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Dia: 15 de abril de 2024

Diretora das POM Brasil na reunião do C9: “A escuta das mulheres enriquece a Igreja e a ajuda a caminhar mais segundo o projeto de Deus”

O empenho do Papa Francisco em escutar é uma dinâmica presente em tudo aquilo que ele faz, também no Conselho dos Cardeais, no C9, que reúne periodicamente um grupo de cardeais de diversas procedências. Na passada sessão, realizada no mês de fevereiro, o Conselho iniciou a escuta das mulheres, em vista de refletir sobre o papel das mulheres na Igreja, uma prática que teve continuidade no início da reunião que acontece no Vaticano de 15 a 17 de abril de 2024. O Papa Francisco quer escutar as mulheres De novo três mulheres têm participado deste momento de escuta, a diretora das Pontifícias Obras Missionárias do Brasil, Ir. Regina da Costa Pedro, Stella Morra, professora de Teologia Fundamental, e Ir. Linda Pocher, professora de Teologia Dogmática, na Faculdade Auxilum, das Salesianas. Escutar as mulheres “é fundamental porque nós somos a maioria, nós somos pessoas ativas na Igreja, o Espírito tem muito a dizer para a Igreja e para o mundo através de nosso ser mulheres. Então, a escuta das mulheres é algo que enriquece a Igreja e a ajuda a caminhar mais segundo aquilo que é o projeto de Deus, porque também através de nós, ele tem uma palavra a dizer”, enfatizou a Ir. Regina da Costa Pedro, após participar da reunião do C9. Superar a dívida da escuta A Diretora das POM Brasil destaca “essa atitude da Igreja de querer superar essa dívida de escuta que ela tem para com tantos sujeitos eclesiais, entre eles as mulheres”. Essa escuta das mulheres “significa uma porta aberta deste processo sinodal para ouvir tantas outras pessoas”, citando os leigos, os jovens e tantas minorias marginalizadas. Igualmente ressaltou o fato de se sentir numa mini sala sinodal, ao redor da mesma mesa, num diálogo de igualdade, com uma representação do Povo de Deus mais ampla, uma escuta realmente sinodal. Um terceiro aspecto que a religiosa enfatiza foi “o aspecto cultural dessa dificuldade, dessa resistência, de integração mais ampla da realidade das mulheres na Igreja como instância também de decisão, de participação em todas as instâncias, inclusive naquelas de decisão”. Nesse diálogo, feito em dois momentos, a Diretora das POM Brasil apresentou a realidade de mulheres no Brasil, com ajuda de várias mulheres: professoras de História da Igreja, uma jornalista, leigas, biblistas, relatando “essa experiência de mulheres que já estão ao serviço da Igreja e como isso já traz uma novidade da abertura da Igreja às mulheres”. Enfrentar as resistências culturais Uma prática, que segundo a religiosa, “nos faz reconhecer quanto caminho ainda precisa ser percorrido”, colocando como dificuldades o clericalismo, o machismo na Igreja, da hierarquia toda ser simplesmente masculina, esse aspecto mais existencial, experiencial e refletido”. Ela lembrou do aporte de outra das convidadas, a professora Stella Morra, que resistências na Igreja com relação à mulher do ponto de vista cultural, e “como essas resistências culturais, se elas não são enfrentadas, se elas não são explicitadas, é muito mais difícil de vencê-las, porque algo que não é explicitado, não pode ser tematizado, não pode ser superado“. Partindo da passagem do encontro de Jesus com a mulher Cananéia, a religiosa disse ter feito três indicações que resumem a experiência de vida das mulheres. Em primeiro lugar, “a importância de encontrar meios para abater as barreiras e criar novas relações”, lembrando o êxodo feito por Jesus e a mulher, que sem ser um encontro fácil, “os dois encontraram um meio de fazer que essas barreiras caíssem para que novas relações fossem criadas entre Jesus e a mulher”. Sentar-se à mesma mesa A segunda indicação foi “a importância de sentar-se à mesma mesa, e não que alguns estejam sentados à mesa e que outros estejam sentados embaixo da mesa”, refletindo sobre o diálogo entre a mulher e Jesus e como essa mulher ajuda a Jesus a mudar de perspectiva e olhar da perspectiva dos cachorrinhos que estão embaixo da mesa. Diante disso, a Ir. Regina disse que “muitas vezes, as mulheres, elas são colocadas à margem da Igreja, mesmo estando ao centro. Como se fosse normal que se alimentassem das migalhas que caem da messa”. Ela considera muito bonito o exemplo de Jesus, “é como se Jesus saísse da mesa e se colocasse embaixo da mesa junto com a mulher, vendo a perspectiva dela, e a partir daí descobrindo como é grande a fé dessa mulher”. Um terceiro ponto destacado foi que “essa mulher anónima e marginalizada, a partir do encontro com Jesus, ela passa a ser protagonista”. Uma mulher que, segundo a religiosa, “ela é capaz, de apesar de sua situação de necessidade, provavelmente de indigência, devia ser uma mulher pobre, ela toma consciência da exclusão, como ela é relegada, ela exige um direito de cidadania, ela não aceita ser tratada como cachorrinho que está embaixo da mesa, ela exige ser tratada como os filhos e ela sai de sua situação de anonimato”. Foto: Victória Holzbach As mulheres defendem a vida porque elas têm fé “Ela se torna protagonista também porque ela tem uma palavra para dizer, ela quer algo”, o que é reconhecido por Jesus, destacou a Diretora das POM Brasil. Finalmente destacou que “esta mulher é uma mulher de grande fé”, que contrasta com a pouca fé dos discípulos, o que é falado antes e depois desse texto. A religiosa enfatizou “esta fé das mulheres, que faz com que não só nós consigamos gritar para defender a vida, mas gritamos para defender a vida porque temos fé, e essa fé reconhecida pelo próprio Jesus”. Três pontos que indicam para a Ir. Regina, “como a própria Igreja vai conseguir dar esses passos de superação dessa situação na qual nós nos encontramos, não só dando algum lugar de destaque para as mulheres, algum lugar de poder, mas vencendo esse machismo que existe na Igreja, e sobretudo quando nós aceitarmos que o Espírito, ele se manifesta e tem muito para dizer à Igreja através de nós que somos mulheres”. Algo que no Brasil tem que “levar a pensar nas mulheres em sua diversidade, mulheres brancas,…
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Dom José Albuquerque: “Precisamos sempre combater o grande perigo do clericalismo, que também está na mente dos nossos leigos”

Feliz de poder participar da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o bispo da diocese de Parintins, dom José Albuquerque de Araújo vê esse momento como oportunidade que “nos ajuda a compreender que significa nosso ministério, e nessa diversidade, nessa pluralidade, nesta comunhão, que acontece aqui durante toda a assembleia é que louvo a Deus pelo fato de poder ajudar, não só na minha diocese, não só no meu Regional, mas também a Igreja que está no Brasil”. O bispo de Parintins ressalta que “cada vez mais, as nossas assembleias se destacam por essa fraternidade, por esse ambiente de corresponsabilidade”. Ele destaca que “é bonito perceber que somos ajudados pelos assessores, padres, religiosos e leigos, que mostram esse rosto tão diverso, tão bonito, tão carismático da nossa Igreja”. Dom José Albuquerque percebe que “mesmo sendo uma agenda muito extensa, com temas importantíssimos, mas o nosso papel é trazer aqui presente a vida, as alegrias, as conquistas que nós estamos vivenciando nas nossas dioceses, na nossa querida Amazônia, e nessa comunhão a gente pode compartilhar o fato de ser chamado a ser pastor deste povo que tem tanta esperança desses momentos em que os bispos se encontram para celebrar, para rezar juntos e para poder se ajudar mutuamente”. Falando sobre as Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, tema principal da 61ª Assembleia Geral da CNBB, que acontece em Aparecida (SP) de 10 a 19 de abril de 2024, e a formação dos futuros presbíteros, o bispo referencial da Pastoral Vocacional no Regional Norte1 e membro da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, lembra que “nós estamos já colhendo os frutos do 3º Ano Vocacional do Brasil, que aconteceu no ano passado, e a nossa comissão, assim como a preocupação de toda a assembleia dos bispos, esse tema da formação dos futuros presbíteros, também a formação permanente dos que já são presbíteros, esses temas são recorrentes, sempre tem um destaque especial”. Nesse sentido, o bispo insiste em que “precisamos formar bem e acompanhar aqueles que já são ordenados”, um caminho em que os passos estão sendo dados. Segundo Dom José Albuquerque, “o debate, a conversa, a escuta, tem nos ajudado a compreender e reconhecer a importância de estarmos cada vez mais próximos, seja nos seminários, com nossos seminaristas, seja em nossos presbitérios, com os nossos padres, de modo especial com os padres novos”. Dom José Albuquerque faz um chamado a “combater o grande perigo do clericalismo, e é interessante perceber que o clericalismo não está apenas na mente dos padres, dos bispos, dos diáconos, mas também na mente do povo, dos nossos leigos”. Diante dessa realidade, ele destaca como importante “ir por esse caminho da comunhão sinodal, onde todos nós somos chamados a sermos participantes desse processo de escuta, levando em conta tudo aquilo que estamos refletindo a partir do Magistério do Papa Francisco e também dos conteúdos das nossas assembleias”. “As Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil vão estar sim em sintonia com tudo aquilo que estamos refletindo no Sínodo sobre a Sinodalidade”, enfatizou o bispo de Parintins. Ele diz pensar que “a partir dessas diretrizes, nós estamos fazendo esse processo de revisar, de atualizar as Diretrizes para a Formação dos Presbíteros no Brasil, que seria o próximo passo, porque as diretrizes atuais estavam em tempo de experimento e esse tempo já terminou”. Então, afirma dom José Albuquerque, “estamos aguardando as Diretrizes Gerais para também podermos adaptar aquilo que o Sínodo sobre a Sinodalidade e a nossa Assembleia desde o ano passado, estamos refletindo sobre o que precisamos avançar”. O bispo de Parintins destacou que “temos muitas esperanças, a gente sabe que esse processo, ele é lento e é bom que seja assim, para a gente poder escutar e nos deixarmos conduzir pelo Espírito Santo, porque ele que é o grande protagonista da evangelização”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1