanha doação: admiração, gratidão!”. Falando da admiração de José e Maria, ele disse que “a admiração e a gratidão que fazem da família de Nazaré espaço de salvação para todo o povo. Agora a família de Nazaré que se faz família de Israel, família da humanidade. Na família de Nazaré todas as famílias com todas as gerações, passadas e futuras. Deus visitou o seu povo e o libertou!”. Dom Leonardo fez um chamado a “sermos tomados pela admiração! Sermos em nossas famílias tomados pela admiração! Significa, abrir-se aos outros, compreender as razões, os…
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