Cardeal Steiner: “A presença do Ressuscitado enche e transforma todo o universo!”
No domingo da ressurreição, o cardeal Leonardo Steiner, anunciando que “o Senhor ressurgiu, Aleluia!”, iniciou sua homilia dizendo que “São João nos mostra como Maria Madalena, João e Pedro vendo o sepulcro vazio, chegaram à fé no Ressuscitado. Os Apóstolos e as mulheres tocados e despertados pelo vazio do túmulo creram que o ‘Senhor devia ressuscitar dos mortos!’ (Jo 20,9)”, que “a vida, arrancada, destruída, aniquilada na Cruz, despertou e voltou a palpitar”, citando Romano Guardini. Seguindo o texto do Evangelho de João, que diz: “No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo”, o arcebispo de Manaus enfatizou que “de madrugada, antes de ser dia, antes do amanhecer, ela vai ao túmulo. Como se fosse convidada a um novo amanhecer, a um novo dia! Como no início, no dizer do Gênesis, a vida não saiu do nada, mas do amor de Deus, assim a nova criação, surge do sepulcro vazio que Madalena e os apóstolos experimentaram como novo nascer”. “Se despertados pela narrativa, pudéssemos chegar a crer como os Apóstolos…”, disse o presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, ressaltando que “para João crer é ver. Um ver que no Evangelho proclamado nos induz numa dinâmica toda própria. Maria Madalena é levada a ver: ‘vê que a pedra fora retirada do túmulo’. Também João, ‘vê as faixas deitadas ali’ (Jo 20,5). Madalena e João olham e descobrem o túmulo aberto, as faixas deitadas. Eles viram, mas não viram. Vem o vazio, mas no vazio ainda não veem a nova presença”. Segundo Dom Leonardo Steiner, “Pedro, chega, entra no sepulcro e, num primeiro momento, vê como Madalena e João. Mas, com olhar atento, observa as faixas que envolveram o corpo de Jesus e o pano que cobrira o rosto, colocado à parte. Pedro também vê. Mas vê mais que João e Madalena. Ele vê e lê. Vê que o sepulcro vazio escondia uma realidade invisível que necessita ser apalpada, desvendada, lida. No ver ele é lido e se deixa ler”. “Escutamos que o discípulo amado, depois também entrou no túmulo: ‘Ele viu e acreditou’. Viu, pois no ver dos olhos foi despertado para perceber, captar o aspecto essencial, uma nova presença o invisível aos olhos. Visível aos olhos da fé. Viu no visível o invisível e o invisível no visível”, disse o cardeal. Citando o místico Harada, ele lembrou que “assim, de repente, tudo se vira pelo avesso: o vazio do túmulo, o abandono é, na realidade, a plenitude da presença do amor; a profunda solidão converte-se em unidade universal e total. Quando parece desamparado, está mais do que nunca identificado com o querer divino, transparente ao Pai. Nessa fraqueza sem fim, Jesus se acha, sem reserva, “entregue” ao poder do Pai, totalmente aberto ao ato criador da Ressurreição”. “Na verdade, esse ver é fruto da graça do encontro”, segundo o arcebispo de Manaus. Ele destacou que “nesse momento é que se dá o conhecimento, no sentido de “conascimento”, de nascer com e de novo: a conversão, a virada”. Por isso, o Evangelho a aclarar, citando Fernandes e Fassini: “Com efeito, eles ainda não tinham compreendido a Escritura segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos” (Jo 20,9). A dificuldade de crer na Ressurreição de Jesus, da parte dos discípulos, mostra que estamos diante de um evento extraordinário, fora do poder do homem e das leis da natureza”. “Um ver que é um ver na fé! A fé em Jesus Ressuscitado tem um itinerário, um caminho próprio. Tudo tem início com a graça do encontro de Jesus com os discípulos e as discípulas. Ele chama, convida, a participar de sua vida. E participantes, sentem-se ligados a Jesus, discípulos”, ressaltou o presidente do Regional Norte1. Por isso, enfatizou o cardeal, “Madalena e os Apóstolos vão ao túmulo antes do nascer do sol. Com a morte crucificada, os discípulos e as discípulas desorientados, busca o Senhor na noite da dúvida e entram no vazio. Buscam consolo no estar na proximidade pelo menos de seu corpo. A morte e a sepultura faz nascer a saudade, a afeição da presença perdida, a confiança da vida nova que parecia desaparecida. E, Madalena, lembrada de como acolhida, perdoada, porque amada, restaurada na sua dignidade de mulher, vai em busca de seu Senhor. Foi a saudade que a levou até o túmulo, na madrugada da saudade”. “A fé, porém, não é uma clareza de ideias, mas uma luz que cintila no meio da escuridão da noite de muitas incertezas, interrogações, dúvidas; no meio dos muitos medos e sofrimentos, e até mesmo de infidelidades. É o que o Evangelista parece dizer quando assinala que Maria foi ao sepulcro quando ainda estava escuro. A mensagem é muito transparente: a fé em Jesus Cristo ressuscitado não é algo de espontâneo, automático, como se bastasse ouvir o relato da Ressurreição na catequese, no curso e nas pregações. Maria Madalena, procurou a Jesus na noite, somos convidados buscá-lo em meio à escuridão de dúvidas, incertezas, angústias e pecados”, disse Dom Leonardo Steiner, tendo como referência Fernandes e Fassini. Segundo o cardeal, inspirado nas palavras de Papa Francisco, “a fé no Ressuscitado alimenta a esperança, pois vida nova, novo horizonte, novo sentido de vida, de viver. Esperança não é mero otimismo, nem uma atitude psicológica ou um convite a ter coragem. A esperança cristã é um dom que Deus concede, para sairmos de nós mesmos e nos abrirmos a Ele. Esta esperança não decepciona porque o Espírito Santo foi infundido nos nossos corações (cf. Rm 5, 5). O Consolador não faz com que tudo apareça bonito, não elimina o mal com a varinha mágica, mas infunde a verdadeira força da vida, que não é a ausência de problemas, mas a certeza de sermos sempre amados e perdoados por Jesus, que por nós venceu o pecado, venceu a morte, venceu o medo. Por isso podemos celebrar a festa da nossa esperança,…
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