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Dia: 12 de abril de 2024

Dom Zenildo Pereira da Silva: Na diocese de Borba “acreditamos no protagonismo dos leigos e os formamos para a ministerialidade”

A 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que está sendo realizada de 10 a 19 de abril de 2024 em Aparecida (SP), tem como tema central a elaboração das Diretrizes para a Ação Evangelizadora, sendo considerado o caminho sinodal como um elemento que influencia de modo decisivo essas diretrizes. Um dos primeiros consensos da primeira sessão da Assembleia Sinodal foi o tema da formação. A diocese de Borba (AM) tem investido fortemente na formação, especialmente do laicato, algo que está fundamentado, segundo o bispo dessa diocese, Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, no fato de que “nós acreditamos no protagonismo dos leigos, e valorizando, acolhendo esse protagonismo, nós formamos para a ministerialidade”. Ele destaca que “há alguns anos estamos fazendo um investimento na formação, por exemplo à luz da Palavra de Deus, estudando a Palavra Sagrada, isso a nível de foranias”, falando igualmente do investimento em formação para “dar aos leigos uma base doutrinal à luz dos documentos da Igreja”. Entre os eixos de estudo está a Cristologia e Eclesiologia, “porque cremos numa Igreja toda ministerial”, enfatizou o bispo da diocese de Borba. “Isso tem trazido frutos impressionantes, sobretudo no sentido de pertença às comunidades, nossas comunidades estão bem mais vivas, são bem mais missionárias, porque encontram elementos, apoios, e sobretudo fortalecendo os ministérios, mais ministros da Eucaristia, mais ministros da Palavra”. Dom Zenildo destacou a existência de “uma equipe itinerante que alcança as comunidades, sobretudo na formação, nessa presença”, lembrando que o Sínodo para a Amazônia insistiu em ser uma presença. Em uma diocese onde a maioria das comunidades não tem Eucaristia dominical, seu bispo define como “impressionante a participação dos ministros em nossas comunidades”, colocando como exemplo a celebração da Palavra aos domingos e os grupos de reflexão, “que estão segurando a animação da Palavra de Deus nas famílias, nas casas”, algo que ele diz ter animado muito a vida da diocese. Mesmo sem sacerdotes que celebrem a Eucaristia, “nós temos leigos que estão anunciando a Palavra, vivendo a Palavra e fortalecendo as comunidades. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Análise de conjuntura social e eclesial ajudas na elaboração das Diretrizes para a Ação Evangelizadora

A Análise de conjuntura social e eclesial no início dos trabalhos das assembleias da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil tem se tornado costume, uma análise que quer ajudar a construir as Diretrizes para a Ação Evangelizadora da CNBB, pauta principal da 61ª Assembleia Geral que está sendo realizada em Aparecida de 10 a 19 de abril de 2024. Nunca foi fácil essa análise diante de uma realidade tão ampla, ainda menos na atual complexidade presente em uma sociedade onde “todos os fenómenos estão interligados como uma grande rede”. Radiografia do mundo, da América Latina e do Brasil Uma sociedade dividida, marcada pelo ódio na sociedade e na política, inclusive na Igreja, que vive uma mudança de época, que demanda “construir novas estruturas de análises sociais”. Esse é o propósito do Grupo de Análise de Conjuntura da CNBB – Padre Thierry Linard, que tem buscado realizar “uma radiografia do mundo, da América Latina e do Brasil”, em vista dos bispos ter conhecimento mais aprofundado da realidade, segundo o bispo de Carolina (MA) e coordenador do grupo, Dom Francisco Lima Soares. Estamos diante de uma realidade que demanda “entender a reconfiguração histórica da visão do mundo”, ainda mais em uma conjuntura em que “o cidadão é objeto de um constante bombardeio informacional e desinformacional”. No mundo atual os desastres naturais são cada vez mais frequentes, e no Brasil faltam políticas públicas para enfrentá-los, e as guerras marcam negativamente a conjuntura económica, requerendo “estratégias económicas transformadoras”. A previsão é um baixo crescimento económico para América Latina e para o mundo como um todo, e “as pessoas demonstram uma esperança negativa em relação ao futuro”. Polarização e sectarismo Na política, América Latina, com um papel limitado no cenário global, vive uma profunda instabilidade, que aumenta diante das eleições previstas em diversos países nos próximos meses. Junto com isso se constata um enfraquecimento da democracia, sociedades divididas e crises de projetos, que mostra a importância da construção de espaços de resistência. Cresce no mundo atual a polarização, que no Brasil pegou um terreno fértil, também na Igreja, e o identitarismo ou sectarismo, que provoca a constituição de “uma política de exclusão e antagonismo, que impede o diálogo e a superação das divergências”, que fez com que as pessoas se tornaram de adversários em inimigos. Se faz necessário, segundo a análise de conjuntura social, refletir sobre as redes sociais e novas tecnologias e os desafios da liberdade, sendo cada vez mais evidente que “o poder não está ligado à posse dos meios de produção, mas ao acesso à informação”. Aumenta a virtualização das relações sob o fenómeno da Inteligência Artificial. Igualmente cabe destacar no cenário atual a forte instrumentalização da religião como tendência da política, do uso político da intolerância religiosa, e a oposição ao Papa Francisco, pela sua denúncia de uma economia que mata e os processos de desumanização, e é uma voz profética nesse contexto, continua presente. Individualização e pluralização na Conjuntura Eclesial Com relação à Conjuntura Eclesial, o bispo de Petrópolis (RJ) e presidente do Instituto Nacional de Pastoral (INAPAZ) que no atual quadriênio tem a responsabilidade de realizar essa análise, destacou que “o novo momento que o Brasil vive em todas as suas instâncias, inclusive na instância religiosa, chamado de ethos religioso atual, marcado por fortíssima individualização e pluralização”. Nessa conjuntura eclesial, “nenhum dos modelos de pastoral que hoje circulam pelo Brasil são capazes de responder total e unicamente”, afirmou o bispo, que vê necessário atuar com os três modelos de pastoral, e ao mesmo tempo descobrir um caminho novo. Segundo ele, “esse caminho significa uma Igreja mais missionária, uma Igreja em pequenas comunidades e uma Igreja marcada pela iniciação à Vida Cristã”. Alargar a tenda Essa análise de conjuntura social e eclesial se torna um instrumento que oferece uma ajuda importante na construção das Diretrizes para a Ação Evangelizadora na Igreja do Brasil, que pretendem ser concluídas em 2025, tendo em conta os novos desafios que estão aparecendo e as conclusões do Sínodo sobre a Sinodalidade, segundo destacou o arcebispo de Santa Maria (RS) e coordenador da equipe que elabora as diretrizes, Dom Leomar Brustolin. Nelas, é usada a imagem da tenda, “porque precisamos alargar o espaço” diante das novas realidades, colocando como exemplo a Inteligência Artificial e seu impacto sobre nossas vidas e sobre a evangelização, questionando como transmitir a fé para jovens e crianças. Com relação ao Instrumentum Laboris das novas Diretrizes destacou três aspectos fundamentais: escutar os sinais dos tempos, trabalho a ser realizado pela Assembleia em 45 comunidades para o discernimento seguindo o método da conversação no Espírito; conversão pastoral, sem medo de deixar uma pastoral de manutenção para uma pastoral essencialmente missionária; e propor caminhos para a missão, uma transversalidade urgente no texto das Diretrizes. Tudo isso com uma linguagem mais propositiva, um texto enxuto, mais imediato, mais simples, que ajude as comunidades a entender os propósitos da CNBB. Consonância com o processo sinodal O arcebispo de Santa Maria, buscando a recepção das Diretrizes, defendeu a implantação de uma metodologia de avaliação dos processos, insistindo em sua aplicabilidade na Pastoral, tendo em conta a realidade, marcada pela violência, a questão crónica da pobreza, a polarização, que entrou nas comunidades. Tudo isso em consonância com o processo sinodal, e em uma realidade religiosa marcada pelo acento individualista presente na fé cristã, com pessoas mais narcisistas, egoístas, e pelo enfraquecimento do aspecto comunitário da fé, insistindo em que “não é possível ser cristão sem uma comunidade de fé”. Para isso fez m chamado a reconhecer todo tipo de comunidades, a não uniformizar, e a rever a iniciação cristã, as questões ligadas a espiritualidade e liturgia, a questão de solidariedade, caridade, a ecologia, uma questão urgente y que se faz necessário trabalhar, e a questão da missão, saindo da autoreferencialidade e de “uma pastoral atrás do balcão”. Dom Leomar Brustolin destacou nas Diretrizes os sujeitos de sinodalidade: as juventudes, as mulheres, pessoas com deficiência, os idosos. Igualmente, ele destacou a importância do Sínodo para a Amazônia como…
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